0# CAPA 18.2.15 ISTOÉ edição 2359 | 18.Fev.2015 [descrição da imagem: uma moça, usando calção, tênis, (roupa de ginástica). Está de perfil, virada para a esquerda. Está agachada, como pé direito em cima de um instrumento usado em exercícios, e a perna esquerda esticada para frente. Braço direito esticado para frente, e braço esquerdo erguido para cima, em linha com a cabeça.] A VERSÃO DO CROSSFIT O treino que mistura atletismo, ginástica e disciplina militar se espalha pelo Brasil. [outros títulos na parte superior da capa.] O NOVO VELHO ENREDO DE DILMA Governo bota o bloco na rua para tentar estancar a perda de popularidade. CALOTE NO BNDES Relatório obtido por ISTOÉ mostra que inadimplência já chega aos R$ 4 bilhões. _______________________ 1# EDITORIAL 2# ENTREVISTA 3# COLUNISTAS 4# BRASIL 5# COMPORTAMENTO 6# ECONOMIA E NEGÓCIOS 7# MUNDO 8# TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE 9# CULTURA 10# A SEMANA _____________________________ 1# EDITORIAL 18.2.14 "IMPOPULARIDADE SEM PRECEDENTES" Carlos José Marques, diretor editorial Até que ponto o grau de desaprovação de um governante reflete a mobilização por mudança de uma sociedade? Essa parece ser a questão central dos debates após a divulgação da pesquisa que sinalizou uma impopularidade recorde de Dilma Rousseff. Críticos mais inflamados começaram a falar em impeachment, enquanto aliados planejam uma ofensiva de comunicação para atenuar os estragos. Vergada por uma rejeição sem precedentes entre presidentes em início de mandato, Dilma é vista pela maioria dos brasileiros (60% deles) como alguém que mentiu deliberadamente para vencer nas urnas e que depois de consumada a reeleição, com a soberba habitual, mostrou a verdadeira face dos fatos que antes tentava encobrir enquanto acusava adversários de terrorismo. A realidade nua e crua trouxe medidas que ela garantia não tomar “nem que a vaca tussa”. E expôs ao mesmo tempo, sem retoques e sem a embalagem marqueteira dos programas de campanha, uma mandatária com claros sinais de hesitação e incompetência na condução do Executivo, isolada no poder, fazendo de conta que críticas e acusações não eram com ela. Em atos e palavras, a chefe da Nação foi ambígua e fugiu de suas responsabilidades pelos problemas, atribuindo a eles – como sempre fez – razões alheias a sua vontade. Por essas e outras é que dobrou o número daqueles que veem o seu governo como ruim ou péssimo, enquanto caiu pela metade a quantidade dos que avaliam a gestão como boa ou ótima. Em outro levantamento, o registro mais alarmante para os aliados das hostes petistas que lhe deram respaldo: um em cada cinco eleitores de Dilma, tomado por um sentimento de frustração e desencanto, não repetiria o voto. Estão arrependidos e temem pelo pior com o País sob o seu comando. Em suma: no hiato de apenas dois meses, Dilma, segundo as pesquisas, construiu uma imagem de desonesta, falsa e indecisa. Quase um desastre completo para uma autoridade pública. Marca difícil de apagar, mesmo com a máquina da comunicação oficial vendendo o mantra de que tudo não passa de intriga da oposição. Seria natural, portanto, que nesse ambiente de insatisfação geral ocorresse o recrudescimento dos protestos contra a sua gestão. E eles estão nas ruas e nas rodas de conversas, em vários segmentos da sociedade. Para além dos apupos aqui e ali, uma grande manifestação em quase todo o País está agendada para o próximo 15 de março com a bandeira “Fora, Dilma!”. É evidente que há uma enorme distância entre o anseio de muitos e o processo de suspensão de um mandato presidencial cuja titular foi levada democraticamente ao posto. Qualquer movimento no sentido de impeachment não coadunado com os princípios constitucionais soaria como golpismo – teria, antes de tudo, de estar baseado em evidências criminais de responsabilidade presidencial previstas em lei. Mas, da mesma maneira, é igualmente legítimo que o soar da inquietação dos brasileiros seja ouvido em alto e bom som e que daí decorram respostas à altura do que almejam e do que lhes foi prometido. Afinal, em última análise, em uma democracia deve ser dos cidadãos o direito de julgamento sobre seus representantes. ______________________________________ 2# ENTREVISTA 18.2.15 RONALDO CAIADO - "DILMA PRECISA DE UMA GRANDE NEGOCIATA PARA APROVAR QUALQUER COISA" Senador do DEM diz que a oposição cresce com a perda de credibilidade da presidente, que na eleição prometeu um carro novo, mas entregou uma sucata por Izabelle Torres CRÍTICO FEROZ - Para Caiado, a sociedade entendeu que está sendo guiada por uma presidente "atabalhoada" Com discurso eloquente, Ronaldo Caiado (DEM-GO) estreou no Senado lançando luz sobre as manobras do governo para fechar as contas públicas à custa do bolso dos brasileiros. Na semana passada, seu estilo mordaz voltou com tudo. Ele pediu ao STF a dissolução da Mesa Diretora do Senado, incluindo a substituição do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). A desenvoltura de Caiado no cargo é resultado do espaço conquistado pela oposição desde as eleições presidenciais do ano passado, quando Aécio Neves (PSDB) recebeu 51 milhões de votos – uma diferença de apenas 3 milhões para a presidente Dilma Rousseff. “Você agora tem uma oposição que passa a ser vocalizada por milhões de pessoas que entenderam o que está acontecendo. "O Senado está paralisado por problemas pessoais e porque tem um presidente (Renan Calheiros) enclausurado e sem capacidade de diálogo" Aí está a diferença. Antes, éramos vozes isoladas. Agora, fazemos um alerta num discurso e ele é repercutido”, disse o senador. Para Caiado, o contraste entre a retórica fantasiosa da campanha e a prática petista no poder confere legitimidade política para a oposição travar uma batalha no Congresso em nome dos anseios da população que não foram atendidos pela presidente reeleita. “Vamos mostrar que Dilma não está fazendo a lição de casa e cortando as despesas. Ao mesmo tempo quer punir os brasileiros com impostos e decisões que dificultam o acesso aos benefícios trabalhistas”, afirmou. O senador acredita que, no atual cenário, Dilma não consegue mais obter maioria no Parlamento. “Ela precisa fazer uma grande negociata para conseguir qualquer coisa aqui.” "A mobilização social é que vai ditar os rumos do debate sobre o impeachment " Istoé - Desde o início do segundo mandato, crescem os movimentos em defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O sr. acha que o momento é adequado para a discussão? Ronaldo Caiado - Esse assunto está em toda parte do País. Não há uma conversa de grupos ou redes sociais em que não se cogite a saída da presidente. O único lugar em que essa questão ainda não está sendo realmente discutida é no Congresso. Mas a mobilização social é que vai ditar os rumos do debate sobre o impeachment. Istoé - A insatisfação vai crescer ainda mais com o pacote de ajuste fiscal que o governo pretende enviar ao Congresso? Como o sr. acha que a Casa irá se posicionar? Ronaldo Caiado - O clima político se deteriorou a uma proporção inimaginável. Acho que, desse pacote de maldades que o governo quer aprovar, pouca coisa vai passar pelo Parlamento. Nós da oposição vamos mostrar que Dilma não está fazendo a lição de casa e cortando as despesas. Ao mesmo tempo quer punir os brasileiros com impostos e decisões que dificultam o acesso aos benefícios trabalhistas. Entendo que a reação do Congresso deve ser intensa. Não vejo nem a base aliada disposta a esse desgaste. Istoé - O que mudou na relação entre governo e Congresso? Ronaldo Caiado - Dilma não tem mais maioria. Precisa fazer uma grande negociata para conseguir qualquer coisa aqui. Isso está evidente para a população. Ao mesmo tempo, você tem uma população indignada porque não recebeu o que foi prometido e ainda precisa encarar um remédio mais amargo do que as piores previsões. Isso desqualifica a presidente. Ela colocou um banqueiro no Ministério da Fazenda, aumentou os juros, precisou admitir que a pobreza aumentou e reajustou a conta de luz, que prometeu baixar. Ou seja, ela fraudou os números e os dados para se eleger e a população já percebeu isso. Istoé - A oposição gostou da indicação de Joaquim Levy para a Fazenda? As ideias dele não são mais afinadas com as de vocês? Ronaldo Caiado - Sim, mas o problema é que quando você me vende um carro novo, não pode entregar uma sucata. Não é correto. Ninguém pode usar de artifícios em uma eleição. Mentir, enganar e depois fazer justamente o que disse que os outros fariam. O PT criticou o FMI a vida inteira e agora escolheu gente que representa justamente o sistema financeiro. Se eu sou cirurgião, omito de um paciente os exames prévios e, depois, ele tem um problema, eu responderia por isso. Eu poderia ser preso, perder meu registro. O mesmo deveria acontecer com a presidente Dilma. Uma pessoa não pode fraudar os dados, se beneficiar dessa fraude e assumir o cargo de presidente da República normalmente. Istoé - Deveria ser responsabilizada? Ronaldo Caiado - Ela não ganhou a eleição pelo simples fato de ser candidata. Ela ganhou porque vendeu um cenário, porque ameaçou que outros candidatos fariam tarifaços, tirariam a comida da mesa dos brasileiros e aumentariam o desemprego. Por vários momentos ela disse que a miséria estava em zero. O discurso era ufanista. Uma grande parte da sociedade que já foi base de sustentação das teses do governo populista do PT hoje percebe que está sendo guiada por uma presidente atabalhoada. Istoé - Nesse cenário, o sr. vê alguma chance de o ex-presidente Lula voltar em 2018? Ronaldo Caiado - Por mais que eu seja otimista, não consigo ultrapassar a linha do otimismo para o ilusório, uma situação totalmente fictícia e virtual, como é a chance de ela fazer um bom trabalho nesse segundo mandato. Afinal, se você puxar para os dados reais do País percebe que é impossível. A ferramenta principal para você reestruturar a situação de um país é a credibilidade do governante. Esse é o principal predicado que um presidente precisa ter nesse contexto. E esse governo carece justamente de credibilidade. Isso faz com que ela não tenha nem apoio popular nem apoio político. Isso reflete nele também. Istoé - O caso Petrobras pode enterrar de vez essa possibilidade? Ronaldo Caiado - Esse caso se alastra para todos os órgãos do governo, conforme já foi dito pelos delatores. Então, isso é um modus operandi: uma forma de administrar baseada na usurpação do bem público em benefício de uma campanha ou de um partido. Isso parece uma provocação à sociedade. Istoé - Que sinais a saída de Graça Foster e da diretoria deu para a oposição? Ronaldo Caiado - Foi um atestado de grave comprometimento da presidente Dilma com as práticas de corrupção que existiram na estatal. Graça foi mantida para apagar as digitais da presidente e saiu de forma tardia do cargo. No estatuto da Petrobras está dito que os membros do conselho diretor possuem responsabilidade sobre as decisões. Isso leva Dilma ao contexto e acho que tanto o Ministério Público como a Polícia Federal já possuem mais dados sobre isso. Além disso, a investigação oficial não exclui a responsabilidade do Legislativo com essa nova CPI. Istoé - A possibilidade de mais de 50 parlamentares estarem envolvidos na Operação Lava Jato está trazendo quais efeitos aos trabalhos do Legislativo? Ronaldo Caiado - Muitos e nenhum benéfico. Mas agora é hora de esperar a lista oficial com as denúncias dos envolvidos. A partir daí, analisar o rumo dos trabalhos. Será difícil, desgastante, e acho que deve haver uma paralisia dos trabalhos do Legislativo para dar atenção a esse caso. Istoé - Na semana passada, o sr. apresentou um mandado de segurança pedindo a dissolução da Mesa Diretora do Senado. Há uma insatisfação na Casa que vai além da distribuição dos cargos da Mesa? Ronaldo Caiado - Pedimos que o Supremo se pronuncie porque o presidente Renan Calheiros fez uma composição de acordo com o apoio que recebeu, desrespeitando as minorias. Já houve decisões do STF sobre esse tipo de conduta. Em todas elas os direitos e a proporcionalidade foram estabelecidos. A eleição de Renan desestabilizou o Senado e paralisou a Casa. Tanto que não votamos nada relevante, enquanto na Câmara eles avançam em propostas importantes. O Senado está paralisado por problemas pessoais e porque tem um presidente (Renan Calheiros) enclausurado e sem capacidade de diálogo. Istoé - Desde que o PT chegou ao poder, a oposição sempre atuou de forma acanhada. Os próximos anos serão diferentes? Ronaldo Caiado - Quando existe uma alternância de poder, o novo eleito chega com condições e credibilidade. Mas quando a população começa a sentir o resultado do atual governo, a sociedade começa a reagir. Você agora tem uma oposição que passa a ser vocalizada por milhões de pessoas que entenderam o que está acontecendo. Aí está a diferença. Antes, éramos vozes isoladas. Agora, fazemos um alerta em um discurso e ele é repercutido. Isso dissemina as ideias. Istoé - Quais os efeitos do fatiamento de ministérios para abrigar os partidos políticos aliados? Ronaldo Caiado - O governo personalista leva o Estado a óbito. Os brasileiros deveriam saber o nome dos 39 ministros. Mas não é isso que acontece. São pessoas desconhecidas. Se uma delas tiver uma crise de hipotonia e cair pelos corredores, vai demorar dois dias para ser identificada. Ninguém sabe quem são. Essas pastas servem apenas para abrigar alguém do partido, para garantir uma bancada e para ser também a fonte financiadora. Onde está o interesse da sociedade nisso? Istoé - Como fazer esse cenário negativo sobre a realidade do governo chegar aos apoiadores de Dilma Rousseff nas regiões mais pobres do país e dependentes dos programas sociais? Não seria essa a grande dificuldade da oposição? Ronaldo Caiado - Tenho uma longa trajetória na oposição. O que noto hoje é que antes, quando uma pessoa fazia uma critica forte ao Lula, podia ser vaiada ou, se fosse muito respeitada pela plateia, um silêncio se instalava. Hoje, o cenário é muito diferente. As pessoas são capazes de reconhecer que foram anestesiadas esses anos todos. O cidadão que comprou o carro, que fez o crédito consignado, que contraiu dívidas, agora está ansioso porque percebeu que há instabilidade. Percebeu que, enquanto os créditos eram distribuídos, o PT quebrava fundos de pensão, se apropriava de estatais. Isso vai ser corrigido como? Á custa do bolso do cidadão. Não tem outra saída. ___________________________________________ 3# COLUNISTAS 18.2.15 3#1 RICARDO BOECHAT 3#2 LEONARDO ATTUCH - OS PRIMEIROS SINAIS DE BENDINE 3#3 GISELE VITÓRIA 3#4 RICARDO ARNT - CORRE, SÃO PAULO, CORRE 3#5 BRASIL CONFIDENCIAL 3#1 RICARDO BOECHAT Com Ronaldo Herdy Fim da linha Na semana passada o TST encerrou a carreira de Marcelo Macedo de Castro nos Correios, onde entrou em 1986. O engenheiro queria dano moral, atrasados e a volta ao quadro da estatal. Foi demitido por justa causa em 2009, da Diretoria de Tecnologia, no rastro de investigações sobre irregularidades na ECT, a partir de flagrante no então diretor Maurício Marinho, recebendo propina de R$ 3 mil – episódio que culminou com a queda de José Dirceu da chefia da Casa Civil de Lula. Justiça É lei Nenhum dos 91 Tribunais de Justiça brasileira mede a duração média dos seus processos. Foram 27,7 milhões de casos novos em 2013, além da movimentação dos 95 milhões já ingressos nas cortes. O cidadão não sabe a partir de quando reclamar da duração da sua ação. Aliás, a lentidão da Justiça é a principal chiadeira dos que a procuram, apesar do direito à razoável duração do processo estar na Constituição Federal desde 2004. Legislativo Tema polêmico Nos próximos dias a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) apresentará projeto de lei em Brasília sobre a taxação de grandes fortunas no País. Ela é a favor da criação de nove faixas de contribuição, a partir do acúmulo de patrimônio de R$ 4 milhões e a última faixa acima de R$ 150 milhões. De lápis e papel na mão estima que a tributação alcançaria 38 mil brasileiros. Dos R$ 14 bilhões que a mordida pode render por ano, cerca de R$ 10 bilhões iriam para a Saúde. PT Saída estratégica Tem gente graúda no PT achando que João Vaccari Neto deveria se licenciar do cargo de tesoureiro. Oficialmente, a saída seria justificada como necessária ao melhor preparo de sua defesa no caso da Operação Lava Jato. Mas o ato evitaria desgastes ao partido, já que 2016 é ano eleitoral. Petróleo Pela mudança Vice-governador do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles entende que as dificuldades de investimento da Petrobras deveriam levar o governo a adaptar a legislação. Os novos campos do pré-sal passariam a ser explorados pelo regime da concessão. Hoje, vigora apenas o da partilha, com as empresas repartindo com a União. O problema é que a Petrobras tem de entrar com 30%. Não à toa, no único leilão pelo regime, houve uma só oferta envolvendo o campo de Libra. Direito trabalhista Na cabeça Com 81 mil casos, a indústria liderou as queixas no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em 2014, (que abrange a capital paulista, a região metropolitana e a Baixada Santista). Em seguida, o comércio (44 mil) e o turismo (32 mil). Ao todo, o TRT recebeu 425.113 novos processos. Com Dilma Rousseff mirando no corte em direitos trabalhistas, o volume subirá este ano, em todo o País. Os pedidos mais comuns envolveram aviso-prévio, férias proporcionais, décimo terceiro, expurgos inflacionários e multa de 40% do FGTS. Juntos esses tópicos apareceram 890 mil vezes nas movimentações processuais do TRT-SP. Brasil Tá ruço Na cerimônia de posse do Conselho Nacional dos Secretários de Educação na terça-feira 10, o ministro Cid Gomes afirmou que o MEC tem mais hospitais sob seu controle do que o Ministério da Saúde. Verdade ou não, o tom da lamentação indica que uma solução para a crise dos hospitais universitários está longe de ser encontrada. Eike Mar, terra e ar Um aficionado por aviação garante que, depois das joias, dos carrões, do iate e até do “dinheiro para comprar bananas para o filho”, a Polícia Federal está de olho no helicóptero da foto acima. Nos registros da Anac a aeronave consta como em nome Centennial Asset Ltd, com sede em Nevada, EUA, uma das empresas do ex-mais rico homem do Brasil. O modelo, um Agusta 1095, tem abrigo no Aeroporto de Jacarepaguá, zona oeste Rio de Janeiro. STJ Próxima fase Logo após o Carnaval, o STJ decidirá sobre pedido de habeas corpus em favor de Elisa Quadros, conhecida como Sininho, e outros dois ativistas acusados de envolvimento em protestos no Rio de Janeiro, em 2014: Igor Mendes da Silva e Karlayne Moraes. Todos com prisões preventivas decretadas pela Justiça fluminense. Para a banca Nilo Batista & Advogados Associados o trio é protagonista de “expedientes ilegais de criminalização, a partir de decreto sem base jurídica, que os proíbe de frequentar manifestações ou protestos, atividades previstas na Constituição”. Brasil No gogó Que na patota mais chegada a Lula falar mal de Dilma virou rotina quase todo mundo sabe. A novidade é que a turma do peito da presidente também começou a dar o troco sem-cerimônia. A diferença por enquanto é que das primeiras conversas o próprio Lula participa, e com entusiasmo, enquanto nas outras não se flagrou até aqui a voz da chefe. Hepatite Melhor ainda Jornalistas detestam desmentidos. É natural, pois notícia errada é o que de pior pode acontecer aos desta tribo. Mas, por incrível que pareça, há correções que até devem ser comemoradas. Como este: a coluna errou, na edição passada, ao informar que o remédio Daklinza, já vendido no Japão e em alguns países da Europa (ainda não nos EUA), e que a Anvisa liberou em rito sumário e o SUS deverá distribuir, “cura a Hepatite C em 24 meses”. Nada disso. A cura vem em tempo menor, entre 12 e 24 semanas. Senado Enredo confuso Com a fantasia rasgada e a harmonia no beleléu, a base governista não consegue arrumar suas alas no sambódromo do Senado Federal. Quando o Executivo é forte e popular, tudo se harmoniza dias após a posse dos congressistas. A folia de Momo chegou com o bloco do governo batendo cabeça e trocando de adereço, atravessando o período carnavalesco. O Bloco de Apoio ao governo definhou de 23 para 20 figurantes, entre a velha e a nova legislatura. O da Oposição ficou com os mesmos 16 figurantes, porém tem abre-alas mais encorpados. Ciência Doce avanço Pioneiro no mundo, o zoneamento genético das populações da abelha Jandaíra está a um zumbido de ser concluído. Típica da Caatinga produz mel e pólen de comprovadas propriedades medicinais. Porém, por não ter ferrão, acabou vítima da ação do homem e está ameaçada de extinção. O trabalho une cientistas da Universidade de Dalhousie, no Canadá, e da Embrapa, que já sequenciaram o genoma da espécie. Armas Potência bélica Definitivamente, o Brasil está equipando na área militar. Além dos caças já encomendados à Suécia, outras compras estão em gestação nas Forças Armadas. Na lista, oito aviões C292, cargueiro de fabricação espanhola, dez aviões C98 Caravan, americanos, para transporte de tropas e 36 unidades antiaéreas Pant-SIR, de fabricação russa. Exército, Marinha e Aeronáutica dividirão entre si os brinquedinhos. A conta passará dos R$ 10 bilhões. Estaleiros Outro porto O empresário Marcio Schaefer acertou com autoridades da Coreia do Sul a instalação de uma filial do estaleiro catarinense Schaefer Yachts em Busan, a segunda maior cidade daquele país. O acordo prevê a produção de lanchas a partir de 30 pés (cerca de dez metros de comprimento), a começar pelo modelo Phantom 303. “A Coreia do Sul é líder mundial na indústria naval de grande porte, mas não tem estaleiros de embarcações de lazer e está abrindo uma oportunidade para fabricantes brasileiros, acentuou Schaefer. 3#2 LEONARDO ATTUCH - OS PRIMEIROS SINAIS DE BENDINE Ele representa um ponto de equilíbrio entre o mercado e a política de governo do conteúdo nacional. Em suas primeiras manifestações públicas, o novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, já disse a que veio. Irá atacar o problema mais urgente da empresa, que é a publicação de um balanço com aval de uma auditoria de ponta, e também aperfeiçoará os mecanismos de governança da estatal. Para isso, a experiência que traz do Banco do Brasil, onde foram implantados vários comitês gerenciais, em que as decisões são colegiadas, será de grande valia – na Petrobras, além do mecanismo de contratação que dispensava licitações, que vem desde os anos 90, diretores tinham autonomia para assinar aditivos bilionários. Com Bendine e seu fiel escudeiro, o financista Ivan Monteiro, que também vem do Banco do Brasil, não mais. Outro sinal importante, também pró-mercado, foi a declaração de que a Petrobras estudará abrir o capital de algumas de suas subsidiárias. Um exemplo concreto é o da BR Distribuidora. A sinalização de Bendine não é uma promessa ao vento. Sua gestão no BB foi marcada por operações semelhantes na área de cartões de crédito, com a Cielo (uma parceria com o Bradesco), e de seguros e previdência, com a BB Seguridade – neste caso, o maior IPO já realizado no País, de uma empresa que continua a se valorizar depois da abertura de capital. Bendine, portanto, tem tudo para agradar ao mercado financeiro, ainda que a desconfiança possa perdurar por mais alguns meses. Dito isso, a nova gestão da companhia não será voltada, apenas, para satisfazer os investidores. Como empresa pública, a Petrobras sempre teve, tem e continuará a ter um papel estratégico na vida econômica do País. Isso significa que, a despeito da Operação Lava Jato, a política de valorização da indústria naval e de conteúdo nacional nas encomendas da estatal será mantida. O caso mais urgente, sobre o qual Bendine estará debruçado, assim como Alexandre Abreu, seu sucessor no BB, será o da empresa Sete Brasil, criada pela Petrobras para organizar a cadeia produtiva do setor naval, construindo sondas de perfuração e plataformas de petróleo no Brasil. Caso a empresa entre em colapso, mais de 150 mil empregos estarão em risco. No Palácio do Planalto, sabe-se que a reversão da política de conteúdo nacional é um dos objetivos ideológicos velados da oposição e Bendine está na Petrobras para evitar que isso aconteça. Caso o novo presidente da Petrobras fosse um nome ansiado pelo mercado, como o de Henrique Meirelles, o governo Dilma teria perdido completamente a ingerência sobre a estatal. Meirelles seria o “salvador da pátria” e até eventual candidato, em 2018. Bendine tem pretensões factíveis: publicar o balanço, melhorar a governança e travar a batalha da comunicação em defesa da política de conteúdo nacional, agindo em sintonia com o Palácio do Planalto. 3#3 GISELE VITÓRIA Gisele Vitória é jornalista, diretora de núcleo das revistas ISTOÉ Gente, ISTOÉ Platinum e Menu e colunista de ISTOÉ "A Sapucaí é sonho antigo" O Carnaval deste ano vai ter um sabor diferente para Claudia Leitte. Pela primeira vez, a loira vai dar um break entre suas apresentações nos trios elétricos de Salvador para desfilar como Rainha de Bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, no sambódromo carioca. Mesmo ansiosa, Claudia garante: em sua terra natal, o Rio, e em sua terra do coração, a Bahia, ela está mais do que pronta para dar o melhor de si. E que venha o Carnaval! IstoÉ – O que significa para você a estreia na Sapucaí? Claudia Leitte – Desfilar na Sapucaí é um sonho antigo. Sempre tive vontade, já tinha recebido vários convites, mas nunca tinha conseguido ajustar agenda para isso. Desta vez deu certo e vou me entregar para a avenida do mesmo modo que faço com meu bloco em Salvador. IstoÉ – Qual é sua resposta para o samba-enredo da Mocidade Independente: “Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria se só te restasse um dia?” Claudia – Minha resposta será no meu bloco Largadinho. Vou mostrar para o público nos três dias de folia com os temas escolhido: “na sexta, venho de anjo da guarda. No sábado, de praia paradisíaca e no domingo, de noiva! Meu trio estará todo customizado de acordo com os temas e terei vários convidados massa! IstoÉ – Nesta louca agenda de Carnaval, agora incluindo Rio, as crianças irão no trio e na avenida? Claudia – O Carnaval será dividido entre Salvador, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Vou ficar com eles até sair de casa, já que me arrumo para os trios e para o show em casa. E então minha mãe cuida deles até eu voltar. IstoÉ – Como se prepara para essa tripla jornada no carnaval? Qual é o segredo para tanto fôlego? Claudia – Estou me preparando para isso desde que recebi o convite! Estou pronta, vou dar o meu melhor! Sou muito regrada com alimentação e treino. Isso ajuda a manter meu condicionamento físico. Balas Capital fechado, Descalabro ainda maior De um experiente ex-conselheiro de estatal a especialistas em governança corporativa: “Pior seria ainda o escândalo se a Petrobras tivesse o capital fechado”. O grupo indagava se não seria menos danoso se o Brasil seguisse a regra da Austrália, por exemplo, onde não há estatais de capital aberto para evitar conflitos de interesses entre serviço público e lucro. Verde em alta Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do presidente Robson Andrade, constatou que 62% dos moradores das regiões Centro-Oeste e Norte estão dispostos a pagar mais caro por produtos de empresas que preservam o meio ambiente. Segundo o trabalho, baseado em 15. 414 entrevistas realizadas em todo o País, o índice chega a 51% no Nordeste, 47% no Sudeste e 41% nos Estados do Sul, onde a preocupação com o verde aparentemente é menor. Filme à vista Fiorella Mattheis está seguindo firme e forte no caminho dos humorísticos. Após seu estrondoso sucesso na pele da personagem Velna Aparecida, de “Vai Que Cola”, fenômeno de audiência do canal de TV por assinatura Multishow, a atriz agora vai para as telonas, com “Vai Que Cola – O Filme”, dirigido por César Rodrigues. “É um desafio diferente. O tempo de cinema é diferente do da televisão”, conta a loira, que é namorada do jogador Alexandre Pato e nos últimos tempos não perde um jogo do São Paulo. “Estamos muito felizes. Temos histórias de vida parecidas”, diz ela. As filmagens começaram em 2 de fevereiro e a estreia do filme está prevista para outubro. Além de Fiorella, outros integrantes do sitcom estarão na versão cinematográfica, entre eles Paulo Gustavo, Cacau Protásio e Marcelo Médici. Na foto, Fiorella posa para a grife MOB. Por trás do comendador O comendador Joe Berardo, magnata português que inspirou o novelista Aguinaldo Silva para criar o comendador José Alfredo (vivido por Alexandre Nero), da novela “Império”, costuma vir a São Paulo. Assim como José Alfredo enriqueceu com diamantes, Berardo fez fortuna explorando ouro na Ilha da Madeira. Ele é colecionador de artes e produz vinhos em Portugal. O português, que só veste preto assim como o personagem, abriu exceção e vestiu-se de branco em recente evento do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) na capital paulista. Ele estava acompanhado de sua mulher, Carolina Berardo, e jura que a semelhança com José Alfredo se restringe aos looks pretos e a sua história com a mineração. O resto é ficção: ISTOÉ – Como se sente tendo inspirado o personagem do comendador Jose Alfredo, da novela “Império”? Berardo – Isso é o que todos dizem. Mas deve ser coincidência. Isso foi um homem da Globo que esteve em Portugal e soube da minha história. Mas nunca me entrevistaram. Não queriam me pagar nada...(risos) ISTOÉ – O sr. só usa mesmo preto, como o personagem? Berardo – Sempre ando de preto. Só mesmo o João Doria Jr. para me fazer vestir branco. ISTOÉ – O sr. já assistiu algum capítulo da novela? Berardo – Não assisti. Ainda vai passar em Portugal. Mas eu não sou muito de novelas. ISTOÉ – O sr. se identifica com o personagem? Berardo – Não! Minha história rendeu apenas uma boa ideia. Foi só uma inspiração. Já quiseram fazer filmes sobre a minha vida, mas eu nunca quis. E eles pagavam, viu? ISTOÉ – Por que nunca quis ser tema de um filme? Berardo – A minha mulher, ó! (ele aponta para a esposa e faz o gesto de cortar o pescoço). ISTOÉ –É mesmo a sra. que não deixa? Carolina Berardo – Ah, ele não precisa. Ele não tem tempo para fazer filmes. Tem que trabalhar. Ciúme fashion Madonna foi parar nos trend topics das mídias sociais ao mostrar o bumbum no Grammy Awards, em Los Angeles. Mas a comoção em torno de seu ousado look de toureira e seu figurino da apresentação de “Living For Love” transcenderam o tapete vermelho. Causou ciumeira no mundo fashion. Até Madonna revelar que eram roupas assinadas por Riccardo Tisci, da Givenchy, apostava-se que era uma criação de Dolce & Gabbana, que tem a coleção de primavera 2015 inspirada na temática espanhola. Logo após a apresentação, o próprio Stefano Gabbana postou em seu instagram uma imagem do desfile com discreta provocação à Tisci pelos modelos parecidos: “Por acaso, me lembra alguém”. Madonna nem se abalou. É amiga de ambos. E a popstar, que vai iniciar os preparativos para a próxima turnê, confirmou presença no Brit Awards, em 25 de fevereiro. A pergunta é: com figurinos de Givenchy ou de Dolce&Gabbana, qual será a próxima surpresa? 3#4 RICARDO ARNT - CORRE, SÃO PAULO, CORRE A expansão da oferta de água em São Paulo atende a uma demanda perturbadora e inescapável, em longo prazo, mesmo com melhorias na rede e educação do consumo. A última grande ampliação da rede d’água de São Paulo foi feita em 1993, quando foi implantado o sistema Alto Tietê. Atualmente, a Sabesp constrói, em Ibiúna, o nono reservatório da metrópole, o sistema São Lourenço, que captará água do rio Juquiá, afluente do rio Ribeira de Iguape, para fornecer 4,7 metros cúbicos por segundo de água para 1,5 milhão de pessoas, em 2018. É possível que os paulistanos enfrentem um racionamento antes disso, nos próximos meses. Embora a estatal paulista seja uma das empresas mais modernas do setor, com uma extensa rede gerenciada e vários reservatórios interligados, o fato é que durante 25 anos – de 1993 a 2018 – não terá sido feita nenhuma ampliação bruta do sistema. Enquanto isso, a população metropolitana crescerá até atingir 21 milhões de pessoas. Atualmente, os oito sistemas em operação fornecem, em condições normais, 75 m3/s para abastecimento. Mas para 2035 o Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista estima que a demanda na macrometrópole (São Paulo, Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba e Litoral Norte) chegará a 283 m3/s, com 37 milhões de pessoas na região. Números como esses chegam a meter medo. Várias obras de interligação e de aumento da capacidade dos reservatórios estão em andamento. A ligação das represas de Jaguari e Atibainha, por exemplo, permitirá, no futuro, a troca de água do rio Paraíba do Sul com o sistema Cantareira. Entretanto, os mananciais que abastecem esses dois complexos estão quase secos e a obra só ficará pronta em 18 meses. O Paraíba do Sul não pode aliviar a seca de São Paulo se mal consegue atender à demanda do Rio de Janeiro. Há outra questão mais intrigante. No sistema São Lourenço, a Sabesp poderia captar muito mais do que 4,7m3/s, talvez até 22 m3/s. Ocorre que a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do grupo Votorantim, tem prioridade na concessão do uso das águas na região do Juquiá, onde administra um complexo de oito hidrelétricas que alimentam a extração de bauxita e a fabricação de alumínio nas fábricas de Alumínio, perto de Mairinque. O contrato de outorga da CBA vence em 2016. Por lei, o abastecimento da população é prioritário. Já em 2012, a Sabesp poderia ter reivindicado o uso da água e potencializado a captação no Juquiá apenas aumentando o diâmetro da tubulação do São Lourenço. Mas os contratos já estavam fechados e a empresa não quis enfrentar o problema. Errou. Errou feio. Se tivesse ousado, o fantasma do racionamento seria afastado mais cedo. A expansão da oferta de água na macrometrópole é uma demanda perturbadora e inescapável em longo prazo, mesmo com melhorias substanciais na rede, educação do consumo e incentivos para adoção de água de reúso nas empresas. Tem gente que perde o sono com isso, uma vez que a cidade não para de crescer. Tudo seria mais fácil e mais barato se não poluíssemos o que não devemos poluir. O rio Tietê, por exemplo, oferece mais água que o sistema Cantareira inteiro. As soluções duradouras passam pelo uso da bacia do Ribeira de Iguape e da represa de Jurumirim, no rio Paranapanema, na divisa com o Paraná. Trata-se de captar água em lugares mais distantes da capital, como Registro e Jureia. Mas para quem já busca o recurso a 100 quilômetros, em Extrema, Minas Gerais, buscá-lo a 200 quilômetros não é novidade. Vítima de seu gigantismo, São Paulo não pode senão acelerar a corrida na marcha insensata de aplacar uma demanda insaciável. Corre, São Paulo, corre. Ricardo Arnt é diretor da revista Planeta 3#5 BRASIL CONFIDENCIAL por Eumano Silva A disputa entre Renan e Cunha pela reforma política O enfraquecimento do governo Dilma Rousseff no Congresso provocou a sensação de que projetos podem ser aprovados mesmo contra a vontade do governo. Com isso, os presidentes da Câmara e do Senado correm contra o tempo para tentar aprovar a reforma política. Tanto Renan Calheiros (PMDB-AL) quanto Eduardo Cunha (PMDB-RJ) querem ser o primeiro a dar o pontapé inicial na proposta. Quem vencer a gincana terá como prêmio o título informal de pai da reforma. No Senado, a votação está prevista para março. Teto para as doações As propostas de Renan Calheiros e Eduardo Cunha têm diferenças. Ambos defendem o financiamento privado das campanhas, mas o presidente do Senado é favorável, por exemplo, à fixação de teto para as doações. Nesse formato, cada empresa pode contribuir, no máximo, com 7% dos gastos de um candidato. Cunha quer deixar como está: tudo liberado. Com apoio tucano Embora tenha apoiado Júlio Delgado (PSB-MG) para a presidência da Câmara, o PSDB agora canta afinado com Eduardo Cunha. Os tucanos apoiam a iniciativa do peemedebista de manter as contribuições privadas de campanhas eleitorais. O PT é favorável ao financiamento público. Atropelaram o PT Na disputa pela reforma política, ironicamente, o PT ficou como coadjuvante – pelo menos por enquanto. O tema se tornou uma das grandes bandeiras levantadas pelos militantes petistas na campanha eleitoral e foi muito explorado por Dilma Rousseff no discurso de vitória. Mudança de prioridade I Na mesma semana em que cancelou R$ 50,5 milhões para o Complexo Industrial de Suape, em Pernambuco, a Secretaria de Portos deu sinal verde para investir R$ 378 milhões no Porto de Santos. O titular da secretaria é o peemedebista Edinho Araújo, deputado eleito por São Paulo. Mudança de prioridade II A transferência dos recursos para Santos foi uma consequência da maré ruim do empreendimento pernambucano, arrastado pelo escândalo da Operação Lava Jato. Edinho Araújo aproveitou a situação complicada da obra no litoral nordestino e puxou a sardinha para o porto paulista. Foliões na Rede Militantes da Rede, partido que Marina Silva tenta criar, programaram passar o Carnaval recolhendo assinaturas em blocos e desfiles. Sem recursos para pagar uma equipe para executar a tarefa, Marina conta com a boa vontade de voluntários dispostos a usar as festas para levar adiante o projeto da ex-candidata à Presidência. Tudo pela causa. Cartel Procuradores da Lava Jato receberam informação de um ex-executivo de empreiteira sobre a existência de cartel no DNIT, órgão que cuida da infraestrutura de transportes no País. Esse cartel também usaria os serviços do doleiro Alberto Youssef. Uma das obras suspeitas seria o rodoanel de Maringá. Marido influenciou Graça Petistas afirmam que a opinião de seu marido, o empresário Colin Vaughan Foster, foi determinante na decisão tomada por Graça Foster de deixar a presidência da Petrobras antes da escolha do substituto. Quando Graça assumiu a companhia, Colin foi acusado de obter favorecimento da estatal em contrato de fornecimento de material. Inglês, ele é dono de uma empresa que fabrica equipamentos ligados à de produção petroleira. Nada foi provado contra Colin e o casal suportou os ataques em silêncio. Mas, ao ver a mulher apanhando diariamente na imprensa, ele fez um apelo para que ela deixasse a companhia. O clube do golfe Além do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, as investigações da Lava Jato listam outros dois atletas amadores de golfe. Na nona fase deflagrada pela Polícia Federal, Milton Pascowitch e Guilherme Esteves de Jesus figuram na lista de supostos operadores de empreiteiras delatados por Barusco. Ambos participam de clubes especializados e disputam competições nacionais. Toma lá dá cá Deputada Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB ISTOÉ – Como o PCdoB vai conciliar o apoio ao governo com a oposição aos cortes de gastos que limitam benefícios sociais? Jandira – Cabe a nós, base programática e compromissada com os movimentos sociais, defender a não mudança, principalmente na questão do seguro-desemprego. ISTOÉ – Há saída para reduzir os gastos sem alterar as regras? Jandira – Sim, combatendo as fraudes. Restringir o acesso é desigual, principalmente por conta da rotatividade no mercado de trabalho. ISTOÉ – As mexidas nos benefícios sociais dão combustível para a oposição? Jandira – No fim eles vão apoiar os ajustes. Eles usam a alteração para desqualificar o governo, mas restringir os direitos sociais sempre foi a visão deles. Rápidas * O Planalto e o PT não se entendem sobre a comunicação oficial. Mesmo dentro do governo, virou moda falar mal da estratégia adotada pelo setor para divulgar o que interessa e, também, para rebater as notícias negativas. Essa é a batalha interna da comunicação. * Cooperados da Bancoop que levaram calote durante a gestão do tesoureiro do PT, João Vaccari, estão esperançosos com a Lava Jato. Eles acreditam que a operação policial, mesmo por outros motivos, vai criar condições para punir o petista. * Reunidos em grupos, os cooperados prejudicados pelos desmandos na Bancoop se mobilizam nas redes sociais para relembrar os prejuízos causados por Vaccari e a morosidade dos processos judiciais que investigam a conduta do atual tesoureiro petista. * Filho do pecuarista José Carlos Bumlai, o empresário Maurício Bumlai é casado com Cristiane Dodero, sócia da Sebival Segurança Bancária Industrial e de Valores. No governo Lula, a empresa levou mais de R$ 50 milhões em contratos com órgãos públicos. Retrato falado O aniversário de 35 anos do PT, no meio do escândalo da Petrobras, virou assunto no Congresso na última semana. A decisão do partido de defender o tesoureiro João Vaccari Neto mesmo após as denúncias do ex-gerente Pedro Barusco assombrou até a oposição. O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, afirmou que errar é humano e que o PT deveria ter aproveitado a situação para fazer mea culpa. Caixinha de surpresas A nova presidente da Caixa, Miriam Belchior, assume o cargo com o desafio de estabelecer novos parâmetros de governança antes de abrir o capital do banco no mercado. Um dos nós é a Caixapar, subsidiária criada em 2009 para adquirir e alienar participações societárias em instituições financeiras públicas ou privadas. Em pouco tempo de existência, a Caixapar se enrolou no caso do Banco Panamericano. Punição inédita Aliás, o comitê de análise de processos administrativos punitivos do Banco Central recomendou a condenação de Fabio Lenza e Raphael Rezende Neto, pela operação de encerramento irregular de 500 mil poupanças e a transferência do saldo de mais de meio bilhão de reais para o lucro da Caixa Econômica em 2012. Eles podem ser impedidos de atuar no mercado bancário e financeiro por seis anos. Cabe recurso. _______________________________________ 4# BRASIL 18.2.15 4#1 O NOVO VELHO ENREDO DE DILMA 4#2 A CAIXA-PRETA DO BNDES 4#3 MARÉ BRAVA 4#1 O NOVO VELHO ENREDO DE DILMA O governo bota seu bloco na rua para estancar a perda de popularidade. Vai soltar um pacote anticorrupção para fingir que não tem nada a ver com o Petrolão e fazer muito barulho para esconder o estelionato eleitoral de 2014 Josie Jerônimo (josie@istoe.com.br) Se dependesse dos governantes, o espírito inebriante do Carnaval se estenderia pelo ano inteiro. O ambiente de fantasias e as multidões alegres nas ruas propiciam uma sensação de euforia que não necessariamente têm base na vida real. Mesmo as troças com personagens e pilhérias com escândalos com dinheiro público carregam a marca do bom humor, ambiente em nada parecido com as manifestações que ocuparam ruas do País nos últimos tempos. Como não é possível baixar um decreto prolongando a duração da folia para os brasileiros, a presidente Dilma Rousseff resolveu lançar mão de alguns artifícios para tentar manter o Brasil em clima de festa. A estratégia não é original. Pelo contrário, esse samba já cansou de atravessar a avenida petista. Para estancar a vertiginosa queda de popularidade, apontada pela última pesquisa Datafolha, a presidente recorre aos truques do marqueteiro João Santana, folião de destaque no carro alegórico governista. Em dias de Carnaval, é possível comparar o papel de Santana – conhecido no governo como o 40º ministro – ao de um carnavalesco. Cabe a ele criar o enredo que inebria a plateia. Na esfera política, como acontece toda vez em que se vê em apuros no meio da passarela, Dilma se escora no ex-presidente Lula, que depois de deixar o Planalto se transformou numa espécie de animador de bateria do governo. Tanto Santana quanto Lula estiveram com a presidente no final da última semana. Deles, Dilma ouviu que ela vai ter que gastar muita sola de sandália se quiser reverter uma rejeição de 44%. A evolução é a seguinte: fazer mais política, viajar com mais fre­quência pelo País, conceder entrevistas e anunciar medidas para sair da agenda negativa. Lula e Santana consideram “preocupante” o cenário apontado pelo Datafolha. De acordo com essa consulta, em pouco mais de um mês a avaliação positiva sobre Dilma caiu bruscamente. Metade da população a considera falsa (54%), indecisa (50%) e desonesta (47%). Em dezembro, 23% dos brasileiros avaliavam o governo como “ruim” ou “péssimo”. Este índice agora subiu para 44%. A cúpula petista atribuiu a percepção de “falsa” ao contraste entre o discurso do “Brasil das maravilhas” adotado na campanha eleitoral e a prática depois de reeleita, que trouxe medidas amargas, como o reajuste da gasolina e as alterações em benefícios sociais. “Há uma diferença entre o discurso da presidente quando ela lia o que escrevia João Santana e agora, quando lê o que escreve o ministro da Fazenda, Joaquim Levy”, afirma o senador Cristovam Buarque (PDT). A avaliação de “desonesta”, também segundo os assessores palacianos, guardaria relação com os recentes escândalos do Petrolão, que ainda não a atingiram diretamente, mas reforçam a sensação de impunidade, contra a qual Dilma prometera lutar durante a campanha. Para voltar a subir no conceito do irritado júri de brasileiros, a presidente escolheu como abre-alas o anúncio de um “pacote anticorrupção”. Depois do Carnaval, os brasileiros receberão uma compilação de antigos projetos de lei sobre combate aos malfeitos. Trata-se de um recurso já conhecido. Foi exatamente assim que o governo reagiu contra a revolta das ruas em junho de 2013. O pacote engloba temas bem familiares. Além de prometer punir com rigor agentes que enriquecem ilicitamente, o conjunto de propostas pretende tornar crime a prática de caixa 2, o velho ilícito utilizado como argumento pelo PT ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar escapar das penas do mensalão. O governo também prometerá agilizar o julgamento de processos de desvio de recursos públicos e acelerar investigações e processos movidos contra autoridades com foro privilegiado. No pacote ainda está prevista a criação de uma nova espécie de ação na Justiça para possibilitar o confisco de bens adquiridos de forma ilícita ou sem comprovação. Nenhuma das propostas que serão apresentadas por Dilma é inédita. Projetos idênticos ou com a mesma intenção permaneceram esquecidos nos quatro anos de seu primeiro mandato. Muitos deles de autoria até de parlamentares governistas. Mas a presidente nunca mobilizou sua base aliada na Câmara e no Senado para votar as propostas agora vendidas como inovadoras. Outra preocupação do governo é desconstruir a característica de “indecisa” atribuída à presidente no levantamento do Datafolha. Esse traço da personalidade estaria relacionado à notória falta de habilidade política de Dilma. Neste início do ano, a presidente e seu ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, em flagrante desarmonia com o Congresso, deixaram o comando da Câmara parar nas mãos do controverso deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A falta de gingado da dupla palaciana trouxe Lula de volta para a avenida. Além de viajar pelo País, em agendas combinadas com Dilma, o ex-presidente atuará como bombeiro na tentativa de pacificar a base governista. Um de seus trunfos é a negociação da composição do segundo escalão do governo. Sem Lula, a bateria perdeu o ritmo e o cortejo desandou. Atualmente, cada ala desfila em seu próprio compasso. É assim no Congresso e na Esplanada dos Ministérios. As bancadas do PT na Câmara e no Senado quase nada fazem para defender decisões que Dilma tomou sem ouvir auxiliares e aliados. A medida provisória que muda regras do seguro-desemprego é o maior exemplo. Nenhum parlamentar, por mais leal que seja, abraçou o projeto da presidente publicamente por temer perder votos por uma proposta que desagrada aos trabalhadores. Dilma demonstra ter pouca influência até mesmo sobre os líderes do Congresso. O projeto de criar uma alegoria para melhorar a imagem do governo passa ainda pelo esforço de reinventar a fantasia do PT, que agora se vê com mais um tesoureiro, desta vez João Vaccari Neto, envolvido num escândalo de corrupção, o Petrolão. O partido trabalha nos bastidores a fim de resgatar a imagem e viabilizar a candidatura de Lula ao Planalto em 2018. Para reforçar o resgate da imagem, o PT vai levar ao ar este mês uma web-TV. Estúdios foram montados em São Paulo e Brasília. A intenção é criar um canal em que o PT possa dar sua versão para os principais fatos políticos. Outra medida concreta será a qualificação do perfil dos dirigentes, hoje em sua maioria egressos da burocracia partidária. Livrar-se da pecha de partido pragmático, alimentada ao longo de 12 anos no governo, é outro objetivo, mas nesse caso a legenda teria de voltar a encampar suas velhas teses de esquerda. É aí que os interesses de Dilma e PT se chocam. Até se entrelaçarem novamente, como ocorre agora. Quando venceu as eleições, Dilma deixou vazar a informação de que Lula exerceria menor influência no novo mandato. Nos bastidores, dizia-se também que a presidente não gostou de saber que João Santana se atribui imensa importância pela vitória na campanha da reeleição, versão propalada na biografia do marqueteiro recém-lançada. Pouco mais de um mês depois do início do segundo mandato, os dois estão de volta para tentar salvar a apresentação. Como se percebe, apesar dos esforços, não será fácil para o governo prolongar a animação momesca dos dias de folia. É como se Dilma procurasse pôr em prática a atmosfera ilusória cantada no samba “Sonho de um Carnaval”, do compositor Chico Buarque. “Carnaval, desengano/ Deixei a dor em casa me esperando”. Mas, para a tristeza do bloco do governo, a realidade impõe um outro verso da obra de Chico: “Na quarta-feira sempre desce o pano”. AS MALDADES DO REI MOMO O Rei Momo é sempre a alegoria que abre o Carnaval. Tornou-se tradição as autoridades entregarem ao símbolo mitológico a “chave” de suas cidades, autorizando a “desordem” típica da festa. No Carnaval da República, o personagem cai bem no figurino adotado pelo novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele não recebeu a chave da Casa de boa vontade. Ao contrário, conquistou o posto graças a uma astuciosa articulação junto a colegas magoados com o PT e com o governo. As primeiras semanas de trabalho de Cunha, eleito para o cargo no dia 1° de fevereiro, guardam semelhanças com a mitologia de Momo, deus sarcástico banido do Olimpo depois de tanto criar confusões. O presidente da Câmara levou a plenário e aprovou projeto que gera despesas fixas de pelo menos R$ 9,6 bilhões anuais para o governo com o pagamento de emendas parlamentares. O Orçamento Impositivo, como é conhecido esse mecanismo, é um pleito antigo de deputados e senadores, mas até a gestão Cunha se evitava levar adiante uma afronta tão forte ao governo. Ele também não se acanhou em ler o ato de criação de uma nova CPI da Petrobras, comissão que se empenhará nas investigações do esquema de propina que atingem em cheio o PT e a base governista. Cunha ainda deixou no ar a possibilidade de mobilizar o PMDB e seu bloco majoritário para disputar os postos de presidente e relator da CPI, monopolizando assim os trabalhos de apuração. Esse foi só o início das mensagens de inauguração do carnaval legislativo. Nesse ritmo, Cunha vai ter em sua administração mais contatos com os 39 ministros do que a presidente Dilma Rousseff. A Casa aprovou na última semana a convocação de todo o primeiro escalão governista. Farão rodadas de apresentações que ocorrerão às quintas-feiras. Um calendário está sendo elaborado para definir a ordem das sabatinas. Os ministros terão que guardar espaço na agenda, pois o chamamento é compulsório. É convite para não ser deselegante logo de início, mas quem não comparecer será convocado, avisou. A medida vai afetar a vida dos parlamentares, que geralmente registram presença na manhã da quinta-feira e embarcam para seus Estados de origem. Como a comissão geral é realizada em plenário, a exposição dos ministros será transmitida pela TV Câmara e a população saberá se seu representante está ausente. As travessuras de Momo atingiram ainda a principal bandeira do PT para se reconciliar com a sociedade. Desde o escândalo do mensalão, o partido tenta emplacar no Congresso um modelo de reforma política que privilegia alteração no método de financiamento de campanha. O PT insiste em barrar doações de empresas privadas e alega que as eleições patrocinadas com recursos públicos podem ser mais equilibradas. Mas Cunha se apressou em montar uma comissão para analisar o modelo contemplado pela PEC 352/2013, que prevê o fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos, extingue o voto obrigatório e adota um sistema misto (privado e público) para o financiamento de campanhas. A bancada do PT avisou que votará contra o projeto. As extravagâncias políticas do peemedebista permitiram, até mesmo, que ele apoiasse um cabo eleitoral do senador Aécio Neves (PSDB-MG) – adversário de Dilma nas eleições – para liderar o PMDB na Câmara. Aecista declarado, Leonardo Picciani (PMDB-RJ) comandará a bancada de 68 parlamentares em um ano em que a presidente Dilma dependerá da base para aprovar projetos imprescindíveis para o governo. Esse Momo... Quando o assunto é revisão de regras trabalhistas, Dilma Rousseff canta sozinha. O corte de benefícios foi a solução encontrada pela presidente para conciliar o fraco desempenho da economia e o crescimento das despesas com seguro-desemprego, abono salarial, auxílio doença e pensão por morte. A resistência às medidas da presidente foi expressa por uma nota assinada pelo Diretório Nacional do PT. No documento, a legenda de Dilma acusa uma espécie de estelionato eleitoral praticado na campanha de 2014, quando ela usou seu tempo de propaganda para reafirmar a manutenção da política social da administração petista. “O partido decide propor ao governo que dê continuidade ao debate com o movimento sindical e popular, no sentido de impedir que medidas necessárias de ajuste incidam sobre direitos conquistados, tal como a presidenta Dilma assegurou na campanha”. Sem o aval do partido, o clima entre os líderes da base no Congresso é de total paralisia em relação à articulação política para aprovação do pacote de cortes de benefícios, materializados nas Medidas Provisórias 664 e 665, que estão na fila de apreciação. O constrangimento é geral. Em meados de janeiro, o PT até tentou colocar panos quentes na polêmica. O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, surgiu com argumentos de que a política de cortes do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, avalizada pela presidente, seria um “ajuste social”. A polidez durou pouco. Assim que as centrais trabalhistas colocaram os carros de som na rua para protestar, parlamentares do PT mais ligados aos movimentos sindicais aderiram ao bloco da oposição e se instalou uma confusão. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que o ajuste econômico deveria atingir as parcelas mais abastadas da sociedade e sugeriu a tributação de grandes fortunas como alternativa para ampliar receitas em vez de diminuir despesas. O deputado Vicentinho (PT-SP), ex-líder do PT, critica a nova regra que reduz o tempo de pagamento de pensão por morte para evitar que viúvos ou viúvas jovens recebam o benefício por grande parte da vida. A bancada do PCdoB na Câmara, liderada pela deputada Jandira Feghali (RJ), também marcou posição contrária às MPs. De acordo com Jandira, o governo deveria investir em mecanismo de combate a fraudes para reduzir os custos dos benefícios e não os direitos conquistados pelos trabalhadores. Até mesmo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), entidade irmã do PT, partiu para o ataque contra a presidente Dilma. O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que o Planalto “meteu os pés pelas mãos” e criou uma imagem negativa para o histórico da administração petista. “O governo cometeu um equívoco estapafúrdio, uma coisa desorientada, de editar medidas provisórias sobre assuntos que nós estávamos negociando desde 2007.” Apesar do bloco da resistência cada vez aumentar mais, internamente, o presidente do partido, Rui Falcão, defende apoio ao governo. O principal argumento é que revoltas internas em um momento de fragilidade política só facilitam a vida da oposição. 4#2 A CAIXA-PRETA DO BNDES Relatório obtido por ISTOÉ revela que inadimplência nos financiamentos do banco saltou de R$ 412,9 milhões para R$ 4 bilhões. Enquanto o TCU pede a abertura dos dados sigilosos da instituição, a oposição trabalha por uma CPI Josie Jerônimo (josie@istoe.com.br) Na quarta-feira 11, a oposição iniciou a coleta de assinaturas para instalar a CPI do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Congresso. O objetivo é investigar como o banco aplicou R$ 400 bilhões em recursos da União entre 2009 e 2014. Recheia o pedido dos oposicionistas um relatório alarmante. Trata-se do último informe de gestão de riscos da instituição, destinado à análise de investidores e mercado financeiro, ao qual ISTOÉ teve acesso. De acordo com o documento, que mede operações em atraso da carteira de créditos do BNDES, o montante total de parcelas de financiamento inadimplentes saltou de R$ 412,9 milhões em junho de 2014 para R$ 4 bilhões em setembro, crescimento de 976%. No mesmo período, em 2013, a variação de um trimestre para o outro foi de R$ 126,6 milhões para R$ 132,7 milhões. As empresas são consideradas inadimplentes quando atrasam em 90 dias o pagamento mensal do empréstimo. A dívida, segundo o banco, compromete todo o fluxo da instituição fomentadora. O BNDES diz que utiliza o montante de parcelas pagas pelas empresas financiadas para conceder crédito a novos clientes. Quando as empresas deixam de pagar o boleto mensal, a instituição perde recursos e precisa recorrer à União para manter o ritmo de financiamentos. Diante desse quadro, no início de dezembro, o governo autorizou um socorro de crédito de R$ 30 bilhões ao BNDES. Dois meses depois, o Congresso foi novamente acionado para votar outra medida provisória, desta vez para ampliar em R$ 50 bilhões o limite de incentivos financeiros repassados pela União ao banco. O BNDES é uma caixa-preta indevassável. A instituição financeira se recusa a divulgar a lista dos devedores sob a alegação de “proteção ao sigilo bancário”. O banco também se nega a informar para quem e em que condições foram concedidos os empréstimos bilionários a juros camaradas nos últimos sete anos. Intriga a oposição o fato de o salto no montante da inadimplência dos financiamentos coincidir com o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa aos integrantes da Lava Jato. A constatação sugere que as empreiteiras envolvidas no escândalo possam integrar a lista de devedores. O banco rechaça a suspeita. “O atraso observado para prazos menores acontece por motivos diversos, operacionais ou conjunturais da empresa, e não necessariamente por dificuldades financeiras”, informou a assessoria. SUSPEITAS - O aumento no montante da inadimplência dos financiamentos coincidiu com os depoimentos e prisões da Operação Lava Jato Hoje, nem mesmo o TCU consegue ter acesso aos dados do banco. A história pode mudar. O ministro Luiz Fux analisa um mandado de segurança impetrado pelo BNDES que impede o TCU de obter as informações sobre os financiamentos. Na última semana, Fux solicitou um parecer do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A decisão do ministro é aguardada com ansiedade. Derrubado o mandado, as informações ganharão a luz do Sol. “O BNDES empresta com taxas de juros de longo prazo, a 5,5%, e o governo toma empréstimos com taxa Selic de 12,5%. Esse crédito barato para as empresas custa R$ 30 bilhões por ano só em diferença de taxa de juros. Sem falar que o BNDES empresta para governos autoritários, ditaduras. É preciso dar transparência ao processo”, cobra o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM). Outro alvo da oposição é a carteira de aplicações no exterior. Em dezembro, o banco público encerrou concorrência para contratar por US$ 20 milhões uma banca de advogados estrangeiros somente para cuidar de assuntos internacionais, entre eles uma linha de financiamento para a aquisição de aeronaves comerciais que tenham valor igual ou superior a US$ 150 milhões. O programa de inserção internacional de empresas brasileiras teve início em 2003, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Em um primeiro momento, a alegação para financiar projetos em outros países era o fortalecimento do Mercosul. Com o passar do tempo, os empreendimentos se expandiram para países sem ligação com o bloco. 4#3 MARÉ BRAVA Explosão em navio-plataforma da Petrobras que deixou pelo menos cinco mortos e 25 feridos é o 50º acidente fatal em cinco anos. Episódio reacende debate sobre segurança nas produtoras de petróleo A sequência de denúncias de corrupção na Petrobras foi interrompida na quarta-feira 11 por um acidente grave numa das plataformas a serviço da estatal no litoral norte do Espírito Santo. Em nota à imprensa, a companhia informou que, por volta das 14h, uma explosão a bordo do navio FPSO Cidade São Mateus, operado pela BW Offshore, deixou ao menos cinco mortos e 25 feridos. O navio tinha uma tripulação total de 74 pessoas, entre funcionários da estatal brasileira e terceirizados. A Marinha enviou ao local um navio e dois helicópteros para apoiar as tarefas de evacuação de pessoas e o transporte das vítimas para hospitais de Vitória. A Capitania dos Portos abriu um inquérito administrativo para esclarecer as causas da explosão e apurar eventuais responsabilidades. A conclusão das investigações sairá em no máximo 90 dias. A explosão foi o 50º acidente fatal em operações da Petrobras nos últimos cinco anos, incluindo plataformas em alto-mar e refinarias. Só em 2014 foram contabilizadas 15 mortes. O Sindicato e a Federação Única dos Petroleiros, entidades que representam os trabalhadores da Petrobras, cobram mais atenção à segurança nas plataformas produtoras de petróleo. Num momento em que a estatal encontra-se acossada por escândalos, sindicalistas argumentam que o dinheiro escoado pelos dutos da corrupção poderia ser investido para dar condições de trabalho aos funcionários. Na quarta-feira 11, o acidente foi causado por um vazamento de gás na praça de máquinas da casa de bombas da plataforma, tendo sido imediatamente controlado. Para evitar outras possíveis explosões, a companhia norueguesa BW Offshore suspendeu a produção, que chega a 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. De acordo com a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, a maior parte das vítimas, que sofreram traumas e queimaduras graves, recebeu os primeiros socorros nos hospitais Vitória Apart Hospital e Jayme Santos Neves, ambos referências em tratamento de queimados. FPSO é um tipo de embarcação capacitada para a exploração, o armazenamento e o transporte de petróleo e gás natural. A FPSO São Mateus foi a primeira plataforma do gênero a explorar gás no Brasil. Ela atua no pós-sal dos campos de Camarupim e Camarupim Norte, na região litorânea de Aracruz, a cerca de 120 quilômetros da costa. A concessão do primeiro campo é operada pela Petrobras (100%) e a do segundo é uma parceria entre a estatal e a empresa Ouro Preto Gás e Petróleo (35%), presidida por Rodolfo Landim, ex-sócio de Eike Batista e que chegou a ser cotado para suceder Graça Foster – cargo que acabou sendo entregue a Aldemir Bendine. O navio tem bandeira panamenha e passou por inspeção da Marinha em 3 de abril de 2014. A próxima vistoria seria realizada ao completar um ano. Além do Cidade São Mateus, a BW opera o FPSO Cidade São Vicente, que atua no campo Lula, e o FPSO Polvo. A companhia norueguesa também é parceira do consórcio QUIP (Queiroz Galvão, UTC, Iesa e Camargo Corrêa) na plataforma P-63. Apesar da sociedade com empresas investigadas na Operação Lava Jato, a BW Offshore não foi citada. _________________________________________ 5# COMPORTAMENTO 18.2.15 5#1 CROSSFIT MANIA 5#2 FAROESTE BRASILEIRO 5#3 FINAL MELANCÓLICO 5#4 SOBROU PARA LUMA 5#5 SEPARAÇÃO VIOLENTA 5#6 OPERAÇÃO LAVA JATO NO MUSEU 5#7 MORRE A DAMA DO ABSTRACIONISMO 5#1 CROSSFIT MANIA A modalidade de treino que mistura atletismo, ginástica olímpica e disciplina militar se espalha pelas academias e torna-se a atividade preferida do verão brasileiro. Ela promete grande perda de peso e músculos mais definidos. Tudo isso em pouco tempo Mônica Tarantino e Rogério Daflon As atrizes Giovanna Antonelli e Bruna Marquezine fazem. Os atores Reynaldo Gianecchini e Bruno Gagliasso, também. E, como eles, um número cada vez maior de praticantes de atividade física pelo Brasil afora. O crossfit, método de condicionamento que mistura, entre outras coisas, elementos do atletismo e da ginástica olímpica, tornou-se a modalidade de treino preferida do verão brasileiro. Criado por Greg Glassman, 58 anos, um treinador da Califórnia, nos Estados Unidos, o crossfit contagia e se espalha pelas academias com uma força impressionante. De acordo com a Crossfit Inc., empresa de Glassman detentora da marca e treinadora oficial de professores de todas as nacionalidades, já são mais de 300 as salas – chamadas de boxes – destinadas à prática por aqui. Há dois anos, não passavam de 80. A técnica se dissemina também por mais de 30 países, entre eles a Argentina, a África do Sul, a Alemanha e a Nova Zelândia. Isso fora as academias que oferecem a modalidade, mas não têm licença da empresa de Glassman para usar o nome crossfit. EFEITOS - Força, concentração e precisão de movimentos estão entre as habilidades desenvolvidas no treinamento Por que a modalidade está fazendo tanto sucesso agora a ponto de levar as pessoas a abandonarem outras práticas, como a musculação? A razão principal reside no fato de ela ser resultado de uma combinação inteligente de fatores que vai ao encontro dos desejos das pessoas que há muito tempo praticam exercícios físicos e também motiva os novatos. O crossfit promete entregar resultados rápidos – leia-se mais condicionamento respiratório e muscular –, queima calórica considerável e quebra da monotonia no dia a dia dos exercícios. “Pelo método, não se pode repetir as aulas”, diz Antonelli Nicole, professora de crossfit e atual campeã brasileira da modalidade. O depoimento da atriz Giovanna Antonelli – praticante apaixonada e dona de um corpo escultural – corrobora a tese da professora. “É um esporte dinâmico, sem rotina”, diz. Esse eterno sabor de novidade a cada vez que se vai à academia só é possível porque as aulas se baseiam em uma variedade significativa de fontes. Estão presentes em seus fundamentos movimentos típicos de esportes olímpicos – os executados nas argolas são um exemplo –, do treinamento militar, como a escalada na parede, e do treino funcional. Este último embute o conceito mais moderno de treinamento hoje, que consiste na realização de exercícios que preparam o corpo para continuar apto a fazer o que lhe é exigido durante atividades rotineiras, como subir escadas ou sentar e levantar de uma cadeira. Com tantas possibilidades – são pelo menos 300 exercícios à disposição –, fica fácil planejar uma aula diferente a cada dia. “Em geral, a pessoa só fica sabendo como será seu treino daquele dia quando a aula começa”, explica André Turatti, professor da Cia. Athletica, uma das redes pioneiras no oferecimento do crossfit. E é justamente dessa união de movimentos tão distintos em uma única aula que advém parte dos benefícios para a manutenção da boa forma. “É um treino que mexe com todo o corpo”, afirma Eduardo Netto, diretor-técnico da BodyTech, rede que acaba de abrir salas de crossfit em unidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador. Aliada a essa capacidade está a proposta de que as séries de repetições sejam feitas com intensidade e velocidade. Segundo os treinadores, o resultado de se mexer com grupos musculares distintos, de forma intensa e rápida, é o desencadeamento de uma cascata de adaptações fisiológicas no organismo que exigem mais do metabolismo e do sistema nervoso. Os ganhos se traduzem em algo que todos almejam da prática de exercícios: músculos mais fortes, melhor função cardiorrespiratória, coordenação motora e flexibilidade apuradas e emagrecimento. Estima-se que a perda calórica seja da ordem de 500 calorias por aula. Trata-se, obviamente, de uma média. Como se sabe, a resposta metabólica de cada um é o que determina a perda de peso. “Para gastar, por exemplo, mil calorias em uma sessão de treino, o indivíduo precisa ser um atleta altamente treinado”, explica Turíbio Leite de Barros, professor de pós-graduação em fisiologia do exercício da Universidade Federal de São Paulo. Um item da receita de sucesso do crossfit está fora da esfera física, mas para muita gente tem grande importância para que a adesão aos exercícios se consolide. A modalidade incentiva o espírito competitivo e a superação de desafios. “O aluno é encorajado a dar o melhor de si”, diz Fábio Agrela, da Toro Gym, em Santo André (SP), que obteve seu certificado de professor de crossfit em cursos na Argentina. Para acentuar esse aspecto, toda sala tem um placar para registrar os tempos de cada adepto devidamente cronometrados pelo treinador. Tudo é controlado, anotado e conferido. Essa espécie de ranking doméstico serve de base para a classificação nos campeonatos nacionais e para o mundial, realizado anualmente nos Estados Unidos. “Mas nada disso é obrigatório. O aluno pode estabelecer que sua meta é superar a si mesmo e conquistar marcas melhores à medida que avança no treinamento”, garante Eduardo Netto, da BodyTech. O estímulo à superação de metas é algo que o praticante muitas vezes pode transpor para sua vida além da academia, como um combustível extra para ter sucesso, por exemplo, na vida profissional. Mas é preciso ter cuidado para que o incentivo não vire uma armadilha. A obstinação em superar as próprias marcas e as dos outros dentro das salas de treino pode conduzir o corpo a uma fadiga desastrosa. Alguns adeptos querem levar ao limite uma máxima que já permeou o treinamento físico e hoje se mostra superada: a de que sem dor não há ganho – no pain, no gain. “Não respeitar suas próprias condições físicas e biológicas é uma falha crucial, que pode levar ao surgimento de lesões”, alerta Wesley Olivar, da Academia Reebock. Entre as séries que requerem mais cuidado estão as envolvidas no levantamento de peso. “Mal executadas, elas podem gerar graves lesões ao ombro, à coluna vertebral, ao quadril e aos joelhos”, diz João de Abreu, treinador da Crossfit Brasil, em São Paulo. Na opinião do fisiologista Turíbio Barros, os riscos são ainda maiores se a pessoa era sedentária até recentemente e está acima do peso. “O resultado pode ser muito preocupante se ela vai além dos seus limites”, afirma. “Pode acabar em lesões como tendinite e sérios problemas musculares.” O segredo, portanto, é acertar os pesos usados e a intensidade dos exercícios de acordo com o corpo e a etapa de condicionamento de cada um. “Quem estudou e compreendeu direito o método sabe que o aprendizado da mecânica correta está em primeiro lugar. Depois vem o aumento da carga e da velocidade”, explica Eduardo Netto, da BodyTech. O grande problema é que já existem academias sem o certificado da matriz americana e, portanto, sem treinadores com a formação suficiente não só para corrigir erros como também estar atentos a quem, por exemplo, apresenta uma limitação muscular ou doença cardiovascular – casos que exigem mais atenção para não acentuar os problemas. Essas razões reforçam a necessidade de o praticante e os interessados na modalidade se certificarem de que estão sendo muito bem orientados. “Independentemente de sua condição física, o indivíduo precisa atingir uma excelente condição técnica para a execução do exercício”, afirma Eduardo Netto. Fazendo corretamente, o indivíduo ganhará somente os benefícios. Não ajudará a aumentar a estatística da Ihrsa – organização que reúne academias de todo o mundo – dando conta de que cerca da metade das pessoas que se propõem a treinar abandona a prática depois de, em média, três meses. As queixas principais são a monotonia do exercício e a falta de resultados rápidos. 5#2 FAROESTE BRASILEIRO Fortemente armados, bandos dominam cidades do interior e assaltam metrópoles na madrugada, numa onda de explosões a caixas eletrônicos que assusta o País. O que o Estado pode fazer para deter mais essa ação do crime Raul Montenegro (raul.montenegro@istoe.com.br) Madrugada de 23 de janeiro, duas da manhã. Policiais Militares ouvem disparos no centro de Orlândia, cidade de 40 mil habitantes no interior de São Paulo. Eles vêm da frente de uma agência bancária que acaba de ser explodida por dez homens em dois carros, uma Pajero Dakar e um Honda City prateados. Durante o assalto, os criminosos disparam a esmo fuzis 7.62, escopetas calibre 12 e pistolas .45, todas armas restritas. Quando duas viaturas chegam ao local, uma delas é atingida e os bandidos fogem levando o dinheiro de um dos caixas eletrônicos. Há menos de seis meses, em agosto, outro banco do município havia sofrido ação semelhante. Apesar de não ter havido confronto, diversas cápsulas foram encontradas pelo chão, pois o bando disparou para o alto, para demonstrar força. “É como se fosse cangaço, virou uma febre”, afirma Fábio Lopes, titular da Delegacia de Investigações sobre Roubo a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Essa espécie de faroeste moderno não fica restrito aos municípios do interior. Em grandes metrópoles, cada vez mais caixas eletrônicos são atacados por criminosos fortemente armados. Quando confrontados pelas autoridades, revidam com fogo pesado e fazem vítimas. A última foi Marinalva da Silva, 38 anos, morta na madrugada da segunda-feira 9 numa troca de tiros entre a PM e cinco bandidos que assaltavam uma casa lotérica na zona sul da capital paulista. Garçonete, ela voltava do serviço com uma colega quando foi alvejada por uma bala perdida. Na Grande São Paulo, os números crescem ano a ano. Em 2015, foram 21 casos só no mês de janeiro. Num dado compilado por um dos maiores bancos brasileiros, o município com mais ocorrências no ano passado foi Curitiba (PR), que contabilizou dez explosões contra agências dessa instituição – o que mostra que o problema está espalhado por várias regiões (leia quadro). No interior, as quadrilhas chegam dando tiros para o alto e exibindo poderio bélico. Enfrentam os poucos policiais locais com armamento superior, dominam a praça principal e explodem as agências, levando o dinheiro. Às vezes, roubam um carro com antecedência e o abandonam num local ermo ou disparam contra um transeunte para que ele seja levado de viatura ao hospital mais próximo. Quando as forças de segurança se afastam da área central, atacam. Nas metrópoles, eles operam quase sempre de madrugada. Vigiam ruas próximas e muitas vezes cooptam policiais, que dão cobertura. Uma ação dura em média dois minutos, da chegada ao banco até a fuga. DESTRUIÇÃO - No topo, bandidos tentam assaltar com explosivos caixa eletrônico em São Paulo, mas mecanismo de cortina de fumaça é acionado, o que impede a ação. Acima, caixa explodido em Ponta Grossa, no Paraná Alguns desses bandidos são assaltantes de bancos tradicionais que mudaram de ramo. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em 2013 ocorreram 449 roubos à moda antiga, uma queda de 76% em relação ao ano 2000. Especialistas em segurança acreditam, porém, que a maioria dos que explodem caixas é composta de criminosos inexperientes e que por isso os números tendem a cair no futuro, quando os métodos de repressão se aprimorarem e perceberem que o nicho já não está atraente. Os bancos já estão tentando se proteger. Uma das estratégias foi testada na terça-feira 10, quando três bandidos foram presos ao tentar explodir um caixa eletrônico na zona norte de São Paulo. Eles foram impedidos por um sistema antiarrombamento que enche a sala de fumaça, prejudicando a visão e inviabilizando o crime. Outra medida foi diminuir a quantidade de dinheiro nas máquinas – que podem guardar R$ 300 mil, mas atualmente são abastecidas com não mais de R$ 30 mil. A mais antiga estratégia é o mecanismo que tinge as notas quando o caixa explode, ainda utilizado por várias instituições – mas que os bandidos já aprenderam a burlar. O Estado também precisa agir com mais competência nesses casos. Mas o simples aumento do efetivo policial não será decisivo para acabar com esse crime que assusta a população. “O que resolve é uma investigação bem-feita”, afirma o sociólogo Claudio Beato, da Universidade Federal de Minas Gerais. “Há várias oportunidades de pegá-los, como quando adquirem armas e explosivos. Mas o fato de a vítima ser o banco, não o correntista, diminui o empenho.” Os especialistas também sugerem uma coordenação entre diferentes agências de segurança. “Polícias, prefeituras, os próprios bancos e Exército (que fiscaliza os explosivos) precisam se articular”, diz Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em São Paulo, o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, e o presidente da Febraban, Murilo Portugal, devem se reunir no dia 20 para anunciar novas medidas. Uma delas será pedir ao Banco Central permissão para implantar um sistema que destrói as cédulas em caso de explosão. “Estamos mapeando onde as explosões ocorrem e aumentando o policiamento durante a madrugada. Em poucos dias vamos desbaratar várias das quadrilhas”, acredita Moraes. A onda de ataques a caixas eletrônicos começou em 2003, em Hortolândia (SP), cidade próxima a Campinas (SP), sede de um presídio para onde foram transferidos vários criminosos após a desativação do Carandiru. Os bandos foram obtendo sucesso na região, aproveitando-se do fácil acesso a explosivos furtados ou desviados de pedreiras próximas dali. Aos poucos, migraram para outras partes do País. Então, perceberam que podiam dominar e saquear cidades pequenas, menos policiadas, à moda do cangaço E deu-se o faroeste. 5#3 FINAL MELANCÓLICO Com um segundo exame antidoping positivo, Anderson Silva caminha para uma despedida envergonhada do esporte que ajudou a popularizar no País Rodrigo Cardoso (rcardoso@istoe.com.br) Anderson Silva foi o grande responsável por conferir popularidade às artes marciais mistas (MMA) no Brasil. Com um currículo que inclui 17 vitórias e duas derrotas no UFC, a principal competição do esporte, o lutador, apelidado de Spider (Aranha), foi, até 2013 e durante sete anos, o atleta que por mais tempo esteve de posse de um cinturão de campeão do evento. Tornou-se, assim o maior da história. Silva retornou ao octógono no UFC 183, em 31 de janeiro, após passar cerca de nove meses se recuperando de uma fratura na perna esquerda. Venceu a luta, mas não ficou com a vitória porque, três dias depois dela, foi revelado que havia testado positivo para esteroides e anabolizantes em um exame surpresa 22 dias antes do confronto. O revés não parou por aí. O brasileiro, que estava escalado para ser um dos técnicos do TUF Brasil, espécie de reality show que revela novos talentos para o UFC, foi dispensado do posto. Mais: parte do bônus que ele ganhou pela vitória no UFC 183, cerca de R$ 565 mil, corre o risco de ser caçada. O pior, porém, ainda estava por vir. Na quinta-feira 12, vazou a informação de que Silva foi pego em um segundo antidoping. NOCAUTE - Anderson Silva, no dia da luta com Nick Diaz: ele já foi dispensado da apresentação de um reality show de novos talentos do UFC e pode perder parte do bônus ganho na disputa A notícia, divulgada pelo respeitado site norte-americano MMA Junkie, partiu de fontes ligadas à Comissão Atlética de Nevada (NSAC), responsável por regular o controle antidoping em Las Vegas, onde o brasileiro disputou o UFC 183 contra o americano Nick Diaz. O site não soube dizer a data desse segundo exame e nem quais substâncias proibidas foram encontradas. O site Combate.com, por sua vez, cravou se tratar de um teste de urina feito no dia da luta contra Diaz. A NSAC, até o fechamento desta edição, não havia se pronunciado oficialmente sobre o fato. Por meio de sua assessoria, o UFC informou que “a confirmação deve ser feita com a Comissão Atlética de Nevada, instituição responsável pela realização e divulgação dos resultados dos exames”. Independentemente da confirmação oficial, o fato é que o maior lutador de MMA da história, aos 39 anos e já inclinado a encerrar a carreira, mesmo depois da vitória sobre Diaz, parece caminhar para por um ponto final melancólico em uma trajetória recheada de grandes conquistas. “A mancha de um doping fica na carreira de um atleta para sempre, mesmo que ele seja absolvido”, afirma Alberto Murray Neto, ex-atleta e ex-árbitro da Corte Arbitral do Esporte, que fica na Suíça. Murray cita como exemplo o episódio vivido pelo nadador Cesar Cielo, no Mundial de Xangai, na China, em 2011. Meses antes da competição, o brasileiro havia testado positivo para um diurético proibido, mas havia sido absolvido. Liberado para o Mundial, Cielo conquistou dois ouros, mas foi vaiado por torcedores e atletas. “A mancha de um doping fica na carreira de um atleta para sempre, mesmo que ele seja absolvido” - Alberto Murray Neto, ex-atleta e ex-árbitro da Corte Arbitral do Esporte Para o ex-lutador de MMA Carlão Barreto, hoje dirigente esportivo, o revés vivido por Silva reforça uma política que vem sendo intensificada pelo MMA, de não proteger lutadores que tentem tirar vantagem por meio do uso de substâncias proibidas. “A imagem do Anderson ficou arranhada com esse doping. Criou-se uma sombra sobre o legado que ele construiu, infelizmente”, diz Barreto. 5#4 SOBROU PARA LUMA Numa atitude polêmica, Polícia Federal apreende veículos na casa da ex-modelo Luma de Oliveira, após bloquear bens de seu ex-marido Eike Batista O Carnaval nem tinha começado, mas a quinta-feira 12 amanheceu com clima de Quarta-Feira de Cinzas para a eterna musa dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, Luma de Oliveira. Às 7h30, policiais federais chegaram à casa da ex-mulher do empresário Eike Batista para cumprir um mandado de busca e apreensão da 3ª Vara Criminal da Justiça Federal carioca, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal. Foram recebidos pelo filho do casal, Thor, e pelo chefe de segurança da casa. Antes de serem autorizados a entrar, ameaçaram invadir a mansão, segundo testemunhas. Os agentes apreenderam três veículos: duas Toyotas Hilux, estimadas em R$ 175 mil cada uma, e uma BMW X5. O carro de um dos filhos, uma Range Rover, não estava no local e por isso não foi levado. O bloqueio foi decretado para garantir o pagamento de possíveis indenizações. O empresário responde por seis crimes, entre eles manipulação de mercado e formação de quadrilha. ANTES DO CARNAVAL - A BMW X5 recolhida na casa de Luma na quinta-feira 12: clima de Quarta-Feira de Cinzas Desde sexta-feira 6, a Polícia Federal tem recolhido bens de Eike Batista em propriedades no Rio e em Angra dos Reis. A última apreensão, realizada na quarta-feira 11, confiscou um iate, três motos aquáticas e uma lancha – a operação faz parte do bloqueio de R$ 3 bilhões em posses do empresário e de familiares. “Depois de todos os bens apreendidos, vamos avaliar até chegar ao montante que o Ministério Público requereu. Caso ultrapasse, o restante será devolvido”, afirmou o juiz Flávio Roberto de Souza, da 3ª Vara Federal Criminal. A apreensão, entretanto, é polêmica. O advogado Sérgio Bermudes, responsável pela defesa de Batista, classificou a decisão de brutal. “A Polícia Federal foi extremamente correta e cortês, mas a decisão judicial só pode ser classificada como fúria selvagem”, afirmou. Segundo o advogado, embora a apreensão garanta o pagamento de indenizações, o processo ainda está no início. Por isso, no seu entendimento, o correto seria fazer um levantamento de todos os bens de Eike, acautelá-los e deixar o empresário como fiel depositário. “Processos como esses demoram, e os bens ficarão largados por anos”, diz Bermudes. “Vamos entrar com medidas judiciais contra essa situação.” 5#5 SEPARAÇÃO VIOLENTA Assassino da atriz Daniella Perez tem divórcio conturbado e queixas de tortura psicológica contra a ex-mulher Camila Brandalise (camila@istoe.com.br) Guilherme de Pádua, 45 anos, passou sete anos preso pelo assassinato da atriz Daniella Perez (1970-1992). Na semana passada, voltou a estar em evidência por causa de um atribulado processo de separação que vive com a ex-mulher Paula Maia, 30 anos. Segundo ela, a relação de nove anos estava bastante desgastada quando, em agosto de 2014, ela decidiu se separar e ele não aceitou. “Foi um processo doloroso e estressante”, disse Paula à ISTOÉ, sem dar mais detalhes sobre o motivo da separação. A sogra de Pádua, Ângela Castro, porém, não poupa o genro e diz que ele fez “tortura psicológica” para que o casamento não acabasse. “Ele pressionava minha filha por meio da palavra de Deus, dizendo que ela estava pecando com o divórcio. Chegou a mandar mensagem dizendo que estava colocando gente atrás dela para saber o que ela fazia”, afirma Ângela. O divórcio foi assinado em janeiro. Mas nem assim Paula ficou livre da pressão do ex-marido. A mãe, outros parentes e amigos da estudante de veterinária afirmam que Pádua a difamou entre os fiéis da Igreja Batista Lagoinha, frequentada por ambos, em Belo Horizonte (MG). Teria sido ele, inclusive, o responsável por tirar o projeto dela da comunidade, um grupo de amparo a animais. “Ele dizia que Paula o havia abandonado, fez as pessoas se virarem contra ela.” diz Ângela. A mãe ainda afirma que, logo após a filha sair de casa, Pádua teria invadido o apartamento da família, onde ela estava, levando-a até seu carro e dirigido em alta velocidade, ofendendo-a e dando socos no volante. “Paula me disse que orou muito naquele momento, pois achou que fosse morrer.” Ângela conta também que o genro manipulava a filha dizendo que ela perderia tudo que construiu se saísse de casa. “Ele usou as duas coisas mais importantes da vida dela, Deus e os animais, para manter o controle.” Em nenhum momento, porém, a estudante de veterinária diz que o ex-marido a ameaçou diretamente. “Mas a relação foi desgastante a ponto de eu desenvolver uma forte depressão”, diz Paula. Ângela afirma que a filha já confessou ter medo de Pádua. Hoje, ela considera o ex-genro uma pessoa manipuladora, que seduziu a filha e conquistou a família, mas que, desde o começo, apresentava um caráter pouco confiável. “Na época, quando o relacionamento deles começou, não aceitei. Mas, depois de ouvi-lo, dei uma chance. Se fosse hoje, não permitiria esse envolvimento.” 5#6 OPERAÇÃO LAVA JATO NO MUSEU Quadros de artistas renomados apreendidos pela Polícia Federal completam o acervo do Museu Oscar Niemeyer, no Paraná Fabíola Perez (fabiola.perez@istoe.com.br) Os visitantes que apreciam o acervo do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, no Paraná, têm um motivo a mais para frequentar o espaço. Um novo lote com 48 obras de arte, apreendido pela Polícia Federal na nona fase da Operação Lava Jato, foi entregue à instituição na quarta-feira 11. Os quadros, de grande porte e alto valor, foram trazidos do Rio de Janeiro por uma transportadora especializada. A coleção conta com artistas renomados, como Amilcar de Castro, Salvador Dalí, Pedro Motta e Vik Muniz. “As obras passarão por um processo de higienização antes de serem expostas”, diz Estela Sandrini, diretora cultural do museu. Os bens foram apreendidos na casa de Zwi Zcorniky, representante do estaleiro Keppel Fels e acusado de atuar como intermediador do pagamento de propina em contratos com a Petrobras. Há suspeitas de que as telas tenham sido utilizadas para lavagem de dinheiro. Por determinação do juiz Sérgio Moro, os objetos foram apreendidos porque podem servir para a reparação dos crimes. É o segundo lote que o museu recebe. Em janeiro, em outra fase da operação, 16 quadros de artistas como Iberê Camargo, Cícero Dias, Aldemir Martins e Di Cavalcanti, retirados da casa da doleira Nelma Kodama, foram entregues à instituição. COLEÇÃO - O lote com 48 obras foi apreendido na casa do operador Zwi Zcorniky, no Rio, e chegou na quarta-feira 11 ao museu paranaense A expectativa é que a curiosidade em torno das obras atraia público, hoje estimado em 36 mil visitantes por mês. “Algumas pessoas já estão vindo ao museu especialmente para conhecer os quadros da operação Lava Jato”, diz Fernando Bini, professor de história da arte da Universidade Federal do Paraná e membro do conselho do museu. “São itens que despertam interesse pela relevância cultural e pelo contexto político.” As primeiras telas que chegaram ao espaço completaram o acervo de arte moderna. Já o novo lote é composto de quadros contemporâneos, a maioria produzida após o ano 2000. ATRAÇÃO - Obras de Cícero Dias, do primeiro lote, já estão expostas ao público A coleção será mantida sob custódia do museu por se tratar de um espaço que segue padrões internacionais de clima e temperatura para armazenagem de obras de arte. Antes de serem expostos, os quadros do novo lote serão submetidos a exames para constatar a autenticidade e o estado de conservação. “À primeira vista, todos parecem ser autênticos, mas passarão pela avaliação de pessoas que identificarão o período da tela e o histórico do artista”, explica a diretora Estela. Serão produzidos laudos técnicos e as obras ficarão em um período de quarentena, isoladas do restante do acervo para descartar a existência de cupim ou fungos. 5#7 MORRE A DAMA DO ABSTRACIONISMO Ela falava pouco e baixo, mas Tomie Ohtake cumpriu o que mais queria de sua arte: se aproximar das pessoas Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Para os moldes da arte que se faz hoje, Tomie Ohtake foi uma artista tardia. Imigrante de Kyoto, veio para o Brasil em 1936. Só começou a pintar aos 40 anos, depois de formar os dois filhos, o arquiteto Ruy Ohtake e o produtor cultural Ricardo Ohtake, diretor do instituto em São Paulo que leva o nome dela. Nunca aprendeu inteiramente o português, o que jamais representou um empecilho para a divulgação e a valorização de seu trabalho. Com muita gentileza, sempre com a voz muito baixa, repetia com um sorriso que tudo o que tem a dizer está dito em seus trabalhos. A artista, que morreu na quinta-feira 12, aos 101 anos, de complicações decorrentes de uma pneumonia, em São Paulo, é um dos nomes mais conhecidos e valorizados do abstracionismo brasileiro. Suas pinturas, painéis, gravuras e esculturas ocupam dos leilões e museus mais importantes do mundo às vias públicas da cidade que escolheu como lar, a capital paulista. Tomie abandonou a figura no começo dos anos 1960. Desde então, frequentou as mais importantes exposições de arte contemporânea, mantendo a mesma linguagem gestual e intuitiva que se tornou marca inconfundível de sua arte, que ela preferia ver em grande escala. “Não gosto de pintar coisas pequenas, nem de pintar com a ponta dos dedos. Uso o corpo todo”, disse certa vez, quando falava sobre as esculturas tubulares interativas, que hoje ocupam o primeiro piso do Instituto Tomie Ohtake. Tomie queria que as pessoas “dançassem” com suas imensas e levíssimas peças, algo que as crianças sempre tiveram mais coragem de fazer que os adultos. CORAGEM - A artista plástica Tomie Ohtake, que só começou a pintar aos 40 anos, quando os dois filhos já estavam formados A aparente timidez escondia uma mulher que jamais perdeu o interesse pela recepção de seu trabalho. Em São Paulo, são de sua autoria as ondas de concreto da avenida 23 de Maio, os painéis de pastilha da estação Consolação do Metrô, na avenida Paulista, e o Monumento ao Trabalhador, a imensa “fita” de aço vermelha feita para o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, que hoje ocupa espaço público do município da Grande São Paulo. Realizada há apenas dois anos, a peça teve toda a execução acompanhada pela artista, que em paralelo preparava exposições e livros que comemoram seu centenário, no ano passado. _________________________________________ 6# ECONOMIA E NEGÓCIOS 18.2.15 6#1 O ESQUEMA DE SONEGAÇÃO DO HSBC 6#2 PARA ECONOMIZAR COM O TELEFONE FIXO 6#1 O ESQUEMA DE SONEGAÇÃO DO HSBC Como funcionava a lavanderia do banco inglês para favorecer empresários, famosos e até criminosos. O braço brasileiro operou como uma das principais artérias do golpe e pode ter movimentado mais de US$ 7 bilhões irregularmente Amauri Segalla (asegalla@istoe.com.br) O espanhol Fernando Alonso entrou para a história do esporte ao conquistar o bicampeonato de Fórmula 1. Selim Alguadis, um empresário turco, forneceu componentes elétricos para o projeto nuclear da Líbia. Fana Hlongwane, político de certa notoriedade na África do Sul, traficou armas. O tirano Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier governou o Haiti durante 16 anos. O marroquino Aziza Kulsum financiou a guerra civil no Burundi, na década de 90. Entre outras façanhas, Valentino Garavani, o estilista italiano, desenhou o vestido de Jacqueline Kennedy na ocasião de seu casamento com Aristóteles Onassis. Há três coisas em comum entre as pessoas listadas acima. A primeira: todas são, ou eram, muito ricas. A segunda: em algum momento de suas vidas foram correntistas do britânico HSBC. A terceira: elas usaram o braço suíço do banco para manter contas secretas e, assim, sonegar quantias enormes em impostos. O escândalo estourou na semana passada, depois da revelação, pelo jornal francês “Le Monde”, de documentos obtidos pelo ICIJ (The International Consortium of Investigative Journalists).Trata-se do maior vazamento de dados bancários da história. ROMBO - Sede do HSBC na Suíça, onde o golpe foi engendrado: no mínimo US$ 120 bilhões foram movimentados nas contas secretas Os documentos cobrem o período entre 2005 e 2007 e apontam para contas secretas de 106 mil clientes, que, juntos, movimentaram US$ 120 bilhões. É muito dinheiro até para os dias atuais. Corresponde, para ficar no mesmo setor, ao triplo do faturamento do Itaú durante um ano. O Brasil é o quarto país com o maior número de correntistas flagrados no golpe. De acordo com o relatório do ICIJ, 8.667 brasileiros esconderam US$ 7 bilhões no HSBC da Suíça, possivelmente sem jamais terem declarado à Receita esses valores. Por ora, não há muita informação a respeito dos investidores, mas é provável que a Polícia Federal inicie uma varredura nos próximos meses. Segundo o ICIJ, os dados foram vazados por Hervé Falciani, um ex-funcionário do HSBC que se indignou com as práticas indecorosas do banco. Na maioria dos países, não é ilegal manter contas bancárias em paraísos fiscais como a Suíça. No caso HSBC, a fraude consiste em ocultar das autoridades milhões de dólares (ou mais) em investimentos. O nome para isso é sonegação. Além de orientar seus clientes sobre as estratégias para escapar do Fisco, o HSBC oferecia produtos bancários não identificados, ajudava esses privilegiados a dissimular contas não declaradas (o que pode ser caracterizado como caixa 2) e permitia que eles retirassem enormes somas em espécie. A lei era ignorada sem cerimônias. Oficialmente, o limite de retiradas em 2005 era de 8 mil francos suíços (algo como R$ 25 mil), mas o HSBC passava por cima das regras. O relatório revela que o magnata israelense Beny Steinmetz, do ramo de diamantes, retirou em um único dia US$ 100 mil (ou quase R$ 300 mil). É ainda mais assustadora a leniência do HSBC com criminosos mais perigosos. As investigações indicam que o banco permitiu que cartéis de drogas da América Latina lavassem milhões de dólares, tornando o dinheiro sujo utilizável. Parecia não haver limites para a instituição. Uma rede de financiadores da Al-Qaeda, de Osama bin Laden, mantinha contas secretas na sede do HSBC na Suíça. Não é preciso muito esforço para imaginar o destino do dinheiro e perceber a nada sutil intersecção entre o crime internacional e negócios legítimos. O caso também cobre de suspeitas executivos de certa fama. No período do vazamento, o HSBC era comandado por Stephen Green, que largou o banco em 2010 para ser ministro do Comércio do premiê britânico David Cameron. “Naquela época, o combate à lavagem de dinheiro já estava sedimentado”, diz Janaína Paschoal, especialista no assunto da Faculdade de Direito da USP. “Os gerentes precisam entrevistar o cliente, saber de onde vem o dinheiro. Não sei se o HSBC tomou essas medidas.” De tempos em tempos o mercado financeiro é alvejado por denúncias. Em 2008, o megainvestidor americano Bernard Madoff, de grande reputação na praça, foi preso pelo FBI por comandar um esquema fraudulento que espalhou prejuízos de US$ 50 bilhões em diversos países, inclusive no Brasil. Também nos Estados Unidos, instituições clássicas como J.P. Morgan e Wachovia foram acusadas de manter contas alimentadas pelos cartéis de droga do México, permitindo que eles lavassem bilhões de dólares ilegais. Um dia depois das denúncias, o HSBC transmitiu um comunicado. “Nós tomamos conhecimento e fomos alertados sobre falhas nos controles internos no passado”, informou a nota. Admitir a fraude é o primeiro passo. Muita coisa virá pela frente. 6#2 PARA ECONOMIZAR COM O TELEFONE FIXO Novas regras da Anatel vão reduzir o custo das ligações. Saiba como gastar menos e aproveitar melhor o seu plano Luisa Purchio (luisapurchio@istoe.com.br) A partir do dia 24 de fevereiro, as ligações feitas de telefone fixo para móvel vão ficar mais baratas. A redução é fruto do Plano Geral de Metas da Anatel, que diminuiu a tarifa de uma espécie de “pedágio” pago pelas concessionárias ao utilizarem a rede de outra operadora. Por questões contratuais, essa redução deve ser repassada aos usuários. “Era um valor negociado livremente entre as partes e que estava muito aquém de seu custo”, disse Carlos Baigorri, superintendente de competição da Anatel. Para Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste, o consumidor não tem muitos motivos para comemorar, pois o valor do serviço ainda é alto. “A infraestrutura da rede de telefonia já foi paga e não há motivos para pagar mensalidade no plano básico”, diz ela _________________________________________ 7# MUNDO 18.2.15 O COLAPSO DO CHAVISMO Mergulhada na pior crise econômica em uma década, a Venezuela discute se não é hora de deixar para trás o receituário nacionalista de Hugo Chávez Mariana Queiroz Barboza (mariana.barboza@istoe.com.br) Nos 14 anos em que ocupou o Palácio de Miraflores, em Caracas, Hugo Chávez, morto em 2013, construiu uma imagem de líder messiânico, amigo dos pobres e inimigo dos imperialistas do Ocidente. Sob Chávez, a Venezuela melhorou significativamente seus indicadores sociais (a mortalidade infantil e os índices de pobreza despencaram), mas os amplos gastos estatais, subsidiados pelo dinheiro que jorrava do petróleo, e a corrupção sem controle corroeram a economia do país. Apesar do legado dúbio, o chavismo ganhou sobrevida com a eleição de seu sucessor, Nicolás Maduro. Mas agora, enfrentando a mais grave crise econômica da década, a Venezuela questiona se o modelo construído pelo caudilho se esgotou. ORDEM E CAOS - O presidente Nicolás Maduro desfila em parada militar, enquanto o povo tumultua a fila de um supermercado para comprar frango, em Caracas. À medida que a escassez de produtos se agrava, a popularidade de Maduro cai As filas nos supermercados transformaram a procura por produtos básicos como leite, arroz, fraldas e papel higiênico numa batalha cotidiana. O desabastecimento se agravou nas últimas semanas, quando soldados da Guarda Nacional tiveram que ser deslocados para evitar saques, tumultos e contrabandos. Na raiz da escassez de bens e do colapso financeiro estão os subsídios para a gasolina e a energia elétrica, o controle cambial e a política de congelamento de preços, que, em muitos casos, faz com que a importação fique mais barata que a produção local. Além disso, o preço do barril do petróleo caiu praticamente pela metade no ano passado. Dona das maiores reservas de petróleo no mundo, a Venezuela depende do combustível para a entrada de 96% de suas divisas. Isso reduziu sua capacidade de investimento e de pagar a dívida pública. Como resultado, a inflação está acima de 60% ao ano e a economia deve encolher 7% em 2015, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. “Numa crise normal, as pessoas não têm dinheiro suficiente para comprar o que necessitam e os produtos ficam na prateleira”, disse à ISTOÉ David Smilde, especialista em Venezuela da ONG americana Wola, que promove estudos sobre América Latina, e autor de três livros sobre o chavismo. “Na atual crise venezuelana, até mesmo os pobres podem pagar pelos produtos básicos, mas eles são difíceis de obter, requerem viagens diárias e horas na fila.” Segundo Smilde, o país sofre com o desabastecimento há muito tempo, mas as classes mais baixas eram pacientes, porque, com o controle de preços, tinham acesso a produtos que antes não podiam comprar. Já havia, por exemplo, registros de escassez em 2013, quando o preço do barril do petróleo ainda estava acima de US$ 100. Mas agora a situação é tão crítica que a paciência acabou e isso tem se refletido nos índices de popularidade do governo. Em janeiro, a aprovação de Maduro chegou a seu pior nível: 22%. O presidente culpa os empresários, que estariam num complô com a oposição para desestabilizar o governo. Desde o ano passado, o governo prendeu mais de 20 executivos do varejo. A conspiração também envolveria o governo em denúncias como a que acusa Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, de ser narcotraficante. Na semana passada, foi revelada a participação de um ex-segurança de Chávez, promovido ao alto escalão do governo, num escândalo internacional de fraude fiscal envolvendo o banco HSBC na Suíça. Mesmo num cenário profícuo para a oposição, ela segue disforme, sem apresentar um projeto alternativo de poder. “Se não nasce uma força que representa a esperança, como foi o chavismo, o status quo pode manter-se durante muito tempo”, afirma o analista político Dimitris Pantoulas. “O chavismo, enquanto proposta popular e nacionalista, ainda é uma força política importante. Enquanto modelo de petro-Estado, ele se esgotou.” No segundo semestre, haverá eleições legislativas e os socialistas podem perder o controle do Parlamento. “Chávez ressuscitou a utopia de que éramos um país rico”, afirma Alberto Barrera Tyszka, coautor de uma biografia do ex-presidente. “Hoje suas promessas estão sendo desfeitas.” ___________________________________________ 8# TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE 18.2.15 RETOMADA NUCLEAR Mesmo ainda abalado com o acidente de Fukushima, o mundo retoma a construção de usinas atômicas de olho na redução dos gases estufa Cesar Soto (cesar.soto@istoe.com.br) Quatro anos depois do tsunami devastador que destruiu os reatores da Usina de Fukushima, no Japão, o mundo parece estar se reconciliando com a energia nuclear. Mesmo ainda sob o impacto do pior acidente atômico desde Chernobyl, 16 países estão investindo na construção de 72 novas usinas nucleares, a maior parte delas exatamente na Ásia. O movimento, apesar de ainda contar com a resistência dos ambientalistas, é um sinal claro de que a energia atômica está longe de ser aposentada, como previram os assustados japoneses logo após o tsunami de 2011. LÍDER - Só na China, 28 novas usinas nucleares estão em construção Na verdade, a expectativa é de que usinas nucleares, em número cada vez maior, passem a ser construídas em ritmo acelerado. De acordo com um relatório conjunto divulgado em janeiro pela Agência Internacional de Energia e pela Agência Internacional de Energia Nuclear, seria necessário no mínimo dobrar a capacidade de geração das usinas atômicas até 2050 para reduzir de forma sensível o nível de emissão dos gases estufa na atmosfera. Apesar de seus resíduos serem altamente contaminantes, as usinas nucleares praticamente não emitem CO2 – a tecnologia produz 70 vezes menos gases de efeito estufa que o carvão, responsável por 40% da eletricidade do mundo. “São muito mais baratas e eficientes”, diz Sérgio Malta, presidente do Sindicato Interestadual das Indústrias de Energia Elétrica (Sinergia). Hoje, cerca de 400 gigawatts/hora de energia elétrica são produzidos em usinas nucleares – o Brasil consome em média 88 gigawatts/hora. As 72 usinas que estão sendo construídas ampliarão essa capacidade em pouco mais de 10%. Ou seja, apesar de extremamente perigosa, a energia atômica parece estar longe de ser aposentada. ____________________________________________ 9# CULTURA 18.2.15 9#1 A VIDA DESCONHECIDA DE ROSA PARKS 9#2 CINEMA - PERTO DO FIM 9#3 EM CARTAZ - CINEMA - O DESAFIO DE IR ALÉM DA AMIZADE ENTRE CRIANÇA E CACHORRO 9#4 EM CARTAZ – DVD - HUMOR À ITALIANA 9#5 EM CARTAZ – LIVRO - UM OUTRO ARTHUR MILLER 9#6 EM CARTAZ – CINEMA - QUANDO O JAZZ CHORA 9#7 EM CARTAZ – TEATRO - NADA DE NOVO NO FRONT 9#8 EM CARTAZ – AGENDA - RETROSPECTIVA/REC/FICAM 9#9 ARTES VISUAIS - BELAMENTE BELIGERANTE 9#1 A VIDA DESCONHECIDA DE ROSA PARKS Os EUA abrem pela primeira vez o arquivo pessoal da costureira americana que virou heroína na luta pelos direitos civis dos negros, vivida no cinema por Oprah Winfrey no filme "Selma", candidato ao Oscar Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Depois de dez anos dentro de caixas, mais de dez mil documentos pertencentes a Rosa Parks, a mãe dos direitos civis nos Estados Unidos, vêm a público. O acervo, incorporado à Biblioteca do Congresso Nacional dos EUA, conta uma história menos conhecida da costureira do Alabama que, ao se recusar a ceder o lugar no ônibus para um branco em 1955, deflagrou o processo que mudou a lei americana de segregação. Interpretada no cinema pela apresentadora Oprah Winfrey no filme “Selma – Uma Luta pela Igualdade”, parceira do pastor Martin Luther King Jr. na condução da NAACP (Associação Nacional para o Avanço da Pessoa de Cor), Parks foi alvo bastante frágil das avaliações históricas sobre o movimento que convulsionou os Estados Unidos entre as décadas de 1950 e 1960. Por uma disputa de espólio entre a família dela e o Instituto Rosa e Raymond Parks, o retrato de quem foi a mulher de olhar destemido por traz dos óculos na fotografia tirada no dia de sua prisão (que ilustra a página anterior) estava incompleto. Havia até quem julgasse que Rosa Parks calculara a ação que lhe mandou para a cadeia, justamente por contar com a pressão da opinião pública para colocar nas ruas o movimento. Mas não. Ela só estava cansada. SÍMBOLO - A ativista que mudou a história americana A prisão e o processo lhe custaram o emprego na loja de departamentos em que trabalhava na época (para onde, aliás, rumava no ônibus no qual tudo começou). Segundo a principal biógrafa da ativista, Jeanne Theoharis, os registros que revelam a fragilidade de sua saúde (ela sofria de úlceras) e sua luta contra a pobreza também mostram o quanto ela continuou pagando pela desobediência, mesmo quando já era tida como símbolo de uma luta legítima. Julian Bond, ex-presidente da NAACP, disse ao jornal “The New York Times”, no dia da abertura da coleção, que foi um crime levar tanto tempo para liberar os documentos. Não restam dúvidas de que Rosa Parks escreveu seus diários para a posteridade. RECONSTITUIÇÃO - Acima, Rosa Parks e Luther King na Marcha sobre Washington. Abaixo, o movimento retratado no filme "Selma - Uma Luta pela Igualdade" Uma das revelações inclusive é a hesitação na futura exposição da vida pessoal. Em algumas passagens, a ativista questiona se sua vida privada poderia decepcionar a multidão pró-igualdade que ela encorajou à luta. Cartas de crianças em idade escolar do acervo comprovam que Rosa Parks foi uma heroína de seu tempo. Mas os diários confirmam que, no fundo, ela só estava cansada de dizer sim, senhor. 9#2 CINEMA - PERTO DO FIM Documentário revela detalhes sórdidos da vida de Kurt Cobain, popstar mais idolatrado dos anos 1990 Elaine Guerini, de Berlim Frances Bean Cobain tinha 2 anos de idade quando o pai, Kurt Cobain (1967-1994), cometeu suicídio. Foi pensando na jovem, hoje com 22 anos, que a família do líder do Nirvana liberou material inédito para a realização do documentário “Kurt Cobain: Montage of Heck” – exibido na semana passada na 65ª Berlinale, como é conhecido o festival de cinema alemão. DISTÂNCIA - Kurt Cobain (acima) se matou com um tiro na cabeça em 1994, quando a filha Frances Bean, produtora do filme, tinha 2 anos de idade Cadernos de anotações, gravações de áudio, fotografias, desenhos, pinturas, projetos de arte e vídeos caseiros inéditos permitiram que o diretor Brett Morgen reconstituísse a trajetória – sem qualquer restrição por parte dos pais ou da viúva do roqueiro, Courtney Love. Há desde momentos felizes, como o aniversário de 3 anos de Cobain (quando ele ganhou uma guitarra de plástico de presente), até situações embaraçosas. Numa delas (revivida em sequência de animação, a partir de depoimento em áudio do próprio Cobain), o roqueiro teria perdido a virgindade, aos 16 anos, com uma garota que sofria de problemas mentais. Aqui o músico já teria cogitado suicídio – depois que toda a escola descobriu o ocorrido. Há ainda imagens de Cobain e Courtney visivelmente bêbados ou drogados transando. “ É o mais perto que consigo chegar de Kurt desde que ele morreu” - Courtney Love, a viúva, antes de sessão do filme no Festival de Berlim É impossível não seguir as supostas pistas de que o vocalista trazia desde criança algo de obscuro na alma. Hiperativo, Cobain tomou remédios controlados desde cedo e aparentemente nunca se recuperou do divórcio dos pais, quando ele ainda era menino. Por se sentir isolado na escola (onde “odiava todos”), ele começou a usar drogas para fugir dos problemas. E não parou mais. Um dos momentos mais perturbadores é o primeiro corte de cabelo da bebê Frances, que assina a produção executiva do filme. Magro e com péssimo semblante (de quem já parecia tomado pela depressão), Cobain segura a filha com displicência. É como se ele nem estivesse mais ali. 9#3 EM CARTAZ - CINEMA - O DESAFIO DE IR ALÉM DA AMIZADE ENTRE CRIANÇA E CACHORRO Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Durante a Segunda Guerra Mundial, o garoto Sebástian passa o tempo percorrendo a região dos Alpes, onde fica o vilarejo em que mora, até conhecer e travar amizade com uma cadela, a quem dá o nome de Belle. Ao tentar encontrar a mãe desaparecida, conhece os horrores da guerra pelas pessoas que encontra em seu caminho. Em “Belle e Sebástian”, o diretor francês Nicolas Vanier vence o clichê do filme sobre amizade entre criança e cachorro ao contrapor à história principal os dramas dos personagens secundários. Baseado em um romance da escritora Cécile Aubry, a trama foi adaptada nos anos 1960 como série para a televisão francesa. A adaptação, exibida por cinco anos, inspirou o nome da banda indie Belle and Sebastian. +5 filmes baseados em séries de TV Missão Impossível Filme de Brian De Palma no qual um agente secreto é injustamente acusado de traição Miami Vice Dois policiais investigam uma rede de tráfico internacional no longa-metragem de Michael Mann baseado na série dos anos 1980 As Panteras Trio de mulheres tenta solucionar o sequestro de um bilionário no remake do diretor McG Os Vingadores Refilmagem de série inglesa dos anos 1960, na qual uma dupla de espiões investiga estranhos fenômenos meteorológicos Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer Feito após o fim da série, o filme de David Lynch acompanha os últimos dias da personagem, com cenas de sexo 9#4 EM CARTAZ – DVD - HUMOR À ITALIANA Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) No interior da Toscana, professor e porteiro de uma escola resolvem pegar um atalho para casa e são transportados até o ano de 1492, cruzando o caminho de personalidades históricas como o renascentista Leonardo da Vinci. Dirigida por Roberto Benigni em parceria com Massimo Troisi (de “O Carteiro e o Poeta”), que também interpretam a dupla de amigos, “Só Nos Resta Chorar” é um exemplo da produção de uma geração de comediantes italianos que despontou nos anos 1980. O lançamento traz cenas excluídas da versão original. 9#5 EM CARTAZ – LIVRO - UM OUTRO ARTHUR MILLER Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Ninguém colocou a história recente dos Estados Unidos no palco com a destreza de Arthur Miller (1915-2005). Vencedor de três Tony e um Pulitzer de dramaturgia – são dele os célebres “ A Morte de um Caixeiro-Viajante “ e “As Bruxas de Salém” –, tem agora publicado no Brasil pela Companhia das Letras “Eu não Preciso mais de Você e Outros Contos”. Com a seleção de 16 textos menos conhecidos na obra do autor, o volume traz no prefácio uma reflexão do dramaturgo sobre a diferença entre as duas escolas. De envergonhar os que ainda olham para o conto como um gênero menor. 9#6 EM CARTAZ – CINEMA - QUANDO O JAZZ CHORA por Rodrigo Cardoso (rcardoso@istoe.com.br) Fazer música instrumental com identidade brasileira é batalha para poucos e bons. Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal e os trios Zimbo e Sambalanço dão movimento ao jazz com muita brasilidade. Aos 38 anos, o paulista Marcos Paiva mostra em “Choroso”, seu terceiro título, uma desenvoltura de quem pode caminhar ao lado dessa trupe. Acompanhado do saxofonista César Roversi e do baterista Bruno Tessele, o contrabaixo de Paiva assume um protagonismo inédito – em seus álbuns anteriores, gravou com um sexteto. Sem piano nem bumbo, mas com o contrabaixo fazendo as vezes do violão de sete cordas, esse paulista, que já foi frequente em canjas de casas paulistanas como Ó do Borogodó e tocou contrabaixo para a portuguesa Teresa Salgueiro (ex-Madredeus), faz o choro evoluir. Na faixa “Duque”, a melodia de “Tico-Tico no Fubá” ganha novo corpo e um alcance impensável com o improviso do trio e o contrabaixo de Paiva. 9#7 EM CARTAZ – TEATRO - NADA DE NOVO NO FRONT Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Em um futuro próximo, dois soldados de lados inimigos durante a Terceira Guerra Mundial são surpreendidos pelo anúncio de uma trégua temporária motivada por falta de munição. Enquanto aguardam novas ordens, os dois passam o tempo discutindo e confrontando suas posições ideológicas. De autoria do ator Aldri Anunciação, que divide os palcos com Rodrigo dos Santos, a peça, que fica em cartaz na unidade paulistana do CCBB até 6 de abril, é dirigida a seis mãos: Márcio Meirelles, Lázaro Ramos (que não participa da encenação) e de Fernando Philbert. 9#8 EM CARTAZ – AGENDA - RETROSPECTIVA/REC/FICAM Confira os destaques da semana Ana Weiss (ana.weiss@istoe.com.br) Retrospectiva Completa Hector Babenco (Cinemateca Brasileira, em São Paulo, até 8/3) Mostra com todos os filmes do diretor, acompanhada de exposição com cartazes, objetos e fotos de bastidores Rec-Beat 20 anos (Cais da Alfândega, em Recife, até 17/2) Misturando estilos como rock, soul e música eletrônica, o festival, que acontece durante o Carnaval, chega à sua 20ª edição com 27 artistas de diversos países Os Que Ficam (CCBB, no Rio de Janeiro, até 15/2) Peça encenada pela Cia do Latão, baseada em textos de Augusto Boal, sobre um grupo de teatro no início dos anos 1970 9#9 ARTES VISUAIS - BELAMENTE BELIGERANTE Em duas mostras simultâneas, a artista americana Sarah Morris traz olhar insider sobre tramas urbanas do Rio e de São Paulo por Paula Alzugaray SARAH MORRIS – GALERIA DO ROCK/ White Cube São Paulo e Galeria Fortes Vilaça, SP/ até 28/3 Se o britânico Damien Hirst fez voo rasante no Brasil em novembro passado para apresentar vistas aéreas de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, agora a artista norte-americana Sarah Morris apresenta na mesma galeria White Cube (que trouxe Hirst) e na galeria Fortes Vilaça seu olhar insider sobre as duas capitais brasileiras. Embora classifique seu trabalho como uma “autorreflexão narcisista”, que não pretende de fato representar as cidades que lhe servem de inspiração, ela traz pinturas que têm como títulos ruas e espaços paulistanos, como “Praça do Patriarca”, “Galeria do Rock” e “Avenida Ipiranga”, e um filme, intitulado “Rio” (88 minutos, 2012), que produz um sensível e complexo mapeamento da cidade a partir de seus eventos aleatórios e personalidades célebres, como a atriz Camila Pitanga, o prefeito Eduardo Paes e o arquiteto Oscar Niemeyer, filmado em casa pouco antes de sua morte em 2012. Observadora sagaz da estética e da psicologia das cidades, Sarah Morris acaba de filmar também o arquiteto americano Frank Gehry para “Strange Magic”, sobre o novo museu da Fundação Louis Vuitton, que será mostrado em Art Basel, em junho próximo. “É quase um filme sobre processos alquímicos: como se faz dinheiro a partir do cheiro de uma flor”, diz Sarah Morris à ISTOÉ, nesta conversa em que fala de sua relação com a arquitetura e defende o engajamento do artista com os acontecimentos prosaicos do mundo. ISTOÉ – O que o Rio de Janeiro tem de particular? E de universal? Sarah Morris – Pergunta difícil. Eu diria que o Rio é silenciosamente beligerante. Belamente beligerante. Me interessa o que aconteceu politicamente no Brasil nos últimos 50 anos e como isso reflete visualmente na cultura, na arquitetura, nas estruturas de segurança. E o que é universal? Bom, meus filmes sempre lidam com situações, pessoas, ônibus, carros, apartamentos, empregados domésticos, políticos, celebridades… Esses elementos se repetem no filme do Rio. ISTOÉ – Qual é sua relação com o Rio, a ponto de chegar a compor um retrato complexo da cidade? Morris – O filme tem muitas camadas, desde situações mediadas, que poderíamos chamar de “espetaculares”, até momentos aleatórios, como pessoas dormindo diante do prédio de Oscar Niemeyer. Vim pela primeira vez ao Rio em meados dos anos 90 e soube que voltaria para fazer algo aqui. Em meu trabalho as coisas se engatam de forma sequencial. Este corpo de trabalho vem depois de “Beijing” (que enfoca a Olimpíada de Pequim, em 2008), que veio depois de “Los Angeles” (sobre a cidade e a indústria cinematográfica, de 2004). Foi depois de trabalhar com as corporações em Los Angeles que decidi abordar o espetáculo em nível de Estado. O que acontece quando você coloca o capitalismo como uma forma de totalitarismo e como isso se apresenta visualmente. Depois da China, comecei a pensar sobre essa bela beligerância aqui, que também tem sua base política. Quando andamos na rua vemos em cada cerca de segurança, em cada brise-soleil, a história específica deste lugar. Um lugar ainda em construção, sendo retroalimentado pela arquitetura. Também é interessante como o Brasil abraçou Niemeyer, ou como Niemeyer abraçou o Brasil. Há um paralelo no modo como Mies van der Rohe se relacionou com Chicago para construir os arranha-céus que se tornaram a imagem da América. ISTOÉ – Além da arquitetura, de que camadas é feito seu trabalho? Morris – Você está absolutamente certa ao dizer que a arquitetura é apenas uma camada de meu trabalho. É o mesmo que dizer que eu uso o tempo? Sim. Se eu uso pessoas? Sim. Se eu uso dinheiro, transações, negócios, trocas comerciais, sim? Se estou interessada em sistemas de entretenimento? Sim. Se estou interessada em sistemas políticos? Sim. A arquitetura é apenas um elemento, uma arena. Estou mais interessada em usar a arquitetura não como tema, mas como estratégia. Como usar a arquitetura como ferramenta? Focando no sentimento de pertencer a algo maior do que você é, já que somos parte de um todo, de um sistema. É como uma análise de sistemas. Estou interessada em saber se o artista pode entrar na Casa Branca, na noite da abertura da Olimpíada, em uma fábrica de underware, na cerimônia da entrega do Oscar. O mainstream sempre foi um tabu para a arte. Do mesmo modo que sexo foi um tabu em determinado momento. Isso não tem a ver comigo particularmente, mas com o papel da arte. A arte deve se engajar com o que está acontecendo. Não estou dizendo que o artista deve se engajar ao mainstream. Não estou dizendo que sou pró-Coca-Cola. Estou dizendo que você tem que se posicionar no centro das coisas, de forma a fazer algo interessante. PONTE AÉREA - A pintura "Galeria do Rock", na página ao lado, e cena do filme "Rio", acima, são apresentadas por Sarah Morris (abaixo), em São Paulo ISTOÉ – Que elementos uma cidade deve ter para atrair a sua atenção? Morris – Fiz um filme chamado “1972”, rodado em Munique, que não é sobre o tamanho da cidade, certamente também não sobre o glamour, mas é sobre a história da cidade. É sobre um homem que era responsável pela segurança da Olimpíada de 1972, um personagem muito interessante porque era um psicólogo e um coreógrafo, que se infiltrou na polícia de Munique e se encarregou do controle de multidões. E é claro que a Olímpiada de Munique foi um fracasso estrondoso. Foi realmente o interesse no fracasso que me levou a Munique. ISTOÉ – E São Paulo? Morris – Gosto de São Paulo porque ela parece que nunca acaba. É quase como um sonho, ou um pesadelo. É extremamente interessante o quanto as coisas são inacabadas aqui. ________________________________________ 10# A SEMANA 18.2.15 por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz "PIZZOLATO VEM AÍ?" A Corte de Cassação de Roma decidiu autorizar na quinta-feira 12 a extradição do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Condenado pelo STF no processo dos “mensaleiros”, Pizzolato fugiu em 2013 para a Itália (valendo-se da dupla cidadania), onde estava em liberdade. Notificada da determinação da Corte, a polícia dirigiu-se à sua casa na região de Módena, não o encontrou e o considerou foragido. Ele apresentou-se então na delegacia de Maranello e foi preso. Nada disso significa sua vinda imediata para o Brasil: uma vez autorizada, a extradição tem de receber em três semanas o aval do ministro da Justiça. O 1º pedido feito pelo governo brasileiro fora negado porque as autoridades italianas questionaram a precariedade do sistema penitenciário do País, que não trata com dignidade os presidiários. Agora, o Brasil admitiu tal precariedade, mas assegurou que Pizzolato terá seus direitos fundamentais garantidos no presídio da Papuda, em Brasília. "E A BRASILEIRA JÚLIA FICA EM PÉ PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA..." Retorna depois do Carnaval à cidade paulista de Ribeirão Preto a garotinha de 5 anos Júlia Marcheti Ferraz. E voltam irradiando felicidade, ela e seus familiares. Portadora de leucemia e paralisia cerebral, Júlia se submeteu nos EUA a uma cirurgia de medula e, na segunda-feira 9, pela primeira vez em sua vida, conseguiu ficar em pé movendo as pernas com auxílio de parentes e especialistas. A viagem e a operação só aconteceram graças à Justiça brasileira, que determinou à União pagar os US$ 42 mil necessários, já que a família não possuía condições de arcar com tais despesas. O Ministério da Saúde foi contra a decisão, por três vezes não depositou o dinheiro insistindo que a cirurgia poderia ser feita no País, até que finalmente teve de ceder à sentença judicial. A menina tinha oito meses de idade quando foi diagnosticada com leucemia periventricular. A paralisia cerebral decorrente leva à rigidez muscular. "300" 300 imigrantes desapareceram no litoral italiano de Lampedusa na quarta-feira 11 após tentarem atravessar o Mar Mediterrâneo em quatro botes que naufragaram sob violenta tempestade. Os imigrantes partiram da Líbia no final de semana. Somente em janeiro, 3.528 imigrantes atravessaram o Mediterrâneo. As informações são da ONU. "FAMÍLIA REJEITA HOMENAGEM A ZILDA ARNS" Zilda Arns, irmã do ex-cardeal arcebispo de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns, foi médica sanitarista, fundou no Brasil a Pastoral da Criança e teve seu nome reconhecido em todo o mundo como batalhadora incansável pela justiça social e direitos humanos. Morreu em 2010 num terremoto no Haiti. A Petrobras cogitou de homenageá-la batizando com o seu nome um de seus navios da Transpetro. A família Arns não permitiu o uso do nome de Zilda porque a Pastoral da Criança exige que ele só esteja ligado a instituições sem fins lucrativos. O navio acabou recebendo o nome da mulher de Jorge Amado, a escritora Zélia Gattai, falecida em 2008. "O NOIVO QUE MALTRATAVA ANIMAIS" A produtora Ninna Mandin namorava o empresário Rafael Hermida Fonseca há mais de um ano, e o casamento estava marcado para junho. Na semana passada, no entanto, o romance chegou ao fim – e todo o Brasil se comoveu, por meio das redes sociais e da mídia, com os acontecimentos que levaram ao desfecho: circulou na internet um vídeo em que Rafael aparece judiando dos dois cães que são da moça (já desconfiada da perversidade, ela colheu as imagens escondendo uma câmara em sua casa). Ninna diz que terminou o relacionamento após a comprovação da maldade, ele alega que a ex-namorada quer “transformá-lo em um monstro” por vingança, justamente porque a relação já acabara. O certo é que as falas não importam. O que conta é que há um fato, e gravado: ele torturava os animais. O caso está registrado na polícia do Rio de Janeiro. "BRASILEIRO ESTÁ MAIS LONGE DO FUZILAMENTO" Se o governo da Indonésia for coerente na aplicação das leis de seu país aos estrangeiros que nele estão presos e condenados à morte, o brasileiro Rodrigo Gularte não mais poderá ser executado e terá de ser encaminhado a tratamento psiquiátrico – isso porque a constituição indonésia proíbe a pena capital a enfermos metais. Atendendo pedido do governo do Brasil e dos familiares de Gularte, as autoridades do país o submeteram na quarta-feira 11 a nova avaliação médica. Quatro especialistas sob a coordenação do psiquiatra H. Soewadi, perito oficial do governo concluíram: “O paciente apresentou sintomas de transtorno mental crônico com diagnóstico de esquizofrenia paranoide (...) Sugerimos a imediata internação para tratamento”. Gularte foi condenado porque entrou na Indonésia com seis quilos de cocaína. Como estabelecem tratados internacionais, mais para a frente o governo brasileiro pode pleitear a sua extradição para que ele possa ser tratado aqui, próximo aos familiares. "DIVAS DEFORMADAS " A cirurgia plástica malfeita está se tornando comum em Hollywood. Na semana passada Uma Thurman (foto) esteve no lançamento da minissérie “The Slap”, em Nova York, com o rosto bem diferente em relação à sua última aparição pública no dia 16 de janeiro. Em busca de uma aparência mais jovem, a atriz de 44 anos submeteu-se a alguns procedimentos que, em vez de rejuvenescê-la, quase a transformaram em outra pessoa. Também Catherine Zeta-Jones não era a mesma no Globo de Ouro quando se notou que as maçãs de seu rosto estavam mais pronunciadas, a testa enrijecida e a boca com movimentos limitados. Finalmente, Renée Zellweger causou furor recentemente ao comparecer irreconhecível a um evento. Ela declarou que o motivo da transformação era a felicidade, mas ficou claro que tudo era obra do botox. "OS PLANOS DE MIRIAM BELCHIOR PARA A CAIXA ECONÔMICA" Toma posse na presidência da Caixa Econômica Federal, na próxima segunda-feira 23, a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior. Formada em engenharia de alimentos, mestre em administração pública, filiada ao PT e pessoa de confiança de Dilma Rousseff , ela tem como uma de suas principais missões abrir o capital dessa instituição financeira até meados de 2016, como quer a equipe econômica que vê em tal abertura a possibilidade de arrecadação de dinheiro para tentar fechar as contas públicas. Outra tarefa que Dilma já passou para Miriam é a de garantir o orçamento do programa “Minha Casa Minha Vida” diante do inevitável corte nas despesas promovido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Miriam foi casada com o prefeito de Santo André Celso Daniel, sequestrado e assassinado em 2002 (estavam separados quando ele morreu), e foi assessora especial do ex-presidente Lula. "XEQUE-MATE AO CÂNCER DE PRÓSTATA" Cientistas identificaram o principal gene (também chamado “gene mestre”) que é responsável pela resistência do câncer de próstata à quimioterapia. O resultado prático da descoberta mostrou-se imediato, abrindo possibilidades de novos tratamentos. Esse “gene mestre” foi batizado de Gatuna 2. “Ele controla uma via de sobrevivência das células cancerosas que podemos inibir com remédios”, declararam os pesquisadores que integram a equipe do Hospital Monte Sinai de Nova York. Quando não diagnosticado em sua fase inicial, o câncer de próstata é agressivo em sua metástase. Se o diagnóstico for precoce, entre 85% e 95% dos portadores chegam à cura (tratados cirurgicamente ou com radioterapia). “Quanto mais conhecermos o inimigo, com descobertas como a desse gene, mais saberemos como atacá-lo”, disse o oncologista Josep Domingo-Domenech, chefe da equipe. "STF ARQUIVA INVESTIGAÇÃO CONTRA JOSÉ ANÍBAL E RODRIGO GARCIA" Foi arquivado na terça-feira 10 pelo STF o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para investigar o deputado federal Rodrigo Garcia (DEM-SP) e o ex-deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), que hoje é suplente do senador José Serra. Tanto Garcia quanto Aníbal foram acusados de corrupção e formação de cartel por um executivo da empresa Siemens, e de terem recebido propina para fraudar licitações nas obras de trens e metrô em gestões tucanas no Estado de São Paulo. A decisão do STF se baseou no depoimento de testemunhas que desmentem as acusações. O arquivamento não implica, no entanto, que demais responsáveis pela empresa e outros agentes públicos acusados de envolvimento no caso não sejam investigados. "7,5%" 7,5% das pessoas que querem adotar crianças no Brasil, e nada mais que esses 7,5%, aceitam levar para casa meninas ou meninos portadores de alguma enfermidade ou deficiência. Há um rol de 33.207 adultos pretendentes à adoção e somente 2.502 valorizam sobretudo as crianças doentes - elas são 1.256 num total de 5.699. Dados do CNJ. "O ÚLTIMO SOBREVIVENTE DE PEARL HARBOR" Morreu nos EUA, aos 100 anos de idade, Joseph Langdell, último militar sobrevivente do ataque da Marinha e da Aeronáutica do Japão ao navio USS Arizona, na base de Pearl Harbor – 1.177 americanos perderam a vida nesse bombardeio, em dezembro de 1941, fato determinante para que os EUA entrassem na Segunda Guerra Mundial alinhando-se com a Inglaterra. O Japão, que então lutava ao lado do nazismo, liderado pelo ditador da Alemanha Adolph Hitler, pagaria caro por Pearl Harbor: o governo americano, já no fi nal do confl ito, arrasou com bombas atômicas as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Sobre o ataque ao encouraçado USS Arizona, Langdell certa vez escreveu: “o Arizona afundou em apenas nove minutos”. Ele morreu na terça-feira 10. "DE BELTRAME PARA A PM: A AÇÃO FOI "DESASTROSA"" A Polícia Militar do Rio de Janeiro tentou, na semana passada, justificar o injustificável apostando mais uma vez numa antiga e já desacreditada explicação: atirou e matou pelas costas o mototaxista Diego Algarves, 22 anos, porque ele teria demorado em obedecer a ordem de parar quando foi abordado por PMs. A resposta do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que nem precisou ouvir essa versão até o fim, foi imediata: chamou a ação de “desastrosa” e afastou todos os policiais da UPP da Favela Parque Proletário que estão envolvidos no caso. “Qualquer academia ensina que o policial só pode usar a arma de fogo se a vida dele estiver em risco”, declarou Beltrame. "6,8%" 6,8% é a taxa de desemprego registrada no Brasil no ano passado – em 2013 esse índice foi de 7,1% e em 2012 chegou à casa dos 7,4%. Entre as mulheres, o desemprego está em 7,7% e entre os homens em 5,6%. Os dados foram divulgados na terça-feira 10 pelo IBGE. "PIAUÍ FOI O BERÇO DO HOMEM NAS AMÉRICAS" A questão é polêmica e ainda não é aceita unanimemente pela comunidade científica, mas, na semana passada, uma equipe internacional de arqueólogos anunciou ter encontrado evidências de que o sertão do Piauí abrigou alguns dos primeiros seres humanos das Américas (teriam vivido há mais de 20 mil anos). O estudo foi feito com base em análises microscópicas dos artefatos localizados (carvão de fogueira e quartzo, foto ao lado) no Parque Nacional Serra da Capivara. "TELA DE US$ 107 MILHÕES É APREENDIDA NA SUIÇA" Tem apenas 61 centímetros de comprimento e 46,5 cm de largura uma tela avaliada em nada menos que 95 milhões de euros (cerca de US$ 107 milhões) com autoria atribuída ao gênio italiano Leonardo da Vinci – estima-se que foi pintada entre 1513 e 1516. Trata-se do famoso “Ritratto di Isabella d’Este”, que representa uma nobre mulher da época do Renascimento. A obra permaneceu desaparecida durante décadas e na semana passada foi apreendida na Suíça a pedido da polícia da Itália. O quadro possui um esboço que é preservado em Paris no Museu no Louvre.