0# CAPA 26.11.14 ISTOÉ edição 2348 | 26.Nov.2014 [descrição da imagem: foto do rosto de Youssef, Vaccari Neto e Fernando Soares. A foto de Vaccari Neto está no centro, entre as outras duas, e mais à frente.] EXCLUSIVO PF CONCLUI QUE DINHEIRO DESVIADO FOI PARA O CAIXA DE CAMPANHAS _______________________ 1# EDITORIAL 2# ENTREVISTA 3# COLUNISTAS 4# BRASIL 5# COMPORTAMENTO 6# MUNDO 7# CULTURA 8# A SEMANA _____________________________ 1# EDITORIAL 26.11.14 "ABRIRAM A CAIXA DE PANDORA" Carlos José Marques, diretor editorial Nunca se viu um início de governo – e dá para tratar assim, já que a presidente foi reconduzida ao posto – tão com cara de fim de feira. Pipocam problemas por todos os lados. É como se a Caixa de Pandora tivesse sido aberta e de lá começassem a sair caudalosas histórias de podres sem-fim. De cara o País ficou sabendo que o governo escamoteou sim, enquanto duravam as eleições, números negativos sobre o aumento da miséria e do desmatamento. Nem bem confirmou a vitória, Dilma Rousseff deu sinal verde para o aumento de combustíveis, dos juros e de outras taxas represadas cujos reajustes vêm a caminho, engordando a inflação. De caso pensado, mobilizou sua base para fazer passar no Congresso uma manipulação fiscal vergonhosa capaz de tingir artificialmente de azul as contas pàºblicas. A manobra, que tenta via maquiagem contábil driblar o princípio legal de gastos controlados, choca pelo descaramento com que à© defendida entre aliados como a salvação da lavoura. É isso ou o caos, na alegação desses senhores. E na verdade, por nà£o cumprirem as metas, estão buscando desmoralizar de vez o orçamento público, conseguindo salvo-conduto para despesas sem limite. Com o seu, com o nosso dinheiro. É o vale-tudo! O escracho administrativo assume proporções ainda mais dantescas com as revelações do maior escândalo jamais registrado na República. São escabrosos os casos de desvio flagrados em profusà£o pela Polícia Federal, demonstrando que ao longo dos últimos 12 anos as gestões petistas adotaram a corrupção como “modus operandi†para bancar seu projeto de poder. Do mensalà£o ao assalto bilionário à Petrobras e a outras estatais, aliados do governo montaram um sistema de financiamento ilegal que irrigou partidos da base. Ao aparelharem órgãos e empresas públicas, com indicações políticas para postos estratégicos, conseguiram saquear o Estado de maneira profunda e metódica. O loteamento partidário segue a pleno vapor por esses dias na formação do segundo mandato de Dilma, ignorando quadros técnicos, e não há sinais de que a prática esteja próxima do fim. Pelo contrário, cresce na exata medida do aumento de apetite e das exigências dos que dão sustentação à presidente eleita. Enquanto isso, no lamaçal das denúncias, a Polícia está chegando à conclusão de que boa parte do dinheiro dos crimes seguiu direto para os caixas de campanha. A investigação fechou os elos da cadeia e o PT, talvez antecipando novas dores de cabeça, decidiu questionar a escolha do ministro Gilmar Mendes para relator das contas da campanha presidencial. Caso se comprove que o dinheiro do petrolão alimentou a reeleição de Dilma, ela pode ter a diplomação impedida dentro de um processo que seguiria em paralelo à apuração sobre eventual crime de responsabilidade, por tomar conhecimento e nada ter feito para eliminar o funcionamento do esquema. A quebra do sigilo fiscal, telefônico e bancário do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, já autorizada, deve trazer novas revelações nesse sentido. É de surpreender, diante da contundência das acusações, a apatia que tomou conta do Planalto. O governo parece paralisado, inerte, desarticulado. Consumido pelo escândalo, hesita na tomada de decisàµes, nem sequer adota medidas para afastar os maus elementos. Fechada em seu mundo palaciano, cercada de assessores que lhe fazem a corte, a presidente reeleita isola-se e dá sinais de acreditar que tudo se resolverà¡ de maneira divina a seu favor. Milhões de eleitores devem estar agora se perguntando onde depositar suas esperanças. Muitos se sentem enganados. O grave na postura dos que comandam atualmente o País é a aceitação tácita da corrupção como forma de fazer polà­tica. Para eles, não se constrói maioria na busca do consenso. Constrói-se maioria comprando apoio. Isso é que espanta, està¡ na essência da indignação de boa parte dos brasileiros. Corrupção sempre houve no regime capitalista. É inerente a ele. Mas usá-la de forma endêmica, como ocorre agora, é devastador para o futuro de uma nação. ___________________________________ 2# ENTREVISTA 26.11.14 DEPUTADO ANTONIO IMBASSAHY "TUDO OCORREU SOB AS BARBAS DA PRESIDENTE DILMA" Para o líder do PSDB na Câmara e integrante da CPI da Petrobras, Dilma, como ex-presidente do Conselho da estatal, tem no mínimo responsabilidade solidária sobre as irregularidades por Josie Jeronimo PREOCUPAÇÃO - Para o líder do PSDB, é preciso encontrar um caminho para o País não ser paralisado As dezenas de processos envolvendo parlamentares e executivos das empreiteiras participantes do esquema que sangrou a Petrobras em bilhões de reais monopolizarão a agenda do Congresso em 2015, prevê o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). Integrante da CPMI da Petrobras, Imbassahy comanda o recolhimento de assinaturas para reinaugurar a comissão na próxima Legislatura. No dia 22 de dezembro as investigações serão encerradas por força regimental, mas o grupo não começará do zero em fevereiro. Quebras de sigilo fiscal, telefônico e relatórios financeiros da Polícia Federal vão nortear os trabalhos de investigação. A oposição comemora a inclusão do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari, no rol dos investigados que terão dados bancários remetidos ao Congresso. Vaccari é apontado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa como o interlocutor do PT no esquema de corrupção da Petrobras. "Quando o esquema do mensalão foi desmontado, o PT identificou a Petrobras como uma fonte inesgotável de recursos e inexpugnável a investigações" As recentes prisões de executivos de empreiteiras e as manobras orà§amentárias do governo no Congresso fizeram com que o PSDB parasse de evitar tocar no tema “impeachmentâ€. “O sistema democrático aponta o afastamento de um presidente em caso de desrespeitoà Constituiçãoâ€, frisa o parlamentar tucano. Para Imbassahy, ao desrespeitar a lei orçamentária aprovada pelo Congresso, a presidente Dilma descumpriu preceitos constitucionais. A crítica cresceu após o governo mobilizar sua base de apoio para aprovar projeto que altera o cálculo de superávit primário nas contas públicas e, assim, encobrir possível déficit. "Um tesoureiro do PT, Delúbio Soares, já foi parar na Papuda. Talvez outro tesoureiro do partido tenha o mesmo destino" Istoé - As investigações sobre o esquema de corrupçà£o na Petrobras apontam para a atuação do cartel de empreiteiras e políticos em outras frentes, como o setor elétrico. Até onde isso tudo ainda pode chegar, na avaliação do senhor? Deputado Antonio Imbassahy - Tudo ocorreu sob as barbas da presidente Dilma, que durante um grande período foi ministra de Minas e Energia, ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Então, ela viu tudo passando por ali. Como presidente, ela tinha os instrumentos necessários de controle, acesso a informaçàµes e dispositivos para detectar o que estava acontecendo. Por isso eu digo, é até razoável que o brasileiro acredite que ela não sabia de tudo, pelo tamanho do problema. Agora, acreditar que ela não sabia de nada, tenha santa paciência. Ela, como ex-presidente do Conselho da Petrobras, no mínimo tem responsabilidade solidária. Quando o esquema do mensalão foi desmontado, o PT identificou a Petrobras como uma fonte inesgotável de recursos e inexpugnável a investigações. Istoé - A Controladoria-Geral da União e o Tribunal de Contas estão preocupados, pois se aplicarem sanções previstas nas leis as principais obras do País serão interrompidas. Qual é a análise da oposição sobre a penalização das empresas envolvidas no escândalo? Antonio Imbassahy - Além da questão da corrupção, propriamente dita, que está sendo combatida graças à açà£o autônoma da Polícia Federal e do Ministério Público, é importante que se perceba também que essa situação poderá ser estendida a outros setores da economia, como o setor de energia elétrica, portos, aeroportos, setor de estradas de rodagem, de rodovias. Pode ser uma aplicação muito mais extensa. Existem comportamentos equivocados por parte dessas grandes empresas nacionais, mas elas têm que ser, de uma forma ou de outra, preservadas. Tanto a Petrobras, orgulho nacional, como as prestadoras de serviço e fornecedoras de materiais são empresas que fazem parte do patrimônio brasileiro. O que há de errado, de podre, tem de ser separado. É preciso encontrar um caminho para o País não ser paralisado. Se a economia já está com crescimento praticamente zero, cenário de estagnação, se há falta de confiabilidade nas relações contratuais, nas relações de serviço, isso tende a agravar mais ainda o quadro. O problema básico é que o governo está começando, mas com cheiro de governo encerrado. Vamos ter que conviver com um cenário de desconfiança. Istoé - A CPI já sofreu o baque de um ensaio de acordo para encerrar os trabalhos. Após o encerramento do ano legislativo o grupo voltará com fôlego para investigar? Antonio Imbassahy - Nós temos que encerrar essa CPI. Foi duro para começar e colocar em funcionamento, porque o Palácio do Planalto sempre deu ordem para que sua base não deixasse funcionar a comissão, criando obstáculos continuadamente. Mesmo assim conseguimos avanà§ar. Com a dimensão do problema, não há como chegar a uma conclusão até o dia 22 de dezembro e alcançar todos os aspectos dessa grande falcatrua. Mas já estamos recolhendo assinaturas para formar uma nova CPMI, que deverá ser protocolada como a primeira do início dos trabalhos na próxima legislatura. Assim, vamos organizar um calendário que permita estar em sintonia com as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público. É nossa obrigação. É o que as pessoas esperam e nós temos que fazer. A quebra do sigilo do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari, foi um passo importante. Um tesoureiro nacional do PT já foi parar na Penitenciária da Papuda. Talvez outro tenha o mesmo destino. O fato é que vencemos o esforço de uma parte expressiva da bancada governista em proteger o tesoureiro nacional do PT e com os votos do PMDB nós conseguimos quebrar o sigilo fiscal, bancário e telefônico do Vaccari. Istoé - A pauta do Congresso não pode ficar excessivamente concentrada nos trabalhos da CPI e do Conselho de Ética, quando o nome dos parlamentares envolvidos no esquema for revelado? Antonio Imbassahy - Isso poderá acontecer. Vai depender da extensà£o do que vier a ser revelado durante as investigações. Agora, o Congresso não vai se furtar de fazer as devidas penalizações. Até porque tem o instrumento do voto aberto para casos de cassaà§ão de parlamentares. Isso é como iluminar o Congresso. E democracia não combina com coisa escondida. Isso foi um grande avanço que vai ajudar nesse processo que venha eventualmente a acontecer. Istoé - O cenário da votação da lei orçamentária, com manobra do governo para aprovar o projeto alterando o cálculo do superávit, e a delação de empreiteiros no escândalo Petrobras indicam sérios problemas de governabilidade? Antonio Imbassahy - Ninguém pode desejar mal a um governante, até porque o sucesso de um governante é o sucesso da população. Mas é uma constatação. A presidente Dilma é um personagem criado pelo marketing e por uma vontade do ex-presidente Lula. De repente, ele a escolheu como candidata, ela se elegeu e se reelegeu. Mas nos quatro anos em que governou o país ela não se revelou uma líder capaz de fazer as transformações necessárias. A presidente tem um comportamento muito difícil de convivência em um regime democrático. Não aceita o contraditório e isso é manifestado pelos seus ex-auxiliares e auxiliares em comentários no Congresso. A conjuntura é de uma economia extremamente fragilizada, porque ela conseguiu a proeza de trazer de volta a inflação, os serviços públicos não melhoraram, e agora ressurge todo esse mundo de corrupção, essas denúncias de dimensões amazônicas. A Petrobras pode ser o início de uma revelação muito maior. Istoé - Qual é a opinião do sr. sobre os movimentos que pedem o impeachment da presidente? Antonio Imbassahy - Impeachment em sistema democrático decorre de informações de que o governante praticou atos ilícitos, agrediu a Constituição, teria desobedecido nossa Carta maior. Evidentemente que há preocupações. Por exemplo, essa questão de ela não ter cumprido a Lei Orçamentária é uma falha muito grave por parte da presidente da República. Então não à© razoável descumprir o que foi estabelecido pelo Congresso. Alià¡s, atendendo a uma proposta dela própria, de fazer um orçamento equilibrado. E chegando ao final do ano ela acha que tem que modificar a lei porque não cumpriu suas obrigações. Estamos chamando esse projeto, de alterar o cálculo do superávit, de calote da Dilma. Mais do que calote, a anistia da Dilma. Não tem por que anistiá-la. Se ela não administrou bem, tem que pagar o preço. Governante tem que ter responsabilidade. Istoé - O PSDB pode apoiar um nome do PMDB para a presidência da Câmara? Antonio Imbassahy - Os partidos que fazem oposição deliberaram por uma candidatura própria, mas vamos aguardar o desenrolar do processo. É importante observar o comportamento do candidato. O candidato que terá apoio do nosso partido é um candidato que assuma efetivo compromisso de ser sempre vigilante às iniciativas antidemocráticas que são tomadas pelo Palácio do Planalto, de não permitir votar o controle do conteúdo da mídia e também prosseguir com a CPI, para que a comissão funcione de maneira mais efetiva do que foi nessa legislatura. Esse candidato tem que ter princípios. Istoé - E quais serão as outras frentes de atuação do PSDB em 2015? Antonio Imbassahy - O acompanhamento da qualidade da administração merecerá atenção. A presidente defende a funcionalidade de 39 ministérios. Isso é irracionalidade. É um governo que não consegue encontrar um substituto para um ministério tão importante como o da Fazenda. Se a pauta não for tomada por escândalos, é preciso também discutir a reforma política. Nós queremos regras que aproximem o eleitor de seu representante. Para fazer essa aproximação, seria preciso aprovar o voto distrital. Outro princípio também é o fortalecimento dos partidos. Não à© razoável que você tenha mais de 30 partidos com tempo de televisão e fundo partidário, ou seja, dinheiro do contribuinte. Isso exige uma cláusula de barreira, que estabeleça condições para que esses partidos mereçam esses recursos e o tempo de televisão. E, por fim, é preciso reduzir a influência do poder econômico na escolha do voto do eleitor. Esse é um ponto de grande força. Istoé - O PSDB trabalhará para reduzir a influência do governo na indicação de ministros do Supremo que substituirão os que vão se aposentar nos próximos quatro anos? Antonio Imbassahy - Existe uma proposta, o projeto chamado PEC da Bengala, que permitiria estender até 75 anos a idade para que ministro do Supremo pudesse continuar no exercício de suas atividades. A proposição tem um lado muito positivo. Hoje, um ministro com 70 anos está no auge, na plenitude de sua sabedoria, conhecimento e capacidade de colaborar com o País. Este assunto desperta um interesse muito grande por parte das oposições. _____________________________________ 3# COLUNISTAS 26.11.14 3#1 RICARDO BOECHAT 3#2 RICARDO AMORIM - BOLSA FAMÍLIA, ELEIÇÕES E UM PAàS RACHADO 3#3 GISELE VITÓRIA 3#4 BRASIL CONFIDENCIAL 3#1 RICARDO BOECHAT Com Ronaldo Herdy Nem tão a jato Em 2007, então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque recebeu a gravação de uma conversa na qual executivos de empreiteiras combinavam preços para participar de uma concorrência realizada por sua área. “Isso não prova nadaâ€, reagiu o executivo, descartando o áudio. Por cautela, o Jurídico da estatal achou melhor encaminhar a fita ao Ministério Público Federal. Onde, pelo visto, também não lhe deram importância. Congresso Ar pesado Para muita gente o Senado é insalubre. Quem crê dá um exemplo. A juíza Naiana de Oliveira, da 8ª Vara do Trabalho de Brasà­lia, acaba de condenar por danos morais a Entherm Engenharia de Sistemas Termomecânicos. Um ex-empregado da empresa receberá R$ 30 mil de indenização. Desenvolveu doença pulmonar limpando o ar condicionado da Casa. Laudo pericial atestou que lá ele teve contatos com fungos e bactérias. Petrolão Passo à frente Ao decidir abrir um processo administrativo contra o ex-diretor de Servià§os da Petrobras Renato Duque, na quarta-feira 20, a Comissão de à‰tica Pública da Presidência mudou o paradigma. Passou a cobrar respostas dos ocupantes de altos cargos comissionados antes da formalização de denúncia ao órgão e do fim do processo criminal na Justiça. Um passo adiante também dará a CEP, presidida pelo advogado Américo Lacombe, quando vier a cruzar bases de dados oficiais para descobrir se houve variação significativa no patrimônio de algum burocrata, durante exercício da função – e dele cobrar explicações. TSE Vaivém O PSDB recuperou terreno em Minas Gerais. Uma liminar deferida pelo ministro Gilmar Mendes no TSE fez retornar ao cargo o prefeito tucano de Ouro Preto, José Leandro Filho. A decisão surpreendeu. Quando o caso passou pela primeira vez nas mãos de Mendes, num recurso do candidato derrotado Júlio Ernesto (PMDB), ele mandou o TRE-MG decidir a parada. José Leandro perdeu (6x0) por irregularidades nas contas públicas. Recorreu ao TSE, e a liminar de Mendes o colocou na prefeitura da histórica cidade mineira. O processo dura dois anos – metade do mandato questionado. Lava Jato Visão de Estado São muitos os comentários de que a Lava Jato terá uma oitava etapa. E, a exemplo da anterior, com várias prisões decretadas pelo juiz federal Sergio Moro, sobretudo no Rio de Janeiro. Aliás, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, que controlou movimentações atípicas de pessoas e empresas arroladas na operação, de 2011 a 2014, também se voltou para Moro. Mas com outros olhos. No ano retrasado deu ao magistrado o “Diploma de Mérito Coafâ€, que foi colocado em lugar de destaque em seu gabinete, em Curitiba. Governo Pule de dez Paulo Roberto Costa vai ser o primeiro no escândalo da Lava Jato a receber punição oficial. Acabou o prazo para o ex-diretor da Petrobras se justificar à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Nada disse. Então, o relator da investigação, Horácio Pires, pediu ao juiz Sérgio Moro cópia do seu depoimento. Como na Justiça Federal ele admitiu ter recebido propina, a “censura pública†é líquida e certa. Força Aérea Falta funcionar Com três anos de atraso, chegará em dezembro à Base Aérea de Porto Velho o último lote dos 12 helicópteros de ataque Mi-35M , comprados na Rússia por US$ 360 milhões. Somado aos caà§as suecos Gripen (US$ 5,5 bilhões), o esquadrão integra o megalomaníaco projeto da FAB de transformar o Brasil numa potência aérea regional. Nada contra, desde que funcione. Até agora, devidoà problemas no pós venda, a taxa funcionalidade das primeiras 9 unidades foi de apenas 30%. Desse jeito, seremos suplantados pela Bolívia. Infraestrutura Bola fora Será dia 17 de dezembro a última reunião de 2014 do comitઠde investimentos do FGTS. Muita bronca no colegiado contra o governo, que suspendeu quatro horas antes o encontro da terça-feira 18, quando os conselheiros já estavam em Brasília. Ao que parece, o Planalto temia o destino de um projeto de R$ 600 milhões da Queiroz Galvão, uma das empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras. Mas ao boicotar o trabalho do comitê acabou penalizando investimentos das empresas, que, é bom lembrar, geram empregos. Cultura Valor histórico Sob a presidência de Celso Lafer, o conselho deliberativo do Museu Lasar Segall vai se reunir na segunda-feira 1º. E a boa notícia à© que o BNDES acerta os detalhes de um financiamento para restauro dos painéis que o escultor e pintor fez para o baile de Carnaval da Sociedade Paulista de Arte Moderna, em 1932. Depois de recuperados, ficarão expostos na sede do órgão, em São Paulo. Bralivianos? Gente nossa Com menos de 100 mil habitantes, Cáceres, em Mato Grosso, passou a ostentar o curioso título de cidade brasileira com maior taxa proporcional de partos de estrangeiras. Todos os meses, 20 bolivianas pobres cruzam a fronteira do jeito que podem, praticamente dando à luz, para terem seus filhos no hospital São Luiz, da religiosa Associação Congregação de Santa Catarina. Estrutura e caridade que não encontram em seu país as transformam em mães de estrangeiros: todos os bebês recebem certidão de brasileiros natos. Brasil Operação emprego A Força Sindical fará reunião na terça-feira 25, para discutir medidas em prol dos trabalhadores, no rastro da investigaçà£o do envolvimento de empreiteiras num esquema de fraude em licitações na Petrobras. A Alumini Engenharia, que presta serviços para a Refinaria Abreu Lima, atrasou o contracheque de 4.600 pessoas em Recife, alegando que a estatal lhe deve R$ 1,2 bilhão. A Petrobras nega. A Força pedirá ao governo que inclua garantia de pagamento de salà¡rio em futuras licitações públicas. Política Tesoureiro perigoso Presidente do Partido Progressista por quatro anos, desde 2008, o senador Francisco Dornelles assegura que as doações recebidas pela legenda foram “transparentes e registradas†nos tribunais eleitorais. “Se alguém do PP embolsou algo ilegal o problema é dessa pessoa.†José Janene, apontado por Paulo Roberto Costa como alvo das propinas recebidas pelo PP, segundo Dornelles, nunca foi pessoa de sua confiança. “Quando assumi mudei o regimento interno para ele nunca assumir a presidência em minhas ausências, mesmo como segundo tesoureiro.†Meio ambiente Só com chuva Uma nova espécie de peixe da família Rivulidae foi descoberta numa pequena área no Pampa gaúcho, em Encruzilhada do Sul (RS). O Austrolebias bagual ainda não possui nome popular e foi oficialmente descrito em outubro na revista “Aqua - International Journal of Ichthyology†(Revista Internacional de Ictiologia), voltada a estudos e pesquisas de peixes. Tem ciclo de vida único: por viverem em poças temporárias, formadas pelas chuvas, os indivíduos adultos morrem a cada vez que a seca atinge a região. 3#2 RICARDO AMORIM - BOLSA FAMÍLIA, ELEIÇÕES E UM PAÍS RACHADO "56 milhões de pessoas necessitam do Bolsa Família para sobreviver. Isso é sinal de fracasso, não de sucesso". O Brasil nunca esteve tão polarizado. As divisões nasceram com a estratégia de defesa do governo às acusações do Mensalão, caracterizando-as como uma tentativa golpista de uma suposta “elite branca†interessada em reverter conquistas do povo. As eleições as aumentaram. Dilma foi reeleita por 54,5 milhões de eleitores, mas 87,2 milhões – a soma dos votos em Aécio Neves, brancos, nulos e abstenções – não votaram nela. As pesquisas eleitorais já apontavam rachas socioeconômicos e educacionais. Segundo elas, Dilma venceu entre os que ganham até dois salários mínimos e perdeu entre os demais; venceu entre os que tàªm até o ensino fundamental e perdeu entre os que cursaram ao menos o ensino médio. O racha mais visível foi o geográfico. Dilma ganhou por 13,5 milhões de votos no Norte e Nordeste. No Sul, Sudeste e Centro-Oeste, Aà©cio ganhou por 10 milhões de votos. O Bolsa Família explica os resultados do segundo turno no Distrito Federal e em 22 dos 26 Estados brasileiros. No Brasil, pouco mais de 25% das famílias recebem Bolsa Família; Piauí e Maranhão, quase 60%. Nesses dois Estados, Dilma venceu com quase 80% dos votos. Já no Distrito Federal, em São Paulo e Santa Catarina, menos de 15% da população recebe Bolsa Família. Aí, Dilma teve menos votos, não chegando a 40%. Nos Estados com mais de 25% das famílias recebendo Bolsa Família, incluindo Minas, Dilma ganhou em todos menos Acre, Rondônia e Roraima. Entre os Estados onde menos de 25% recebem Bolsa Família, ela sà³ ganhou no Rio de Janeiro. Então, afloraram preconceitos e distorções. Alguns no Sul e Sudeste creditaram a vitória de Dilma no Nordeste a supostas questàµes culturais, sem notar os resultados em áreas mais pobres de seus próprios Estados. Por exemplo, Dilma perdeu em todo o Estado de Sà£o Paulo, menos no Vale do Ribeira. Muitos creditam o impacto eleitoral do Bolsa-Família a uma campanha para amedrontar seus beneficiários. O programa seria extinto se a presidente não fosse reeleita. Tais denúncias devem ser apuradas e punidas, mas o impacto eleitoral do Bolsa Família é maior. Ele vai além da renda direta de seus beneficiários. Impulsiona o consumo e a atividade econômica, principalmente nas regiões mais pobres. Em termos concretos, com o Bolsa Famà­lia, mais gente comprou bolachas na mercearia do seu Zé. Como vendeu mais bolachas, seu Zé comprou uma TV nova. O dono da loja de eletroeletrônicos, que vendeu mais TVs, trocou de carro e o dono da concessionária de veículos comprou um apartamento novo. O Bolsa Família não beneficia apenas famílias mais pobres, mas regiões mais pobres. Isso não significa que o programa não tenha defeitos. Onde salà¡rios e custo de vida são baixos, ele desestimula a busca por emprego. Pior, ele não prepara as famílias para, no futuro, terem perspectivas melhores. Hoje, 56 milhões de pessoas necessitam do Bolsa Família para sobreviver. Isso é sinal de fracasso, não de sucesso. O programa tem de existir para quem precisar, mas precisa tratar da causa dos problemas – a falta de preparação – e nà£o apenas de sua consequência –, a falta de recursos. A medida de seu sucesso deve ser quantas pessoas o deixam, não quantas entram. Há outra diferença regional importante. Nos últimos quatro anos, o Brasil ficou em 161º lugar em crescimento do PIB. As regiões Sul e Sudeste cresceram ainda menos. A produção da indústria é hoje menor do que há seis anos. Regiões onde a indústria é maior têm crescido menos e, se não se recuperarem, puxarão para baixo o desempenho das demais regiões. Isso já está acontecendo e a economia brasileira estagnou. Centro-Oeste, Norte e Nordeste representam só 28% do PIB do País. Se queremos voltar a crescer, o País precisa superar diferenças e criar condições para que todos prosperem. Ricardo Amorim é economista, apresentador do programa “Manhattan Connectionâ€, da Globonews, e presidente da Ricam Consultoria 3#3 GISELE VITÓRIA Gisele Vitória é jornalista, diretora de núcleo das revistas ISTOÉ Gente, ISTOÉ Platinum e Menu e colunista de ISTOÉ As tops no topo No mundo das top models, o ano foi de Amanda Wellsh e Aline Weber. Enquanto Aline se consagrou como supermodel e subiu mais um degrau no olimpo fashion, Amanda viu sua carreira ascender meteoricamente graças a um contrato com a marca italiana Gucci. Escolhida pela diretora criativa Frida Giannini para a campanha da grife, a morena passou a ser o nome mais requisitado no mercado fashion. E acaba de entrar no ranking das 50 tops mais importantes do mundo. “Sempre sonhei em ver meu nome no ranking. Sinal do meu esforço, dedicação e disciplina reconhecidosâ€, diz. Até então, as duas eram as únicas representantes do Brasil na poderosa lista do site models.com. Com o lançamento da campanha mundial de batons de Tom Ford, estrelado por Aline, o cenário mudou. Aline passou a ser “money girlâ€. Está entre as tops mais valiosas e que mais faturam, como Gisele Bündchen, Adriana Lima e Kate Moss. “Fico feliz em ter essa parceria com Tom Fordâ€, diz Aline, que em 2009 participou do filme “A Single Manâ€, dirigido pelo estilista. Para a coluna, elas posaram no backstage do desfile da Sacada. Escolhidas pelo diretor criativo Luis Fiod, Aline e Amanda desfilaram com exclusividade para a marca no SPFW. O silêncio do ex-ministro No velório, a filha Marcela e a viúva Maria Leonor Bastos com Dilma Rousseff Durante o velório do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, amigos e familiares ainda estavam chocados com a sua morte. “Ele escondeu de todo mundo que estava doenteâ€, disse um dos advogados da equipe de seu escritório. Bastos sabia que estava com câncer no pulmão antes da internação no hospital Sírio Libanês. Em 2007, ele passou por um tratamento quimioterápico em consequência da mesma doença e se recuperou. Balas O mais sexy Eleito pela revista “People†o homem mais sexy do mundo, Chris Hemsworth, intérprete do herói Thor no cinema, brincou: “Agora posso dizer (para a esposa, Elsa Pataky): ‘Lembre-se, isso é o que acham de mim. Então não tenho mais que lavar a louça e trocar fraldas’†. Chris tem mais cinco anos de contrato com a Marvel, para estrelar mais três filmes em que volta a encarnar o Deus do Trovão até 2019. No Palácio de Buckingham com o príncipe Philip Carolina Andraus foi a presença brasileira no jantar oferecido pelo príncipe Philip no Palácio de Buckingham, na semana passada em Londres, em apoio ao Memo Project, pela causa de preservação de espécies em extinção. O jantar aconteceu dias antes de o duque de Edimburgo completar 67 anos de casamento com a rainha Elizabeth II. Ele recebeu na mesma ocasião o ator Harrison Ford, o biólogo e professor de Harvard E.O. Wilson e o escultor inglês Sebastian Brooke, que lidera o projeto de construção do museu Memo na Ilha de Portland, ao sul da Inglaterra. O museu, em forma de espiral, reunirá esculturas em pedra de animais extintos nos últimos 100 anos, atentará para a importância da preservação das espécies e pelo que se perde no planeta com os animais que desaparecem. Carolina é prima de Brooke e apoiadora do museu, que será erguido em um terreno doado pela coroa inglesa. “O príncipe fez um discurso espirituoso e brilhanteâ€, resumiu Carol. Numa mesa única para 50 pessoas, ela se sentou ao lado direito do duque. Entre os assuntos que conversaram, ele se interessou em saber sobre a preservação da Floresta Amazônica. “Foi uma honra poder conversar com o duque. Ele não parece ter 94 anos. Há nele um vigor, uma inteligência e uma cultura incomparáveis. Este foi um dos poucos projetos que ele escolheu participar durante o ano. É uma causa na qual o Brasil precisa se engajar.†Uma influência brasileira, do tempo das colônias, fez parte do toque final do jantar black-tie: o tradicional cafezinho, que o príncipe tambà©m tomou. JANTAR REAL - Carol Andraus em conversa com o príncipe Philip. Ela à© a madrinha brasileira do projeto Memo, pela causa das espécies em extinção Enquanto isso no Oriente... Em Omã, país do Oriente Médio, a cena do príncipe valente que empunha a espada nos contos de fadas para salvar seu reino virou realidade com o príncipe Harry. Ele entrou na brincadeira de um grupo de dançarinos locais e simulou uma luta. Com um sorriso no rosto, ainda parou para conversar com mulheres e crianças, conheceu uma feira de grãos e foi a uma loja de artesanatos. Bonitão e poeta Toda vez que o bonitão Rômulo Neto aparece em cena na novela “Impérioâ€, as redes sociais entram em polvorosa. O ator, que namora Cleo Pires há dois anos, sabe disso, mas garante: a repercussão do personagem “Robertão†não o torna mais vaidoso. “Não mesmo. Faço o mínimo necessárioâ€, diz. E sai em defesa do personagem. “Ele não à© clichê. Tem alma. A doçura, a infantilidade, a ingenuidade. A sensualidade e a nudez vêm como um complemento.†Capa da revista “Top Magazineâ€, ele ainda revela: “Adoro escrever poemas. Coloco as coisas para fora dessa forma porque facilita as coisas para mimâ€. 3#4 BRASIL CONFIDENCIAL por Eumano Silva As estocadas de Eduardo Cunha contra o governo O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), tem um cardápio variado de atitudes para mostrar o quanto pode aporrinhar o governo e o PT. Desde setembro, ele apresentou na CPI da Petrobras três requerimentos de convocação do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda. Cunha argumenta que o dirigente da CEF precisa explicar aportes bilionários feitos na Petrobras. Outra alfinetada se deu quando o deputado comandou a bancada na derrubada dos conselhos populares propostos pelo Planalto. Cargos perdidos Candidato a presidente da Câmara, Eduardo Cunha enfrenta ferrenha oposição do PT na sua pretensão. Mas a tentativa de convocar Jorge Hereda tem outras razões além das rusgas no Parlamento. Nos bastidores do Congresso, comenta-se que o líder do PMDB ainda não digeriu a perda de dois cargos que o partido tinha na direção da Caixa Econômica. Lesados ­esperançosos As investigações da Operação Lava Jato e da CPI da Petrobras animaram os clientes lesados pelos desvios na Bancoop em relação aos processos que envolvem João Vaccari. O tesoureiro é acusado de formação de quadrilha, estelionato, falsidade ideolà³gica e lavagem de dinheiro. Os sigilos de Vaccari A quebra dos sigilos fiscal e bancário do tesoureiro do PT, João Vaccari, comemorada pela oposição, não é novidade para a Justiça paulista. Em 2011, a 5ª Vara Criminal do TJSP autorizou essas quebras no processo que investiga desvios no Bancoop. O caso não teve desfecho. O ficha suja de Roraima I Há algo de muito errado na Lei da Ficha Limpa. Impossibilitado de concorrer para o governo de Roraima por causa de várias condenaçàµes, o ex-governador Neudo Campos indicou a mulher dele, Suely Campos para a disputa. Ela venceu a eleição e ele será o chefe da Casa Civil. O ficha suja de Roraima II As condenações de Neudo Campos em primeira instância somam mais de 50 anos de prisão. No STF, ele é réu em seis ações penais e 14 inquéritos criminais. Todos apuram crimes de peculato e formação de quadrilha. No Estado, responde a seis ações penais na Justiça Federal. Uma campainha para o CNJ Presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro Ricardo Levandowski ficou contrariado com a informalidade que precede cada sessà£o do órgão. A exemplo do que acontece no Supremo Tribunal Federal (STF), Levandowski mandou instalar uma campainha acionada por ele quando chega ao plenário. O sinal indica que todos os conselheiros devem ficar de pé para recebê-lo. Essa liturgia sonora nunca existiu no CNJ. No primeiro dia do novo ritual, um assessor foi escalado para avisar a mudança no ouvido de cada conselheiro. Nem todo mundo gostou da medida tomada por Lewandowski. Decisões derrubadas A Dígitro Tecnologia, fornecedora de equipamentos de escuta telefà´nica da Polícia Federal, informa que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região derrubou as decisões administrativas que multaram a empresa por sonegação fiscal, noticiadas nesta coluna. No governo federal, a Dígitro também faz parte de um seleto grupo de empresas estratégicas do Ministério da Defesa. Toma lá dá cá Deputada Erika Kokay (PT-DF), titular da Comissão de Direitos Humanos ISTOÉ â€“ Como a sra. recebeu o relatório que estabelece o conceito de família como um núcleo formado por homem e mulher? Erika Kokay – Isto é uma afronta à sociedade. Desde o século XVII, o conceito de família é baseado no amor. Estamos retroagindo. ISTOÉ â€“ Quais os impactos da limitação? Erika – Institucionaliza a discriminação. Esse conceito marginaliza as outras famílias, uma forma de hierarquizar os seres humanos. ISTOÉ â€“ O projeto tramita em caráter conclusivo. Há como impedir a proposta de ir direto para o Senado? Erika – Eu solicitei que a proposta tramite em conjunto com o projeto de 2011 que incluiu a união de pessoas do mesmo sexo no conceito de família. Rápidas * A Câmara vai gastar R$ 18 mil para comprar 80 colchões de solteiro destinados aos imóveis funcionais dos deputados que assumirão em 2015. Com essa medida, até mesmo os parlamentares enrolados com os desvios da Petrobras poderão dormir um pouco melhor. * O ex-deputado Fernando Gabeira, de volta à profissão de jornalista, circulou na semana passada pelo plenário do Senado com uma cà¢mera na mão. Descontraído, ele ficou um tempão fazendo imagens do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que discursava na tribuna. * O pai de santo do Recife conhecido como “Pai Ralf†estranhou não ter sido citado nominalmente no livro da ex-mulher de Fernando Collor Rosane Malta. O guru pernambucano prestou serviços à família por cinco anos, contratado depois do impeachment. * “Pai Ralf†alardeia que matou búfalos para salvar Collor do ódio dos brasileiros e que fez muitos serviços para ajudar Roseana a livrar-se dos processos judiciais. Como o fim do contrato nà£o foi amigável, ele foi excluído dos registros dos rituais. Retrato falado Em um evento que reuniu representantes da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e do Tribunal de Contas da União (TCU), o deputado Márcio França (PSB-SP) provocou constrangimento ao afirmar que no Brasil a estrutura de fiscalização é mais cara do que a estrutura do governo. O deputado afirmou que o salário de um servidor do Executivo corresponde a um sexto da renda de um analista do TCU. Os ternos bolivarianos O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tem especial predileção por ternos da Sastreria Miguel Angel, marca espanhola com loja na Bolívia. Até pouco tempo atrás, ele contava com os adidos policiais para trazer suas vestimentas para o Brasil. Como a relação com a PF não anda boa, o ministro tem cinco ternos prontos na Bolívia, orçados em US$ 580 cada um, e ninguém se dispõe a transportá-los. Marta Suplicy, a querida Marta Suplicy (PT-SP) teve uma recepção calorosa na volta ao Senado. Tanto amor tem uma explicação prática. No Ministério da Cultura, Marta foi generosa e executou emendas sem privilegiar partidos. Dos R$ 3 bilhões do orçamento da pasta, R$ 670 milhões eram de emendas. ____________________________________________ 4# BRASIL 26.11.14 4#1 DINHEIRO DESVIADO ABASTECEU "CAIXA 1" DAS CAMPANHAS DE PT, PMDB, PP E PTB 4#2 BOICOTE ÀS INVESTIGAÇÕES 4#3 DUQUE, O MILIONÁRIO 4#4 O COMANDANTE GABRIELLI 4#5 O ESQUEMA CHEGOU NAS ELÉTRICAS 4#6 A HESITAÇÃO DE DILMA 4#1 DINHEIRO DESVIADO ABASTECEU "CAIXA 1" DAS CAMPANHAS DE PT, PMDB, PP E PTB Delegados e procuradores da operação Lava Jato concluem que os partidos foram usados como lavanderias do esquema de corrupção instalado na Petrobras e farão uma devassa na prestação de contas da campanha eleitoral Claudio Dantas Sequeira, de Curitiba (PR) e Mário Simas Filho Não é novidade que recursos públicos surrupiados por intermédio de obras superfaturadas, empresas de fachada e outras modalidades de corrupção acabem abastecendo o chamado caixa 2 das campanhas políticas. Essa é uma prática condenável e recorrente no Brasil. Agora, o que a Operação Lava Jato descobriu é que PT, PMDB, PP e PTB usaram a contabilidade oficial, o caixa 1 das campanhas eleitorais, para receber milhões de reais desviados da Petrobras. Para chegar a essa conclusão, os delegados e procuradores que participam das investigações tomaram conhecimento de centenas de movimentaà§ões bancárias no Brasil e no exterior, analisaram documentos que veem sendo apreendidos desde março e ouviram os depoimentos de empreiteiros, ex-diretores e ex-funcionários da estatal. Os operadores Fernando Soares, Vaccari Neto e Youssef (da esq. para a dir.): os interlocutores dos partidos aliados junto aos empreteiros “Estamos diante de um crime gravíssimo, que transforma os partidos políticos em autênticas lavanderias de dinheiro ilegalâ€, disse à ISTOÉ, na tarde da terça-feira 18, uma das autoridades com acesso a toda investigação. “A situaçà£o (investigação) coloca em xeque inclusive as doações eleitorais legalmente registradas, que podem indicar uma forma estruturada de lavagem de dinheiroâ€, atesta um relatório analítico da Polícia Federal, elaborado pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros ao qual ISTOÉ teve acesso. Com essa descoberta, a Operação Lava Jato irá abrir mais uma frente de investigação e promover uma devassa nos cofres dos partidos envolvidos. É essa futura investigação a responsável por elevar às alturas a temperatura no Palácio do Planalto e no comando dos partidos aliados na última semana. A força-tarefa montada pela Lava Jato tem como fazer uma apuração nas contas de campanhas muito mais aprofundada do que rotineiramente é feito pelo Tribunal Superior Eleitoral. De acordo com os delegados e procuradores, a estratégia de usar o cofre oficial dos partidos para colocar nas campanhas o dinheiro desviado de estatais teve início depois de revelado o escândalo do mensalão e ganhou força nas disputas eleitorais de 2010 e 2014. Os relatos feitos por diretores de empreiteiras presos na semana passada indicaram que as doações para as campanhas eram feitas diretamente pelos tesoureiros ou operadores dos partidos, que tinham acesso ao doleiro Alberto Youssef e a contas mantidas no exterior, particularmente na Suíça e na Holanda. Os recursos eram sempre remetidos às legendas e nunca para candidatos pré-estabelecidos. Dessa forma fica mais difícil o rastreamento desse dinheiro. Às empreiteiras apenas era informado o valor que deveriam declarar como doação oficial a ser registrada no TSE. “O dinheiro do sobrepreço pago pela Petrobras já estava depositado em contas indicadas pelos operadores dos partidos e não tínhamos acesso a esses recursos. Eles apenas diziam quanto teríamos que declarar à Justiça Eleitoralâ€, disse aos delegados o diretor da divisão de engenharia da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, na tarde da segunda-feira 17. Discurso semelhante foi feito por Idelfonso Colares Filho, ex-diretor da Queiroz Galvão. No mesmo dia, Othon Zanoide de Morais, diretor da Vital Engenharia – empresa do grupo Queiroz Galvà£o –, repetiu a versão apresentada por Fonseca e Medeiros. Os três também confirmaram doações feitas para o PT, PMDB e PP, através de João Vaccari Neto, o tesoureiro petista; Fernando Soares, que falava em nome do PMDB, e Youseff, que depois da morte do deputado José Janene passou a atuar pelo PP. Sobre o PTB, dois delegados afirmaram à ISTOÉ que a operação é semelhante, mas os nomes denunciados ainda são mantidos sob sigilo. Na quarta-feira 19, Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente da UTC, também admitiu ter assumido o repasse oficial de recursos para PMDB, PP e PT. Os depoimentos colhidos na última semana reforçam, segundo a PF, o que já fora dito em delação premiada pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e descrito em um relatório de análise da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado a respeito das investigações promovidas sobre empresas do grupo OAS e suas relações com o doleiro Alberto Youssef. “A empresa abriga em seus quadros funcionários envolvidos com o desvio de recursos para enriquecimento ilícito próprio e pagamento de despesas com campanhas eleitorais de partidos políticosâ€, diz o documento. Há, ainda, documentos apreendidos pela Operação Lava Jato que, segundo os relatórios produzidos pela Polícia Federal, confirmam o uso do dinheiro desviado da Petrobras para alimentar o caixa oficial das campanhas. Na casa de Costa, a Polícia apreendeu uma agenda contendo uma planilha que relaciona o nome de empreiteiras, o contato dentro da empresa e, em uma terceira coluna, a situação da empresa. No relatório redigido pela Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros, que investigou a agenda do ex-diretor da Petrobras, os delegados concluem que: “Embora não seja possível precisar a qual campanha se refira o documento, é possível estabelecer que o grupo atuasse também ocultando repasse de valores por meio de doações legais de campanhaâ€. Essa semana, parte dos policiais envolvidos na Operação começaram a fazer o confronto de rastreamentos bancários recebidos do exterior com as doações oficiais feitas para as campanhas políticas. É muito dinheiro para ser seguido (leia quadro na pág. 37). Desde o início da Operação, a PF e o Ministério Público têm monitorado as doações feitas por Camargo Corrêa, UTC e Mendes Júnior, dentre outras. Se a devassa a ser promovida nos cofres partidários confirmarem as conclusões a que já chegaram os delegados e procuradores que comandam a Operação Lava Jato, legendas gigantes como PT e PMDB poderà£o, dentre outras coisas, perder o acesso aos milionários recursos do Fundo Partidário. Mais que isso, se as investigações forem concluídas até o fim do ano – o que delegados e procuradores consideram praticamente impossível – não se pode descartar a possibilidade de o TSE vir a impedir a diplomação da presidente reeleita. Por essa razão, o Palácio do Planalto não esconde a insatisfação com o ministro Dias Toffoli, presidente do TSE. Os principais líderes petistas sustentam que Toffoli nada fez para impedir que as contas da campanha da presidente Dilma Rousseff fossem examinadas pelo ministro Gilmar Mendes, tido como desafeto do PT. O receio fez com que o Planalto estimulasse o Ministério Público Eleitoral para questionar a permanência de Mendes na fiscalização das finanças eleitorais do PT. A movimentação no TSE que tanto preocupa o Planalto teve início na quinta-feira 13, com o fim do mandato do ministro Henrique Neves. Era ele o relator do processo sobre as contas da campanha de Dilma Rousseff deste ano, mas deixou a Corte antes de iniciar a análise do caso. No mesmo dia, houve um novo sorteio de relator e Gilmar Mendes assumiu o processo. Horas depois de assumir como relator, o ministro determinou que sua assessoria examinasse as contas apresentadas pela campanha. A disposição de Mendes inicia uma nova fase da Justiça Eleitoral. Em anos anteriores, as contas dos candidatos eleitos eram analisadas por amostragem e em tempo curto demais, que duravam, no máximo, uma semana. Emissário do PP Othon Zanoide, da Vital Engenharia, disse que Youssef passou a operar em nome do partido depois da morte do deputado Janene Pela lei, as contas devem ser analisadas até o dia 17 de dezembro do ano da eleição. Se irregularidades graves forem encontradas, os ministros podem impedir a diplomação do eleito no dia 18. Segundo técnicos da Corte ouvidos por ISTOÉ, tradicionalmente a análise da prestação de contas da campanha presidencial é feita tão rapidamente que inviabiliza a consolidação de provas sobre irregularidades que venham a ser encontradas. Em 2010, apesar do prazo curto, os técnicos detectaram irregularidades na prestação de contas da então candidata eleita Dilma Rousseff, como empresas doadoras abertas no ano eleitoral e pessoas físicas doando acima do limite permitido. Na época, o ministro Marco Aurélio Mello ressaltou a falta de tempo para analisar as notas fiscais da campanha e sugeriu o adiamento da votação sobre as contas. Os ministros alegaram que poderia ocorrer instabilidade jurídica e decidiram aprová-las, apesar das ressalvas sobre as irregularidades. Agora, o temor dos petistas é que Mendes faça uma parceria com os delegados e procuradores da Operaà§ão Lava Jato e possa, assim, rapidamente esquadrinhar as entranhas da contabilidade eleitoral do partido. Na quinta-feira 20, o ministro pediu ajuda de técnicos do TCU, da Receita Federal e do Banco Central para analisar as contas de campanha de Dilma. Este ano, Gilmar Mendes pretende evitar que a votação ocorra sem tempo para a devida análise pelos ministros do teor das prestações de contas. Por isso, colocou a própria equipe do gabinete para analisar quem são os doadores da campanha da presidente. De acordo com técnicos, a orientação do ministro é para que qualquer irregularidade seja detalhada e comprovada em pareceres consistentes, distribuídos aos ministros dias antes da votação em plenário. O ministro já admitiu que sua equipe vai se debruçar especialmente nas doações realizadas por empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, que abasteceram as campanhas eleitorais. As empresas investigadas doaram R$ 60,4 milhões aos candidatos presidencià¡veis na última eleição, sendo que R$ 47,8 milhões foram entregues para a campanha de Dilma. A arrecadação da campanha da petista registra ainda que 20% do total recebido partiu diretamente das empreiteiras OAS e UTC Engenharia, que doaram R$ 20 milhões e R$ 5 milhões, respectivamente, e cujos dirigentes que autorizaram os repasses estão na cadeia. Independentemente de qualquer parceria com a Operação Lava Jato, a equipe de Gilmar Mendes se dedica a levantar os números das doações e os detalhes dos contratos que essas empresas ainda mantêm com o governo. Somente neste ano, R$ 2,3 bilhàµes estão previstos para serem repassados a essas construtoras. Em contrapartida, as doações realizadas pelas nove empresas investigadas somaram mais de R$ 218 milhões somente nesta eleição. Presidente do clube Pessoa, da UTC, se apresentava como líder do cartel das empreiteiras e diz ter contribuído para PMDB, PT e PP 4#2 BOICOTE ÀS INVESTIGAÇÕES Enquanto a presidente Dilma Rousseff tenta atribuir ao governo o mérito das operações contra a corrupção, ministros e parlamentares aliados agem nos bastidores para evitar que as apurações respinguem no PT e no Planalto Izabelle Torres (izabelle@istoe.com.br) Com o governo submerso nos desdobramentos da Operação Lava Jato, que apura os desvios bilionários na Petrobras para pagar propina a políticos e partidos, a presidente Dilma Rousseff decidiu tirar proveito das investigações. Ao participar do encontro do G20, na Austrà¡lia, na semana passada, Dilma tentou atribuir ao seu governo o mérito do trabalho da Polícia Federal e repetiu o que já dissera durante a campanha eleitoral: que as irregularidades descobertas se tornaram públicas porque ela permitiu que os órgãos de fiscalização atuassem de forma independente. “Eu acredito que a grande diferença dessa questão é o fato de ela estar sendo colocada à luz do sol. Por quê? Porque esse não é, eu tenho certeza disso, o primeiro escândalo. Agora, ele é o primeiro escà¢ndalo investigado. O que é diferenteâ€, afirmou. A realidade do que tem feito o governo é bastante distinta do cenário que Dilma Rousseff tenta mostrar. Na prática, tanto ministros – comandados pela presidente – como parlamentares da base aliada agem de forma oposta ao que prega a presidente em seus discursos. A REALIDADE - O ministro José Eduardo Cardozo (à esq.) é fritado pelo PT, do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que o acusa de não controlar a PF No Congresso, as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), criadas com o objetivo de não investigar as denúncias, são bons exemplos da distância entre as palavras e os gestos dos governistas. Com a maioria dos integrantes da comissão mista, a base de apoio do Palácio do Planalto trabalha para que as investigações não avancem. Dos 443 requerimentos para quebrar sigilos e convocar autoridades, apenas 32 eram de integrantes de partidos aliados. Os pedidos da oposição, que sequer entraram na pauta, incluíam os depoimentos dos diretores de empreiteiras que agora estão presos. “A verdade é que o governo não deixou de aprovar nada do que importava e que poderia ter levado a CPI a um trabalho verdadeiro de apuraçãoâ€, diz o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). Fora das paredes do Congresso, Dilma Rousseff também não consegue convencer que seu governo contribui com a independência da Polícia Federal na condução das investigações. Embora pregue que se mantém afastada do caso, Dilma pediu acesso ao depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, no qual ele detalhava o esquema de propinas para políticos e partidos, inclusive para o PT. O pedido foi negado pelo Ministério Público e o porta-voz da presidente no caso, o ministro da Justiça Eduardo Cardozo, passou pelo constrangimento de ser lembrado pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, de que dados sigilosos de inquéritos em andamento não devem ser compartilhados. Nos bastidores, o ministro Cardozo virou alvo da ira de petistas inconformados com os vazamentos de informações sobre o caso. “Ele não controla a PFâ€, acusa um petista ligado a Lula. Uma ala do partido, ligada ao tesoureiro do PT, João Vacarri – suspeito de operar o esquema para o PT –, diz que o ministro deveria apurar os vazamentos e punir os envolvidos. Numa tentativa de esboçar reaà§ão, o ministro mandou a corregedoria da Polícia Federal apurar se os delegados responsáveis pelo caso atuaram ilegalmente ao declarar apoio a Aécio Neves (PSDB) em uma rede social durante a campanha. Também declarou publicamente que considera “deplorável†os vazamentos dos inquéritos. No calor da disputa eleitoral, Dilma propôs um pacote de medidas que incluía a prática do caixa dois na lista de crimes, além de punições mais severas para agentes públicos que enriqueçam sem justificativa. Desde então, porém, a presidente ignora o fato de a regulamentação de um importante artigo da Lei Anticorrupção estar à espera da sua caneta há mais de 10 meses. A lei foi aprovada pelo Congresso no ano passado, mas o artigo que prevઠpunições também para empresas corruptoras nas esferas civil e administrativa – e não apenas para as pessoas físicas que corrompem – não está em vigor. A Controladoria-Geral da União (CGU) anuncia que um decreto federal será elaborado para tratar do tema, mas a presidente resiste a punir as empresas. Embora esqueça que o combate à corrupção não é obra do seu governo, e tampouco herança do antecessor Lula, Dilma Rousseff afirmou que esse caso vai “mudar o Brasil para sempreâ€. Nesse ponto, espera-se que ela finalmente tenha razão. 4#3 DUQUE, O MILIONÁRIO Como o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, depois de descoberto por Silvinho Pereira e chancelado por José Dirceu, ascendeu da modesta geràªncia de contratos para o comando de obras faraônicas na estatal e conseguiu acumular riqueza Claudio Dantas Sequeira, Josie Jeronimo, Rogério Daflon A cobertura suntuosa em endereço nobre na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, foi decorada por um badalado escritório de arquitetura. Paredes e tetos receberam revestimentos de altíssimo nível. Cômodos foram preenchidos por móveis assinados e objetos de arte – algumas telas de jovens pintores em ascensão. Quando a reforma terminou, os amigos mais próximos improvisaram um trocadilho elogioso. “Duque, agora você tem o seu palácio!â€. A ostentaçà£o incomodou os vizinhos, que tentaram embargar a obra diversas vezes, acusando-o de violar as leis do condomínio e da prefeitura. Renato Duque deu de ombros. “Sou dono do prédioâ€, disse. E não estava mentindo. O edifício onde mora foi ele mesmo que ergueu. Associou-se a uma desconhecida construtora chamada Fercon, executou a obra e depois cobriu parte do custo com a venda de um dos apartamentos. Outros dois ele doou para as filhas. Sua cobertura duplex vale hoje R$ 4,5 milhões, mas o preço vai subir quando chegar o metrô, que acoplará esse pedaço da Barra à zona sul carioca. AMBICIOSO - O estilo de Renato Duque à frente da diretoria de Servià§os da Petrobras agradou a seus padrinhos políticos, para quem obras caras eram sinônimo de gordas propinas O crescimento patrimonial de Duque se estende à família. O filho comprou recentemente um imóvel ao lado e nem precisou vender o que havia ganho do pai no Canal de Marapendi, a uns seis quilômetros dali. O ex-diretor da Petrobras também não se desfez do apartamento em que morava na Tijuca, bairro de classe média. Adquiriu duas lojas comerciais de alto padrão e construiu uma casa de veraneio em Penedo, cidade turística de colonização finlandesa. Também investiu na compra de dólares e joias. Tudo isso, somado aos R$ 3,2 milhões bloqueados pelo Banco Central em suas contas bancárias indicaria que o patrimônio de Duque hoje superaria facilmente os R$ 15 milhões. Sem contar as somas oriundas de propinas recebidas de contratos da Petrobras que teriam sido depositadas em contas na Suíça. Os delegados da PF ensaiam um raciocínio que encontra respaldo na lógica financeira do crime: se o gerente abaixo de Duque, Pedro Barusco, se comprometeu a devolver R$ 250 milhões, imagina quanto o chefe dele conseguiu acumular. “O Duque não vai poder se calar porque vai ter que explicar a riqueza que ele amealhouâ€, disse o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato. Renato de Souza Duque era um homem maduro, na casa dos 48 anos, quando o PT chegou ao governo, em 2003. Natural de Cruzeiro (SP), fez a vida no Rio de Janeiro. Formou-se engenheiro pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e entrou para os quadros da Petrobras em 1978. Foi gerente de plataformas flutuantes, depois superintendente de perfurações na Bacia de Campos, gerente de contratos de perfuração e ainda de recursos humanos da área de exploração e produção. Também gerenciou a divisão de engenharia e tecnologia de poços, retornando em seguida para a gerência de contratos. IMAGINA O CHEFE - Pedro Barusco, gerente subordinado a Duque, se comprometeu a devolver R$ 250 milhões Em 2003, já era engenheiro sênior da companhia quando foi descoberto pelo então secretário-geral do PT Silvio Pereira. “Silvinho Land Rover†fora escalado pelo então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para encontrar um funcionário de carreira “inteligente e discretoâ€, e acima de tudo fiel, capaz de assumir a mais estratégica diretoria da estatal. Duque se enquandrava no perfil. Pai de família, homem de poucas palavras, metódico, ambicioso e com enorme capacidade de trabalho. Afinal, a Diretoria de Serviços era composta por seis áreas, respondendo tanto pela assistàªncia médica dos empregados e por rodar a folha de pagamento como pelas pesquisas, toda a área de tecnologia da informação e telecomunicações, assim como pelo cadastramento de fornecedores, a compra de equipamentos e a condução de grandes empreendimentos da companhia, sejam plataformas, sejam refinarias ou gasodutos. Os colegas da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), entidade de classe que frequentava, se surpreenderam com a ascensão de Duque. Da modesta gerência de contratos ele saltou para o comando de obras faraônicas, com o poder de fechar e pagar contratos e negociar diretamente com executivos de grandes empreiteiras. E nunca se fez tanta obra e se fechou tanto contrato bilionário. O crescimento da demanda por energia e de materiais refinados levou a Petrobras a redesenhar sua estratà©gia de produção, colocando em prática um amplo plano de investimentos. Duque era o cara certo, no lugar certo, na hora perfeita. PATRIMÔNIO - A cobertura duplex de Renato Duque na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, está orçada hoje em R$ 4,5 milhões Ainda em 2003, ele tentou emplacar, a pedido da Odebrecht, obra de um gasoduto para levar a produção do Rio de Janeiro para Ilhabela (SP). O empreendimento orçado em R$ 5 bilhões foi vetado, pois a utilização de navios para transportar a produção era menos onerosa. Mas o estilo ambicioso de Duque agradou a seus padrinhos políticos, para quem obras caras eram sinônimo de gordas propinas ou “comissõesâ€, como eles gostam de dizer. Assim, em pouco tempo, ele se tornou, nas palavras de companheiros de firma, o “arrecadador mor†do PT no esquema da Petrobras. A atuação de Duque na companhia ganhou cores novas com a parceria de Pedro Barusco. Diferentemente do diretor, que nessa época ainda não pensava em morar na Barra e cultivava o futsal com amigos num clube de Laranjeiras, Barusco era espalhafatoso e adorava ostentar, mesmo que sua conta bancária ainda não sustentasse o estilo de vida de xeiqueárabe. Colegas contam que o recém-nomeado gerente de Engenharia, morador de Joatinga, um minúsculo e valorizadíssimo bairro carioca, entre São Conrado e Barra da Tijuca, levava tacos de golfe para as reuniões de trabalho na estatal. Entre uma planilha e outra, exibia-se contando quanto havia custado o novo passatempo. Mas o jeito, digamos assim, mais extrovertido de Barusco harmonizava bem com a seriedade de Duque, numa estratégia eficaz para cultivar sócios e abrir novas frentes de negócios. O gerente era o “relações-públicas†da parte que cabia ao PT no esquema e Duque o responsável por criar métodos de arrecadação sem despertar grandes suspeitas. Tinham contato diário, pessoalmente ou por telefone. Viajavam para o o exterior para visitar obras ou estaleiros em Cingapura, Coreia do Sul, Japão, China. Tornaram-se unha e carne. Apesar da relação estreita, Duque e Barusco mantinham a relação no estrito campo profissional. Não se frequentavam socialmente. Por outro lado, Duque tornou-se grande amigo de João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT. “Tivemos uma empatiaâ€, disse à PF. Passaram a jantar em restaurantes chiques de São Paulo e do Rio de Janeiro. Vaccari abriu os olhos do diretor para os prazeres efêmeros da vida. O divisor de águas apontado por gerentes da Petrobras na estratégia de onerar obras e transformar aditivos em propina foi a modificação do método de seleção das empreiteiras. Antes, a companhia formulava os projetos básicos das obras que lançaria em editais. Assim, as empresas só poderiam apresentar propostas com preà§os unitários para concorrer. Duque reformulou o procedimento. Entregou às empreiteiras o direito de apresentar o projeto que melhor caberia, só após a seleção. Com isso, abriu a porta para bilhões em aditivos. A satisfação do PT com os serviços prestados por Duque era tamanha que em março de 2010 o deputado estadual Gilberto Palmares (PT-RJ) decidiu fazer uma homenagem formal ao diretor. Usou sua influência de parlamentar para encaminhar uma honraria a Duque. Concedeu ao engenheiro o título de cidadão do Rio de Janeiro, em solenidade na Assembleia Legislativa do Estado. O reinado durou até fevereiro de 2012, quando Graça Foster assumiu a presidência da companhia. Ele aproveitou a oportunidade para deixar a estatal. Os padrinhos de Duque ainda tentaram emplacar um sucessor, mas a nova presidente insistiu em escolher o substituto. Richard Olm foi o escolhido. Barusco saiu antes, em 2011, para integrar a direção da Sete Brasil ao lado de João Carlos Ferraz, gerente financeiro da Petrobras e homem de confiança de Almir Barbassa, diretor financeiro da Petrobras. A Sete foi a primeira empresa brasileira dona de sondas de exploração capazes de operar no pré-sal e as alugava para a Petrobras. Duque abriu sua consultoria e entrou para a lista de investigados do esquema desbaratado pela Lava Jato após o depoimento de delação premiada de um ex-colega, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O delator afirmou que Duque recebia propinas de empreiteiras, para facilitar contratos. A versão foi detalhada pelos executivos da Toyo Julio Camargo e Augusto Mendonça, que denunciaram o pagamento de R$ 50 milhões em propina a Duque na compra de sondas, na obra da Repav, de Cabiúnas 2, da Repar, do Comperj e até do gasoduto Urucu-Manaus. Do total, R$ 12 milhões teriam sido depositados numa conta chamada Drenos, no banco Cramer, na Suíça. À PF, Duque rejeitou todas as acusações. Disse não possuir contas no exterior e negou a existência de um cartel de empreiteiras que acertavam contratos superfaturados com a Petrobras. Admitiu, porém, ter recebido R$ 1,6 milhão da UTC por serviços de consultoria prestados à empreiteira. Ele recebeu o dinheiro na conta da 3DTM Consultoria, empresa que abriu dois dias antes de pedir exoneração da Petrobras em 25 de abril de 2012. 4#4 O COMANDANTE GABRIELLI Nos anos em que José Sérgio Gabrielli esteve à frente da Petrobras, as sete empreiteiras investigadas na Lava Jato fecharam R$ 42 bilhões em contratos suspeitos de corrupção Josie Jeronimo (josie@istoe.com.br) Quando, em fevereiro de 2012, Graça Foster assumiu a presidência da Petrobras, analistas do mercado de energia diziam que ela havia herdado do antecessor, José Sérgio Gabrielli, um campo minado. Naquele momento, porém, o cenário era completamente distinto do atual. A companhia comemorava descobertas de jazidas gigantes de pré-sal e desfrutava um clima de lua de mel com a sociedade. Com isso, o alerta dos crà­ticos soou como um exacerbado pessimismo e foi deixado de lado. As apurações da Operação Lava Jato revelam agora que o discurso fatalista de 2012 tinha fundamento. Nos seis anos e meio em que Gabrielli esteve à frente da estatal, o “clube†das sete empreiteiras investigadas fechou R$ 42 bilhões dos R$ 59 bilhões em contratos suspeitos de irrigar esquemas de corrupção, de acordo com a Polícia Federal. O mesmo período, de 2005 a 2012, compreendeu a fase de ascensão dos ex-diretores Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, personagens centrais do esquema. FOGO AMIGO? - Petistas ligados a Gabrielli dizem que as denúncias contra ele surgiram para tirar a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, do foco do escândalo Não por acaso, a devassa nas contas da Petrobras já começa a produzir efeitos retroativos. Na última sexta-feira 14, o Conselho de Administração da Petrobras pediu abertura de uma ação civil contra Gabrielli e outros 15 funcionários. Isso porque investigações internas realizadas na própria estatal concluíram que Gabrielli participou das irregularidades e foi culpado pelo prejuízo com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. A aquisição inadequada do complexo fazia parte de um plano ambicioso de expansão das atividades da Petrobras adotado pelo petista. Durante sua gestão, o ex-presidente da estatal comandou investimentos bilionários no que chamou de “maior plano de negócios do mundoâ€. Sua intenção era fazer a empresa aplicar US$ 224 bilhões em recursos até 2020. A política mais agressiva veio acompanhada da necessidade de uma salvaguarda política. Foi então que os partidos da base ampliaram a influência sobre as diretorias comandadas por seus indicados. Na ocasião, Gabrielli chamou de “suicídio a longo prazo†a não adesão a políticas de ampliação do número de refinarias. Assim nasceram o projeto da Abreu e Lima, em Pernambuco, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e a Premium I e II no Maranhão e Ceará, empreendimentos erguidos pelas empreiteiras flagradas nas investigações da Lava Jato. Os locais onde as refinarias seriam erguidas só foram definidos depois de intensas pressões políticas. Inicialmente, os projetos foram apresentados com custos e dimensões subestimados. Depois, também fruto de negociação política, vieram os aditivos, que são pagos até hoje. O processo de politização da Petrobras rendeu dividendos ao ex-presidente da estatal. No afã de ampliar investimentos e atividades no exterior, Gabrielli emplacou, até mesmo, um primo na Petrobras América. José Orlando Azevedo, funcionário de carreira da companhia, ficou quatro anos no cargo e também atuou no episódio da compra de Pasadena, mas foi demitido quando Graça Foster assumiu a presidàªncia. O primo de Gabrielli não foi o único apeado do cargo no início da gestão de Graça Foster. O delator do esquema, Paulo Roberto Costa, e os ex-diretores Renato Duque e Nestor Cerveró detidos na àºltima semana pela PF deixaram a estatal em meio à renovaçà£o do comando. Antes das alterações, Gabrielli chegou a apostar que a gestão de Graça Foster seria uma extensão da sua. “Ela não é nova presidente, está na diretoria há quatro anos, portanto, faz parte dessa construçãoâ€, afirmou em entrevista a órgão especializado no mercado de energia, em 2012. O único diretor remanescente da gestão de Gabrielli na estatal é Almir Barbassa. Na semana passada, porém, a própria Graça Foster foi tragada para o meio da crise ao admitir que já tinha, desde meados do ano, a informação de que a holandesa SBM Offshore fez pagamento de propina a “empregado ou ex-empregado da Petrobrasâ€. Até então, a Petrobras não havia comunicado oficialmente que tinha recebido tal informação. O que vinha sendo dito era que uma comissà£o de sindicância criada em fevereiro, quando as denúncias se tornaram públicas, havia feito uma investigação interna, durante 45 dias, mas nada havia sido descoberto. Por ora, no entanto, Dilma não cogita uma nova troca no comando da estatal. Para aliados de Gabrielli no PT, as denúncias surgidas contra ele nos últimos dias seriam uma tentativa de tirar Graça Foster do foco das denúncias. Em paralelo, pessoas próximas ao ex-presidente da Petrobras afirmam que o partido precisa se cuidar, pois, se ele “explodirâ€, “a situação pode ficar ainda piorâ€. 4#5 O ESQUEMA CHEGOU NAS ELÉTRICAS Ao encontrar uma planilha de custos da obra da hidrelétrica de Jirau na casa do doleiro Alberto Youssef, a PF identifica tentáculos do esquema do petrolão no setor elétrico Claudio Dantas Sequeira Enviado especial a Curitiba (PR) Ao cumprir mandado de busca e apreensão na casa do doleiro Alberto Youssef, a Polícia Federal encontrou uma planilha com 750 projetos. Do total, apenas 19 correspondem a contratos com a Petrobras. O restante refere-se à atuação do doleiro no setor elétrico, em infraestrutura e até na área de Defesa. Sempre em parceria com o clube VIP das empreiteiras, desbaratado há duas semanas com a prisão de seus principais dirigentes, Youssef não respeitou fronteiras, avançando em obras no Uruguai, na Argentina, no Equador e até em Cuba. Empreendimento em xeque A obra suspeita, no rio Madeira, recebeu aporte de R$ 7,2 bilhões do BNDES. Abaixo, documento da PF faz referência à planilha encontrada na casa do doleiro Na planilha, guardada a sete chaves pela PF, cada projeto está vinculado a um “clienteâ€, normalmente uma grande construtora, com contratos com a União e também com governos estaduais, como Rio de Janeiro, Distrito Federal e Alagoas. Para cada cliente, Youssef relacionou um nome de contato e um número de telefone. Apesar dos indícios de problemas em diversas áreas, integrantes da força-tarefa da Lava Jato seguem o rastro de eventuais desvios no setor elétrico. Uma pista importante é o fato de Youssef ter em mãos uma planilha de custos da Camargo Corrêa na obra da hidrelétrica de Jirau, que está sendo erguida no rio Madeira, em Rondônia. A obra recebeu aporte de R$ 7,2 bilhões do BNDES. O documento foi apreendido na mesa de João Procópio de Almeida Prado, apontado como braço-direito do doleiro e elo com a empreiteira. Ele é concunhado de João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração da Camargo, que está detido. À Justiça, o doleiro confirmou que Auler serviu de contato com Eduardo Leite, o vice-presidente da empreiteira que foi beneficiário das propinas. “Leitosoâ€, como era conhecido pelo grupo, também foi detido preventivamente. O leilão de concessão para construção da usina foi realizado em 2008. Quem venceu foi o consórcio Energia Sustentável do Brasil, no qual a Camargo Corrêa tinha 9,9%. Pouco tempo depois, a construtora vendeu metade de sua participação para a Funcef, o fundo de previdência dos servidores da Caixa Econômica Federal. Em 2012, a empreiteira deixou o negócio. O acordo com a Funcef estabelecia o reembolso pelo investimento e mais o pagamento de ágio. A negociação previa a incorporação posterior da Cevix, empresa criada pela Funcef em parceria com a Desenvix, uma subsidiária da Engevix. A PF espera aprofundar o assunto nos depoimentos dos executivos da empreiteira que foram presos na “Juà­zo Finalâ€, entre eles o vice-presidente da Engevix, Gerson Almada. Além de Jirau, pairam suspeitas sobre a hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira. A obra é liderada pela Odebrecht, que é alvo da PF. A Engevix construiu a hidrelétrica de Monjolinho (RS) e ainda participou de outras obras em Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e até no Peru. Ainda no setor elétrico, a PF já identificou também o uso de projetos de pequenas usinas – eólicas, hidrelétricas e termoelétricas – como meio para “ocultar e dissimular†a origem de recursos ilícitos. Os investigadores citam, por exemplo, a Central Termelétrica Sul S/A (CTSUL). O empreendimento foi alvo até de um termo de investimento na primeira visita que o entà£o presidente Lula fez à China em 2004. Os mais de US$ 700 milhàµes prometidos pelos chineses, porém, nunca chegaram. Mesmo assim, o negócio interessou à CSA Finance, de Youssef. O doleiro tambà©m conseguiu criar por meio de laranjas um projeto de 40 usinas eólicas e vendeu os papéis para a Queiroz Galvão por R$ 200 milhàµes. Até hoje, apenas cinco projetos foram executados pela empreiteira. A PF suspeita que o negócio foi usado para acobertar o pagamento de propina, assim como fizeram com a emissão de notas fiscais e a assinatura de contratos forjados com a Petrobras. Outro projeto que entrou na mira dos investigadores foi a usina termelà©trica de Pecem, no Ceará. Faz parte do consórcio a empresa Mairi Engenharia (ex-Fiat Engenharia, citada na planilha de Youssef) e a Efacec do Brasil, representada por José Piva Campana, que é citado no relatório da “Juízo Final†como representante da Toshiba Infraestrutura num contrato de R$ 2 milhões com a empreiteira fantasma Rigidez, de Youssef. Para a PF, há fortes indícios de que o contrato seja mero instrumento legal para acobertar o pagamento de propina. A presença de Piva na UTE do governo Cid Gomes seria indício de que esquema semelhante foi aplicado lá. Os investigadores estimam que 70% dos projetos elétricos licenciados pelo governo e comercializados no mercado sejam apenas papéis podres usados para lavagem de dinheiro. A expansão do setor na última década levou todas as grandes empreiteiras do País, o chamado “clube vipâ€, a criarem subsidiárias na área de energia. 4#6 A HESITAÇÃO DE DILMA Ao adiar o anúncio oficial da nova equipe econômica, a presidente frustra as expectativas do mercado e dos empresários. Joaquim Levy é o mais cotado para assumir o ministério da fazenda Uma grande frustração tomou conta do mercado financeiro e dos círculos empresariais na sexta-feira 21. Até as 16h30, era dado como certo o anúncio dos principais integrantes da equipe que vai conduzir a economia brasileira no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Durante a semana, o governo vazou nomes que seriam os titulares desses cargos e, até o meio da tarde da sexta-feira, tudo parecia pronto para a apresentação dos escolhidos. Segundo especulações sopradas de dentro do próprio Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda seria o presidente do Bradesco Asset Management, Joaquim Levy. Para o Ministério da Fazenda teria sido indicado o ex-secretário-executivo da pasta Nelson Barbosa. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, manteria-se no cargo e o senador Armando Monteiro assumiria o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O cerimonial da Presidência até já havia preparado o parlatório do setor Leste do Planalto para a confirmação oficial dos nomes. No meio da tarde, no entanto, o Palácio do Planalto avisou que o anúncio seria adiado para o início da semana. Para se ter uma ideia do impacto do vaivém da presidente, a expectativa de nomeaà§ão do quarteto havia provocado grande movimentação no mercado financeiro, com queda acentuada do dólar em relação ao real e uma alta expressiva da Bovespa. A desistência de divulgação dos nomes da equipe econômica reforçou uma característica negativa cada vez mais evidente na presidente da República: a hesitação. A escolha dos titulares da área era esperada para logo depois da reeleição da presidente, há três semanas, o que permitiria a Dilma participar da reunião dos países do G-20 na Austrália, nos dias 15 e 16 de novembro, já com o titular da Fazenda definido. Mas isso não aconteceu. Depois de regressar a Brasília na segunda-feira 17, a presidente fracassou na primeira tentativa de preencher o cargo. Uma reunião de Dilma com o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão, parecia ter acertado a escolha do presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco, mas surpreendentemente ele não aceitou. A negativa de Trabuco expôs publicamente a presidente da República e mostrou mais uma vez a fragilidade da articulação política do governo. O nome de Joaquim Levy surgiu, então, como a opçà£o mais palatável a Dilma e ao mercado financeiro, apesar da resistência da esquerda do PT, que sempre o considerou ortodoxo demais, desde os tempos em que ocupou o cargo de secretário do Tesouro Nacional de Lula. A maneira claudicante de Dilma operar se revelou também em relação à definição dos demais nomes do primeiro escalão federal. Depois de rechaçar a redução do número de ministério, hoje formado por cerca de 40 pastas – um evidente exagero –, a presidente não desfez o nó da composiçà£o política de sua equipe. Presa ao loteamento de cargos exigidos pelos partidos aliados, ela não consegue fazer deslanchar a reforma ministerial. Enquanto os novos titulares não são escolhidos, as especulações apontam alternativas que certamente não vão resolver os graves problemas do País. Um exemplo é a possibilidade do governador da Bahia, Jaques Wagner, para a presidência da Petrobras, no lugar da desgastada Graça Foster. A grave crise vivida pela estatal em função das denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, certamente não terá solução sob o comando de um político. O rateio das diretorias entre os partidos nos 12 anos de governo petista està¡ na raiz dos desvios bilionários da Petrobras. Se confirmado nesta semana, como tudo indica que acontecerá, segundo fontes do governo, o engenheiro naval Joaquim Levy, 53 anos, chega ao comando do Ministério da Fazenda com a chancela do mercado financeiro para promover os ajustes necessários na economia para que o País, enfim, retome o crescimento. Levy ganhou notoriedade em Brasília no primeiro governo Lula, quando, subordinado ao então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ocupou o cargo de secretário do Tesouro Nacional. Por ser remanescente da equipe do antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso, Levy se tornou alvo de setores do PT insatisfeitos com a condução da economia na gestão ortodoxa de Palocci no Ministério da Fazenda. A economista e histórica petista Maria da Conceição Tavares costuma se referir a Levy como “o papalvo de Palocci†e“filho do FMIâ€. Nos tempos de FHC, ele foi secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda e economista-chefe do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestà£o. Depois que saiu do ministério, em 2006, ele passou pelo Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) e ocupou o cargo de secretário de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro no governo de Sérgio Cabral. Desde 2013, é presidente da Bradesco Asset Management. Já Nelson Barbosa, cotado para o Planejamento, apesar de ter deixado a secretaria executiva do Ministério da Fazenda em 2013 em meio a um suposto atrito com Guido Mantega, é um dos colaboradores mais atuantes do programa econômico de Dilma Rousseff. Os petistas lhe rendem elogios por ele ter tido papel importante no governo Lula durante a preparação das políticas que ajudaram o Brasil a atravessar os primeiros anos da crise mundial de 2008 e 2009. Na época, ele era secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Depois, ajudou na formatação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do programa Minha Casa, Minha Vida, quando ganhou a confianà§a da presidente. “São dois grandes nomes. Joaquim Levy jà¡ deu provas de que é competente para promover o ajuste das contas públicas. E Nelson Barbosa reúne sensibilidade social, com o intuito de inserir uma parcela da população num outro patamar de vida, com indução do crescimento econômicoâ€, afirma Alexandre Sampaio, presidente da Federação Nacional de Hospedagem e Alimentação. Dilma também tem na mais alta conta o provável terceiro nome que, ao lado de Levy e Barbosa, irá comandar a economia no segundo mandato. Trata-se do atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Sua permanência no posto, porém, é vista como “mais do mesmo†pelo mercado por representar um BC dócil ao Planalto. Funcionário de carreira do banco, o gaúcho Tombini tem graduaçà£o em Economia pela Universidade de Brasília (UnB) e é Ph.D. pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Entre 2001 e 2005, Tombini foi assessor do Fundo Monetário Internacional (FMI). No final de 2010, a então presidente eleita Dilma Rousseff o escolheu para suceder Henrique Meirelles na presidência do BC. Antes de chegar ao topo, ele ocupou vários cargos de direção na instituição. A principal característica dele nestes quatro anos foi a aquiescência com as diretrizes de Dilma para a economia. _______________________________________ 5# COMPORTAMENTO 26.11.14 5#1 HORA DA VERDADE 5#2 A VOLTA DE EMERSON FITTIPALDI ÀS PISTAS 5#3 SENHOR CRIMINALISTA 5#4 QUEM SÃO OS AGRESSORES DE HOMOSSEXUAIS 5#5 PERTO DA APROVAÇÃO 5#1 HORA DA VERDADE Relatório final da Comissão Nacional da Verdade pedirá a punição de 100 militares que participaram de maneira direta das violações de direitos humanos durante a ditadura militar. Possibilidade de responsabilização judicial, no entanto, é quase nula Alan Rodrigues (alan@istoe.com.br) No próximo dia 10 de dezembro, a presidente Dilma Rousseff receberà¡ o relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Hà¡ dois anos, o colegiado investiga, mapeia e tenta esclarecer os casos de torturas, mortes e ocultação de cadáveres praticados ou comandados por agentes do Estado entre o fim do Estado Novo, setembro de 1946, e o início da transição democrática, outubro de 1988. O documento que encerra os trabalhos da Comissão será contundente. Pedirá ao governo federal que responsabilize criminalmente cerca de 100 militares ainda vivos. Os presidentes da época serão apontados como autores indiretos dos crimes perpetrados durante a ditadura. Serà¡ a primeira vez que os militares serão considerados responsáveis institucionalmente pelas violações dos direitos humanos cometidas durante o regime de exceção. “A tortura fazia parte da política de Estado, dentro da ideologia da segurança nacional. Havia uma longa cadeia de comandoâ€, afirma José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça e membro da CNV. “O que nós vamos fazer é uma declaração pública de responsabilidade institucional das pessoas que governaram o Paísâ€, acrescenta a advogada Rosa Maria Cardoso, uma das representantes da comissão. De acordo com Pedro Dallari, professor de direito constitucional da USP e coordenador da Comissão, o relatório “impactante†detalhará casos de estupros praticados por militantes e até o uso de animais nas práticas das torturas. “Um quadro de horroresâ€, antecipa o professor. ESFORÇO COMPENSADO - Apesar da resistência de integrantes das Forças Armadas em colaborar com as investigações, a Comissà£o da Verdade, coordenada por Pedro Dallari (à esq.), conseguiu ouvir mais de mil depoimentos, sendo 132 de agentes públicos O texto que será entregue à presidente destacará como culpados pela morte, tortura e pelo desaparecimento de centenas de pessoas os marechais Castelo Branco e Costa e Silva, os generais Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo. Serão incluídos ainda os três integrantes da Junta Militar – que governaram o País em parte de 1969, durante a doença de Costa e Silva: o general Aurà©lio de Lyra Tavares, o almirante Augusto Rademaker Greenwald e o brigadeiro Márcio de Souza Mello. Para a Comissão, todos eles tiveram conhecimento das atrocidades cometidas pelo aparato da repressão. Durante os trabalhos, os responsáveis pelas investigações se depararam com a resistência de integrantes das Forças Armadas em colaborar nas investigações. Dallari lembra um episódio ocorrido na sexta-feira 14, quando o Ministério Público descobriu que um hospital do Exército, no Rio, ocultou documentos da época da ditadura. “Ou essa ocultação de documentos obedeceu a ordens superiores, o que eu realmente não creio, ou houve quebra de hierarquia e desobediência ao que seria uma orientação do comandante do Exército, Enzo Periâ€, diz Dallari. No entanto, mesmo diante dos obstáculos, a Comissão conseguiu ouvir mais de mil depoimentos, sendo 132 de agentes públicos – entre os quais delegados, policiais civis e militares que atuaram na repressão, em mais de 80 audiências públicas –, e contabilizar 421 mortos e desaparecidos políticos. Embora o relatório, com centenas de páginas distribuídas por três volumes, exponha nomes de agentes públicos responsáveis por graves violações de direitos humanos, o coordenador da Comissão avalia que a identificação dos autores desses crimes não significará que esses torturadores e assassinos sejam responsabilizados judicialmente pelas atrocidades praticadas, como ocorreu na Argentina, por exemplo. “Isso dependerá do devido processo legalâ€, afirma Dallari. “Vamos indicar a necessidade da responsabilização. Como isso vai ser feito, se vai ser feito afastando-se a aplicação da Lei de Anistia, reinterpretando a lei, modificando a lei, isso é algo que caberá ao Ministério Público, ao Poder Judiciário e ao Legislativoâ€, declarou. “Só o Judiciário pode definir responsabilidades específicas, analisando caso a casoâ€, explica Dias. A expectativa, porém, é que os casos não evoluam no STF. Em 2010, por sete votos a dois, o tribunal se declarou contra a revisão da Lei da Anistia em vigor no País. “Só o homem perdoa, só uma sociedade superior qualificada pela consciência dos mais elevados sentimentos de humanidade é capaz de perdoar. Porque só uma sociedade que, por ter grandeza, é maior do que os seus inimigos é capaz de sobreviverâ€, afirmou, na ocasião, o ministro Cezar Peluso, em seu voto final. Na Argentina, a história e os desfechos foram outros. Diferentemente do Brasil, os argentinos conheceram dois períodos de regime político militar, na segunda metade do século XX. O primeiro deles entre 1966 e 1973, instalado com um golpe de Estado, que derrubou o presidente eleito. Em 1976, houve novo golpe de Estado com a retomada do poder pelos militares, com a instituição de um verdadeiro regime de terrorismo de Estado, sendo afastada toda interferência do Poder Judiciário nas ações dos militares. Estima-se que 30 mil foram mortos. Terminado o segundo regime militar, os dois primeiros governos civis resolveram decretar uma anistia de todos os crimes cometidos pelos militares, entre 1976 e 1983. Só que, em 2005, a Suprema Corte de Justiça da Argentina considerou essa anistia inconstitucional. Iniciaram-se então os processos criminais contra os militares. Até o ano passado, mais de 200 haviam sido condenados a penas de prisão, dos quais os dois presidentes durante o segundo regime militar. 5#2 A VOLTA DE EMERSON FITTIPALDI ÀS PISTAS Piloto, que comemora os 40 anos do bicampeonato mundial de Fórmula 1 neste ano, fará seu retorno ao automobilismo guiando uma Ferrari pela primeira vez na 6h de São Paulo Rodrigo Cardoso (rcardoso@istoe.com.br) Faz exatos 40 anos que Emerson Fittipaldi conquistou o segundo – e último – título de campeão mundial de Fórmula 1. Homenageado aqui e acolá, Rato, como é conhecido no automobilismo, virou personagem de cartoon, desenho animado e inspirou um filme em ações patrocinadas pela McLaren, a escuderia inglesa com a qual triunfou em 1974. Nenhuma delas, porém, o tocou tão profundamente quanto as três voltas que deu no circuito inglês de Silverstone à bordo do lendário M23, o bólido guiado por ele naquele longínquo bicampeonato. “Imagina, o carro com o qual ganhei aquele mundial saiu do museu da escuderia para eu guiarâ€, falou à ISTOÉ. “O carro estava espetacular e brinquei com o Ron Dennis (um dos donos da McLaren): ‘Se você encher o tanque e colocar pneus novos, largo em um Grande Prêmio’.†Pois a comichão de competir, visível neste episódio, vai se tornar realidade. EMPRESÁRIO - A etapa brasileira do Mundial de Endurance, promovida por Fittipaldi, movimentou R$ 130 milhões na capital paulista em 2013 Depois de seis anos de inatividade, Fittipaldi, aos 67, voltará a disputar uma prova em um campeonato oficial de automobilismo. O retorno serà¡ na última etapa do Mundial de Endurance, as 6h de São Paulo, que acontece entre os dias 28 e 30 deste mês no circuito de Interlagos. Desde 2012 na condição de promotor da prova que colocou o Brasil no calendário desta competição oficial da Federaçà£o Internacional de Automobilismo (FIA), o veterano brasileiro, de quebra, irá escrever mais uma conquista em seu currículo: guiar uma Ferrari. “Nunca achei que fosse esperar tantos anos para realizar o sonho de pilotar uma Ferrari. É o momento de renascer mais uma vez. Dà¡ frio na barrigaâ€, diz Fittipaldi. “Sinto falta de correr. E quando você tem a possibilidade de entrar para ganhar, é um desafio maior ainda. Não é só entrar para participar de corrida.†Fittipaldi, que vai para a pista com uma Ferrari F458 Italia GTE, pela escuderia AFCorse, assume não estar tão adaptado ao carro e nem ao ritmo dos companheiros – Gianmaria Bruni e Toni Vilander –, mas se diz bem fisicamente. Na segunda-feira 17, treinou com um Porsche no autódromo Velo Città, em Mogi-Guaçu, interior paulista. Dois dias depois, terminou uma entrevista à imprensa e correu para um kartódromo, localizado na Grande São Paulo. A última participação de Fittipaldi em uma competição oficial – em 1996, ele havia anunciado a aposentadoria depois de se acidentar e fraturar duas vértebras no circuito oval de Michigan – havia sido em 2008, quando guiou um Porsche 997 no extinto campeonato GT Brasil. Fora do cockpit, sua ligação com a Ferrari já vinha se acentuando. Seu neto, Pietro, atual campeão da Fórmula Renault inglesa, que tem o avô como conselheiro, passou, recentemente, a fazer parte da academia de pilotos da escuderia. Trata-se de um passo importante rumo à Fórmula 1. A 6h de São Paulo, que está em sua terceira edição no País e reúne protótipos esportivos e carros de turismo de algumas das principais montadoras do mundo, é inspirada na centenária 24 Horas de Le Mans. A competição tenta se firmar como um evento que vai além da paixão por velocidade. Configurada como um festival, tem no pacote de atrações food trucks, shows, exposições, feira de motor homes, escola de educação no trânsito para crianças com pequenos veículos motorizados, entre outras (leia quadro). â€œÉ um evento que reúne entretenimento e automobilismo para a famíliaâ€, diz Fittipaldi em sua porção empresário. “Temos um gap de geração desde a morte do Senna que prejudica o automobilismo nacional. Eventos assim podem despertar o interesse de jovens e crianças para o esporte.†Cerca de 70 mil pessoas – mais do que o dobro do ano passado (30 mil pagantes) – devem participar dos três dias da etapa brasileira. O Mundial de Endurance é transmitido para 110 países e movimentou no ano passado, na capital paulista, R$ 130 milhões. â€œà‰ um evento de nível internacional, o segundo campeonato de automobilismo mais impactante do mundo. O brasileiro merece ver esses carrosâ€, diz o ex-piloto Paulo Gomes, diretor de planejamento e marketing da Confederação Brasileira de Automobilismo. 5#3 SENHOR CRIMINALISTA Ele deu autonomia à Polícia Federal, aprovou a reforma do Judiciário e foi um dos mais atuantes advogados do País. Márcio Thomaz Bastos morre aos 79 anos deixando um grande legado ao direito brasileiro Um dia antes de morrer, Márcio Thomaz Bastos, 79 anos, ex-ministro da Justiça e um dos maiores criminalistas do País, despachou com advogados das empresas envolvidas com a Operação Lava Jato que defendia, Camargo Corrêa e Odebrecht. Para Bastos, aquele deveria ser um dia de trabalho – não importava se dava suas ordens de uma cadeira no escritório ou da cama no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, como de fato aconteceu. Internado desde a terça-feira 18, Bastos morreu na quinta-feira 20 devido a uma “descompensação de fibrose pulmonarâ€, segundo boletim médico. Ele jà¡ havia tratado um tumor no pulmão em 2007. Deixa a mulher, Maria Leonor de Castro Bastos, a filha, Marcela Bastos, e uma série de feitos na área do direito criminal calcados em uma carreira de 50 anos. O trabalho mais recente era justamente a defesa das duas empreiteiras nas investigações de suborno em contratos com a Petrobras. A lista de clientes, célebres e endinheirados, vai de Edir Macedo ao médico condenado por estupros Roger Abdelmassih. Bastos era conhecido por cobrar os mais altos honorários do mercado. Só trabalhou de graça para Lula, no fim da década de 1980, em um processo envolvendo o ex-presidente a um caso de propina. DEDICAÇÃO - O advogado paulista, que foi ministro da Justiça no governo Lula e teve dezenas de clientes célebres: trabalho atà© a véspera da morte A aproximação com o Partido dos Trabalhadores (PT) aconteceu antes, em 1979, quando Bastos conheceu Lula em uma palestra no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Em 2003, o criminalista foi nomeado ministro da Justiça pelo ex-presidente, ocupando o cargo atà© 2007. Por causa dessa aproximação, espanta saber que, em 1964, durante seu mandato como vereador na sua cidade natal, Cruzeiro (SP), foià tribuna para defender o golpe militar de 1964. Ao entrar para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), porém, reviu suas posições políticas. Duas décadas depois, quando já era presidente da entidade, fez um discurso se redimindo e citando a ilegitimidade dos que ocupavam o poder desde o golpe. Também participou do movimento Diretas Já. Advogou a favor de acusados de corrupção, tráfico de drogas e assassinato, mas nunca defendeu presos políticos. Em nota, a presidente Dilma Rousseff prestou homenagem a Bastos salientando seu trabalho como ministro, ao ampliar a autonomia da Polícia Federal e aprovar a emenda constitucional pela reforma do Poder Judiciário e o Estatuto do Desarmamento. “Perdi um grande amigoâ€, afirmou Dilma. Lula disse que Bastos foi um dos homens “que mais lutaram pela democracia e pelo estado de direito em nosso paísâ€. Outras autoridades também comentaram a morte do ex-ministro. “Foi advogado combativo e corajoso que enfrentou a missão à frente do Ministério da Justiça com criatividade e eficiênciaâ€, disse Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Bastos dizia que, quando morresse, queria ser enterrado usando sua velha beca, a da sorte. Até o fim, foi o que lhe orgulhava ser: advogado. 5#4 QUEM SÃO OS AGRESSORES DE HOMOSSEXUAIS Investigações de ataques recentes motivados por homofobia apontam o perfil dos criminosos que agridem e matam gays em todo o País Raul Montenegro (raul.montenegro@istoe.com.br) O repórter Raul Montenegro explica quem são os agressores e por que eles atacam gays. O jovem Marcos Vinícius de Souza, 19 anos, havia acabado o ensino mà©dio e passava os dias em busca de oportunidades de emprego. Para se distrair, frequentava festas. Seu destino preferido de fim de noite era o portão 3 do Parque do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, um ponto de encontro de gays. Às 5h30 do domingo 16, Marcos se distanciou dos amigos e foi assassinado a facadas. Como nada foi levado, familiares acreditam se tratar de homofobia. A polícia ainda não tem pistas. Mas os responsáveis por acompanhar esse tipo de crime, que ocorre em todo o Brasil, mas principalmente no Norte e Nordeste, já conseguiram traçar uma espécie de perfil dos agressores de gays. A maioria tem formação cultural conservadora. “Eles vêm de famílias muito autoritáriasâ€, afirma Luiz Mott, antropólogo e fundador do Grupo Gay da Bahia (GBB). Muitas vezes agem em grupo. E atacam conhecidos – o vizinho, o parente... Nos últimos quatro anos, o número de denúncias relacionadas à homofobia cresceu 460%, segundo a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. A cada hora, um homossexual sofre algum tipo de violência no Brasil. Uma semana antes de Marcos Vinícius ser assassinado, um casal foi agredido por cerca de 15 homens no metrô paulistano. O metroviário Danilo Putinato, 21 anos, e o bancário Raphael Martins, 20, trocavam carinhos quando o grupo entrou no vagão e passou a agredi-los a pontapà©s. “Falaram para a gente parar porque estávamos irritando elesâ€, diz Martins, que levou um chute no nariz e passará por uma cirurgia reparadora. O caso é investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância. De acordo com a delegada Daniela Branco, o casal pode ter sido agredido por uma torcida organizada. Ataques homofóbicos feitos por grupos são comuns. Em janeiro, o estudante Bruno de Oliveira, 18 anos, foi assaltado e morto com um golpe de skate na região da rua Augusta, centro de São Paulo. Seis jovens foram presos. “Alguns garotos foram pelo efeito manadaâ€, diz o delegado Carlos Battista. Na maioria das vezes, crimes são praticados por pessoas próximas. Gabriel Kowalczyk, 18 anos, foi agredido duas vezes perto de sua casa, em Interlagos, zona sul paulistana. Na última, em setembro, foi atacado por três homens. Ele acha que alguém do bairro pode ter ordenado o espancamento. “Você quer ser mulher? Então agora vai apanhar como mulherâ€, repetiam os agressores. Casos bárbaros se espalham pelo País e o quadro está longe de melhorar, afirma Mott, já que medidas de combate ao problema foram barradas. Ele se refere à criminalização da homofobia, freada pelo Planalto, e ao material escolar contra a homofobia, o kit gay, que teve sua distribuição cancelada por pressão da bancada evangélica do Congresso. 5#5 PERTO DA APROVAÇÃO No Senado, especialistas falam das vantagens de os filhos conviverem igualmente com pai e mãe após a separação, e projeto de lei sobre o tema deverá ir à votação nesta semana Mario Simas Filho O projeto de lei 117/2013 que torna a guarda compartilhada obrigatória e automática poderá ser aprovado pelo Senado na quarta-feira 26, sem alterações. Desta forma, segundo especialistas, estará garantida a formação mais justa e adequada para cerca de 20 milhões de crianças e adolescentes filhos de pais separados, colocando o País em sintonia com o que há de mais moderno no mundo. A decisão foi praticamente sacramentada na quinta-feira 20, durante audiàªncia pública na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Especialistas de diversas áreas se manifestaram amplamente favoráveis à  aprovação do projeto sem emendas. Assim, rechaçaram as manobras que vinham sendo feitas pelo Ministério da Justiça e pelos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Humberto Costa (PT-PE) para protelar a discussão. “Os brasileiros podem contar com a garantia de que faremos um parecer que atenderá os anseios dos novos temposâ€, disse o relator do projeto, senador Jayme Campos (DEM-MT). “Não haverá mais protelação.†“Farei um pedido de urgência para que o projeto seja apreciado em plenário na mesma quarta-feiraâ€, afirma o presidente da CAS, senador Waldemir Moka (PMDB-MS). O PL 117/2013 já foi aprovado na Câmara e passou por duas comissões no Senado. DEBATE - Audiência pública na comissão do Senado. Abaixo, o relator Jayme Campos (DEM-MT) que garantiu "um parecer que atenderá os anseios dos novos tempos" Na audiência da semana passada estavam presentes Maria Roseli Guiesmann, presidente da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude (ABMP), Analdino Rodrigues Paulino, presidente da Associação de Pais e Mães Separados (APASE), Suzana Borges Viegas de Lima, presidente da Comissão de Mediação do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Eulice Jaqueline da Costa Silva Cherulli, juíza titular da 3ª Vara Especializada em Família e Sucessões de Và¡rzea Grande, no Mato Grosso, Sérgio de Moura Rodrigues, presidente da Associação Brasileira Criança Feliz (ABCF) e José Fernando Simão, professor de Direito Civil da USP e diretor do Conselho Consultivo Nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM). Simão foi o único a se posicionar contra o projeto. Afirmou ser “nefasto†a criança desfrutar do convívio com seus pais em duas residências. Um argumento absolutamente desconectado da realidade e que vai contra as recomendações de educadores e especialistas em desenvolvimento infantil. Os senadores certamente têm em mente e foram alertados por especialistas que, quando os pais se separam, não cabe mais a discussão isolada se é bom ou não para a criança ter duas casas. “Nenhuma situação envolvendo guarda compartilhada, por si só, seria nefasta para a criançaâ€, diz Rosely Sayão, maior especialista do País em educação infantil. Trata-se, na verdade, é de saber o que é menos prejudicial: ter duas casas ou crescer com o déficit de convivência com um dos genitores? Para o pediatra italiano Vittorio Vezzetti, diretor científico da Associação Nacional Italiana de Profissionais de Família, “nenhum efeito negativo resulta da guarda partilhada entre duas casasâ€. A ideia de dupla residência, segundo ele, “longe de ser considerada como potencialmente prejudicial ao menor, deve ser vista como ferramenta chave para proteger o desenvolvimento equilibrado da criançaâ€. Na CAS, os senadores com certeza saberão distinguir o que é avaliação de especialistas com ampla vivência sobre o tema e o que não passa de palpites dados fora de hora. ___________________________________________ 6# MUNDO 26.11.14 CARRASCOS EUROPEUS Espalhando o terror pelas redes sociais, o Estado Islâmico atrai cada vez mais jovens ocidentais. Na semana passada, dois franceses e um brità¢nico foram identificados entre a tropa de radicais que degolou prisioneiros Mariana Queiroz Barboza (mariana.barboza@istoe.com.br) Filho de imigrantes portugueses cristãos, Michaël dos Santos tem 22 anos e há cinco, na mesma época em que obteve a cidadania francesa, se converteu ao Islã. Quando ainda vivia no subúrbio de Champigny-sur-Marne, a 12 quilômetros de Paris, levava uma vida aparentemente pacata e modesta ao lado da mãe, faxineira, e do irmão mais novo. Apesar de Santos ser monitorado pelo serviço de inteligência da França há quatro anos, isso não o impediu de deixar o país rumo à Síria, onde uma guerra civil, que começou em 2011, criou um ambiente propício para o surgimento e o avanço de diversos grupos extremistas armados – o mais violento deles, conhecido como Estado Islâmico (EI), acolheu o jovem francês em meados de 2013. Na semana passada, sua mãe o reconheceu entre 17 jihadistas que apareceram sem máscaras num vídeo superproduzido e divulgado pelo próprio EI com a decapitação de soldados sírios e do americano Peter Kassig. Acredita-se que o único insurgente com o rosto coberto seja o britânico Abdel-Majed Abdel Bary, 24 anos, o “jihadista Johnâ€. A avó de Michaël, Maria dos Santos, disse, incrédula, ao jornal francês “Le Monde†que ele era “muito gentilâ€. “Devem ter dado drogas a ele.†A história de Michaël dos Santos é comum entre os mais de 15 mil guerreiros de 80 países, segundo o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, que seguiram o caminho até a Síria e o Iraque nos últimos meses para se juntar ao EI e outras milícias radicais. Desse total, estima-se que 3 mil sejam europeus e um terço deles, franceses. Maxime Hauchard, 22 anos, tambà©m identificado no vídeo da semana passada, cresceu entre os poucos mais de 3 mil habitantes da cidade de Le Bosc-Roger-en-Roumois, na Normandia. Recém-convertido ao islamismo e atraído pelo radicalismo depois de assistir a vídeos pela internet e viajar à Mauritânia duas vezes, Hauchard disse ser um trabalhador humanitário para conseguir entrar na Síria em agosto do ano passado. Desde então, ele passou por um treinamento de um mês e participou de diversas missões do EI, inclusive a tomada de Mossul, segunda maior cidade iraquiana, que desencadeou uma resposta internacional ao grupo terrorista em junho. O próprio Hauchard descreveu sua motivação em entrevista via Skype à rede de tevê francesa BFMTV, em julho. “Estou esperando a morteâ€, afirmou. “Meu objetivo é ser um mà¡rtir.†À mesma tevê, seu tio, Pascal, teve reação semelhante à de Maria dos Santos. “Não entendo. Meu sobrinho jamais cortaria uma cabeçaâ€, disse. O britânico de origem iemenita Ahmed Muthana, de Cardiff, pensa de forma diferente. Ao suspeitar que seu filho Nasser Muthana, ex-estudante de medicina de 20 anos, esteja no vídeo das decapitações, ele foi categórico: “Se foi isso que ele fez com alguém, então é isso que deve ser feito com eleâ€, afirmou ao tabloide britânico “Mirrorâ€. Mesmo utilizando tecnologias de reconhecimento facial, as autoridades não confirmaram a identidade de Nasser nas novas imagens, mas o rebelde já havia aparecido num vídeo de propaganda do califado convocando outros muçulmanos compatriotas a lutarem ao seu lado. O anúncio funcionou com o irmão Aseel, 17 anos, que, hà¡ cinco meses, partiu para a Síria. O pai, Ahmed, disse que não os quer de volta. “Meu filho morreu lutando pelo EI†A canadense Christianne Boudreau perdeu o filho de 22 anos para o Estado Islâmico e decidiu que falar sobre isso seria a melhor forma de evitar que outros jovens sigam seu caminho. “Falar abertamente faz parte do meu processo de curaâ€, diz. Damian Clairmont, o filho de Christianne, dizia que queria estudar árabe no Egito. Mas, quando embarcou para o Oriente Médio, não voltou mais. Ele foi para a Síria, onde se juntou aos jihadistas do EI e morreu em batalha. Na semana passada, Christianne falou com a ISTOÉ por telefone. ISTOÉ â€“ Como Damian se converteu ao Islã? Christianne Boudreau – Vivíamos em Calgary numa sociedade multicultural e perto de casa havia muitas mesquitas. Damian passou a se interessar pelo islamismo e ler tudo sobre o assunto. Como cristã, sou aberta a todas as religiões desde que sejam pacíficas. Disse que ele poderia encontrar o que fosse melhor para ele. Ele se converteu em 2008 quando tinha 17 anos. E isso foi uma coisa boa por três anos. Ele sofria de depressão e a religião o fazia se sentir melhor. Até que, em 2011, ele começou a mudar, a se isolar e a ter ideias mais radicais. ISTOÉ â€“ Como ele era antes da radicalização? Boudreau – Damian era muito inteligente e carinhoso comigo e os irmãos, mas tinha dificuldade de se relacionar com mulheres, sobretudo dos 15 aos 17 anos. Ele se sentia incompreendido e abandonou a escola. ISTOÉ â€“ A sra. manteve contato com seu filho enquanto ele estava na Síria? Boudreau – Ele partiu em novembro de 2012 e um mês depois me ligou. Trocávamos mensagens pelo Facebook. Pensei que ele estivesse no Cairo. Em janeiro de 2013, o serviço secreto me avisou que estavam investigando Damian e que ele provavelmente estava na Síria. ISTOÉ â€“ Como Damian morreu? Boudreau – Ele foi morto em janeiro deste ano numa emboscada do Exército Livre da Síria, em Alepo. Soube por um jornalista. ISTOÉ â€“ As redes sociais têm papel relevante no recrutamento de jovens ocidentais? Boudreau – Com certeza. Primeiro eles conhecem alguém que introduz a ideologia e depois passam a pesquisar na internet e se conectar com extremistas. A doutrinação ocorre de forma que eles encontrem um propósito de vida e uma sensação de pertencimento. ISTOÉ â€“ Se seu filho pudesse ter voltado para casa, a sra. o perdoaria? Boudreau – Sim, acredito no perdão. __________________________________________ 7# CULTURA 26.11.14 7#1 LIVROS - ANTES DO OCASO DE CARLITOS 7#2 LIVROS - AS MULHERES DE PRESTES 7#3 EM CARTAZ – CINEMA - A ESTRADA ARMORIAL DE ANTONIO NÓBREGA 7#4 EM CARTAZ – LIVROS - UM MURAKAMI DIFERENTE 7#5 EM CARTAZ – DVD - O BILLY WILDER QUE POUCO SE VIU 7#6 EM CARTAZ – CD - O COMEÇO DE TUDO 7#7 EM CARTAZ – MÚSICA - O MELHOR DA MÚSICA ALTERNATIVA 7#8 EM CARTAZ – AGENDA - DOWNTOWN/PROPRIEDADES/ROMEU 7#1 LIVROS - ANTES DO OCASO DE CARLITOS Livro inédito de Charles Chaplin mostra a concepção de "Luzes da Ribalta", seu último filme rodado nos EUA antes de se exilar na Europa sob a acusação de ser comunista Daniel Solyszko (daniel@istoe.com.br) Popular entre intelectuais de esquerda e elogiado pelo “Pravda†– jornal oficial do Partido Comunista da União Sovià©tica –, em plena Guerra Fria, Charles Chaplin se encontrava na década de 1940 sob estreita vigilância do FBI. Embora não houvesse provas concretas contra ele, a agência governamental americana manchou a imagem do comediante ao acusá-lo de engravidar uma ex-namorada que sofria de distúrbios mentais. As acusações acabaram sendo retiradas por falta de provas, mas fizeram com que ele se sentisse sob intensa pressão. Quase 20 anos após o fim do cinema mudo, ele sabia que parte da sua audiência já o havia abandonado. Em meio a tantas atribulações, Chaplin dedicava-se à família que começara a construir com uma mulher 36 anos mais nova, Oona O’Neill, filha do dramaturgo Eugene O’Neill. Nesse contexto surgiu “Luzes da Ribaltaâ€, uma homenagem aos teatros de revista londrinos, populares no começo do século XX, nos quais Chaplin trabalhou antes de se lançar no cinema. O que poucos sabiam é que antes de se tornar o roteiro do que seria considerada sua última grande obra, Chaplin havia escrito uma novela usando a trama principal. Esquecida no porão da sua antiga residência na Suà­ça, ela foi descoberta em 2002 pelo escritor e biógrafo David Robinson, e está sendo publicada pela primeira vez – no Brasil, pela Companhia das Letras. Robinson assina o prefácio e diversos textos que explicam as transformações pelas quais a história passou até o seu roteiro final, e as diversas referências usadas no filme. REIS RIVAIS - "Luzes da Ribalta", último grande filme de Chaplin antes de ele deixar os EUA, perseguido pelo macartismo, colocou em cena juntos pela primeira e última vez Buster Keaton e Carlitos A ideia do enredo urgiu em 1936, logo depois da estreia de “Tempos Modernosâ€. Na primeira concepção para o cinema a trama foi desenvolvida para ser estrelada por Paulette Goddard, sua mulher na à©poca e estrela de boa parte de seus filmes. A inspiração inicial veio do seu encontro com o bailarino Vaslav Nijinski em 1916, quando o Balé Russo se apresentou em Los Angeles. Nijinski acabou visitando os bastidores de filmagem de um filme de Chaplin, e este, retribuindo, compareceu a uma apresentação da companhia. O diretor ficou fascinado com a atuação da lenda russa. “Na hora em que ele apareceu, fiquei eletrizado. Vi poucos gênios neste mundo, e Nijinski foi um delesâ€, diria em sua autobiografia, “Minha Vidaâ€, lançada em 1964. A história recebeu tratamentos diferentes, até que o projeto foi abandonado com o fim do relacionamento de Chaplin com Paulette, quando ele passou a concentrar seus esforços em “O Grande Ditadorâ€, lançado em 1940. O diretor só retomaria o projeto sete anos mais tarde, depois do fim da Segunda Guerra Mundial. As primeiras versàµes mostravam um dançarino de balé que se apaixona por uma jovem do meio artístico, com quem acabaria se casando. Em algumas versàµes, a jovem se mantinha fiel. Noutras traía o marido. HEROÍNA TRÁGICA - A atriz Claire Bloom no papel de Thereza, a jovem suicida que se apaixona pelo bêbado Calvero em "Luzes da Ribalta" No livro e no filme, o personagem principal é Calvero, um artista decadente que costumava se apresentar como palhaço no teatro. Alcoólatra, ele salva a dançarina Thereza (vivida no filme por Claire Bloom) de uma tentativa de suicídio. Estimulada por ele, Thereza passa a treinar e consegue se tornar estrela de um espetáculo. Os dois iniciam um romance, mas ela se torna famosa, enquanto ele amarga o fracasso, voltando a beber. No meio tempo, Thereza encontra Neville, um antigo afeto, e Calvero passa a incentivar um relacionamento entre os dois. O livro lembra bastante o realismo de Charles Dickens, citado por Chaplin como uma grande influência. Há poucas diferenças em relaà§ão ao filme: o principal elemento a ficar de fora das telas é um longo flashback mostrando o passado de Terry (como a personagem de Thereza muitas vezes é chamada). Além de recuperar elementos da história do vaudeville londrino, “Luzes da Ribalta†se tornou um marco por reunir pela única vez os dois maiores comediantes do cinema mudo, os rivais Chaplin e Buster Keaton. A cena em que atuam juntos corresponde à última apresentação de Calvero no filme. Os dois se apresentam em um número musical, com Keaton ao piano e Chaplin cantando e tocando violino, cena desenhada já no último estágio das filmagens. OBSESSÃO - Chaplin viu Vaslav Nijinski em 1916 e passou as quatro dà©cadas seguintes desenvolvendo um personagem inspirado na lenda russa Filmado após o auge do sucesso de Chaplin, “Luzes da Ribalta†é uma reflexão tanto sobre seu passado, ao mostrar a Londres de 1914, quanto seu presente, em que vivia uma relação com uma mulher quase quarenta anos mais nova, e suas inseguranças em relação ao futuro, no qual temia se tornar um artista esquecido. “Você disse que odiava o teatroâ€, diz a personagem de Thereza a certa altura. “E também odeio ver sangue – mas ele corre em minhas veiasâ€, responde Calvero. A frase poderia ser um resumo da relaà§ão de Chaplin com o meio artístico, que tanto lhe ofereceu e tanto lhe tomou. O diretor acabaria se exilando na Inglaterra logo após a estreia londrina do filme, em outubro de 1952, quando foi avisado que se pisasse novamente em solo americano seria detido pelo Departamento de Justiça. Chaplin preferiu ficar na Europa, e nunca mais faria outro filme nos EUA nem outro sucesso de bilheteria. 7#2 LIVROS - AS MULHERES DE PRESTES Primeira biografia à altura do líder dos mais importantes movimentos populares do século XX resgata a participação feminina, ofuscada pela história heroica e trágica de Olga Benário Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Segundo os Correios, Luís Carlos Prestes dá nome a 45 ruas e avenidas brasileiras. Líder de alguns dos mais importantes movimentos populares do século XX, o Cavaleiro da Esperança não tinha atà© agora uma biografia historiográfica à altura dos acontecimentos que protagonizou. Do historiador Daniel Aarão Reis, professor titular de história contemporânea na Universidade Federal Fluminense “Luís Carlos Prestes – Um Revolucionário Entre Dois Mundos†traz a história do Velho desde o seu nascimento até seus últimos dias de uma perspectiva política, com base principalmente em documentos, alguns deles desconhecidos, como as resoluà§ões do PCB dos anos 1930 e áudios de reuniões do ComitઠCentral realizadas em Moscou e Praga na segunda metade dos anos 1970. Mas o que mais impressiona no relato da vida de um dos mais importantes dirigentes do Partido Comunista Brasileiro, é o quanto as mulheres foram importantes na construção de sua trajetória e como isso ficou de fora do que se disse a seu respeito até agora. A LIMPO - Luís Carlos Prestes tem a vida recontada pelo historiador Daniel Aarão Reis, que resgatou documentos inéditos da ex-URSS O historiador mostra que a participação feminina nas lutas socialistas do século passado tiveram uma atuação muito maior do que se supunha. A começar pela mãe, dona Leocádia, que criou, sustentou e alfabetizou crianças de relacionamentos diferentes, passando pelas combatentes da Coluna Prestes. O movimento armado era composto por dezenas de mulheres com funções diferentes, quase todas gaàºchas, que não deixavam o movimento nem para dar à luz. Além de encontrar resistência interna de muitos cavaleiros como Siqueira Campos, que tirava-lhes os cavalos e as deixava à beira da estrada, quando pegas, as mulheres eram assassinadas com requintes de crueldade pelos governistas. Mas colegas de partido, agentes como a amante Olga Benário, a única que tem a saga lembrada, e a filha dos dois, Anita Leocádia, a menina nascida num campo de concentração nazista, que Prestes só conheceu já alfabetizada, também ganham as páginas da biografia. Anita, historiadora, deu continuidade ao legado do pai e vai lanà§ar no ano que vem a sua versão da vida de Prestes. “Era ainda uma atmosfera de época. Embora, formalmente, os comunistas tomassem iniciativas para promover a participação das mulheres, elas ainda eram, em todos os níveis, colocadas em segundo planoâ€, diz Reis. 7#3 EM CARTAZ – CINEMA - A ESTRADA ARMORIAL DE ANTONIO NÓBREGA Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Ator, compositor, criador dos próprios instrumentos. Dançarino, coreógrafo, roteirista, dramaturgo, cenógrafo e mambembe. O pernambucano Antonio Nóbrega, o mais prolífico herdeiro do Movimento Armorial de Ariano Suassuna, tem seu multifacetado trabalho retratado no novo filme de Walter Carvalho, “Brincanteâ€. O título faz referência ao nome de seu teatro escola ambulante, núcleo que fez florescer e multiplicar a música e a dança popular pré-industrial nordestina. Com cores do agreste e do sertão, o filme sobrepàµe os espetáculos da trupe formada por Nóbrega e sua mulher, Rosane Almeida, com bastidores de sua atuação, a formação de novos artistas e a integração da sua arte com a cidade, em espetáculos urbanos que fazem a fusão entre o arcaico e o contemporâneo, o grande desafio da vida do mestre Suassuna, para quem o longa é dedicado. +5 filmes sobre trupes itinerantes A Estrada da Vida Na obra de Federico Fellini, Gesolmina é vendida pela mãe para Zampano e acaba se juntando a um circo Bye Bye Brasil Cacá Diegues mostra o cotidiano da Caravana Rolidei, que viaja pelo País O Homem Elefante David Lynch filma a história real de Joseph Merrick, deficiente exibido em circos europeus no final do século 19 Os Saltimbancos Trapalhões O quarteto vira a grande atração do circo Bartolo e enfrenta o mágico Assis Satã no filme de J.B. Tanko A Viagem do Capitão Tornado Longa-metragem de Ettore Scola sobre um grupo de atores itinerantes que viaja até a corte do rei da França, em 1774. 7#4 EM CARTAZ – LIVROS - UM MURAKAMI DIFERENTE Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) “O Incolor Tsukuru Tazaki e seus Anos de Peregrinação†conta de trás para frente a história de um solitário construtor de estações de trem de Tóquio que guarda uma mal resolvida separação de amigos da infância em Nagoya. Uma narrativa sobre a busca da identidade, é um Haruki Murakami sensívelà fase de formação da personalidade. Para o jornal “The New York Timesâ€, a cantora e poeta Patti Smith escreveu que “O Incolor...†revela uma nova faceta do escritor japonàªs que mais vende no mundo. 7#5 EM CARTAZ – DVD - O BILLY WILDER QUE POUCO SE VIU Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Penúltimo filme do cineasta Billy Wilder, “Fedora†foi lançado em 1978, bem depois da fase clássica do diretor. O filme recupera elementos de “Crepúsculo dos Deusesâ€, um de seus filmes mais importantes, ao contar, em flashback, a história da atriz do título, que viveu grande fama e depois se afastou da tela por longos anos. Após o seu funeral, um produtor de cinema se recorda das suas últimas semanas de vida, quando a procurou para realizar uma nova versão de “Anna Kareninaâ€, baseado no clássico de Leon Tolstói. 7#6 EM CARTAZ – CD - O COMEÇO DE TUDO por Rodrigo Cardoso (rcardoso@istoe.com.br) A coletânea “R-Kive†é uma aula de como resumir uma história de quase meio século (precisamente, 47 anos) de uma grande banda, no caso, a Genesis. Em 37 músicas – distribuà­das por três CDs em ordem cronológica –, é possível rever os momentos mais marcantes do grupo inglês, um dos pilares do rock progressivo. Além de canções das três fases da banda (progressiva, rock eletrônico/pop e pop rock), há um bônus de faixas-solo de Peter Gabriel (vocal), Steve Hackett (guitarra), Peter Banks (teclados), Phil Collins (bateria e vocal) e Mike Rutherford (baixo e guitarra). Boa viagem. 7#7 EM CARTAZ – MÚSICA - O MELHOR DA MÚSICA ALTERNATIVA Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Alguns dos principais nomes do rock e do pop independente da atualidade estarão presentes no Popload Gig Festival, que acontece nos dias 28 e 29 de novembro na casa de shows Áudio, em São Paulo. O primeiro dia conta com a psicodelia australiana de Tame Impala e Pond, a musa indie Cat Power e o ex-Los Hermanos Rodrigo Amarante. No dia seguinte, os destaques são o som oitentista do Metronomy e o folk dos Lumineers. Atraçàµes do primeiro dia, a dupla de garotas Icona Pop ainda se apresenta em show solo em São Paulo no dia 26, em Porto Alegre no dia 27 e no Rio de Janeiro no dia 29, dentro do festival Ausländer Musik. No Rio ainda tocam Metronomy (dia 20), Tame Impala (26) e os Lumineers (28). 7#8 EM CARTAZ – AGENDA - DOWNTOWN/PROPRIEDADES/ROMEU Confira os destaques da semana Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Downtown New York (CCBB, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, até 5/1) Mostra de filmes que explora a história e o legado estético da cena cultural nova-iorquina entre 1976 e 1987 Propriedades Condenadas (Sesc Consolação, em São Paulo, até 19/12) Peça baseada em dois textos diferentes de Tennessee Williams, em que dois adolescentes se encontram em uma antiga pensão Romeu e Julieta (Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, até 23/11) A São Paulo Companhia de Dança encena tragédia de Shakespeare sobre o jovem casal suicida ____________________________________________ 8# A SEMANA 26.11.14 por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz "A PAPUDA É O TESTE DA FÉ DE PIZZOLATO" Henrique Pizzolato diz na Itália que encontrou Jesus, mas no Brasil a sua vida está longe do paraíso. Na quarta-feira 18, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou recurso à Corte de Apelaçà£o de Bolonha contra a decisão de não extraditá-lo porque a Justiça italiana não fora informada se aqui existem penitenciárias capazes de lhe garantir tratamento digno – ele foi condenado pelo STF no processo do mensalão a 12 anos e sete meses de prisão, e então fugiu do País. Na semana passada o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil deu um testemunho de fé numa igreja pentecostal da cidade de Módena e foi aplaudido quando declarou que “encontrei em Jesus o meu advogadoâ€. Respeita-se aqui a religiosidade do mensaleiro. Há, no entanto, um demônio rondando: a AGU está expondo desta vez à Corte bolonhesa justamente o que ela pediu– que o presídio da Papuda em Brasília possui condià§ões físicas adequadas para Pizzolato cumprir sua pena. "O BRASIL VOLTA A TER TAXAS ALARMANTES DE POLUIÇÃO - E ALIMENTA O AQUECIMENTO GLOBAL" Já se olha com incredulidade para a promessa feita pelo governo brasileiro de reduzir em 38,9% a emissão de gases geradores do efeito estufa até o final desta década. O motivo da descrença, aqui e no mundo, veio na quinta-feira 20 com informações do Observatório do Clima (reúne instituições civis que cuidam do meio ambiente): após oito anos apresentando queda, as emissões do Brasil de gases poluentes novamente cresceram no ano passado ao patamar de 1,57 bilhão de toneladas de CO2. Isso significa uma subida de 7,8% em relaà§ão a 2012. Um dos maiores responsáveis por essa situaçà£o é o desmatamento, embora o governo federal negue esse fato ou tente esconder os índices verdadeiros como ocorreu recentemente. O Inpe desmente o governo ao demonstrar que o desmatamento no País nos meses de agosto e setembro bateu na casa dos 122%. "A DIVISÃO DA POLUICÃO" A divisão da poluição: 35% têm como causa o desmatamento 30% devem-se aos transportes, 27% correspondem a? agropecuária 6% são causados pela indústria e 2% provocados por resíduos diversos. A culpa é geral: cada habitante do Brasil e? responsável pela emissão anual de 7,8 toneladas de gás carbônico. A média global de emissão per capita e? de 7,2 toneladas. "SORO CONTRA O EBOLA PODE SER BRASILEIRO" O Instituto Butantã de São Paulo dá os últimos retoques na parceria inédita que fará com o Instituto Nacional da Saàºde dos EUA. O objetivo é a produção de um soro contra o ebola – vírus que já matou mais de cinco mil pessoas e contaminou 14 mil. Diferentemente do que ocorre com as vacinas que estimulam o organismo a produzir anticorpos, o soro é feito com esses próprios antígenos – mesmo processo da solução contra a raiva, da qual o Butantã é referência mundial. "GOOGLE PLAY MÚSICA É LANÇADO NO PAÍS" Após firmar contratos com gravadoras e selos independentes do Brasil, reunindo 30 milhões de músicas, o Google lançou no País, na semana passada, o serviço Google Play Música (concorre diretamente com o Spotify). Com esse recurso o usuário poderá armazenar na nuvem até 20 mil composições. "R$ 50 MIL" R$ 50 mil mais juros e correção monetária a contar de 2002, é o valor da indenização que o deputado federal Paulo Maluf terá de pagar ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Maluf foi condenado pelo STJ por danos morais: ele declarou na época que promotores de Justiça que investigavam eventuais contas em seu nome no exterior teriam viajado com dinheiro público, fato que envolveria o governador. O valor total da indenização pode chegar a cerca de R$ 100 mil. Maluf recorrerá ao STF. "A CHACINA DOS RABINOS" Dois militantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina invadiram uma sinagoga em Jerusalém munidos de cutelos, facas e armas de fogo e assassinaram cinco judeus ortodoxos (quatro deles rabinos) – a chacina não foi pior porque dois guardas de trânsito israelenses conseguiram matar os agressores. Esse é o maior ataque contra judeus desde 2008, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, retomou a tática militar abandonada em 2005 de destruir casas de palestinos. "A INGENUIDADE DE CRER EM BANDOLEIROS" Cabe ao governo colombiano assumir a sua responsabilidade indireta e involuntária, mas nem por isso menor, no sequestro do general Rubén Alzate cometido na semana passada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Seus atuais e minguados integrantes dizem que lutam pelo socialismo. Na prática, porém, agem como bandoleiros envolvidos com o tráfico de armas e de drogas (Fernandinho Beira-Mar lhes fez sociedade por um tempo). A culpa do governo foi acreditar há dois anos que poderia haver um acordo de paz. A resposta veio com a transformação do diálogo em crime. Na quinta-feira 20 autoridades de Cuba e da Noruega, países que são mediadores do acordo rompido, anunciaram que o general e outros reféns “serão libertadosâ€. "POLÍCIA INDICIA SUSPEITO DE ABUSO SEXUAL" Foi indiciado em São Paulo pela Delegacia da Mulher, na terça-feira 18, o homem acusado de ter violado sexualmente uma estudante de medicina da USP numa festa de confraternização da faculdade realizada no campus da própria instituição. A vítima dormia numa barraca quando um funcionário, terceirizado segundo a polícia, a violentou após ter subornado seguranças que cuidavam do local. A festa aconteceu em 2011, e o caso voltou à tona porque foi denunciado na semana passada em audiência pública na Assembleia Legislativa paulista. “Nossa instituição deve, sim, se sentir responsà¡velâ€, diz o professor Milton de Arruda Martins, presidente da comissão da Faculdade de Medicina da USP que investiga as denúncias. "BARACK OBAMA RECORRE A DECRETO PARA BENEFICIAR IMIGRANTES ILEGAIS" O presidente dos EUA, Barack Obama, adotou na noite da quinta-feira 20, por decreto, medidas que favorecem até cinco milhões de imigrantes que vivem ilegalmente no país. Desde junho de 2013 as propostas aguardavam aprovação dos republicanos na Câmara dos Deputados. Diante da demora, o presidente resolveu agir. Além de garantir a sua credibilidade (há dois anos ele se comprometeu a frear a deportaçà£o de jovens ilegais), a decisão garante aos democratas o apoio dos latinos que vivem nos EUA. O Partido Republicano criticou a decisão. “Se o presidente agir desafiando o povo e impondo a sua vontade ao país, o Congresso vai agirâ€, disse o senador republicano Kentucky Mitch McConnell. "O NOVO RANKING DE GASTOS E EFICIÊNCIA" Classificação da revista “Natureâ€: no quesito gasto com ciência o Brasil é considerado um dos países mais ineficientes. No rol de 53 nações avaliadas, estamos na 50ª posição. - O Brasil está à frente apenas de Malásia, Egito e Turquia; - O ranking fechado na semana passada refere-se a 2013. O Brasil publicou 670 artigos científicos em revistas internacionais. Gastou com o desenvolvimento da ciência cerca de US$ 30 bilhões; - O Chile gastou incomparavelmente menos: US$ 2 bilhões E publicou mais artigos em órgãos especializados em todo o mundo: 717 artigos; - O país mais bem posicionado na relação gasto-eficiência é a Arábia Saudita, sobretudo no campo da energia e do gás. "930%" por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz 930% é quanto cresceu o número de pedidos de refúgio feitos por estrangeiros ao governo brasileiro entre 2010 e 2013. Saltou de 566 para 5.882. Em 2014, até outubro, já se registravam 8.302 requisià§ões. Há no País atualmente 7.289 refugiados. Os dados são da ONU. "A PERIGOSA VOLTA DA COQUELUCHE" O SUS estará vacinando nos próximos dias contra a coqueluche – doença bacteriana que se caracteriza pela tosse prolongada e dolorosa (em algumas regiões do País chama-se popularmente “tosse compridaâ€). É altamente contagiosa e o número de casos voltou a aumentar no Brasil: até 2010, a incidência era de um registro a cada 100 mil habitantes; no ano passado, o índice foi de quase quatro casos por 100 mil habitantes – causa a morte, sobretudo de bebês de até seis meses. O SUS vacinará crianças e grávidas (entre a 27ª e 36ª semana de gestação). "REI DO CREDIÁRIO" Samuel Klein, fundador da Casas Bahia e um dos maiores varejistas do Paà­s, morreu em São Paulo na quinta-feira 20, de insuficiência respiratória, aos 91 anos. Nasceu numa família judaica da Polônia, perdeu a mãe e cinco irmãos num campo nazista, fugiu de outro campo de extermínio, sobreviveu como carpinteiro e finalmente desembarcou com mulher e filho no Brasil, em 1952. Começou então a trabalhar como mascate na cidade paulista de São Caetano do Sul e era o único camelô que parcelava o pagamento daquilo que vendia. “Ninguém consegue nada trabalhando com rico, porque há poucos ricos. Já os pobres são muitosâ€, dizia Klein. Em 1957 adquiriu a sua primeira “Casa Bahiaâ€, e a rede tem hoje 620 lojas em 17 Estados (há cinco anos houve a fusão com o Grupo Pão de Açúcar). Klein é o único grande lojista a abrir negócio no coração de favelas tidas como de alto risco. Detalhe: nunca tomou calote, deixava a loja aberta à noite, jamais teve uma mercadoria furtada. "ESTAMOS CONSUMINDO MAIS UÍSQUE DE LUXO" Entre o segundo semestre de 2013 e o mesmo período de 2014 o aumento no consumo de uísque da categoria superluxo (preço superior a R$ 200) aumentou 95% no Brasil. A constatação é do Instituto Nielsen e de pesquisas de diversas marcas. O crescente interesse dos jovens por bebidas destiladas é um dos fatores que incrementam a venda desses produtos. -- Você está participando do grupo "DV-Escola", dos grupos do Google. Sua inscrição é de sua inteira responsabilidade. Atenção! Para descadastrar-se deste grupo, envie um e-mail totalmente em branco, sem nada no corpo e/ou no assunto para o seguinte endereço: dv-escola+unsubscribe@googlegroups.com Favor observar um sinal de hífen (-) entre a palavra DV e a palavra escola. Se for o caso, copie e cole em seu cliente de e-mail o endereço acima para que não haja dúvidas de seu conteúdo. Ezequiel Silva - Angela Lima - Luís Campos --- Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "DV-Escola" dos Grupos do Google. Para cancelar inscrição nesse grupo e parar de receber e-mails dele, envie um e-mail para dv-escola+unsubscribe@googlegroups.com. Para obter mais opções, acesse https://groups.google.com/d/optout. -- O espaço da leitura foi criado com o objetivo de proporcionar uma boa leitura a todos para um bom entretenimento e um ótimo conhecimento, No entanto, não é permitido neste espaço a postagem de qualquer e-mail com palavras de baixo calão. contamos com a colaboração de todos boa leitura! Conheça nosso grupo no facebook: http://www.facebook.com/groups/163124077178980/ --- Você está recebendo esta mensagem porque se inscreveu no grupo "espaço da leitura" dos Grupos do Google. Visite este grupo em http://groups.google.com/group/espaco-da-leitura.