A TRAJETÓRIA DA CIÊNCIA E DA FILOSOFIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE A tragetória da ciência e da filosofia na história da humanidade Em seu conceito clássico, CIÊNCIA é um conjunto sistemático de conhecimentos certos, havidos pela relação causa-efeito. Comumente, às pessoas que estudam e buscam esses conhecimentos (verdades) se dá o nome de cientistas. Grosso modo, a importância da ciência e a sua função deveriam ser a de solucionar ou propor soluções para os problemas que afligem a humanidade e o planeta. Nesse entendimento, todas as áreas do saber são parte da ciência. Na prática, porém, muitos erros, equívocos, limitações técnicas, e interpretações tendenciosas, na busca de 'verdades' científicas, conduzem a ciência a engrossar mais ainda o cabedal de problemas que se acumula no planeta, do que a solucioná-los. A maioria desses equívocos da ciência se devem, por um lado, ao despreparo do pesquisador quanto à escolha dos caminhos teóricos-metodológicos que orientam suas pesquisas, por outro lado, ao uso inadequado da ciência em benefício de interesses políticos e empresariais de poucos privilegiados (pessoas, grupos e países), sem avaliar as conseqüências. A CIÊNCIA, ou a busca desses conhecimentos é compreendida sob denominações diferentes (complementares), que variam, a depender: da atitude de pensamento do pesquisador (idéias/conhecimento a priori ou a posteriori sobre o objeto) o tipo de procedimento que usam, e o objeto a que se dirigem. São três níveis: 1. Experimental, ou empírico, no qual as atitudes básicas são as de observar, conhecer, experimentar, analisar, testar, confrontar, comparar, medir, contar, modificar etc., o objeto de estudo. É o que chamamos de CIÊNCIA propriamente dita, responsável pelo avanço do conhecimento técnico, tecnológico, físico, astronômico, matemático, social etc.; 2. Racional ou especulativo, comumente chamado de FILOSOFIA ou estudos filosóficos, no qual a atitude básica é a de pensar as condições do ser humano e as suas relações com o mundo sensível. Os principais objetos do pensamento racional ou especulativo são as questões do ser (questão ontológica) e do conhecer (questão epistemológica); 3. Teológico, ou seja, estudos sobre as causas primeiras, a razão metafísica, à luz da Revelação de Deus1, o conceito de 'espírito'. Para Rogier, a TEOLOGIA é uma reflexão sobre elementos revelados, supõe a fé, quer dizer, uma atitude de espírito, razoável, sem dúvida, mas de natureza não científica, aceitando uma intervenção sobrenatural e uma decisão pessoal diante de Deus. A FILOSOFIA, a CIÊNCIA e a TEOLOGIA são, partes preponderantes e fundamentais da História da humanidade planetária. Esses três conhecimentos caminham juntos, se interpenetram, se influenciam e se alimentam mutuamente. Da mesma forma que afirmamos que a Ciência é um dos fatos fundamentais do interesse especulativo da Filosofia (ou seja, a Ciência é objeto da Filosofia) podemos garantir que esta mesma Ciência fornece respostas para a Filosofia responder às suas próprias questões. A recíproca é verdadeira: A Ciência utiliza o conhecimento filosófico na elaboração dos seus arsenais teóricos-metodológicos; especulando, observando, experimentando e revisando teorias; avaliando (validando ou invalidando) conceitos filosóficos e 'filosofias' historicamente determinadas. Podemos dizer que a Filosofia, avaliada, atualizada e referenciada pela Ciência, é a metalinguagem2 para a compreensão histórica das ciências, inclusive da própria Ciência da História. Ao mesmo tempo, é parte indissociável da História (ciência que contém todas as outras). Nessa relação ciência-filosofia, a Teologia, desde a Antiguidade, foi um elemento importantíssimo, primeiro porque durante muito tempo o avanço da filosofia ficou subordinada ao aval das concepções teológicas e dogmáticas (com base nas Sagradas Escrituras) que possuíam força de lei. Isto aconteceu desde o início do Cristianismo, até, praticamente o final do século XVIII. Até hoje, apesar da laicidade da ciência, observa-se, em determinados meios, preconceitos de caráter religioso, impedirem a busca de uma verdade científica. Por outro lado, hoje, alguns segmentos das igrejas cristãs já aceitam interpretações das Sagradas Escrituras sob um ponto de vista científico. PRESSUPOSTOS PARA OS ESTUDOS DA CIÊNCIA E DA FILOSOFIA Para iniciarmos estudos introdutórios sobre esses três campos do conhecimento mencionados: Ciência, Filosofia e Teologia, alguns pressupostos são necessários: * A questão fundamental da Filosofia apresenta dois campos de estudo, igualmente importantes: a) o campo ontológico (que estuda as relações entre o ser e o pensamento, a matéria e a consciência; e b) o campo epistemológico (que trata das relações entre a consciência e o mundo exterior, isto é, nossa mente e a sua capacidade de conhecer e refletir o mundo exterior). * Quanto ao método de encarar a realidade, a despeito das diversas classificações, a filosofia apresenta duas tendências básicas que estão presentes desde o início do pensamento filosófico: a) tendência materialista de pensar a realidade, e b) tendência idealista; * Apesar de uma certa continuidade histórica na caminhada da Filosofia, da Ciência e da Teologia, podemos falar em saltos críticos (ou qualitativos), sendo os mais importantes: a) do mito à razão metafísica. O mito envolve um retorno explicativo a partir das origens. No albor de uma cultura, os homens recorrem a fábulas imaginárias para explicar os fenômenos naturais e sociais (na Grécia, como em outras culturas, fala-se em uma origem e em 3 gerações de deuses: Urano (Geia), Saturno (Cronos), Júpiter (Zeus) Homero, Hesíodo; os pré-socráticos, filosofia clássica, tragédias). b) o advento da filosofia cristã - Sócrates-Justino, S. Agostinho-Platão, Santo Irineu, São Clemente; c) fé e razão - S. Anselmo (Monológio, Proslógio) e Abelardo, S. Tomás de Aquino-Aristóteles; d) racionalismo iluminista - Galileu, Newton, Pascal e Descartes - Discurso sobre o Método; e) liberalismo político - Rousseau (O Contrato Social), Diderot, Locke (Carta Acerca da Tolerância); f) racionalismo científico - Kant (Crítica da razão pura); g) idealismo dialético - Hegel (Fenomenologia do Espírito, Filosofia da História). h) materialismo dialético (Marx e Engels); i) existencialismo -Jean-Paul Sartre, Merleau-Ponty (marxistas e cristãos - influência marxista, darwinista e psicanalítica); j) Estruturalismo - Claude Levi-Strauss, Lingüistas; k) correntes pós-modernas - crítica ao marxismo; teoria dos sistemas; teologia da libertação; representações antropológicas; semiótica (Saussure, Peirce, Francastel, Umberto Eco); Alan Sokal (Imposturas Intelectuais). 1 O estudo de Deus à luz da Revelação é objeto da Teologia. 2 Metalinguagem é a linguagem que vai além da linguagem comum, que a explica. ?? ?? ?? ??