A ADAPTAÇÃO DO CEGO E SUA FAMÍLIA NA SOCIEDADE Maria do Belém Vargas (BIC - UNICENTRO), Prof. Drª. Maria da Glória Martins Messias (Orientadora - UNICENTRO – DEPED) PALAVRAS CHAVE: CEGO, FAMÍLIA, SOCIEDADE. RESUMO Visando analisar como se dá o processo de adaptação do cego e de sua família como cidadão, buscamos alguns aspectos históricos para procurar entender como o cego tem enfrentado o desafio para sua adaptação e de sua família. A partir de seus relatos observamos que o cego é capaz de contribuir para sua integração na sociedade, e tanto ele como sua família são merecedores de uma atenção diferenciada, pois como ser humano tem suas potencialidades e habilidades podendo desenvolver aptidões tanto quanto o cidadão vidente. INTRODUÇÃO Adaptação é o processo pelo qual o cego se ajusta as condições do meio ambiente, ou seja, como ele se acomoda ao meio. Integração consiste na aceitação de que o cego ocupe um espaço na família, na escola, na sociedade sendo que para isso ele precisa adaptar-se a cada situação envolvendo-se em espaço e tempo de convivência no mesmo ambiente, utilizando-se de recursos no processo de interação com o meio. A real interação da pessoa com necessidades especiais exige além de modificações sociais, também de legislação e normas que assumam, no âmbito institucional, as mudanças organizacionais necessárias à execução das ações integracionistas. E, que estas mudanças mesmo desenvolvidas de maneira diversificada como cada situação exige, se executadas conscientemente compreende a integração de todos os indivíduos, sejam eles portadores ou não de deficiência em um contexto social que lhes possa oferecer as melhores condições possíveis para o desenvolvimento pleno de suas capacidades e potencialidades. Situação econômica, doenças, superproteção, rejeição dentre outras atitudes são responsáveis, por problemas de personalidade e de ajustamento pessoal do deficiente visual ao meio. MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia utilizada foi pesquisa qualitativa etnográfica – estudo de caso, no qual foram sujeitos: 04 cegos acadêmicos matriculados em cursos diferentes de 1º a 4º ano do ensino superior da Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO; e uma pessoa da família de cada um deles (mãe, esposa). Para efetivação da coleta de dados realizamos visita à residência dos mesmos, solicitamos que colaborassem respondendo a um questionário com algumas questões como idade e época da vida em que adquiriram a cegueira; como foi a adaptação familiar e social; escolarização, ensino superior; superação de conflito; dificuldades e conquistas. Realizamos entrevistas semi-estruturada que foi registrada por meio de gravador, sendo depois transcritas e analisadas tendo como objetivo perceber como está ocorrendo a adaptação do cego e sua família na sociedade. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com as entrevistas realizadas com os cegos sobre os desafios que encontram na sociedade verificamos que: - o pior momento vivenciado está relacionado à constatação da cegueira, que não há retrocesso da situação; - o ingresso na escola na situação de cego é difícil devido os limites das escolas (formação dos professores, compreensão dos colegas, dentre outros); - a inclusão social ainda é um horizonte distante, pois a sociedade não está preparada para incluir o cego nas reuniões, festas, esportes, eventos culturais, dentre outros; - os conflitos mais comuns são gerados em relação a sua adaptação tais como: leitura e estudo de textos, mobilidade no espaço físico, enfim habilidades que dependem muito da visão; - as dificuldades na vida acadêmica estão relacionadas à falta de material de apoio (máquina braille, gravador, folhas próprias, fitas cassetes, dentre outros), preparo dos professores, compreensão dos colegas de turma, apropriação de conhecimentos atinentes ao uso de computador. As famílias dos cegos explicaram que as maiores dificuldades que enfrentaram foram: - problemas financeiros para dar o atendimento necessário ao cego; - falta de informações e apoio em relação a cegueira; - a imobilidade diante da situação, compreender o cego e o reaprender a organizar- se no mundo como família de um cego para que não ocorra superproteção e nem descaso. CONCLUSÕES Notamos, através dos relatos dos entrevistados que a família de um cego precisa despertar o quanto antes em relação ao probema e deve procurar associações, informações, ajuda, alternativas para adaptação e contribuir para que o cego se relacione com a família e com a sociedade. O relacionamento pessoal do cego se dá diretamente por meio da comunicação oral que é o principal fator para que ele tenha um bom relacionamento. Quando a cegueira é total o cego pode estar próximo de alguém, mas sem convivência, sem contato. e assim é como se estivesse só. No momento que há interação de um com o outro, se processa uma comunicação que o valoriza sendo cego ou não e o torna participante incluído no convívio social. A visão é um dos sentidos que mais recebe estímulos para observação informal de situações novas e conseqüente aprendizagem incidental. O cego pouco estimulado terá uma vida relativamente restrita. Para ampliar seus horizontes, desenvolver suas imagens mentais e orientá-las para ambientes mais amplos, é necessário proporcionar-lhe experiências, através de estimulação adequada, sistemática, em um nível proporcional ao seu desenvolvimento e motivação, fazendo-o conhecer o mundo através de sua própria observação e experiência. Com o advento do ingresso de acadêmicos com Necessidades Especiais a UNICENTRO criou em 2005 um Programa de Apoio Pedagógico aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais – PAPE, com a finalidade de apóia-los. Atualmente o PAPE desenvolve atividades como: coordenar cursos de Libras, de Ledores, de Aprendizagem do Código Braile e tem projeto para curso de Sorobã e outros. E presta atendimento para os seguintes acadêmicos: deficiente físico (1) cegos (4), surdo (1), visão subnormal (2) sendo que um acadêmico é do Campus de Laranjeiras do Sul. Constatamos que a tecnologia pode trazer muitos benefícios para o cego facilitando a sua integração na escola e na sociedade, assim sugerimos que sejam ministrados cursos nessa área, que propiciem ao cego a construção do conhecimento pertinente ao uso de programas de computador apropriados as suas necessidades. REFERÊNCIAS BUSCAGLIA, L. Os deficientes e os seus pais: um desafio ao aconselhamento. Rio de Janeiro: Record, 1993. CENTRO EDUCACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Proposta curricular para deficientes visuais: elaborada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - convênio CENESP/PREMEN. Brasília: MEC. Departamento de Documentação e Divulgação, 1979. v.4 Manual do professor. GIL, Marta (org.). CADERNOS da TV Escola: deficiência visual. Brasília: MEC. Secretaria de Educação a Distância, 2000. GLAT, Rosana. O papel da família na integração do portador da deficiência. Revista Brasileira de Educação Especial. v.2, n.4, (p.111 a 118), 1996. MANTOAN, Maria Teresa Eglér et.al. A Integração de Pessoas com Deficiência. São Paulo: Memnon, 1997. SASSAKI, Romeu K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro. WVA Editora, 1997. WERNECK, Claudia. Sociedade inclusiva: Quem cabe no seu todos? Rio de Janeiro: WVA Editora, 1999.