DE OLHO NA SALA DE AULA Referência bibliográfica: CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Didática de Ciências: o ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 1999. DE OLHO NA SALA DE AULA Observar, discutir, concluir. Silvia é uma professora bastante preocupada com a motivação dos seus alunos. Ela acredita que sempre é importante incluir atividades práticas ou de observação em suas aulas. Assim, para estudar a decomposição dos seres vivos com seus alunos de uma terceira série, ela pediu a cada um deles que trouxesse de casa um pote com cascas e pedaços de verduras, legumes, frutas e restos de carne. Todos os potes foram colocados abertos e juntos ao lado do quadro de giz e ficaram ali por quase uma semana. Durante todo esse tempo, os alunos fizeram observações e as registraram nos cadernos. As principais observações foram sobre uns “fiozinhos” que apareceram nos restos de alimentos: os fungos. Além disso, os alunos verificaram que alguns alimentos que estavam nos potes, como o tomate, depois de um tempo haviam “virado líquido”. Ocorreu, contudo, que começaram a reclamar do cheiro que estava vindo daqueles potes. Devido às reclamações da direção da escola, a professora resolveu pedir aos alunos que jogassem fora alguns potes e ficassem somente com três deles. Coube aos alunos escolher os três potes que permaneceriam na sala. Por unanimidade, os potes escolhidos foram aqueles em que havia acontecido algo que ninguém esperava. O fato inusitado foi o aparecimento de algumas “minhoquinhas brancas”, que ficavam andando sobre os restos de comida em decomposição e na parede do pote. As tais minhoquinhas chamaram muita atenção dos alunos, e todos queriam saber que bicho era aquele. A professora, no entanto, também não sabia que bichos eram e consultou um colega especialista em ciências. Descobriu, então, que as minhoquinhas eram larvas de insetos e estavam se alimentando dos restos que estavam nos potes. Os alunos pesquisaram na sala de aula, consultando materiais da biblioteca da escola previamente selecionados pela professora. Em seguida, cada grupo deveria contar aos colegas o que havia aprendido. Alguns grupos de alunos descobriram que aquelas minhoquinhas brancas iriam virar moscas. (na verdade, minhoquinhas brancas são moscas, só que na fase de larva. Na fase adulta, elas têm asas e parecem-se com moscas). Essa informação foi tão surpreendente que algumas crianças chegaram a duvidar. Afinal de contas, as minhoquinhas brancas não se pareciam nada com moscas. A professora sugeriu então aos alunos uma experiência para verificar se o que estava nos livros era verdade. Colocaram uma gaze tapando os potes, de modo que impedisse a entrada de moscas de fora e a fuga das minhoquinhas brancas. Com isso, ficava claro que, se aparecesse alguma mosca no frasco, ela só poderia ter surgido lá dentro, onde havia tão somente as tais minhoquinhas brancas. Depois de algum tempo, os alunos constataram, entre outras coisas, que, quando já estavam bem grandes, as larvas ficavam diferentes e formavam casulos, do mesmo modo que as borboletas. E que, depois de pouco tempo, moscas adultas apareciam dentro dos potes. A professora Silvia ficou muito satisfeita com a participação dos alunos neste trabalho e resolveu encerrá-lo com uma aula de discussão. Seu objetivo era ajudar os alunos a “sistematizar” o conhecimento que haviam adquirido. Em seguida, pediu que cada aluno escrevesse um relatório sobre o trabalho realizado. Escutar e responder A professora Cátia trabalha com terceiras séries há quinze anos. Como já tem bastante experiência, não teve dúvidas na hora de planejar uma unidade didática sobre decomposição. Primeiro, iria complementar o capítulo do livro didático que adotara com textos de outros livros. Depois, ainda como reforço, iria utilizar um episcópio (um tipo de projetor) para mostrar aos alunos as fotografias coloridas que costumava utilizar nos anos anteriores. Certa de seu planejamento e sua experiência, já na primeira aula a professora Cátia pediu aos alunos que lessem o trecho do livro que tratava de decomposição. Depois, orientou-os para que fizessem os exercícios do livro, e em seguida, respondessem no caderno a algumas perguntas complementares ditadas por ela. Finalmente, como tarefa de casa, Cátia pediu a seus alunos que deixassem um pedaço de pão úmido fora da geladeira por três dias e observassem o que acontecia. E, para se garantir que ninguém deixaria de fazer a atividade, determinou aos alunos que levassem o pão para a classe, na aula seguinte de ciências. A maioria dos alunos levou para a escola um pão embolorado. Os mais falantes contavam o que havia acontecido com os pães: “apareceu uma casca preta”; “no meu se formaram uns pêlos cinzas”. Nessa aula a professora pegou alguns dos pães trazidos pelos alunos e, apontando com o dedo, explicou-lhes que aquilo que havia se formado sobre os pães eram fungos. Disse também que era o fungo que iria fazer a decomposição do pão. Depois, distribuiu cópias de um outro livro didático, que trazia mais informações sobre esses seres vivos. E, como não havia exercícios de interpretação de texto nessa página, ela ditou algumas perguntas a que os alunos deveriam responder logo após a leitura. A terceira e última aula planejada pela professora Cátia nesta unidade didática iniciou-se com a correção dos exercícios propostos. Em seguida, os alunos foram para a sala de projeção onde finalmente puderam ver as tão esperadas fotografias de fungos. Para encerrar, a professora respondeu as perguntas dos alunos e, no final da aula, marcou uma avaliação sobre a decomposição para a semana seguinte. Questionamento 1 – O que os alunos aprenderam com a professora Silvia? E com a professora Cátia? 2 – As estratégias das duas professoras tinham os mesmos objetivos? 3 – A seu ver, os resultados obtidos nas duas situações foram os mesmos? 4 – É possível afirmar que uma estratégia foi mais eficiente que a outra? Atividade Elaborar um quadro comparativo das duas estratégias. Os itens do quadro: unidade didática, enfoque conceitual do conteúdo, utilização do tempo, papel do professor e papel do aluno.