CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA VISUAL Baixa Visão É a alteração da capacidade funcional da visão, decorrente de inúmeros fatores isolados ou associados, tais como: baixa acuidade visual significativa, redução importante do campo visual, alterações corticais e/ou de sensibilidade aos contrastes, que interferem ou que limitam o desempenho visual do indivíduo. A perda da função visual pode se dar em nível severo, moderado ou leve, podendo ser influenciada também por fatores ambientais inadequados. Cegueira É a perda total da visão, até a ausência de projeção de luz. Do ponto de vista educacional, deve-se evitar o conceito de cegueira legal (acuidade visual igual ou menor que 20/200 ou campo visual inferior a 20° no menor olho), utilizada apenas para fins sociais, pois não revelam o potencial visual útil para a execução de tarefas. ABORDAGEM EDUCACIONAL A comprovação de que portadores do mesmo grau de acuidade apresentam níveis diferentes de desempenho visual e a necessidade de relacionar a utilização máxima da visão residual com o potencial de aprendizagem da criança, levou as Dras. Faye e Barraga a enfatizarem a necessidade de uma avaliação funcional, pela observação criteriosa da capacidade e desempenho visual da criança. Sob esse aspecto e, portanto, para fins educacionais, são por elas considerados: Pessoas com baixa visão . aquelas que apresentam .desde condições de indicar projeção de luz, até o grau em que a redução da acuidade visual interfere ou limita seu desempenho.. Seu processo educativo se desenvolverá, principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilização de recursos específicos. 17 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO Cegas . pessoas que apresentam .desde a ausência total de visão, até a perda da projeção de luz.. O processo de aprendizagem se fará através dos sentidos remanescentes (tato, audição, olfato, paladar), utilizando o Sistema Braille como principal meio de comunicação escrita. INCIDÊNCIA Dados da Organização Mundial de Saúde revelam a existência de aproximadamente 40 milhões de pessoas deficientes visuais no mundo, dos quais 75% são provenientes de regiões consideradas em desenvolvimento. O Brasil, segundo essa mesma fonte, deve apresentar taxa de incidência de deficiência visual entre 1,0 a 1,5% da população, sendo de uma entre 3.000 crianças com cegueira, e de uma entre 500 crianças com baixa visão. Observase que a proporção é de 80% de pessoas com baixa visão e de 20% de pessoas totalmente cegas. Calcula-se que os dados estimados poderiam ser reduzidos pelo menos à metade, se fossem tomadas medidas preventivas eficientes. O censo escolar/2002 (INEP) registra 20.257 alunos com deficiência visual na educação básica do sistema educacional brasileiro. A análise desses dados reflete que muitas crianças, jovens e adultos com deficiência visual encontram-se fora da escola. CAUSAS MAIS FREQUENTES Causas Congênitas  Retinopatia da Prematuridade, graus III, IV ou V . (por imaturidade da retina em virtude de parto prematuro, ou por excesso de oxigênio na incubadora).  Corioretinite, por toxoplasmose na gestação.  Catarata congênita (rubéola, infecções na gestação ou hereditária).  Glaucoma congênito (hereditário ou por infecções).  Atrofia óptica por problema de parto (hipoxia, anoxia ou infecções perinatais).  Degenerações retinianas (Síndrome de Leber, doenças hereditárias ou diabetes).  Deficiência visual cortical (encefalopatias, alterações de sistema nervoso central ou convulsões). 18 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO Causas Adquiridas Por doenças como diabetes, descolamento de retina, glaucoma, catarata, degeneração senil e traumas oculares. PREVENÇÃO DA DEFICIÊNCIA VISUAL NA INFÂNCIA Em nosso meio, a baixa visão ainda passa, muitas vezes, despercebida a pais e professores, manifestando-se, com freqüência, no momento em que aumentam na escola os níveis de exigência quanto ao desempenho visual da criança, para perto. Por sua vez, a cegueira é mais facilmente detectada e geralmente diagnosticada mais cedo. A detecção precoce de quaisquer dos problemas pode constituir fator decisivo no desenvolvimento global da criança, desde que sejam propiciadas condições de estimulação adequada a suas necessidades de maturação, favorecendo o desenvolvimento máximo de suas potencialidades e minimizando as limitações impostas pela incapacidade visual. Em todas as situações escolares, a professora tem, normalmente, oportunidade de observar sinais, sintomas, posturas e condutas do aluno, que indicam a necessidade de encaminhamento a um exame clínico apurado. SINTOMAS E SINAIS MAIS COMUNS DE ALTERAÇÕES VISUAIS Sintomas:  tonturas, náuseas e dor de cabeça;  sensibilidade excessiva à luz (fotofobia);  visão dupla e embaçada. Condutas do aluno:  aperta e esfrega os olhos;  irritação, olhos avermelhados e/ou lacrimejantes;  pálpebras com as bordas avermelhadas ou inchadas;  purgações e terçóis;  estrabismo;  nistagmo (olhos em constante oscilação);  piscar excessivamente;  crosta presente na área de implante dos cílios; 19 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO  franzimento da testa, ou piscar contínuo, para fixar perto ou longe;  dificuldade para seguimento de objeto;  cautela excessiva ao andar;  tropeço e queda freqüentes;  desatenção e falta de interesse;  inquietação e irritabilidade;  dificuldade para leitura e escrita;  aproximação excessiva do objeto que está sendo visto;  postura inadequada;  fadiga ao esforço visual. Formas de Prevenção As causas de origem genética e familiar, como retinite pigmentosa, glaucoma e catarata congênita, podem ser evitadas com aconselhamento genético. Dentre as causas congênitas, destacam-se os fatores mais freqüentes: gestação precoce, desnutrição da gestante, drogas em geral, álcool, infecções durante a gravidez (rubéola, sífilis, AIDS, toxoplasmose e citomegalovirus). Existe alta incidência de deficiência visual severa associada à múltipla deficiência, em nosso meio, em vista da falta de prevenção (vacinação de meninas contra a rubéola), o que evitaria o nascimento de crianças com catarata congênita, surdez e deficiência mental. Toda mulher deve ser vacinada antes de engravidar ou, de preferência, no início da adolescência, pois o vírus da rubéola materna atravessa a placenta, alterando o processo de formação embrionária. A prevenção depende apenas da política pública, devendo a investigação epidemiológica a ser realizada pelos governos estaduais e municipais. A toxoplasmose é transmitida pelo protozoário .toxoplasma gondii., geralmente por meio de contato com animais domésticos infectados: cães, coelhos, gatos, galinhas, pombos e alimentos mal cozidos. A mãe contagiada no primeiro trimestre de gestação pode gerar uma criança com deficiência visual severa, microcefalia e calcificações cerebrais. As doenças virais e bacterianas como sarampo, meningites, encefalites, podem acarretar hidrocefalia, ou microcefalia. São também causas de deficiência visual que podem ser reduzidas por medidas eficientes de 20 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO prevenção de saúde, como detecção precoce das alterações visuais, triagem em berçário, creches e pré-escolas. TIPOS DE DEFICIÊNCIA VISUAL As principais alterações visuais na infância são: hipermetropia, miopia, astigmatismo, ambliopia e estrabismo. Embora essas alterações não constituam deficiência visual, são problemas visuais que devem ser detectados e tratados precocemente, com intervenção clínica oftalmológica adequada, para que a criança atinja um desenvolvimento das funções visuais dentro dos padrões de normalidade. O olho humano pode ver, com nitidez, objetos a curta distância, desde 25 cm até muitos quilômetros de distância. Para que isto ocorra, os meios ópticos e vias ópticas devem estar intactos, de modo que a imagem captada pela retina seja transmitida pelo nervo óptico até o córtex visual, responsável pela decodificação e interpretação das imagens visuais. A detecção precoce e correção das principais alterações visuais, no primeiro ano de vida, permitem que as imagens de ambos os olhos sejam iguais e de boa qualidade, para que o cérebro seja capaz de realizar a fusão. As duas imagens se fundem tornando uma percepção única, processo responsável pela visão binocular. A visão binocular tem um rápido desenvolvimento, a partir da coordenação ocular dos 3 até os 12 meses, o que possibilita a percepção espacial e a visão de profundidade. As conexões celulares e a plasticidade neuronal são intensas até os 3 anos, por isso as alterações visuais como ambliopia e estrabismo devem ser corrigidas, de preferência, no primeiro ano de vida, para resultados de grande eficácia. Embora a binocularidade se complete por volta dos 5 . 6 anos, os resultados obtidos depois dos 5 (cinco) anos são bem menores. Por isso, deveria ser prática comum, em nosso meio, realizar a avaliação oftalmológica nas creches e pré-escolas. Ambliopia É a parada ou regressão do desenvolvimento visual em um ou ambos os olhos, determinando a diminuição da acuidade visual, sem uma alteração orgânica aparente. 21 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO A ambliopia pode ser causada por:  Estrabismo, em 50% dos casos;  Privação sensorial (ex-anopsia, catarata ou ptose);  Anisometria - discrepância de erros de refração;  Ametropia - altos erros de refração: (hipermetropia, miopia e astigmatismo). Como vimos pelos tipos de ambliopia, o tratamento e o controle são exclusivamente de responsabilidade do oftalmologista que fará a prescrição do recurso óptico e a indicação da oclusão. Os médicos dão preferência à oclusão direta na pele, com oclusor antialérgico e recomendam a oclusão dos óculos somente nos casos de ambliopia leve. A orientação da conduta de oclusão, nos casos de ambliopia e estrabismo, não é de competência do professor especializado. Esse deve, sim, orientar a família para ter consistência e perseverança na conduta, bem como orientar sobre atividades lúdicas que possam distrair e estimular visualmente a criança. ESTRABISMO É a ausência de paralelismo e sincronia dos músculos oculares, para uma perfeita coordenação de ambos os olhos, responsável por uma imagem nítida, no mesmo ponto da retina, que possibilita a fusão. A criança estrábica terá grande dificuldade para realizar a binocularidade, podendo apresentar:  Diplopia . imagem dupla;  Anular ou suprimir a imagem do olho desviado;  Visão monocular ;  Baixa de acuidade visual no olho desviado ;  Desconforto visual para leitura, televisão, etc;  Embaçamento ou embaralhamento visual ;  Dificuldade para desenho e atividades que requeiram tridimensionalidade;  Piscar muito e dificuldade para dirigir à noite. Tipos de Estrabismo  Convergente (esotropia);  Congênito - pode ter tratamento cirúrgico, entre 6 e 12 meses de idade, para promover o alinhamento ocular e o desenvolvimento da visão, porque geralmente apresenta fixação cruzada com pouca motilidade ocular;  Adquirido . acomodativo, ou essencial. 22 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO O estrabismo acomodativo pode ocorrer por excesso de acomodação. Acomodação é o ajuste do olho para ver diferentes distâncias e formar imagem clara, pela mudança da forma do cristalino e a ação dos músculos ciliares. O estrabismo acomodativo pode ser causado por hipermetropia ou por alteração de convergência, de origem central. Quando tratado com correção óptica nos primeiros 6 meses, tende a desaparecer. Exotropia - Estrabismo Divergente XT O estrabismo divergente ou XT aparece geralmente mais tarde e está associado à miopia. Os exercícios ortópticos podem ajudar muito no tratamento. A cirurgia pode ser indicada para adquirir função, ou seja, recuperar a visão binocular ou puramente por estética. ERROS DE REFRAÇÃO Hipermetropia É uma dificuldade acomodativa (capacidade de ver perto), causada pelo achatamento do globo ocular. Nesse caso, a imagem se forma atrás da retina e sua correção exige a utilização de lentes convergentes ou positivas, para tornar o cristalino mais convergente. O portador de hipermetropia, mesmo com esforço acomodativo, não consegue enxergar nitidamente um objeto quando olha para perto. A criança mostra-se desinteressada para ver figuras, TV, leitura e pode ter atraso de desenvolvimento visual, nas altas hipermetropias, por baixa capacidade de fixação e seguimento visual. Crianças portadoras de alterações neurológicas podem apresentar baixa capacidade acomodativa, mostrando funcionamento visual pobre. É de suma importância a detecção precoce e correção de refração nessas crianças, para otimizar o desenvolvimento visual e cognitivo. Miopia A miopia é dificuldade para ver longe, em virtude do alongamento do globo ocular, que forma a imagem antes da retina. 23 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO As pessoas com miopia não enxergam com nitidez objetos distantes. A correção é feita utilizando-se lentes divergentes ou negativas. Os alunos com miopia, não detectada, apresentam muita dificuldade para copiar da lousa, são tidos como desinteressados, preguiçosos e lentos. Apresentam, como sintomas, piscar constantemente, fechar a pálpebra (esforço acomodativo), coçar os olhos, etc. Muitos bebês com alta miopia, não detectada, podem apresentar atraso neuropsicomotor, retardando o engatinhar e a marcha em virtude da tensão ou do medo de se deslocar no espaço e pela falta de controle do ambiente. Os portadores da Síndrome de Down e de outras síndromes que podem apresentar alta miopia, devem ser avaliados, e corrigida a retração, para prevenir alterações de desenvolvimento. Astigmatismo Ocorre quando a córnea não apresenta a mesma curvatura em todas as direções, ocasionando uma deformação da imagem. Os sintomas mais freqüentes do astigmatismo são: dores de cabeça, olhos lacrimejantes, queimação e coceira nos olhos e deformação ou distorção da imagem. Nos grandes astigmatismos a acuidade visual é baixa. A lente para correção do astigmatismo é cilíndrica. BAIXA VISÃO - PRINCIPAIS PATOLOGIAS Atrofia Óptica É a perda total ou parcial da visão, em decorrência de lesões ou doenças no nervo óptico, disco óptico, papila, podendo haver degenerações das fibras, tanto das células ganglionares, como do corpo geniculado. Tipos de Atrofia Óptica a) Simples . quando o disco óptico perde a cor rosada, torna-se pálido ou branco. Geralmente há uma escoriação da papila, das bordas para o centro, ocorrendo palidez temporal da papila. Esse tipo de atrofia pode ser decorrente de hidrocefalia, meningiomas e sífilis. 24 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO b) Secundária . é decorrente de neurite óptica, neurorretinite e edema papilar. Neste caso, a aparência da papila é branco-azulada, turva ou acinzentada. As alterações podem afetar as regiões vizinhas da retina. Podem ocorrer por doenças infecciosas, bactérias, vírus, protozoários, hemorragias, diabete, Leber, traumatismos e tumores. c) Atrofia Glaucomatosa . há um aumento da escavação, atingindo todo o disco óptico, atrofia de papila e descolamento do tronco central. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:  Lupas manuais de altas dioptrias;  Alto nível de iluminação com filtro para potencializar contraste e diminuir reflexão e brilho;  Contraste e ampliação (dependendo da alteração do campo);  Lentes esféricas e prismáticas;  Telessistemas;  Magnificação eletrônica, com controle de contraste, brilho e profundidade;  Porta texto e caderno de pauta ampliada ou reforçada ;  Jogos de computador para elaboração de desenhos e cenas . Estratégias Pedagógicas:  Verificar o potencial de visão central preservado.  Compreender as dificuldades de percepção de detalhes que o aluno apresente e a necessidade de aproximação da lousa ou do material pedagógico.  Facilitar a discriminação de detalhes, potencializando o contraste e a iluminação do material a ser discriminado.  Favorecer o desenvolvimento da consciência visual, ajudando o aluno a analisar e interpretar formas mais complexas de objetos e figuras.  Favorecer a ampliação do repertório visual do aluno, através de múltiplas experiências, incluindo até ajudas táteis e auditivas quando a visão não for suficiente.  Motivar o aluno a construir as imagens mentais a partir da experiência concreta com os objetos para a representação tridimensional e a representação simbólica.  Ajudar o aluno a compreender suas reais alterações de campo visual, as dificuldades com escotoma (ponto cego), buscando o melhor 25 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO posicionamento de cabeça ou do material que favoreça melhor desempenho visual. Nistagmo São oscilações involuntárias e rítmicas dos olhos, que ocasionam alteração do sistema sensório-motor ocular. O nistagmo pode ser congênito, quando surge durante os seis primeiros meses, ou adquirido. A origem do nistagmo ainda não é bem conhecida. Pode ser uma alteração neurológica (vestibular, lesões do sistema nervoso central), por origem cerebelar, ou tumor intracraniano. O nistagmo pode estar presente nas cataratas congênitas, atrofias ópticas, albinismo, acromatopsias, alterações retinianas e outras. Tipos de Nistagmo:  Movimento Pendular;  Ondulatórios . igual velocidade, duração . direção;  Em mola;  Movimentos mais lentos e retorno rápido . freqüentes em alterações neurológicas e vestibulares;  Mistos. Os movimentos podem ser horizontal, vertical, oblíquo, rotatório e circular. Spamus Nutans Surge por volta dos seis meses a um ano de vida. Caracteriza-se por nistagmo de cabeça, com movimentos antero-posteriores e laterais, rápidos, bem nítidos, quando a posição é sentada. Deitada, tende a desaparecer, a origem é desconhecida e tende à cura. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:  Lentes prismáticas ou esfero-prismáticas;  Lentes manuais ou de apoio;  Lupas de régua; 26 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO  Os telessistemas para longe podem ser de difícil adaptação, depende da possibilidade de o aluno realizar a compensação de cabeça para bloqueio do nistagmo;  Lentes escurecidas ou filtro amarelo para potencializar o contraste. Estratégias Pedagógicas:  Compreender que as dificuldades óculo-motoras de focalização, seguimento visual e coordenação olho-mão podem dificultar a realização de atividades práticas de coordenação viso-motora, como encaixes, desenhos, cópia da lousa e escrita.  Evitar alta iluminação direta, reflexo e brilho na lousa ou material a ser discriminado.  Orientar o aluno quanto à melhor organização espacial, posição para leitura e adequação do material, ao ponto de compensação e distância que consiga focalizar e discriminar.  Evitar corrigir a posição de cabeça que é a única forma de bloqueio dos movimentos involuntários.  Utilizar pistas visuais para melhor organização do campo gráfico, tanto para leitura como para escrita (guias para leitura).  Proporcionar atividades lúdicas que favoreçam o exercício dos movimentos oculares, graduando as dificuldades: boliche, jogos de peteca, bola ao cesto, futebol, tiro ao alvo, natação. Jogos de integração sensorial e equilíbrio. Cório-retinite É uma inflamação da coróide (coroidite), quando afeta ambas as camadas coróide e retina. A causa é a toxoplasmose, por infestação do protozoário Gondii, adquirida pelo contato com animais infectados: cães, coelho, gatos, pombo, galinha e na carne suína. É importante que se faça o diagnóstico diferencial de sífilis, tuberculose, herpes, AIDS e uveítes. O teste específico para avaliar os anticorpos para toxoplasmose é a imunofluorescência ou Elisa. O quadro neurológico pode ser de alteração focal, com lesões cicatrizadas, placas maculares e convulsões. 27 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:  Óculos de correção refracional comum;  Lentes bifocais;  Lupas manuais ou de mesa para magnificação;  Lentes esfero-prismáticas entre 6 e 12 graus - com acuidade visual semelhante em A.O.;  Lentes esféricas de altas adições com visão monocular;  Telescópio tipo Galileu - 2x, 3x, 4x e 6x manuais, preferíveis a telescópios fixos em armações. Estratégias Pedagógicas: O professor precisa compreender que muitas vezes é impossível a criança olhar para frente, ou nos olhos do professor, pois os olhos desviam para fugir do ponto cego, da cicatriz macular. Recomendam-se os mesmos procedimentos pedagógicos da atrofia óptica, pois o funcionamento visual é semelhante. Deve-se considerar que nas alterações maculares importantes, a discriminação de figuras complexas como de animais torna-se difícil. Embora o aluno apresente nível gráfico elementar, o professor pode e deve oferecer materiais simbólicos como letras e outros. A cópia da lousa é bastante difícil em virtude de, à distância, a visão ficar prejudicada, ou apresentar escotomas no campo visual. O professor deve ajudar o aluno a buscar a melhor posição e distância para facilitar a cópia na lousa, além de organizar o campo gráfico da lousa em relação à necessidade do aluno. ALTERAÇÕES RETINIANAS Retinopatia da prematuridade ou fibroplasia retrolental A retinopatia da prematuridade pode ser decorrente de imaturidade da retina, por baixa idade gestacional, e/ou por alta dose de oxigênio na incubadora. O oxigênio em alta concentração provoca a vasoconstrição, impedindo a irrigação da retina, podendo provocar a formação de pregas retinianas, massa fibrosa ou cicatricial, retração da retina, ou deslocamento total ou parcial. 28 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO Podem ocorrer ainda complicações como a catarata, o glaucoma ou uveíte. O procedimento cirúrgico nos descolamentos de retina têm pouco sucesso, do ponto de vista funcional, sendo muitas vezes preferível à estimulação da visão residual remanescente, mesmo que esta seja pouca. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais: a) Para perto  Óculos acoplados com lentes de aumento;  Lentes para miopia;  Lentes de aumento manual;  Lupas iluminadas tipo copo ou de mesa. b) Para longe  Sistemas telescópicos. Retinose Pigmentar Distrofia hereditária dos receptores retinianos, por transmissão autossômica recessiva dominante ligada ao cromossoma X. Constitui síndromes como: Laurence-Moon, Bardet-Bield, Usher, sendo rigorosamente necessária a prevenção por aconselhamento genético. São muitos os tipos de retinose pigmentar, geralmente de caráter progressivo, com degeneração de cones (responsável pela visão de cores) e bastonetes (visão de formas), no estágio final com alteração macular. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:  Alto nível de iluminação;  Circuito de TV;  Lâmpada com raios infravermelhos;  Ampliação e potencialização de contrastes com filtro amarelo;  Lupa manual até 11 dioptria. Retinopatia Diabética É uma alteração retiniana por obstrução dos vasos capilares da região da mácula e retina, com formação de cicatriz ou escotomas extensos, podendo formar edema ou cistos de mácula. 29 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO Pode haver descolamentos de retina. O tratamento pode ser a vitrectomia e a foto-coagulação, que estabilizam o quadro de edema. Há associações com catarata ou glaucoma. Síndrome de Leber ou Amaurose Congênita de Leber É caracterizada por degeneração retiniana, com eletroretinograma extinto. Manifesta-se por uma neurite óptica hereditária, mais freqüente na 2ª infância, lesando os olhos de forma brusca. É transmitida pela mãe e afeta geralmente o sexo masculino, podendo afetar o sistema nervoso. Há degenerações retinianas que afetam também meninas e são do tipo progressivo. A função visual é bastante prejudicada, acuidade visual - AV muito reduzida e nível de funcionamento visual bastante heterogêneo. Retinoblastoma Tumor na retina que pode aparecer nas primeiras semanas, até os 2 anos de idade. Os primeiros sinais são leucocoria (mancha branca), podendo ser uni ou bilateral, estrabismo e ligeira midríase. O tratamento é a enucleação de urgência, radioterapia ou quimioterapia conforme resultado anatomopatol ógico. Estratégias Pedagógicas:  Motivar o aluno a utilizar ao máximo o potencial visual mesmo nos descolamentos de retina ou em degenerações progressivas. Nos descolamentos de retina ou redução extrema do campo visual, as dificuldades de leitura se acentuam. Entretanto, o professor deve encorajar o aluno a utilizar a visão residual, sem temor de perdê-la ou gastá-la.  Recursos de alta iluminação, controle de luz por dimmer e potencialização de contrastes, melhoram o desempenho visual do aluno.  Lápis ou canetas fluorescentes ajudam na visualização.  Na acuidade visual muito baixa ou restrição acentuada do campo visual, a cópia da lousa se torna muito difícil. Podem ser utilizadas ampliações para perto ou recursos eletrônicos para cópia da lousa, por varredura.  Lentes escurecidas melhoram o funcionamento visual e ajudam nas atividades recreativas. 30 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO GLAUCOMA Decorrente da alteração na circulação do líquido humor aquoso, responsável pela nutrição do cristalino, íris e córnea. Há o aumento da pressão intra-ocular. Os sintomas mais freqüentes: dor intensa, fotofobia, olho buftálmico e azulado. Há estudos recentes que apontam uma predisposição genética para o glaucoma congênito. É mais freqüente após a 4ª década, em altas hipermetropias, em diabéticos e em negros. O tratamento é cirúrgico e o mais precoce possível obtendo bons resultados. Pode haver complicações como luxações do cristalino, descolamento de retina, atrofia óptica e hemorragias. O glaucoma pode estar associado a aniridia, (ausência de íris) síndrome de Marfan, Axenfeld e Sturge-Weber. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:  Iluminação potente sem reflexo e brilho;  Lupa de mesa com iluminação;  Alto contraste e filtros;  Lupas manuais;  Para leitura, lentes microscópicas;  Para longe, telelupas de baixa dioptria (di). Estratégias Pedagógicas:  Compreender que o nível de visão do aluno com glaucoma flutua muito. Ele se estressa com freqüência pela dor, fotofobia e flutuação da visão. Isto não significa que o aluno seja desmotivado e preguiçoso.  Analisar, cuidadosamente, as alterações de campo visual que podem ser diferentes em cada olho.  Ajudar o aluno a compreender e buscar a melhor posição para o trabalho visual.  Ajudar o aluno a identificar o melhor equipamento de magnificação, de lupas manuais, de copo, mesa ou lupas iluminadas. Muitas vezes a adaptação desses auxílios ficam dificultadas pela reflexo de luz e brilho.  Compreender que em virtude das alterações de campo visual, nem sempre o material ampliado facilita a discriminação e a leitura.  Utilizar porta-texto para maior conforto para a leitura. 31 DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES EDUCACIONAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO CATARATA É a opacificação do cristalino, produzindo a leucocoria ou mancha branca na pupila. As causas congênitas podem ser decorrentes da rubéola (síndrome da rubéola congênita), do sarampo, de fator hereditário, do citomegalovirus, da toxoplasmose e da sífilis. Alterações cromossômicas como Síndrome de Down, Lowe, Trissomia 13-15 e Síndrome de Cockayne. Pode ocorrer também por irradiações, medicações tóxicas e consumo de drogas. A catarata congênita é uma das maiores causas de cegueira na infância. A prevenção implica em cirurgia precoce e, principalmente, a vacinação e controle epidemiológico da rubéola e o aconselhamento genético. Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais:  Lente de contato ou óculos;  Lente intra-ocular nos primeiros anos de vida pode ocasionar mais rejeição, sendo desaconselhável pela mudança de refração;  Óculos de até 20 di são bem aceitos por crianças, podendo ser tentada a correção da hipermetropia e astigmatismo. Os bifocais com mais de 6 di podem ser testados;  Lupa de mesa iluminada;  Lupas manuais tipo régua;  Controle de iluminação no ambiente. Estratégias Pedagógicas: O aluno que teve a catarata operada precocemente e com boa correção óptica dificilmente necessitará de ajudas adicionais. Nos casos de altas correções ópticas, há necessidade de grande aproximação do material a ser lido, o que pode acarretar cansaço e estresse na leitura. É importante investigar com o aluno e o médico, se uma correção óptica de menor dioptria com adição manual não favorece o processo de leitura-escrita. Nas cataratas não operadas, lupas iluminadas e controle de iluminação no ambiente com luminárias de foco dirigíveis podem melhorar o desempenho visual.