ISTOÉ edição 2302 | 01.Jan.2014 [descrição da imagem: no centro da capa, em letras grandes, em vermelho, está escrito, uma palavra em cada linha: COMO VENCER EM 2014. Ao redor deste título estão as palavras abaixo, sendo que cada palavra tem um desenho por baixo, que colocarei e descrição entre parênteses: ESPORTES (foto de Neymar) EDUCAÇÃO (foto de uma sala de aula) SOCIEDADE (um mão segurando um revólver) CULTURA ( o artista brasileiro Fábio Porchat) ECONOMIA (foto do interior de uma fábrica) INTERNACIONAL (foto da explosão de uma bomba) POLÍTICA (foto com os candidatos a presidência da República) _______________________ 1# EDITORIAL 2# ENTREVISTA 3# COLUNISTAS 4# ESPECIAIS 5# BRASIL 6# COMPORTAMENTO 7# CULTURA 8# A SEMANA _____________________________ 1# EDITORIAL 1.1.14 "O DIREITO DE VOTAR DIREITO" Luiz Fernando Sá, diretor editorial adjunto Pouco antes do apagar das luzes do ano de 2013, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, fez uma aparição pouco iluminada em rede nacional de televisão. Usou de recursos públicos e de um recurso constitucional pouco simpático para impor sua imagem dentro da casa dos brasileiros no horário nobre. Ficou poucos minutos no ar, mas pareceu uma eternidade para aqueles que não trocaram para um canal pago ou não abandonaram o sofá. Falou sobre reforma política, um tema do tempo das tevês de válvula. Não pela inoportunidade, mas sim pela infinita discussão de seu conteúdo e pela falta de interesse real dos políticos em realizá-la. Alves prometeu que em 2014 a coisa vai. Vamos prometer que acreditamos. Talvez até fiquemos otimistas com algumas das propostas que serão colocadas em pauta e que poderiam lançar nossa jovem democracia em um novo patamar. Nenhuma delas é tão revolucionária quanto o fim do voto obrigatório. No Brasil, cansamos de ouvir candidatos dizendo que votar é direito dos cidadãos. Apenas a lei e a burocracia – que exige comprovantes eleitorais para, por exemplo, tirar passaporte – nos lembram que se trata de um dever. Com isso, milhões de brasileiros são arrastados às urnas a cada pleito. Escolhem alguém por escolher, sem convicção do que e do por que estão fazendo. Engrossam uma massa manipulável pelas campanhas vazias. E, quase sempre, decidem eleições. O que ocorreria se votar fosse apenas um direito, como acontece em todas as outras principais democracias do mundo? Provavelmente teríamos menos eleitores dispostos a endossar um nome qualquer. No Chile, que recentemente realizou sua primeira eleição presidencial facultativa, menos de 50% dos cidadãos aptos foram às urnas. Assim, aumenta o peso de cada voto dado e, proporcionalmente, o compromisso dos eleitos com quem lhe outorgou um mandato. Quem exerceu seu direito cobrará mais, porque terá a consciência de seu ato. Os desinteressados ficarão à mercê da vontade alheia. Pelo menos até entenderem que defender suas posições não se restringe ao grito nas ruas, mas também depende de uma decisão bem pensada no processo eleitoral. São formas diferentes de se expressar em busca de seus direitos. 2# ENTREVISTA 1.1.14 KIM BASINGER - "QUERIA FAZER UM FILME NO BRASIL" A atriz fala da sua relação com o País, onde já esteve várias vezes, conta como é chegar aos 60 anos em Hollywood e diz que seu maior papel ainda é o de mãe por Cleide Klock, de Nova York AVENTURA - Ela saltou recentemente de paraquedas: “Não tive medo, estava muito relaxada” Kim Basinger acaba de completar 60 anos. Frente a frente, é impossível dar mais de 40 para ela. Linda e exuberante, há quem diga que a atriz que seduziu o mundo nos anos 1980 no filme “9 ½ Semanas de Amor” e ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 1998 com “Los Angeles – Cidade Proibida” esteja mais sexy do que nunca. Após um longo hiato, Kim volta à cena de Hollywood e poderá ser vista em cinco filmes ao longo de 2014. No dia 10 de janeiro, chega às salas de cinema no Brasil “Ajuste de Contas”, no qual completa um triângulo amoroso com os pugilistas Henry “Razor” Sharp e Billy “The Kid” McDonnen, vividos por duas estrelas acostumadas com o ringue, Sylvester Stallone (“Rocky”) e Robert De Niro (“Touro Indomável”). “Adoro artes marciais e boxe é um grande exercício para ficar em forma”, recomenda a bem-humorada atriz que, durante toda a conversa, esbanja sorrisos, gargalhadas e gentilezas. No filme, sua filha de 18 anos interpreta a personagem de Kim mais nova, mas a atriz rejeita comparações. “Ireland não está seguindo o meu caminho. Ela é ela. Desde pequena perguntávamos o que gostaria de ser quando crescesse e respondia sem pensar: ‘Quero ser eu mesma’”, relembra a atriz. Em quase todas as respostas, ela cita Ireland, filha do também ator Alec Baldwin, e frisa: “Ser mãe sempre será o meu maior papel”. “Minha filha fez 18 anos e saiu de casa. Me vi mais livre para seguir meu caminho. Estive presente em todos os momentos especiais da vida dela" "Fui muitas vezes a Brasília e um dos primeiros lugares onde desfilei como modelo foi o Rio de Janeiro, nunca esqueço. Adoraria voltar para o Brasil. Amo os brasileiros” Istoé - Nos últimos anos você fez poucos filmes, mas 2013 foi diferente. Algo especial a motivou? Kim Basinger - Este ano foi uma surpresa para mim, fiz cinco filmes! “Ajuste de Contas” é o primeiro a ser lançado e, no decorrer de 2014, vão me ver na tela com bastante frequên-cia. As propostas apareceram de todos os lados e eu senti que era o momento de me entregar novamente de corpo e alma ao trabalho. Istoé - Por quê? Kim Basinger - Minha filha acabou de fazer 18 anos e acho que nossos filhos também precisam ver seus pais ­voarem livres para fazer seus próprios projetos. Como ela saiu de casa no meio do ano, vi que estava seguindo seu próprio caminho. Estive presente em todos os momentos especiais da vida de minha filha nesses últimos anos, de campeonatos de voleibol a viagens ao redor do mundo. O papel de mãe sempre vai ser o mais importante para mim, porém em 2013 me vi mais livre para seguir o meu próprio caminho. Istoé - Como foi essa separação? Ver a filha sair de casa sempre é doloroso, não é? Kim Basinger - É ainda uma experiência, ela foi morar com o namorado, que é um atleta de stand up paddle e participa de campeonatos do circuito mundial. Ela trabalha como modelo, fez uma participação no filme, mas quer fazer faculdade e ser escritora ou cineasta. Os dois juntos são muito interessantes, com carreiras diferentes e o que eu posso fazer como mãe é torcer pelos dois e aproveitar o momento para me dedicar à profissão. Istoé - Você ganhou o Oscar em 1998 de melhor atriz coadjuvante com “Los Angeles – Cidade Proibida”. Acha que a indústria do cinema mudou nesses anos? Kim Basinger - Não há dúvida de que mudou. Há muito, muito mais filmes sendo feitos hoje em dia, mais produções independentes, estúdios menores. Podemos entrar em tudo isso. Mas sempre tem os poréns. Acredito que tudo é até mais difícil hoje do que antes. Acho que não há uma fórmula certa para fazer sucesso, é sempre uma grande aposta, já que dependemos de audiência e momento. Então eu penso, será mesmo que mudou? Em alguns aspectos diremos que sim, mas a essência é a mesma. Istoé - O que a atraiu para fazer “Ajuste de Contas”? Kim Basinger - Quando eu soube que Stallone e De Niro, estes dois ícones do cinema, iriam se reunir novamente, mas em uma comédia, eu pensei: “Isso é brilhante e quem pensou nisso é absolutamente fantástico”. Quando li o roteiro, vi que “Ajuste de Contas” era muito mais do que apenas uma comédia sobre boxe. É um filme que tem um enorme coração e uma linda mensagem. Além de tudo, tem o ator Alan Arkin (de “Argo”). Oh, meu Deus, falo nele e meu coração dispara. Eu o amo. Sou louca por esse homem. Istoé - Como é estar com 60 anos em Hollywood? Kim Basinger - Não sei, não tenho ideia. Não sinto nada diferente em nenhum aspecto. Ou melhor, estou mais calma, mais inteligente, essa é a maneira que eu me vejo. Então apenas acho que sou muito abençoada e agradeço a Deus todos os dias por tudo que tenho neste planeta. Istoé - De que idade são as mulheres que você interpreta hoje no cinema? Kim Basinger - Novamente, acho que tenho sorte, pois geralmente jogam a idade para baixo. Talvez eu encontre um papel no qual possa interpretar uma mulher mais velha, também seria bacana. Poderia interpretar um homem ou até um ‘burro’ (gargalhadas). Não me importo, o que eu quero é fazer cinema. Istoé - O que fez para chegar tão linda aos 60? Kim Basinger - Honestamente, sei que repito isso a toda hora, mas acho que é verdade. Sempre fui muito alérgica ao sol, tenho que ficar longe dele, exceto de manhã cedo. Amo o ­oceano, sou um bebê na água, por isso vou cedinho ou no final da tarde para a praia, porque, se pegar sol, passo muito mal. Também sei que ele pode ser brutal para as pessoas, especialmente para quem tem a pele como a minha. Istoé - Acredita que o fato de ser vegetariana tem influência? Kim Basinger - Sem dúvida, mas ainda acho que o mais importante é você resolver toda a dor de sua vida, suas angústias. Acho que isso tem também relação com o filme, tem que haver um “ajuste de contas” com as pessoas que o magoaram, porque toda a sua vida pode aparecer em seu rosto. Sua raiva, dor, seus ressentimentos contra as pessoas e até mesmo as coisas que você pode ter feito a alguém. Se você resolver tudo isso e rir, o senso de humor pode fazer de você a pessoa mais linda do mundo. O negócio é se libertar, sem rancores e dores reprimidas. Istoé - Você conseguiu se libertar dos rancores? Kim Basinger - Acredito que, quando guardamos tudo dentro da gente, desenvolvemos mais doenças, então perdoo qualquer um que me fez algo e, da mesma forma, espero que me perdoem também. Desejo a todos o bem e, se alguém não conseguir fazer isso, eu digo: vá saltar do avião. Eu amo paraquedismo. Istoé - Já saltou de paraquedas? Kim Basinger - Sim, acabei de fazer isso pela primeira vez. Eu tinha programado para saltar na semana em que eu descobri que estava grávida. Na época desisti e não saltei nesses 18 anos, porque, se alguma coisa acontecesse, o que seria da minha filha? Ela também sempre foi muito protetora. Mas achei que chegou o momento e nem contei para ela, que ficou furiosa comigo quando soube. Istoé - Saltar do avião não a deixou ansiosa? Afinal, você sofria muito de ansiedade e até tomava remédios. Kim Basinger - Aprendi com a vida que todos nós temos ansiedade, não é? Agora tento meditar para me acalmar e saltar de um avião para reviver a minha ansiedade. Não tive medo de nada, estava muito relaxada e senti que estava até fora da minha mente quando pulei daquele avião. Foi tão emocionante estar naquela porta sem porta. Considero como um salto para os anjos. Istoé – Você já visitou o Brasil várias vezes. Tem planos de voltar? Kim Basinger - Fui muitas vezes a Brasília e um dos primeiros lugares onde desfilei na minha vida como modelo foi o Rio de Janeiro, nunca esqueço. Eu adoraria voltar para o Brasil e tenho falado com muita frequência sobre isso. Istoé - Gostaria de filmar no Brasil? Kim Basinger - Sim, queria fazer um filme no Brasil. Amo o Brasil e os brasileiros. Uma das pessoas mais queridas da minha vida e mais próximas é de Minas Gerais, a Eliesse (assistente, secretária e ex-babá de Ireland). Ela trabalha comigo há mais de 20 anos, é meu amor. Eu a considero da minha família, a avó materna da Ireland. Aliás, o nome do meio da minha filha é uma homenagem a essa mulher fantástica: minha filha é Ireland Eliesse. Istoé - Como foi a experiência de ter sido mãe aos 41 anos, numa época em que isso não era tão comum? Kim Basinger - Hoje a maternidade chega cada vez mais tarde para as mulheres, até mesmo aos 50. Eu queria realmente ter uma carreira e também aprender a me controlar antes de trazer um ser humano ao mundo. Na verdade, a minha gravidez foi uma surpresa, o que foi ainda melhor. Aí, vi pesquisas que diziam que, se uma mulher tem bebê em seus 40, o filho será muito inteligente. Não sei se é regra, mas a Ireland é simplesmente brilhante. Istoé - Teve algum problema relacionado à gravidez aos 40? Kim Basinger - Não. Não tive uma gravidez maravilhosa, pois fiquei enjoada todos os dias durante nove meses, foi horrível. Mas acho que não teve relação com a idade, pois minha mãe disse que com ela aconteceu o mesmo. Então, Ireland era um bebê difícil de lidar desde muito cedo. Mas eu não poderia amá-la mais, eu a amo mais do que qualquer coisa no mundo. 3# COLUNISTAS 1.1.14 3#1 RICARDO BOECHAT 3#2 LEONARDO ATTUCH - EM 2014, O BRASIL QUER MAIS 3#3 PAULO LIMA - PULANDO ONDINHAS 3#4 GISELE VITÓRIA 3#5 ANA PAULA PADRÃO - A LEVEZA QUE PROCURO 3#6 BRASIL CONFIDENCIAL 3#1 RICARDO BOECHAT Com Ronaldo Herdy Brasil Entre nós De janeiro até agora, 4.482 pessoas, de 20 países, pediram para ter sua situação regularizada no Brasil. O Ministério da Justiça acolheu os pleitos. Os solicitantes vieram parar aqui por razão econômica, basicamente, e não motivos políticos. Segundo relatório entregue ao ministro José Eduardo Cardozo, a grande maioria dos beneficiados trabalha na construção civil e em frigoríficos exportadores de carne para países muçulmanos, que exigem o Abate Halal (dentro de rituais islâmicos). Economia No ano que vem... A Carteira Sugerida de ações pelos analistas de mercado do BB Investimentos atingiu rentabilidade positiva de 3,4% em 2013 (não computado dezembro), contra -13,9% de Ibovespa no mesmo período. A expectativa para o mercado de ações em 2014 é que o Ibovespa supere os 60 mil pontos, apoiado no crescimento da economia global. “Os destaques tendem a ser as empresas exportadoras (mineração, agronegócios e papel e celulose), bancos e serviços financeiros, siderurgia, educação e de bens de capital”, diz Hamilton Moreira Alves, estrategista do Banco do Brasil. Direito Na Capital e no Interior Para o presidente da Comissão Estadual da Verdade, Wadih Damous, o Rio de Janeiro foi o principal cenário de repressão no País na ditadura militar. E não só na capital. No interior também ocorreram prisões, torturas e desaparecimentos de militantes contrários ao regime. A sede do Ypiranga Futebol Clube, fundado em 1926, em Macaé, por exemplo, serviu como prisão na ditadura dando suporte ao Forte Marechal Hermes. “Por muitos anos as informações ficaram escondidas. Vamos retirar todas debaixo do tapete e mostrá-las à sociedade”, garantiu Damous. Cultura Daqui a pouco Emílio Santiago será homenageado em nova edição da série “Tons”, em fevereiro. Para alegria dos fãs, a Universal Music reeditará para CD e digital três LPs fora de catálogo do cantor, que iniciou carreira na década de 1970 e morreu em março de 2013. São eles “Comigo é Assim” (1977), “O Canto Crescente de Emílio Santiago” (1979) e “Guerreiro Coração” (1980). Ao todo, sua discografia conta com 30 álbuns e quatro DVDs. Justiça Perfil A Justiça brasileira termina o ano exibindo uma cara mais moderna. Em 2013, por meio eletrônico, os tribunais acolheram sete milhões de ações novas. O número equivale a 25% do total recebido no ano. Para fins de comparação, em 2012 os processos enviados por computador foram 5,3 milhões. Por decisão do CNJ, o processo judicial eletrônico tem de estar 100% implantado no País até 2018. Gente No comando O presidente da Unimed do Brasil, Eudes de Freitas Aquino, acaba de ser eleito para o conselho da Aliança Cooperativa Internacional. Com isso, ele representará o cooperativismo brasileiro junto à maior entidade desse modelo de negócios pelos próximos quatro anos. Literatura Voto aberto Embaixador de carreira e economista talentoso, Roberto Campos também ficou conhecido por suas tiradas feridas. A Editora Resistência Cultural lança neste fim de ano o livro “O Homem Mais Lúcido do Brasil”, organizado por Aristóteles Drummond, jornalista e admirador do diplomata que também fez carreira na política. Em meio a frases antológicas, a obra traz reprodução de uma carta de Campos a Tancredo Neves, em 1984, explicando a razão de não votar nele, mas sim em Paulo Maluf, para presidente da República: “o Estado tem que diminuir, via privatização forte.” Fisco Brindes lá fora Em 2013, o Brasil continuou gerando empregos no Exterior. Quem diz é Yves Gandra Martins. “O incentivo ao consumo foi uma das razões do estouro da balança comercial. Houve estímulos às importações, sem terem sido dadas condições às empresas nacionais, com o peso da carga tributária e trabalhista, de enfrentá-las.” Segundo o advogado, a política praticada aqui fez os exportadores de manufaturados para o Brasil estourarem muitos champanhes nesta virada de ano. Em tempo: o déficit externo deve superar US$ 80 bilhões em 2013. STJ Duas versões Com sua aposentadoria no Superior Tribunal de Justiça, a ministra Eliana Calmon saiu do comando da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. Vice-presidente, a ministra Nancy Andrighi não ascendeu ao posto. Pelo contrário, viu a cúpula do STJ convocar eleição para compor a nova diretoria. Andrighi renunciou e uma matéria no site do tribunal, na sexta-feira 20, detalhava as suas razões. O texto foi substancialmente emagrecido 72h depois, gerando muito ti-ti-ti na magistratura, a respeito de quem deu a ordem para o frio comunicado. Olimpíadas Melhor assim O Parque Olímpico dos Jogos Rio 2016 promoverá a inclusão das pessoas com deficiência. Assentos especiais serão espalhados por vários setores, em vez de ficarem restritos a uma única área, como é comum em instalações esportivas. Assim, portadores de deficiência terão a mesma experiência dos demais espectadores, com diversas opções de localização, visibilidade e preço. Agricultura O velho problema O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos já admite que a produção de soja do Brasil será maior que a dos EUA na safra 2013/2014. A Conab também estima safra recorde dos demais grãos para o País. O resultado positivo do campo voltará a esbarrar no gargalo logístico, com engarrafamentos nas rodovias e nos portos, no ano que vem, na hora da colheita e das exportações. Economia Em marcha O Sistema de Consórcios deverá fechar 2013 com crescimento superior a 10% em participantes, em relação ao ano anterior. Ao todo, são 5,65 milhões de consorciados ativos em diversos setores. O destaque é o de veículos leves, com predominância dos automóveis, cujo aumento superará 25% (2,3 milhões). Caminhões, tratores e implementos, chamados bens de produção-pesados, subirão 9% – 215 mil consorciados. Educação Luta aberta Assim que terminarem as festas de fim de ano, o lobby de candidatos a uma vaga no Conselho Nacional de Educação volta à cena. A função não é remunerada, mas o poder de avaliar diretrizes curriculares, autorizar a abertura de cursos de nível superior, o credenciamento de faculdades, entre outras atividades, em quatro anos de mandato, resulta numa briga acirrada e em pressão para angariar apoio junto a políticos, integrantes do governo e entidades classistas. Até maio, seis cadeiras terão novos titulares. Presídios Por tabela Em estudo na Procuradoria-Geral da República, a intervenção federal no Maranhão (pela morte de sete detentos até a terça-feira 24, no Complexo Penitenciário de Pedrinhas), se decretada pelo STF, será uma mão na roda para o governo federal. É que a medida paralisaria todas as votações no Legislativo. E na Câmara dos Deputados tramita a Proposta de Emenda Constitucional do Orçamento Impositivo, que desagrada bastante Dilma Rousseff, por obrigar o Planalto a pagar emendas parlamentares automaticamente. Em tempo: em 2013, os investimentos em presídios ficaram abaixo do previsto. Lazer Turismo online O verão se iniciou com um clima mais quente entre as agências de turismo online. Ao contrário das tradicionais operadoras que dão aos viajantes opções de buscas por voos, hotéis e pacotes, a Bomembarque.com entrou no ar oferecendo os filtros tradicionais e outros seis: área, país, destino, categoria (aventura, casais, com amigos, etc), duração e preço. Há ainda as “Escapadelas”, pacotes de curta duração com passeios indicados para feriados prolongados ou fins de semana com ticket médio baixo. 3#2 LEONARDO ATTUCH - EM 2014, O BRASIL QUER MAIS A grande mudança de 2013 foi o Mais Médicos. Oxalá seja o prenúncio de uma era de melhores serviços públicos. Numa retrospectiva rápida, 2013 foi um ano que começou com reajustes nas tarifas de transporte público, levando jovens às ruas pedindo passe livre. Em pouco tempo, o caldeirão explodiu com milhões de brasileiros gritando por mais e melhores serviços públicos, num Brasil que tentava vender ao mundo a imagem de potência, mas era incapaz – e continua sendo – de oferecer hospitais e escolas de “padrão Fifa” à sua população mais carente. Quando a popularidade do governo Dilma foi ao fundo do poço, o Planalto acertou a mão no Mais Médicos. Resposta rápida à crise, o programa atravessou ondas de corporativismo, xenofobia e até racismo, mas entra em 2014 como um dos grandes ativos eleitorais do PT – tanto para a reeleição de Dilma como para a disputa em São Paulo, que terá o ministro Alexandre Padilha como um dos protagonistas. Hoje, 6.658 profissionais atuam no Mais Médicos, atendendo uma população potencial de 23 milhões de brasileiros, antes desassistidos ou mal assistidos, em 2.177 municípios e até em distritos indígenas. Para cidadãos que morriam por causas simples e perfeitamente controláveis, como uma simples hipertensão, a presença de um médico por perto – seja ele cubano ou brasileiro – faz toda diferença. Certo na forma e no conteúdo, o Mais Médicos também foi um gol de placa no nome. “Mais” será a palavra chave de 2014, para todos aqueles que estiverem em busca de um lugar ao sol na política. Do governo Dilma, espera-se mais crescimento – e as perspectivas para isso parecem ter melhorado –, assim como mais infraestrutura, que parece pronta para deslanchar com o pacote de concessões. O pernambucano Eduardo Campos sempre bateu na tecla de que é possível fazer mais, se houver maior diálogo com a classe empresarial. E o tucano Aécio Neves já começa a falar numa “fórmula mineira”, com menos governo (sim, há um menos) e mais administração. O ponto central, no entanto, é outro. Com uma estabilidade econômica consolidada, progressos sociais, redução do desemprego e ganhos significativos de renda, o Brasil atingiu outro estágio de desenvolvimento e é legítimo que a população cobre dos governantes um padrão de serviços públicos compatível com o de uma economia que pretende ser a quinta maior do mundo. Afinal, como num clássico do rock brasiliense, “com tanta riqueza por aí, onde é que está, cadê minha fração?” Em 2013, a plebe rude foi às ruas. Se voltar em 2014, estará em busca de um legítimo algo a “mais”. 3#3 PAULO LIMA - PULANDO ONDINHAS Paulo Lima é fundador da editora e da revista Trip O que uma garota carioca filha de um deputado e de uma estilista e que se tornou uma das mais admiradas e competentes atletas do mundo pode nos ensinar sobre renascimento?. É exatamente nesse período entre o Natal e o novo ano que a ideia de renascimento volta de forma implacável ao centro do palco. Nos milhões de textos produzidos por conta do período de festas, dos despretensiosos e-mails de feliz Natal aos longos e repetitivos editoriais de publicações diversas, repete-se a reflexão sobre o renascer. Mas talvez pouca gente esteja em melhor posição para falar em renascimento hoje (e até sobre a tradição de renovar a vida no fim do ano saltando ondas) do que a pequena e valente filha do jornalista e deputado Fernando Gabeira e da estilista Yamê Reis. Maya é uma das pouquíssimas mulheres aceitas e consagradas no restritíssimo mundo do surfe de ondas gigantes. Estamos falando aqui do grupo das pessoas capazes de se jogar em vagas que passam dos 25 a 30 pés (cerca de 10 metros), podendo chegar aos 100 pés, algo parecido com uma montanha de 30 metros de água pesada. Surfando desde os 14 anos, Maya foi subindo os degraus da escada que separa os milhões de surfistas que embelezam os mares do mundo da “meia dúzia de cinco” que topa entrar na água nos dias em que o filho chora e a mãe não ouve. Mas, no dia 28 de outubro deste ano que se encerra, ela escorregou num desses degraus e quase rola da escada em direção ao surfe cósmico. Numa onda que atiçou todos os canais da mídia, do “Jornal Nacional” às redes digitais, todos viram a queda estranha de Maya na praia portuguesa de Nazaré e os momentos de agonia que se seguiram em que ela perde as forças lutando contra a enorme massa de água branca e tentando fazer o necessário para ser alcançada pelo jet ski de seu mentor e parceiro de surfe, Carlos Burle. Quem viu o vídeo percebe que Maya está quase sem gás quando agarra a corda presa à rabeta do jet ski de Burle. Consegue ser arrastada por alguns metros em direção à praia, mas solta o cabo e em seguida é vista de bruços, boca e nariz na água, na posição em que os corpos em geral são achados já mortos no mar. Num ato entre o heroico e o desesperado, fruto de muitos anos de lida com a água salgada, Burle se atira do jet ski, pula na água e consegue empurrá-la na direção da areia, empreendendo o procedimento compassado de pressão sobre os pulmões que a faz expelir a água que já os preenchia e recobrar a vida. Depois de muita dor nos pulmões, dias no hospital e um osso quebrado no tornozelo, Maya conversou com a repórter Karla Monteiro numa entrevista à revista “TPM”. Um trecho que diz muito sobre sua visão a respeito de vida, morte e renascimento e que pode nos inspirar diante dos obstáculos que nos derrubam aqui e ali: Ainda com as muletas por conta do acidente em Portugal, Maya Gabeira recupera o bom humor e dispara: “Quero voltar lá!” no detalhe, Maya num dos dias que antecederam o acidente que quase tirou sua vida na praia de Nazaré – Qual era o seu sentimento logo depois do acidente? – Eu estava feliz. Muito feliz. Passei a vida inteira esperando aquele momento, o momento de arriscar tudo. Aquilo foi o meu limite. Tudo que eu já fiz pelo esporte eu botei naqueles minutos. – E como é voltar à vida? Você morreu e ressuscitou, né? – Fé, cara. De alguma forma, Deus me ajudou. Tenho certeza que alguém estava ali comigo. Tudo se conectou para eu viver. Teve uma hora que eu consegui me entregar em paz. Meu batimento cardíaco diminuiu muito. Se eu tivesse tido uma crise de pânico, não teria sobrevivido. Minha cabeça me ajudou. Meus pensamentos foram para um lugar que me poupou sofrimento, desespero. Quando eu vi que tinha dado merda, lógico, lutei pra caramba. Debaixo d’água, fiquei triste: “Pô, que merda, vou morrer.” Só que no próximo estágio me lembro que fiquei muito em paz. Super em paz. Na hora que tive de me entregar, que não dava mais para lutar, eu me entreguei. Se fosse para ser, eu estava no lugar certo. Escolhi estar ali, não estava ali à toa. Ou eu ia sobreviver ou não ia, era isso. – Você faria tudo de novo? – Sem dúvida, com certeza. 3#4 GISELE VITÓRIA Gisele Vitória é jornalista, diretora de núcleo das revistas ISTOÉ Gente, ISTOÉ Platinum e Menu e colunista de ISTOÉ Abençoada De deusa do sexo a musa da Copa, ­Fernanda Lima teve um ano abençoado. E 2014 promete ser ainda melhor. Depois de recarregar as energias numa viagem para a Califórnia onde passa as festas em família, ela apresenta, no dia 13 de janeiro, em Zurique, na Suíça, a entrega do prêmio Bola de Ouro 2013, da Fifa. Fernanda já prometeu evitar decotes para não criar cortes nas transmissões de países como o Irã, como ocorreu no sorteio das chaves da Copa. Mas para a capa da revista Istoé Gente, a apresentadora posou como a deusa que é, sem véus nem rodeios. Só biquínis e maiôs, como pede a vida de quem mora de frente para a praia do Leblon. Depois de haver declarado que a sexualidade do brasileiro é “mixa”, ela contou à revista que a experiência de apresentar e redigir o programa “Amor & Sexo”, fervido em sua última temporada, lhe motiva a apimentar mais o casamento com o ator Rodrigo Hilbert. “No penúltimo programa, teve um especialista em sexo tântrico que tocou num ponto, que é o da gente fazer sexo sem ficar na fantasia. Trazer mais para a realidade. Eu e o Rodrigo vivemos muito isso”, diz.“No dia a dia, um casal normal vive o que tem ali.” E olha o que a gaúcha tem! Happy family, perfect day No Natal que passou, Gisele Bündchen honrou o prometido: “Quero um Natal bem tranquilo”, contou a top à coluna. E assim foi. Na quarta-feira 25, ela passou o dia a sós com o marido e os filhos em um passeio pelas ruas geladas de Boston. Vivian Lake, 1 ano, era protegida pelo casaco da mãe. Tom Brady empurrava um carrinho de bebê, que levava os filhos Benjamin, 4 anos, e John, 6, do relacionamento do jogador com a atriz Bridget Moynahan. Até a cadela Lua estava lá. O Réveillon não deve ser diferente.“Também vou passar na minha casa, com meu marido, meus filhos e meu enteado. E vou fazer um jantarzinho bem gostoso, só para nós lá em casa”, disse ela. Em vez do Papai Noel, a cegonha... Sandy gosta das coisas bem certinhas. E com sua primeira gravidez não ­poderia ser diferente. Tanto que até completar três meses de gestação, foi um segredo guardado pela cantora a sete chaves. Até da família. Muitos ­parentes nem desconfiavam da notícia. Mas eis que na quinta-feira 26, Sandy ­revelou em uma rede ­social que está esperando seu primeiro bebê, do casamento com o músico ­Lucas Lima. “Estou com três meses de gestação, me sentindo muito bem e saudável, o que é ótimo, já que pretendo trabalhar até um pouquinho antes de o bebê nascer”, postou a cantora. Férias com a turma do Justus Separados há seis meses, Roberto Justus e Ticiane Pinheiro estarão a 15 minutos de distância nas férias de janeiro, entre montanhas de neve. Roberto, a nova namorada, Ana Paula Siebert, suas duas ex-mulheres Sasha Chysman e Gisela Prochaska e seus três filhos adultos, Ricardo, Fabiana e Luiza, estarão reunidos num mesmo chalé em Vail, no Colorado, para esquiar na primeira semana de 2014. E aguardar a chegada da caçula Rafaella. A pequena vai ver neve pela primeira vez e, para não perder o momento lindo, a apresentadora da Record correu para reservar dois dias num flat alugado na estação de esqui de Beaver Creek, antes de levá-la para as férias com o pai. Justus, que desde o Réveillon em Miami reunirá toda a sua turma, convidou Ticiane para juntar-se a eles durante o período. Mas a filha da eterna garota de Ipanema, Helô Pinheiro, preferiu ficar com a mãe e deve passar o Réveillon na casa de Faustão, também em Miami. Balas No ano que vai nascer... Um giro pelo Réveillon das celebrities: Madonna estará na Suíça, e passa a virada do ano com o estilista Valentino e a filha Lourdes Maria, em Gstaad, nos Alpes. Da turma de brazucas que embarcaram para Nova York estão Luiza Brunet, Luciana Gimenez e Gloria Pires. Dos que preferem o calor, as tops Isabelli Fontana, Alessandra Ambrosio e Fernanda Motta viram o ano em Florianópolis. Luana Piovani, Débora Nascimento e José Loreto escolheram Fernando de Noronha. Para a Bahia, vai Juliana Paes, que rompe 2014 com a família em Itacimirim, vilarejo de pescadores, onde só se chega de barco. 3#5 ANA PAULA PADRÃO - A LEVEZA QUE PROCURO Ana Paula Padrão é jornalista e apresentadora "Os budistas estão certos quando dizem que o desejo é a fonte de toda a frustração". Pode ser que seja a ocasião. Fim de ano em geral é hora de balanço. Pode ser que seja a idade. Muita gente me diz que, depois de um certo ponto na vida, bate uma profunda necessidade de ser mais leve. Os antroposóficos falam em ciclos de sete anos que vão levando você a trocar a casca e renovar sua personalidade. Os astrólogos explicam que a posição dos planetas justifica o ímpeto. Seja lá o que for, de uns tempos para cá me deu uma vontade louca de me livrar dos cacarecos que a gente carrega sem perceber! E não estou aqui falando apenas do lixo físico acumulado atrás das portas, entupindo gavetas, empilhado em prateleiras. Falo dos apêndices existenciais. Comecei jogando coisas fora. Doei quase tudo que tinha pendurado no armário e não usava há mais de seis meses. Sapatos e bolsas incluídos na faxina. Depois remexi a papelada. Bilhetes, documentos, fotos antigas, pessoas que não estão mais aqui e que talvez nunca tenham estado comigo de verdade. Não tive vontade de participar da febre consumista natalina. Não quis presentear e isso não tem nada a ver com falta de generosidade. Aí a coisa ficou séria. Olhei o apartamento de soslaio. Será que eu preciso mesmo de tudo isso? Tanto peso acumulado, uma tranqueira danada para administrar. Para quem vive reclamando do tempo, gasto tempo demais com o que não é essencial. Essencial é um conceito de difícil definição. Varia conforme quem você é. Mas os budistas estão certos quando dizem que o desejo é a fonte de toda a frustração. Não possuir aquilo que se deseja nos traz infelicidade e insegurança. O essencial, portanto, tem a ver com o mínimo. A menor fatia de coisas a carregar e que trarão a você conforto e paz. A leveza que de alguma forma procuro, sei lá por que, é a de uma existência menos pesada e mais condicionada ao prazer – o que quer que seja que dê a cada um de nós prazer. A dedicação ao prazer dá trabalho. Exige um monte de coisas que não estamos acostumados a entregar facilmente. A primeira, como eu já disse, é tempo. Tempo inclusive para elencar o que significa prazer individual e que não tem nada a ver com aquilo que se vende todos os dias em tantas propagandas em tantas mídias. (Nada contra compras, apenas um ligeiro bode com o excesso. O dispensável teria me poupado não apenas dinheiro. Teria me economizado energia fundamental de vida. Aquilo que ultrapassa o necessário faz você ficar pesado. Como se arrastasse correntes por aí. Estou me livrando das assombrações.) Estou procurando o prazer. Por trás daquilo que posso decidir ter quero encontrar o que me faz bem ter. Ou não ter. Produzir me dá prazer. A pressa na produção me rouba o mesmo prazer. Viajar me dá muito prazer. Mais pela viagem que pelo destino. O outro me dá prazer. Pela descoberta, pela troca, pelas diferenças. O contraditório me dá prazer. Tudo igual me tira. Gostar de mim me dá prazer. Esperar que o outro também goste me tira. O essencial está aqui comigo. Estou jogando fora o que não é essencialmente meu. O eu das coisas e dos outros. Ficarei bem levinha. Para engolir tudo que de essencial 2014 possa me oferecer. 3#6 BRASIL CONFIDENCIAL Por Paulo Moreira Leite Cruz e espada O ministro Ricardo Lewandowski vive um dilema como relator da ação que questiona a constitucionalidade dos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990. Sua tendência é apoiar a tese dos 386 mil poupadores, o que certamente ajudará a resgatar sua imagem pública após a defesa dos mensaleiros na Ação Penal 470. Quem não está gostando nada disso é o Palácio do Planalto e o PT, pois a derrota dos bancos provocará prejuízo de R$ 150 bilhões, com impacto na arrecadação do Tesouro e retração de até R$ 1 trilhão na concessão de crédito. O voto de Lewandowski terá o apoio de seu rival no mensalão, o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa. Puxando a toga A decisão dos ministros Luiz Fux, Carmen Lúcia e Luis Roberto Barroso de se declararem impedidos no julgamento dos planos econômicos vem provocando a ira de colegas. Os mais exaltados são Barbosa e Dias Toffoli, que já bateram boca com outros ministros na antessala do plenário. Para ambos, as justificativas de impedimento não têm apoio na jurisprudência. Fiel da balança No Planalto, o entendimento é que Fux, Carmen e Barroso votariam pela constitucionalidade dos planos. Sem eles, o governo conta apenas quatro votos e há dúvidas sobre Rosa Weber. Caso mais algum ministro se ausente, o Supremo terá de convocar alguém do STJ para ter o quórum mínimo. Chapa arrastão Para tentar eleger o filho em Alagoas, Renan Calheiros (PMDB) fechou apoio com Fernando Collor (PTB) e enorme grupo de deputados estaduais, alguns envolvidos nos recentes desvios da Assembleia Legislativa. Benedito de Lira (PP) ficou de fora. “Não sou de negociadas”, diz. Saúde como vitrine... Preocupado com as concessões que o Planalto pretende fazer à base aliada na próxima reforma ministerial, o presidente do PT, Rui Falcão, mandou avisar que a legenda não abre mão da Saúde. A pasta prometida a Ciro Gomes é vitrine eleitoral pelo programa “Mais Médicos”. ..Ou vidraça Por enquanto, a gestão de Alexandre Padilha tem dado artilharia de sobra para a oposição. As promessas de entrega de 8,6 mil UBS e outras 500 UPAs não foram cumpridas. O programa de combate ao crack, uma prioridade do Palácio do Planalto, não atendeu 30% da meta. Livro de cabeceira Se for autorizado a trabalhar na biblioteca do advogado José Gerardo Grossi, o ex-ministro José Dirceu terá acesso à tese de defesa apresentada por Grossi no rumoroso caso dos “Anões do Orçamento”, de 1993. Grossi advogou para José Carlos Alves dos Santos, que denunciou o esquema. O custo PMDB A cúpula peemedebista informou à presidenta Dilma Rousseff que se o PT quiser a presidência do Senado em 2015 terá de ajudar a eleger seus candidatos em Alagoas, Ceará e Amazonas. Se o PMDB perder algum dos governos locais, não vai abrir mão do comando da Casa. Na boca do Leão A Receita Federal descobriu que milhares de servidores públicos usaram de expediente irregular para burlar o Fisco. O esquema funcionava assim: quem não queria pagar os 27,5% de Imposto de Renda entrava na Justiça com ação declaratória de alimentos, colocando os filhos menores de idade como beneficiários. Com isso, conseguiam evitar a incidência de IR sobre até 70% do salário. Na lista dos autuados há funcionários do alto escalão do TJ, do TCU e até do STF. O rombo é estimado em meio bilhão de reais. Cartórios sob ultimato Em ofício sigiloso obtido por ISTOÉ, o conselheiro nacional de Justiça, Francisco Falcão, intimou o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, Ney Teles de Paula, a informar ao CNJ o cronograma de posse dos aprovados no concurso para cartórios de 2008. A medida tem efeito imediato. Se não for cumprida, é passível de punição. Toma lá dá cá Eliana Calmon, ex-corregedora nacional de Justiça e pré-candidata ao governo da Bahia ISTOÉ – Sua candidatura em 2014 está fechada? Calmon – Ainda não. Filei-me à Rede por uma questão moral e, depois, oficialmente, ao PSB. A questão agora é que nossa legislação diz que cabe ao partido decidir se a pessoa pode se candidatar. ISTOÉ – As divergências ideológicas entre o PSB e a Rede podem emperrar a candidatura do grupo? Calmon – No começo, achei que essas divergências existiam e eram muito sérias. Mas, depois de me reunir com Marina e também com o Eduardo (Campos), tive a sensação de que essas brigas são plantadas. As duas correntes se respeitam. ISTOÉ – Desde que a senhora deixou de ser corregedora, pouco se soube de novas denúncias contra magistrados. O que houve? Calmon – Sou defensora da tese de que punições rígidas inibem os maus feitos. Mas no Tribunal há quem pense diferente e defenda uma corregedoria mais mansa. Ainda há quem pense igual a mim, mas a maioria não acha que o rigor deve falar mais alto. Rápidas * O deputado federal Tiririca (PR-SP) tem andado muito tempo sozinho, com semblante sério, e evita até os fãs quando embarca para Brasília. O ex-palhaço, aliás, tem passado quase todos os fins de semana com a família em praias cearenses. * O Gripen NG vai usar os mísseis A-Darter, produzidos no Brasil pela Mectron em parceria com Avibras e Opto Eletrônica. O teleguiado já passou por três fases de testes e entra na pré-produção em 2014. Na África do Sul, o equipamento vem sendo integrado ao Gripen JAS-39. * Em janeiro, o PSB vai contratar pesquisa em São Paulo para testar o nome do deputado Márcio França como vice do governador tucano Geraldo Alckmin. A ideia não agrada Marina Silva, que deve ficar livre para apoiar outro candidato no Estado. * O banco português Banif contratou Allan Toledo, ex-vice-presidente da área de atacado, negócios internacionais e private banking do BB. Ele foi exonerado em 2012 por suspeita de receber R$ 1 milhão do frigorífico Marfrig em troca de facilidades na concessão de linhas de crédito. Retrato falado “Nós estamos com dificuldade de gastar os empréstimos que já contraímos. Só em saneamento são R$ 4 bilhões” Enquanto o Paraná suplica ao governo federal a liberação de três empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o secretário de Planejamento do Rio Grande do Sul, João Motta, tripudia do excesso de recursos obtidos pelo BNDES, o Proinvest e o próprio Bird. Em seminário sobre economia, ele disse que a máquina pública tem “dificuldades de operar”. Na plateia, o governador Beto Richa quase pulou da cadeira. Passageiro da agonia Ex-assessor do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), o empresário Aluizio Dutra voltou a circular em Brasília. Exonerado após denúncias de que sua empresa recebia dinheiro de emendas do próprio Alves, Dutra tem acesso livre ao gabinete, despacha com prefeitos, empresários e, pasmem, viaja de carona em avião da FAB. “Cadeiras laranjas” O deputado estadual Heitor Ferrer (PDT-CE) vai propor à Assembleia Legislativa do Ceará, na volta do réveillon, a instauração de uma CPI para investigar o Tribunal de Contas do Estado. O órgão está envolvido em uma série de denúncias, como a compra de terreno subfaturado para a obra de um anexo superfaturado. A última é a estranha aquisição de cadeiras de uma empresa das Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal no Caribe. 4# ESPECIAIS 1.1.14 4#1 RETROSPECTIVA 2013 4#2 COMO VENCER EM 2014 4#3 COMO VENCER EM 2014 - A HORA DE DESTRAVAR O PIB 4#4 COMO VENCER EM 2014 - QUEM TERÁ A CARA DO NOVO? 4#5 COMO VENCER EM 2014 - É PRECISO FAZER BONITO 4#6 COMO VENCER EM 2014 - PARA EXPLODIR NA REDE 4#7 COMO VENCER EM 2014 - O DESAFIO DA PAZ 4#8 COMO VENCER EM 2014 - A VIOLÊNCIA QUE AMEDRONTA AS METRÓPOLES 4#9 COMO VENCER EM 2014 - UMA BÚSSOLA PARA A EDUCAÇÃO 4#1 RETROSPECTIVA 2013 Muita coisa que parecia impossível aconteceu em 2013. O Brasil viu gente graúda – banqueiros, políticos e empresários – acabar na cadeia por corrupção. Em São Paulo, um cartel que operou por 20 anos distribuindo propina para políticos em troca de obras superfaturadas foi, enfim, denunciado e investigado. Depois de muito tempo, o povo voltou às ruas para gritar sua insatisfação. Pela primeira vez, rincões esquecidos do País viram chegar um médico para atender seus cidadãos. 2013 teve papa que renunciou. E teve a chegada de Francisco, o improvável papa latino-americano, cheio de ideias renovadoras. Boas surpresas e muitas desgraças que contam a história do ano estão registradas nas próximas páginas desta retrospectiva especial organizada pela ISTOÉ. A voz da democracia “Não é só pelos 20 centavos” Frase lida nas manifestações referentes à tarifa dos ônibus. O povo pedia (e pede) mais Os brasileiros quebraram o silêncio. Os protestos começaram em São Paulo no dia 6 de junho contra o aumento das tarifas de ônibus. Espalharam-se pelo País, ganharam outras palavras de ordem contra a corrupção e a precariedade da saúde e terminaram como uma das mais fortes mostras de insatisfação popular de nossa história. Houve movimentos similares em outras nações. 1 milhão de brasileiros aderiu aos protestos do dia 20 de junho, ocupando as ruas de quase todas as capitais do País Turquia A onda contra o governo turco foi detonada com um ato que extinguiu um parque em Istambul. Depois, contagiou o país Egito Milhões de pessoas lotaram a praça Tahrir para comemorar a queda do presidente Mohamed Mursi, eleito um ano antes Ucrânia Os ucranianos se revoltaram contra a decisão do governo de não assinar um acordo de livre-comércio com a União Europeia O coronel da Polícia Militar de São Paulo Reynaldo Simões Rossi foi espancado por black blocs – grupos de arruaceiros e vândalos que nada têm a ver com as manifestações democráticas e que depredaram patrimônio público e privado, como viaturas e bancos. Desde junho eles se infiltravam nas manifestações. Pesquisas dão conta de que 93,4% dos brasileiros repudiam os black blocs. No dia da comemoração da Proclamação da República o Brasil assistiu às primeiras prisões dos condenados pelo mensalão. O ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado José Genoino estão entre aqueles que se entregaram à Polícia Federal. Dirceu cumpre regime semiaberto na Papuda, em Brasília; Genoino ganhou temporariamente o direito de prisão domiciliar enquanto a Justiça analisa o seu real estado de saúde. Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, ele reafirmou inocência. Agora é a vez de julgar o mensalão tucano. Que se mantenha o mesmo rigor. ISS Em 30 de outubro funcionários da Prefeitura de São Paulo foram presos por desviarem R$ 500 milhões do ISS. Novos casos vão surgir no início de 2014 Mais que um aperto de mãos Nas homenagens póstumas ao líder da África do Sul Nelson Mandela, em 10 de dezembro, o presidente dos EUA, Barack Obama, e o ditador cubano, Raúl Castro, protagonizaram um gesto histórico de aproximação entre os dois países – aproximação que, na verdade, vem sendo arquitetada nos bastidores diplomáticos. Em inglês, o ditador lhe disse: “Senhor presidente, eu sou o Castro”. A exposição da corrupção tucana A revista ISTOÉ demonstrou com exclusividade a existência do milionário esquema de propina montado há 20 anos por governos tucanos em São Paulo. Funcionários das empresas Siemens e Alstom corromperam políticos, autoridades ligadas ao PSDB e servidores do alto escalão para vencer licitações na área de transporte sobre trilhos. Em um lance surpreendente, a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, selaram no dia 5 de outubro uma aliança para as eleições de 2014. A intenção de Marina havia sido comunicada a Campos na véspera, quando se esgotava o prazo para que ela se abrigasse sob alguma legenda, depois de não conseguir criar seu partido, a Rede. “Hoje não realizamos apenas mais uma convenção. Hoje nós nos reencontramos com a nossa história” Aécio Neves, senador e candidato à Presidência do Brasil, ao assumir, no dia 18 de maio, a direção nacional do PSDB, unificando o partido Morte estúpida no futebol 20 de fevereiro Na partida entre o Corinthians e o San José, da Bolívia, um sinalizador disparado pelos corintianos matou Kevin Espada, 14 anos. Doze brasileiros ficaram presos em Oruro. Eles e todos aqueles das famigeradas torcidas organizadas que brigaram nos estádios emporcalharam o futebol Foi um ano de recordes na internet e na venda de jogos eletrônicos e de muita polêmica no mundo dos aplicativos Resgate polêmico Em um ano marcado pela defesa dos animais, cerca de 100 ativistas invadiram o Instituto Royal, em São Paulo, e libertaram beagles usados como cobaias em pesquisas científicas. No mês seguinte houve nova invasão. A instituição encerrou as atividades. O bebê mais esperado do ano, por nobres e plebeus, nasceu em Londres no dia 22 de julho. Chama-se George e é filho da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, e do príncipe William. É o terceiro na linha sucessória ao trono britânico. O choro de bebê (e boa dose de contenção nas despesas) ajudou a melhorar a popularidade da família real. Fomos nós os mais agraciados pelo papa Francisco: aqui ele esteve em julho para a Jornada Mundial da Juventude. Foi eleito no dia 13 de março e corajosamente vem pondo ordem no banco do Vaticano, mandando os padres cuidarem do rebanho e enfrentando a pedofilia. O Brasil se indignou, chorou, rezou 242 jovens morreram no incêndio da boate Kiss Manhã de 27 de janeiro. O País em choque. A boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria, ardera feito inferno: feridos e mortos. Se as exigências de segurança previstas em lei estivessem presentes, a tragédia do incêndio poderia ter sido evitada. Como tantas boates, ela funcionava irregularmente. Ninguém foi punido. “Estou aqui há 20 anos, nunca vi algo parecido. Tem criança sumida, tem família soterrada” Zeca Pagodinho, cantor, que ajudou vítimas das enchentes em Xerém, em Duque de Caxias Rio de janeiro O drama do verão se repetiu: temporais, deslizamentos e mortes. Só em Angra dos Reis, três mil pessoas ficaram desabrigadas Até a Onu alertara sobre o risco das confecções em prédios. Nada foi feito, eles vieram abaixo: 1,3 mil pessoas morreram, 2,6 mil se feriram e estima-se que haja centenas de mutilados. Naufrágios próximos à ilha italiana de Lampedusa repetiram um triste fato que marcou o ano: a morte de imigrantes ilegais saídos da África em busca de vida melhor na Europa A imagem gera compaixão. O que vira o estômago é saber que ainda existem governantes como Bashar Al-assad que manda bombardear com armas químicas a população de um país – no caso em questão, a de seu próprio país, a Síria Ele contou tudo Ficou escancarada e provada a espionagem americana. Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, em 5 de junho, o ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança dos EUA Edward Snowden denunciou a bisbilhotice que atingiu, entre outros governantes, a presidenta Dilma Rousseff e a chanceler alemã, Angela Merkel. Ao apagar das luzes de 2013, Snowden demonstrou o desejo de se asilar no Brasil. “O direito à segurança dos cidadãos de um país não pode ser garantido mediante a violação de direitos humanos fundamentais dos cidadãos de outro país” Dilma Rousseff, presidenta do Brasil, criticando a espionagem dos EUA, na abertura da Assembleia-Geral da ONU no dia 24 de setembro. Em 18 de dezembro a ONU aprovou resolução apresentada por Dilma e pela chanceler alemã, Angela Merkel, em defesa da privacidade O senador boliviano Roger Molina, que faz oposição ao presidente Evo Morales, passou 454 dias asilado na embaixada do Brasil em La Paz. Fugiu do país com a ajuda do embaixador brasileiro Eduardo Sabóia, no dia 23 de agosto. Ao então ministro das Relações Exteriores do Brasil Antonio Patriota o inesperado episódio custou-lhe o cargo. Como se fosse possível ser feliz num país onde falta até papel higiênico, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, num delírio populista, criou o Vice-Ministério da Suprema Felicidade Social Alguns países foram pioneiros na descriminalização da maconha. No dia 10 de dezembro o Uruguai se transformou, no entanto, na primeira nação a aprovar lei que autoriza a produção e venda de maconha. Incomoda vizinhos que temem um esperado aumento do narcotráfico Não adiantou vaiar O médico cubano Juan Delgado foi um dos principais alvos da resistência de seus pares brasileiros e de “profissionais da vaia”, no dia 26 de agosto, quando desembarcou no País. Ele foi um dos primeiros a integrar o programa Mais Médicos. A chiadeira não deu em nada. A chegada desses profissionais estrangeiros conta com apoio popular e se tornou a mais vistosa vitrine da gestão Dilma Rousseff. Ela não desistiu e alcançou a glória de ouvir o Hino do Brasil no topo do pódio. Rafaela Silva se tornou, em 27 de agosto, a primeira brasileira campeã mundial de judô. E pensar que ela quase deixou o esporte depois de eliminada na Olimpíada de 2012 O belga François Englert e o britânico Peter Higgs ganharam o Nobel com a descoberta da “Partícula de Deus”, que confere massa a tudo que existe no mundo. É a maior revolução da física desde Albert Einstein Ela subverteu toda a formalidade da cerimônia do Oscar. Premiada como melhor atriz, Jennifer Lawrence (“O Lado Bom da Vida”) tropeçou, fez gesto obsceno e se divertiu muito na festa “Espero que um dia, quando estiver careca e gordo, eu olhe para trás e me orgulhe” Sebastian Vettel, piloto alemão de F1, que fechou o ano como tetracampeão. Já o brasileiro Felipe Massa, em baixa, teve de sair da poderosa Ferrari e se contentar com a Williams A jovem paquistanesa Malala Yousafzai recebeu o prêmio Sakharov de Liberdade de Pensamento, concedido pelo Parlamento Europeu. Foi o reconhecimento de sua luta para que as meninas do Paquistão tenham acesso à educação Nenhuma voz poderia ser mais forte na prevenção do câncer: a atriz americana Angelina Jolie reapareceu publicamente após ter anunciado em artigo que se submetera à dupla mastectomia para reduzir seu risco genético de ter tumor de mama Mais uma vez o aparato de segurança dos EUA expôs sua vulnerabilidade: um atentado a bomba na Maratona de Boston deixou três mortos e 170 pessoas feridas. Os terroristas foram dois irmãos chechenos Um grupo ligado à Al Qaeda promoveu o terror num shopping em Nairóbi, no Quênia. 39 pessoas foram mortas No dia 7 de maio a polícia americana libertou três mulheres mantidas em cativeiro por mais de uma década, em Ohio – junto estava uma menina de 6 anos, filha de uma das vítimas. O algoz, Ariel Castro, se suicidou na prisão 6,1 mil mortos foi o saldo deixado pela passagem do tufão Haiyan, pelas Filipinas, em 8 de novembro O ano que termina foi marcado por avanços na genética que prometem continuar em 2014. Um grande passo: cientistas americanos da Universidade de Massachusetts anunciaram em 17 de julho a “desativação” do cromossomo 21 extra, responsável pela síndrome de Down. Foi a maior vitória da ciência contra essa doença. 15 de maio Cientistas dos EUA divulgaram artigo no qual anunciaram a clonagem de embriões humanos. Desses embriões foram extraídas células-tronco capazes de se transformarem em qualquer tecido do corpo 9 de outubro Rumo à cura do mal de Alzheimer, pesquisadores ingleses criaram uma substância que pode evitar a morte de alguns neurônios Um dos maiores ídolos do esporte, oscar pistorius foi o primeiro atleta paraolímpico a disputar uma prova com corredores não deficientes chocou o mundo ao matar com quatro tiros, em 14 de fevereiro, a sua namorada Hugo Chávez Presidiu a Venezuela ao longo de 14 anos (1999-2013). Seu governo foi marcado pelo populismo e posições contrárias aos EUA. Morreu no dia 5 de março, aos 59 anos Alexandre Abrão (Chorão) Músico paulista, conhecido como Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr., uma das mais populares do rock nacional. Suicidou-se em seu apartamento no dia 6 de março, aos 43 anos Margaret Thatcher Ela foi a primeira mulher a assumir o cargo de premiê na Inglaterra. De posições firmes, ficou conhecida como Dama de Ferro. Morreu no dia 8 de abril, aos 87 anos Giulio Andreotti Primeiro-ministro da Itália por três vezes, foi acusado de associação com a máfia e de financiamento ilegal de partidos políticos. Morreu no dia 6 de maio, aos 94 anos Jorge Rafael Videla O general argentino comandou a ditadura em seu país entre 1976 e 1981. Condenado e preso por tortura e assassinatos, foi encontrado morto em sua cela no dia 17 de maio, aos 87 anos Ruy Mesquita Jornalista, diretor do “Jornal da Tarde” e de “O Estado de S.Paulo”, uma das principais vozes liberais da imprensa. Morreu aos 88 anos, no dia 21 de maio Roberto Civita Editor-chefe da revista “Veja”, o jornalista assumiu a presidência do grupo Abril em 1986. Morreu em 26 de maio, aos 76 anos Djalma Santos Lateral direito, foi bicampeão mundial pela Seleção Brasileira de futebol (1958 e 1962). Era um dos principais ídolos do clube paulista Palmeiras. Morreu em 23 de julho, aos 84 anos Dominguinhos Em mais de 50 anos de carreira, o sanfoneiro, cantor e compositor pernambucano gravou 40 discos de forró, baião e outros ritmos. Morreu no dia 23 de julho, aos 72 anos Gylmar dos Santos Neves Goleiro escalado em três Copas do Mundo, foi bicampeão pela Seleção Brasileira de futebol (1958 e 1962). Jogou no Santos na época de ouro de Pelé. Morreu no dia 25 de agosto, aos 83 anos Cláudio Cavalcanti O ator participou de cerca de 50 novelas, peças de teatro, minisséries e longas-metragens. Pioneiro na fundação de ONGs que defendem animais, morreu no dia 29 de setembro, aos 73 anos Norma Bengell Protagonizou a primeira cena de nudez frontal do cinema brasileiro, no filme “Os Cafajestes”. Excelente atriz, brilhou nas décadas de 1950, 60 e 70. Morreu no dia 9 de outubro, aos 78 anos Lou Redd O cantor, guitarrista e compositor americano foi o criador da lendária banda Velvet Underground, até hoje referência obrigatória no cenário musical. Morreu no dia 27 de outubro, aos 71 anos Doris Lessing A escritora britânica ganhou o Nobel de Literatura em 2007. Suas personagens e sua obra foram marcadas pela defesa do feminismo. Morreu no dia 17 de novembro, aos 94 anos Nilton Santos Bicampeão pela Seleção Brasileira em 1958 e 1962. Considerado um dos melhores laterais esquerdos de todos os tempos, costumava partir para o ataque numa época em que laterais só defendiam. Morreu no dia 27 de novembro, aos 88 anos Paul Walker O ator americano era o grande galã da série “Velozes e Furiosos”. Participava das filmagens do sétimo filme da franquia. Morreu no dia 30 de novembro, aos 40 anos Nelson Mandela Líder maior na luta contra o regime do apartheid na África do Sul, foi presidente do país (1994-1999) e ganhou o Nobel da Paz em 1993. Morreu no dia 5 de dezembro, aos 95 anos 4#2 COMO VENCER EM 2014 A vitória será a obsessão brasileira de 2014. Este é um ano para se vencer. Não tem saída nem alternativas. Basta lembrar os dois grandes eventos marcados para o período: Copa do Mundo e eleição presidencial. Uma Copa mal-organizada seria nada menos que um vexame histórico, um escrete brasileiro sem taça de campeão, um doloroso fiasco. Sem meio-termo, sem comiseração. Na corrida pelo Palácio do Planalto também não há prêmio de consolação para os candidatos. Qual deles conseguirá representar uma nova esperança para os brasileiros? Em 2014, mesmo as vitórias que podem ser parciais se mostram imprescindíveis. Chegou a hora de destravar a economia, de dar passos concretos para conter a violência, de gerar alguma luz sobre a paz mundial. Como trilhar esses caminhos é o grande desafio que ISTOÉ analisa nos links abaixo. Quem terá a cara do novo? A hora de destravar o PIB É preciso fazer bonito Violência que amedronta as metrópoles Uma bússola para a educação O desafio da paz Como explodir na rede 4#3 COMO VENCER EM 2014 - A HORA DE DESTRAVAR O PIB Em 2014, o Brasil deve crescer menos do que a média mundial, mas a esperança é que os leilões de infraestrutura e a retomada da confiança do empresariado acelerem de vez a economia Por Luisa Purchio Muito antes das eleições presidenciais de outubro, a presidenta Dilma Rousseff terá um desafio colossal pela frente: fazer a economia andar. Para o mercado, o Brasil crescerá apenas 2% em 2014. Segundo o governo, o desempenho será um pouco superior, em torno de 2,5%. Basta comparar esses números com estimativas de outros países para entender que, seja qual for o resultado, trata-se de uma performance tímida demais para as ambições brasileiras. De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional, o PIB mundial deve avançar 3,6% em 2014. Entre as nações emergentes, espera-se uma alta de 5,1%. O Brasil perde até para vizinhos menos afortunados, como Colômbia (aumento de 4,2%) e Peru (5,7%). A performance econômica é talvez o ponto mais sensível do governo Dilma – e ainda mais vital em ano de eleições. Dá para virar o jogo? PARA A FRENTE - Linha de produção da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP): o governo quer reconquistar a confiança do setor privado Para a maioria dos especialistas consultados por ISTOÉ, no longo prazo, sim. No curto prazo – o que implicaria uma virada já em 2014 – é bem mais complicado. A boa notícia é que, pela primeira vez em cinco anos, o cenário internacional deve ser favorável. “A economia americana provavelmente vai estar exuberante no ano que vem”, diz Fábio Kanczuk, professor de economia da USP. “A União Europeia saiu da recessão e o que dá para esperar é crescimento, ainda que lento.” O fator internacional pesa a favor do Brasil, mas o País precisa fazer a sua parte. Nesse aspecto, o maior desafio de Dilma será reconquistar a confiança do empresariado e trazer, assim, um novo fluxo de investimentos, tanto internos quando vindos do Exterior. “É preciso oferecer um clima mais amigável para o setor privado”, diz Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco. Depois de muitas derrapadas, no fim do ano passado o governo finalmente começou a destravar os programas de concessões do setor de infraestrutura. É fácil de entender por que afinal eles são tão importantes. Com rodovias melhores, diminui o tempo do transporte de mercadorias – e os efeitos imediatos são o aumento da produtividade e a redução do custo do frete, indispensáveis para que os produtos cheguem ao consumidor a preços competitivos. Do ponto de vista financeiro, as concessões trazem uma enxurrada de dinheiro para o País, como aconteceu no leilão do campo de petróleo de Libra, que seduziu a anglo-holandesa Shell e a francesa Total. Para 2014, estão previstos leilões pesados, como de parte da ferrovia Norte-Sul, que deve captar recursos superiores a R$ 7 bilhões, e de terminais do Porto de Santos e do Pará, que receberão investimentos de R$ 5 bilhões. “Se o governo se comprometer com reformas estruturais, como a tributária e a trabalhista, e a aumentar os investimentos em infraestrutura, isso certamente terá consequências positivas para a economia do País”, diz Carlos Melo, cientista político do Insper. Além de ter Copa do Mundo, 2014 será ano eleitoral, o que tradicionalmente traz dividendos para a economia. “Independentemente de quem ganhar, o novo governo vai ter que arrumar a casa”, diz Marcel Balassiano, economista do Ibre/FGV. Embora os especialistas não concordem com o real impacto do maior evento esportivo do planeta para as finanças do País, é inegável que alguns setores terão o que comemorar. Estima-se que as vendas de eletrônicos e de bebidas superem a casa dos dois dígitos, e no fim de 2013 foram anunciadas previsões otimistas na geração de empregos. Mas há também preocupações. “O que pode abalar a confiança dos investidores são as manifestações violentas durante a Copa”, diz Melo, do Insper. Os especialistas concordam num ponto: a economia brasileira precisa deslanchar, mas o País não vive nenhuma tragédia. “O mercado brasileiro acredita que estamos prestes a cair no barranco, mas não acredito nisso”, diz Fábio Kanczuk, da USP. 4#4 COMO VENCER EM 2014 - QUEM TERÁ A CARA DO NOVO? Como os candidatos à Presidência da República planejam se colocar diante de um eleitorado cada vez mais exigente e que grita por uma nova forma de fazer política Os 100 milhões de eleitores e aqueles três candidatos que concorrem de verdade à Presidência da República em outubro de 2014 terão muitos encontros e desencontros antes que cada cidadão brasileiro tome o caminho das urnas. As mobilizações populares que surpreenderam o País em junho e as últimas pesquisas de opinião emitem um recado muito claro: o Brasil quer mudanças. Não necessariamente uma troca de comandante, mas um novo jeito de comandar e, sobretudo, um outro horizonte a perseguir. Portanto, sairá vencedor das urnas em 2014 aquele que se mostrar capaz de levar o País adiante com uma forma de governar que atenda às demandas cada vez mais concretas. EM CAMPO - Dilma, Aécio e Campos já estão em plena campanha. Marina e Barbosa são nomes lembrados pelo eleitorado. Em comum, todos procuram protagonizar uma nova maneira de gerir o País Os números, inicialmente favoráveis à presidenta Dilma Rousseff, não significam muito nesse início de 2014. Seu governo conta com aprovação superior a 60%, a intenção de voto beira a casa dos 45%, mas 66% dos brasileiros esperam que as coisas não continuem como estão. E é esse último percentual que serve de combustível tanto para os opositores que já estão com o bloco na rua como para aqueles que não assumem uma eventual candidatura, embora não fechem as portas para essa alternativa, como é o caso do ministro presidente do STF, Joaquim Barbosa. Para tentar convencer o eleitor de que é o melhor candidato, o senador mineiro Aécio Neves, do PSDB, se colocará como o “único” de oposição, lugar que ocupa desde o primeiro mandato de Lula, e lançará ao País um programa de governo que faça um claro contraponto às gestões petistas, principalmente no que se refere à gerência dos recursos públicos. Pesquisas encomendadas pelos tucanos mostram que o eleitor quer um governo eficiente. As enquetes disseram aos tucanos que não importa o matiz ideológico do candidato. Importa, segundo os dados coletados pelo partido, o gerenciamento do setor público. A leitura feita pelo PSDB diz que não se trata mais de prometer escolas, como nas últimas campanhas, mas de mostrar como fazer a escola já existente ter qualidade. O mesmo vale para a saúde e para a segurança pública. DE VOLTA - FHC será um dos líderes da campanha de Aécio e terá papel de destaque na disputa Na economia, o projeto de Aécio é se apresentar ao eleitor como a alternativa mais confiável para a captação de novos investimentos internos e externos. Ele fará duras críticas aos esquemas de corrupção que dominam o noticiário e ao que chama de aparelhamento do Estado promovido pelo PT. “O eleitorado precisa ser lembrado que a presidenta é do PT”, tem dito o senador nas reuniões com os principais assessores. No início de 2014, Aécio vai definir os nomes que serão responsáveis pela estratégia de comunicação de sua campanha. O tucano descarta a possibilidade de contar com um marqueteiro que tenha um superpoder. “Vamos trabalhar de forma colegiada. O candidato não pode ser refém de um guru da propaganda”, disse Aécio a assessores. Nas últimas semanas, o senador tem intensificado as conversas com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que deverá ser um dos coordenadores da campanha. Ao contrário do que aconteceu nas últimas três disputas, o PSDB não irá esconder o ex-presidente. Pelo contrário, FHC terá participação ativa na campanha de Aécio. Ainda no bloco oposicionista, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, ganhou musculatura com a chegada de Marina Silva às suas fileiras. Como participou do governo de Lula e defende os avanços sociais ocorridos nas gestões petistas, planeja se apresentar como o líder capaz de fazer as mudanças reclamadas pelos brasileiros de forma segura, sem rupturas ou quebra de programas como o Bolsa Família, por exemplo. “O desenvolvimento é um processo. Avançamos com a estabilidade econômica obtida pelos governos de Fernando Henrique e com os governos de Lula e Dilma conquistamos importantes passos na questão social. Agora é preciso um novo salto. O Brasil não está satisfeito e quer mais”, tem dito o candidato. Antes do Carnaval, Campos pretende consolidar a aliança com o PPS – partido que parece ter retirado da área de influência dos tucanos – e busca novos parceiros para tentar obter maior tempo no horário eleitoral de rádio e tevê. Ele ainda aposta que possa ter a seu lado setores que hoje estão na base de apoio do governo como o PDT e o PTB. Menos conhecido dos candidatos, a propaganda eleitoral tem, para o governador de Pernambuco, uma importância maior do que para seus oponentes. A mensagem será a de continuidade sem continuísmo. O ARTICULADOR - Com a ajuda de Lula, Dilma procura tentar fechar acordos que lhe garantam mais da metade do tempo de tevê Já no QG governista, a maioria dos analistas acredita que haverá um retorno dos protestos, inclusive durante a Copa, mas aposta nas boas respostas que o governo tem a oferecer. O emprego e a renda continuam de pé como os trunfos mais vigorosos de Dilma Rousseff para manter a fidelidade de um eleitorado que Lula cultiva desde 2003. O salário mínimo será reajustado em 2014 com ganhos reais acima da inflação e os programas sociais mantêm seu inegável poder de atração. O programa Mais Médicos será apresentado como uma resposta bem aceita para populações que não possuem um único doutor para zelar por suas dores e doenças. Para o início do ano, a campanha petista está prestes a amarrar um acordo capaz de garantir quase a metade do tempo na tevê, uma vantagem sempre considerável. Há, no entanto, um fator que tem preocupado os articulistas de Dilma. Seus quatro anos de governo marcaram uma convivência difícil no Congresso, em especial com o maior aliado, o PMDB, com uma estrutura capilar para pedir votos na porta de casa do eleitor – desde que a máquina esteja com vontade de fazer, embaixo, aquilo que se acerta em cima. Tratado de modo que julga oportunista e interesseiro, o PMDB ameaça responder na mesma moeda. Pode apoiar Dilma quando considerar que vale a pena, mas não fará o menor sacrifício se considerar que o risco é maior que o benefício. Segundo o comando petista, o julgamento sobre o mensalão do PSDB-MG e as investigações sobre o propinoduto do metrô paulistano são temas que poderão favorecer a candidatura de Dilma. “Em caso de emergência, poderemos usar esses casos e mostrar que, no que diz respeito à gestão e à ética, eles não diferem daquilo que nos acusam”, disse um líder nacional do PT na quinta-feira 26. No embate com Eduardo Campos, os petistas acham que será difícil ao governador de Pernambuco fazer oposição a um governo que lhe forneceu recursos necessários para se tornar um presidenciável com vida própria. Num país que assistiu à emergência do “novo”, os próximos dez meses irão mostrar se alguém é capaz de decifrar a mensagem que os brasileiros trazem dentro de si. 4#5 COMO VENCER EM 2014 - É PRECISO FAZER BONITO O torcedor não espera nada menos do que o hexacampeonato da Copa no Brasil. Mas, desta vez, apenas um belo futebol não será suficiente. O País tem grandes desafios de infraestrutura para que tudo dê certo João Loes Único país pentacampeão mundial de futebol, conhecido internacionalmente como a pátria das chuteiras e agora sede da Copa do Mundo, o Brasil entrará em campo para disputar o torneio diante de uma enorme expectativa da torcida. Como admitiu o próprio técnico Luiz Felipe Scolari, nada além da taça interessa. Não há obrigação maior para o País do que levar o hexacampeonato nesta que será a 20ª edição da competição. Afinal, se o brasileiro nunca foi de se contentar com um segundo lugar, não será agora, na nossa Copa, que isso será diferente. Pelo contrário. É preciso fazer bonito em campo, garantindo a vitória, de preferência exibindo um belo futebol para o mundo. E, para tanto, a Seleção conta com trunfos, como o jogador Neymar. PREPARAÇÃO - O jogador Neymar é um dos trunfos do Brasil para garantir o hexa. Mas fazer bonito só em campo, desta vez, não vai bastar. Como sede de um dos mais complexos e populares campeonatos esportivos do mundo, o Brasil terá de mostrar que é bom também em organização. Serão 32 seleções disputando 64 jogos em 12 cidades-sede, durante 32 dias de competição (leia mais na pág. 52). Uma empreitada em áreas como construção civil, transporte, segurança e turismo. “No fim não tem muito mistério, tem é muito trabalho”, disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), à ISTOÉ. “Mas, se você cumprir o manual e fizer o dever de casa, as coisas acontecem.” Esse é o grande desafio do Brasil. Tudo é superlativo quando se trata de Copa do Mundo. Segundo levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgado pelo Portal da Transparência, hoje correm 313 ações e empreendimentos do governo e da iniciativa privada para preparar o evento. Os 12 estádios onde acontecerão os jogos talvez sejam a parte mais visível desse esforço. Orçados em pouco mais de R$ 8 bilhões, metade já foi entregue e a outra metade corre para cumprir o prazo estabelecido pela Fifa, que adiou de janeiro para fevereiro a data final. “Atraso significa menos testes nas arenas e isso pode ser um problema”, afirma Rodrigo Prada, criador e diretor responsável pelo Portal 2014, do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco). Para garantir que mesmo os estádios entregues com atraso funcionem, o Comitê Organizador Local da Fifa (COL), responsável pela organização e execução do evento, já monta um esquema de testes expresso. Não será a primeira vez que isso ocorre. Para testar os estádios de Rio de Janeiro, Brasília e Recife para a Copa das Confederações, por exemplo, foi preciso correr, já que eles só foram entregues dois meses antes da competição. O cenário pode se repetir agora na Copa do Mundo, com arenas como a do Pantanal, em Cuiabá, da Baixada, em Curitiba, de Manaus, no Amazonas, e do Corinthians, em São Paulo, todas atrasadas. “Para fazer os testes adequadamente, também é importante que as obras do entorno dos estádios estejam prontas, assim também testamos as operações de trânsito”, diz Ricardo Trade, presidente do COL. ATRASO - A arena de Manaus, no Amazonas, deve ser entregue só em abril de 2014 A evolução das obras de mobilidade nas cidades-sede sugere que a perspectiva para esses testes completos não é boa. Segundo levantamento nacional do portal G1, no começo de dezembro 75% dessas obras estavam atrasadas ou foram retiradas da lista de objetivos a serem atingidos até o começo do campeonato. Além disso, é provável que o País assista a manifestações nas imediações das arenas, como ocorreu na Copa das Confederações. A Secretaria Especial de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) vem investindo em inteligência e treinamento de equipes para lidar com imprevistos e irá disponibilizar 200 viaturas de polícia e dois helicópteros para cada jogo. “Os feriados, que devem ser decretados pelas cidades-sede em dias de grandes jogos, vão ajudar na mobilidade”, aposta Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral. “Mas com protestos a situação fica mais imprevisível.” Cerca de R$ 1,2 bilhão estão sendo usados para integrar sistemas de comunicação de segurança, simular operações e comprar equipamentos. “Nosso objetivo maior, no que diz respeito às manifestações, é evitar o confronto e a violência”, diz Andrei Rodrigues, da Sesge. A julgar pelas imagens da truculência policial brasileira diante das manifestações durante a Copa das Confederações que rodaram o mundo, o Brasil tem muito a avançar nessa área. “É o tipo de coisa que não pode acontecer”, diz Prada, do Portal 2014. “Não tenho dúvida de que o governo teme esse tipo de repercussão novamente, porque pegou muito mal.” Os desafios na área de transporte aéreo também são inúmeros. O trânsito das seleções pelas distantes cidades-sede não deverá ser um problema, pois um superesquema foi desenvolvido pelo COL. Entre seis e oito aviões ficarão à disposição dos times e staff e os cronogramas funcionarão com margens que permitem até 24 horas de atraso. O que preocupa é o trânsito aéreo das grandes torcidas. Tome-se como exemplo os jogos da Argentina e Irã em Belo Horizonte, no dia 21, e, quatro dias depois, Argentina e Nigéria em Porto Alegre. Estima-se que entre 30 mil e 40 mil argentinos venham ao País para o Mundial. Deslocar essa população, de avião, em quatro dias requer nada menos que 210 voos, ou 52 voos por dia. Seguir por terra significa encarar os 1.705 quilômetros que separam BH de Porto Alegre em estradas que não receberam um centavo sequer dos R$ 25 bilhões investidos na Copa. “Mesmo se todos os aeroportos funcionarem perfeitamente, o transporte aéreo ainda é o maior gargalo da Copa”, diz Resende, da Fundação Dom Cabral, acrescentando que muitos poderão enfrentar dificuldades em função de neblina nessa época. Para contornar o problema, a Secretaria de Aviação Civil (SAC) organiza uma operação nos moldes das realizadas na Copa das Confederações e na Jornada Mundial da Juventude no ano passado. Embora o plano ainda não tenha sido divulgado, espera-se um aumento do efetivo nos aeroportos, a criação de um centro de comando e controle nacional que funcionará 24 horas por dia e estratégias para lidar com picos de demanda. Simulações das dificuldades que podem surgir no caminho também serão feitas a partir de janeiro. Um exército de 15 mil voluntários, atualmente sendo selecionados por proficiência em inglês e em espanhol, auxiliará os seis milhões de turistas brasileiros e 600 mil estrangeiros esperados que deverão lotar os 390 mil quartos de hotel disponíveis. O trânsito aéreo deverá ganhar uma folga das viagens de negócios, que estarão em baixa nessa época. MOBILIDADE - Transcarioca, que liga Barra da Tijuca e Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, ainda não está pronta O tempo dirá se o tão falado legado positivo da Copa irá se realizar de fato. Não são poucos os estudos que demonstram como eventos grandiosos como este tendem a se revelar uma armadilha para os países-sede. Uma pesquisa recente feita pelo Departamento de Economia do Esporte da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que esses grandes espetáculos esportivos podem ter impacto negativo na economia e na infraestrutura das nações anfitriãs. Mas, ainda que, na ponta do lápis, o saldo seja negativo, espera-se que a Copa promova pelo menos uma mudança de atitude nas arquibancadas nacionais e o brasileiro adote o padrão Fifa de torcida: empolgação com educação, sem lugar para quebra-quebra. 4#6 COMO VENCER EM 2014 - PARA EXPLODIR NA REDE Ter um canal no YouTube e lançar mão de aplicativos e redes sociais tornou-se imprescindível na carreira de artistas. O uso dessas ferramentas criou uma guerrilha midiática Ivan Claudio e Ana Weiss Segunda-feira é um drama para qualquer pessoa. Menos para a trupe de humor Porta dos Fundos. É nesse dia que o grupo carioca “sobe” um novo vídeo tirando sarro de assuntos do momento e, em menos de 24 horas, comemora um milhão de acessos. Com esquetes que já atingiram a marca de 13 milhões de cliques, Antonio Pedro Tabet, Ian SBF, Gregório Duvivier, Fábio Porchat e João Vicente de Castro emplacaram o seu canal no YouTube como o mais popular do Brasil e o sexto mais visitado do mundo. Acumulam até agora cerca de 640 milhões de visitas dos apreciadores da piada criativa. Como eles, outros artistas estão aprendendo a usar a seu favor a maior plataforma de vídeos do mundo. Impulsionada pelo videoclipe mais visto do ano, “O Show das Poderosas” (80 milhões de acessos), a cantora Anitta viu seu cachê atingir R$ 120 mil e sua agenda de shows congestionar: só em dezembro foram 14 apresentações de norte a sul do País. O recado é óbvio: hoje a visibilidade de um artista começa pelos meios digitais. Mas não basta abrir um canal e sair postando coisas feito louco, como fazem os usuários do Facebook. Também aqui, é preciso “target”. “O Porta dos Fundos e a Anitta conseguiram acertar o alvo, cercam o usuário postando seus trabalhos no Twitter, no Instagram, em blogs, de maneira que são inevitavelmente direcionados para o canal deles. Como o conteúdo é monetizado, vira negócio”, afirma Federico Goldenberg, gerente de parcerias estratégicas do YouTube. No embalo dos cliques, Fábio Porchat (acima) e o Porta dos Fundos vão lançar mais um canal e uma série. Anitta (abaixo) vai usar todas as plataformas digitais para bombar seu primeiro DVD No novo ambiente de canais, aplicativos e redes sociais, valem as mesmas regras que regem a publicidade em outras mídias – mas com possibilidades ainda difíceis de mensurar. Em razão de seu alcance internacional, o YouTube abre para o artista um público potencial de 1 bilhão de usuários, em comunicação direta. E é nessa forma de lidar com o fã que reside a novidade da produção cultural no meio imersivo e interativo da internet. Anitta, por exemplo, está trabalhando a gravação de seu primeiro DVD, marcado para o dia 15 de fevereiro no HSBC Arena, no Rio de Janeiro, fazendo uso de todos os suportes disponíveis. Sua produção criou um hotsite e vai marcar todas as peças de divulgação do show, que incluem flyer, bolacha de chopp e até saquinho de lixo de praia, com o hashtag #dvdanitta, unindo a comunicação online e offline. A estratégia é certeira: em cinco dias de exibição no YouTube, o teaser do espetáculo, com 15 segundos, atingiu 31 mil views. Responsável pelo que chama de “arquitetura de imagem” da cantora, a assessora Patricia Casé acredita que essa diversidade de alvos é imprescindível hoje. Mas o artista tem de saber usá-los sob o risco de provocar o efeito contrário. “É preciso evitar o que a gente apelidou de ‘beijo nervoso’, a mania de se postar coisas sem ter noção do que está dizendo. Nosso trabalho é fazer o cantor ou ator ter consciência de que tudo isso é mídia. Esse é o dever de casa de todo dia.” A força dessas novas ferramentas é evidente e está passando a ser coordenada por uma “curadoria” de conteúdo digital, voltada para sites, páginas de Facebook, Twitter e Instagram. Sócia-diretora de conteúdo da agência Espalhe MSL, a jornalista Patrícia Albuquerque define essa realidade midiática como “guerrilha digital”. “Hoje 50% dos acessos à internet se relacionam com o vídeo. Novos formatos como o programa "Sofá da Vevo", cujo piloto vai reunir Rogério Flausino, do Jota Quest, e Tulipa Ruiz, prometem invadir a rede O segredo é combinar as plataformas. A comunicação que interessa não é mais aquela unidirecional, mas a que permite mão dupla, em que o público ajuda a construir e alimentar.” Seria uma ingenuidade, contudo, imaginar que essa relação acontece de forma espontânea, por pura interatividade. Mesmo o YouTube, que não costuma interferir no conteúdo dos vídeos, acompanha o que se passa com os mais “bombados”. O Porta dos Fundos, por exemplo, foi aconselhado pela empresa a pensar mais no potencial internacional – existe o desejo de se fazer, inclusive, uma parceria no Exterior. O que é certo, contudo, é que a trupe incorreta vai lançar um novo canal (atualmente possuem quatro) e uma série. “Ainda está cheio de bola quicando na frente do gol sem ninguém chutar”, diz Antonio Tabet. “Imagina o sucesso de um canal de documentários ou uma telenovela feita diretamente para a internet?” De olho nessas possibilidades, a Vevo, que reúne artistas das gravadoras Universal Music, Sony e EMI, está apostando em projetos como os espetáculos relâmpagos “Go Show” e o programa “Sofá da Vevo”, que vai unir dois artistas de linhas diferentes num papo sobre preferências comuns (o programa-piloto vai reunir Tulipa Ruiz e Rogério Flausino, de Jota Quest). “O lançamento de um videoclipe hoje na Vevo tem um impacto muito maior do que na tevê aberta”, diz Bruno Telloli, diretor de conteúdo da empresa, que veicula o material oficial dos grandes artistas. “É um evento mundial.” 4#7 COMO VENCER EM 2014 - O DESAFIO DA PAZ Acordo entre Estados Unidos e Irã pode ser um primeiro passo para o fim de conflitos históricos no Oriente Médio Mariana Queiroz Barboza Depois de 34 anos sem relações diplomáticas, Estados Unidos e Irã assinaram, em novembro passado, um pacto histórico. Mais do que o comprometimento do Irã em não enriquecer urânio para a construção da bomba atômica, o acordo renovou as esperanças de paz numa das regiões mais conflagradas do planeta. Resta saber agora se o compromisso provisório, com duração de seis meses, vai resultar num acordo nuclear global definitivo. “Os iranianos estão felizes com o acordo porque esperam que esse seja o início do fim do isolamento ao qual foram confinados nos últimos anos”, disse à ISTOÉ Jan Oberg, diretor da Transnational Foundation for Peace and Future Research, um centro de pesquisas independente de Lund, Suécia. Segundo ele, as sanções econômicas impostas pelo Ocidente foram muito prejudiciais à população. As restrições de ONU, União Europeia e Estados Unidos começaram em 2006, suspendendo vistos, congelando bens e proibindo a venda de armas ao país. As sanções da Casa Branca foram particularmente pesadas ao congelar ativos iranianos em bancos americanos, o que desvalorizou a moeda local (rial) e afetou o abastecimento de gasolina e o fornecimento de bens e serviços à indústria automotiva do país. Os efeitos colaterais foram sentidos na alta da inflação e do desemprego. “É importante lembrar que o Irã não invadiu nenhum país nem expandiu sua força militar”, afirmou Jan Oberg. “Não há, portanto, nenhuma razão internacional para que 75 milhões de pessoas sejam punidas dessa forma.” O alívio temporário deve render US$ 7 bilhões ao país. É pouco se considerados os US$ 80 bilhões que o Irã deixou de ganhar com a venda de petróleo desde 2012. ACORDO TEMPORÁRIO - Mulher passa por usina nuclear em Bushehr, no Irã. O país se comprometeu com cinco potências ocidentais a não enriquecer urânio para a construção de bombas Outro acordo colocado como prioridade pela política internacional do governo Obama, o fim das hostilidades históricas entre Israel e Palestina, tem data marcada para ser assinado – é essa, pelo menos, a expectativa dos americanos. Mergulhado desde setembro de 2013 na tarefa de fazer os dois lados dialogarem, o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, anunciou que um novo pacto pela paz será oficializado em abril. As conversas, contudo, estagnaram em novembro, quando Israel anunciou a construção de novos assentamentos na Cisjordânia e delegados palestinos renunciaram às negociações por as considerarem improdutivas. Nesse contexto, a União Europeia ameaçou cortar recursos para a Autoridade Palestina. Entre os objetivos do acordo estão a definição de fronteiras de um Estado palestino, a solução para o drama dos refugiados e o fim da violência entre os povos. Detalhe importante: os antecessores de Obama, Bill Clinton e George W. Bush, falharam nessa missão. DISPUTA DE PODER - O general Abdel al-Sisi, chefe das Forças Armadas do Egito (à frente), ajudou a tirar Mursi da Presidência Além do aparente esforço das autoridades pela construção da paz, especialistas acreditam que, no Oriente Médio, o poder de solucionar muitos dos conflitos está nas mãos de seus cidadãos. “Uma das expectativas para 2014 é a crescente capacidade de as pessoas agirem coletivamente e de maneira eficaz para exigir mudanças”, disse à ISTOÉ Andrea Strimling Yodsampa, cofundadora da associação Alliance for Peacebuilding, de Washington. “O poder militar pode ser usado para impor estabilidade a uma sociedade, mas isso é temporário, como vimos na Primavera Árabe.” No Egito, onde o movimento pela democracia desencadeou violentos protestos nos últimos três anos, a eleição do primeiro presidente pelo voto direto não significou um período de equilíbrio nas forças políticas. Representante da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi foi acusado de autoritarismo depois de assinar um decreto concedendo a si amplos poderes e impondo uma agenda islâmica. Acabou deposto por um golpe militar em julho passado. Em janeiro, Mursi deve enfrentar um julgamento pela morte de ao menos dez pessoas que protestavam na frente do palácio presidencial, em dezembro de 2012. NEGOCIAÇÃO - Benjamin Netanyahu, premiê israelense (à frente), em encontro com John Kerry, secretário de Estado americano Janeiro também pode ser uma data decisiva para a guerra civil da Síria. No dia 22, a Conferência de Genebra, na Suíça, deve mediar as conversas entre o governo de Bashar al-Assad e a oposição. Cada vez mais poderoso e com o firme apoio da Rússia, o presidente Assad evitou uma intervenção militar americana em seu território quando navios de guerra já se dirigiam à Síria e se comprometeu a abrir mão de seu programa de armas químicas. A oposição, em contrapartida, está cada vez mais fragmentada e sofre influência de jihadistas ligados à rede terrorista Al-Qaeda. Com mais de 120 mil mortos, muitos deles vítimas de ataques químicos, e 2,3 milhões de refugiados, a guerra síria expõe a urgência dos acordos pela paz. Em 2014, o desafio será ampliá-los – e fazê-los resistir por muito tempo. 4#8 COMO VENCER EM 2014 - A VIOLÊNCIA QUE AMEDRONTA AS METRÓPOLES Como conter o aumento de casos de roubos seguidos de morte, que desafiam as grandes cidades do País e assustam a população Raul Montenegro Poucos crimes assustam mais a população do que o latrocínio. Qualquer pessoa consegue se imaginar na rua, de carro ou a pé, sendo abordada por um ladrão armado. Apesar de a maioria dos bandidos não estar interessada em matar a vítima, às vezes o assalto sai do controle e acaba em assassinato. É justamente esse tipo de situação que está aumentando no País, segundo o Anuário 2013 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o levantamento, o número de roubos seguidos de morte subiu 16% no território nacional entre 2011 e 2012. Os cinco Estados mais populosos do Brasil contribuíram para o agravamento do problema, já que todos eles registraram alta no período (leia na pag. 56). O latrocínio é um delito relativamente raro (foram 1.810 no País no ano passado, contra 47.136 homicídios dolosos), mas amedronta as pessoas porque é democrático, diz Luciana Guimarães, diretora do Instituto Sou da Paz. “O assalto acontece na cidade inteira. Todo mundo já ouviu um caso”, afirma. Estudiosos do tema o definem como um roubo que deu errado. “E como o número de pessoas roubadas é muito grande, existe o risco”, afirma o especialista em segurança pública Guaracy Mingardi, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para combatê-lo, é necessário um conjunto de medidas que inibam o assalto à mão armada, o que inclui o combate à indústria do roubo, a melhora na capacidade de investigação e reformas na estrutura policial. Apesar de estatisticamente ser mais provável uma pessoa ser morta por um conhecido do que por um ladrão, o latrocínio é uma das infrações que mais afetam a segurança da população. Segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgado em novembro, um em cada quatro brasileiros já deixou de frequentar locais de recreação por conta da violência. Para Renato Sérgio de Lima, membro do Conselho de Administracão do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, esse pânico tem de ser considerado. “Segurança pública não é só enfrentamento do crime, ela também é responsável pela construção da sensação de segurança”, afirma. “É por isso que temos cada vez mais medo de frequentar espaços públicos e vivemos trancados”, explica Luciana Guimarães, do Sou da Paz. Em 2013, uma série de casos bárbaros aumentou ainda mais o receio da população. Dois dos crimes mais chocantes aconteceram no Estado de São Paulo, quando dentistas – em São Bernardo do Campo e em São José dos Campos – foram queimados vivos em seus consultórios por não terem dinheiro para entregar aos bandidos. O governo estadual tem se mostrado incapaz de frear a escalada desses delitos. Indicadores de latrocínio vêm subindo desde o começo da atual gestão e os números não dão sinal de melhora. Em 2013, foram 343 roubos seguidos de morte de janeiro a novembro, contra 313 no mesmo período do ano anterior. Em dezembro, o governador Geraldo Alckmin enviou à Assembleia Legislativa de São Paulo um projeto de lei estabelecendo bonificações de até R$ 8 mil anuais para policiais que cumprirem metas de redução de crimes contra a vida, assaltos em geral e roubos de carro. “O latrocínio teve um aumento, mas nós acreditamos que vai cair. Essa é uma das medidas importantes, é por isso que eu valorizei o roubo. Se reduzir o roubo, reduz o latrocínio”, afirmou o governador à IstoÉ. Estudiosos da área dizem que medidas como a do governo paulista estão na direção certa e podem servir de estímulo pontual, mas que, sozinhas, não acabam com o problema. Para eles, os primeiros passos podem ser dados com ações simples, como iluminar ruas, diminuir o número de armas em circulação e controlar a venda de munição. “Todo roubo com arma é um latrocínio em potencial”, diz Alessandra Teixeira, do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (Ibccrim). Também não basta comprar viaturas, aumentar as patrulhas ou endurecer as penas – é preciso cumpri-las. Especialista em criminologia do Ibccrim, Ilana Casoy acredita que a impunidade sirva de estímulo à bandidagem. “Hoje no Brasil roubar é um grande negócio. Não conheço nenhum outro que tenha quase 98% de chance de dar certo.” No País, apenas 2,5% dos casos de assalto são resolvidos, contra cerca de 10% dos homicídios. “Na Inglaterra, o índice de solução de assassinatos é de 90%. Na França, 80%. Nos EUA, em média 65%”, compara. Estudiosos e policiais dizem que os números são ruins porque autoridades não conseguem reunir informações suficientes para entender a dinâmica do crime. O presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis, Jânio Bosco Gandra, afirma que não é possível combater delitos adequadamente sem estatísticas sobre horário, local e circunstância das ocorrências. Com dados, é possível montar o perfil do infrator e aumentar a eficiência da apuração. “Em assaltos a casas, por exemplo, você tem desde quem aproveita a empregada varrendo a rua até aqueles que planejam e vão disfarçados de entregadores para roubar. São estratégias de ação diferentes para cada um”, diz Ilana Casoy. “A gente não consegue nem a estatística, que é papel, imagina transpor isso para medidas que sejam eficientes.” De acordo com Luciana Guimarães, atualmente tudo é feito no achismo, sem base científica ou investigativa. Mesmo a captura de poucos ladrões pode levar a uma melhora significativa nas taxas de criminalidade. “Quem rouba uma vez rouba outras vezes. Quando se resolve um caso, se resolvem muitos outros”, afirma. Uma medida anunciada no fim do ano para acabar com o problema da falta de informações é o Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (Sinesp), do governo federal, um banco de dados que promete reunir estatísticas nacionais sobre criminalidade, mas que ainda é visto com desconfiança por acadêmicos por causa da falta de qualidade dos dados locais que vão abastecer o programa. Um exemplo de mudança que deu certo é o da Polícia Federal do País. De acordo com Ilana Casoy, a instituição aumentou salários, investiu em infraestrutura e atraiu profissionais mais qualificados. Enquanto isso, argumenta, outras polícias usam programas piratas para lutar contra criminosos virtuais. “Além disso, os instrumentos de busca de suspeitos são muito precários. Se você verifica que o bandido usa aparelho, por exemplo, não dá para colocar foto para reconhecimento só de quem tem aparelho”, diz. Com investigações mais eficientes, é possível melhorar também o combate à indústria do assalto, já que os ladrões que matam nas ruas – geralmente inexperientes e violentos, muitas vezes agindo sob a influência de drogas – representam somente a ponta de um esquema maior. “Tal como o tráfico, temos que pensar o roubo na perspectiva de uma economia criminal. O autor do roubo não fica com o produto. Ele circula, entra no mercado”, afirma Alessandra Teixeira. “Qualquer pessoa é capaz de consumir produtos roubados em feiras do rolo. Por que o Estado não consegue atuar em cima disso?” Reformar a estrutura da polícia é outra maneira de resolver, no longo prazo, a crônica falta de capacidade investigativa da força. Recomendações de especialistas, como a desmilitarização das tropas, o fim da separação entre quem faz patrulha nas ruas e quem faz investigações criminais, além da implantação de uma porta de entrada única para a carreira, estão em discussão no Senado. Para Pedro Taques (PDT-MT), relator da Comissão de Segurança Pública da Casa, não existe uma medida isolada. “É um conjunto de ações que devem ser desenvolvidas”, diz. Segundo ele, a segurança pública no Brasil está, hoje, “absolutamente falida”. Para resolver a caótica situação, o País deve seguir a fórmula recomendada pela maioria dos policiais e estudiosos e resumida por Ilana Casoy: “Criminalidade não se combate só com violência. Se combate com inteligência.” 4#9 COMO VENCER EM 2014 - UMA BÚSSOLA PARA A EDUCAÇÃO Há três anos no Congresso, o Plano Nacional de Educação precisa ser aprovado para que o Brasil tenha um norte nesta área fundamental para o desenvolvimento do País Mariana Brugger e Wilson Aquino Um dos últimos atos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi encaminhar ao Congresso Nacional o projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011-2020. Isso foi em 15 de dezembro de 2010. O mandato de Dilma Rousseff está entrando no último ano e o PNE continua no Congresso, aguardando a apreciação dos nobres parlamentares. Antes de entrar em recesso, o Senado Federal aprovou o texto com algumas alterações, que agora retorna para nova votação na Câmara. É fundamental que os deputados deem andamento à questão com celeridade, pois o PNE é o instrumento que orienta as políticas públicas de educação do País. É um caderno de metas que têm de ser executadas pelas três esferas de governo. Sem ele, o Brasil fica como uma nau sem bússola em uma área vital para dar um salto de qualidade necessário. O texto aprovado pelos senadores contém 14 artigos, 21 metas (o original tinha 20) e 177 estratégias (leia quadro) para colocar a educação brasileira em pé de igualdade com a dos países desenvolvidos. Alguns objetivos são audaciosos, como destinar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor, erradicar o analfabetismo e garantir que metade das crianças brasileiras esteja matriculada em creches nos próximos dez anos. Mas, como o texto ainda causa controvérsias, as discussões podem se alongar na Câmara. Especialistas enxergam lacunas no projeto aprovado. “Acolheram 54 das 101 alterações que eu tinha proposto na Comissão de Educação, mas excluíram dispositivos importantes, como o percentual que cabe à União, Estados e municípios nos repasses para a educação e a responsabilidade dos gestores que não cumprirem as metas”, reclama o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), comparando o PNE às promessas de campanha: se não forem cumpridas, não acontece nada. “Para que o PNE funcione é preciso estabelecer os padrões que têm de ser cumpridos. Esse texto não especifica. Como vamos cobrar ou cumprir se não sabemos especificamente o que tem de ser feito?”, questiona a doutora em política educacional pela Universidade de Harvard Paula Louzano, pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). A fonte e a destinação dos recursos também são motivo de discussões. O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), relator do texto no Senado, fez as contas e concluiu que, dos R$ 440 bilhões previstos para investimento na Educação ao fim dos dez anos do PNE, apenas R$ 120 bilhões estão garantidos pelos repasses do petróleo (royalties, a participação especial e o fundo social). “Podemos dedicar parte dos recursos minerais para o setor e vou trabalhar na tributação das grandes fortunas para chegar aos R­$ 440 bilhões e cumprir as metas”, diz ele. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) considera o texto um conjunto de metas abstratas. “A única coisa concreta são os 10% do PIB, sem dizer de onde vêm os recursos nem como eles serão gastos, que é o mais grave”, diz Buarque, para quem a educação deveria ser federalizada. Mas por ser o primeiro instrumento a estabelecer objetivos educacionais, o PNE é de suma importância. Tanto que alguns especialistas preferem que sua aprovação final na Câmara seja adiada para melhorar o texto. “Esperamos conseguir debater com os deputados para retomar os pontos que consideramos importantes”, diz a diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, referindo-se ao compromisso de gestão eficaz, a um maior comprometimento financeiro da União e ao ensino integral. “Depois de tanta luta, não podemos jogar a toalha”, resume Priscila. 5# BRASIL 1.1.14 5#1 TROPA DA ELITE 5#2 GAVETA DEMOCRATA 5#1 TROPA DA ELITE Renan Calheiros, presidente do Senado, e Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara, enviam seguranças do Congresso para missões secretas longe de Brasília. O problema é que a ação é ilegal Josie Jeronimo EM SERVIÇO - Policiais no Congresso: eles são servidores com atribuições de guarda e proteção de parlamentares e do patrimônio do Legislativo, mas não podem apurar infrações fora de Brasília Em pleno feriado natalino, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi a público justificar o uso de jatinho da FAB para ir a Pernambuco fazer um implante capilar. Na virada do Réveillon, o senador será obrigado a dar novas explicações. Desta vez, sobre os motivos que o levaram a enviar seguranças do Senado para missões sigilosas em sua terra natal. ISTOÉ identificou ao menos três dessas viagens, feitas em fevereiro, outubro e novembro, que incluíram diligências ilegais, monitoramento de pessoas e tomada de depoimentos numa delegacia de polícia. Ao menos três servidores foram usados na empreitada: Everaldo Bosco, Gabriel Reis e Floriano Pinheiro. Com o aval do senador alagoano, os policiais não se intimidaram ao bancar “os xerifes” de Renan, violando competências que são exclusivas da Polícia Federal e da Civil. A chamada “polícia legislativa” não passa de um corpo de servidores do Congresso com atribuições de guarda e proteção dos parlamentares e daquilo que pode ser classificado como patrimônio do Legislativo, como veículos, edifícios, móveis e equipamentos. Esses policiais podem até fazer apuração de infrações penais, desde que tenham ocorrido dentro de seus domínios. A Procuradoria da República, inclusive, já emitiu parecer que veda o uso dessa turma fora das Casas. Renan, porém, parece fazer vista grossa para o que diz a lei. Mais grave ainda: com suas ações, sugere ocupar um espaço privilegiado acima dela. Protegidos pelo manto do sigilo dessas operações, os servidores do Senado se abstêm de dar explicações, o que dá margem para especular se o trabalho externo seria apenas um exagero administrativo ou uma vexatória ação política contra rivais eleitorais em Alagoas. O presidente do Senado quer eleger Renan Calheiros Filho, o Renanzinho, governador do Estado em 2014. Até agora, apenas uma das viagens foi parcialmente justificada sob o argumento de que senadores alagoanos – existem apenas três – estavam sendo vítimas de tentativa de extorsão por meio de telefonemas anônimos. Dessa maneira, os policiais do Senado foram enviados para tentar desbaratar o suposto esquema. O Senado, porém, não abriu à reportagem os autos da investigação. A assessoria de imprensa da Casa garante que a missão teve como objetivo investigar a extorsão e informou que um dos depoentes confessou ter obtido R$ 20 mil com o golpe. Mas não disse qual parlamentar pagou. Seja como for, o deslocamento dos três agentes custou aos cofres públicos R$ 30 mil, considerando as passagens, diárias e o aluguel de automóvel. Sem distintivo de verdade, sem viatura oficial e sem a autoridade legal, os servidores tiveram que levar os suspeitos para uma delegacia da Polícia Civil, onde tomaram os depoimentos. Não houve autorização judicial para essas ações. Logo, as investidas determinadas por Renan foram ilegais. Depois dessa primeira viagem, o trio de agentes voltou a Alagoas outras duas vezes, mas o Senado mantém os motivos dessas missões em segredo. Pelo que se sabe, foram as únicas investigações da polícia do Senado fora de Brasília. OLHO NA ELEIÇÃO - Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves: missões policiais inexplicadas em seus redutos eleitorais No lado verde do tapete do Congresso, a polícia da Câmara também se investe de falsa autoridade policial para sair pelo País em missões secretas. Em abril passado, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), autorizou dois servidores da Casa, Edilson Brandão e Thiago Elízio, a ficarem dez dias no Tocantins “colhendo provas” para um processo administrativo. Com R$ 7 mil em diárias, passagens e aluguel de carro pago pela Câmara, os servidores percorreram os municípios de Formoso do Araguaia e Gurupi dando carteiradas, realizando interrogatórios e reunindo informações. Para explicar as diligências de sua polícia, a assessoria de imprensa da Câmara alega que o trabalho externo faz parte de uma investigação de fraude previdenciária. ISTOÉ solicitou detalhes da investigação, mas a Câmara se negou a fornecer. Coincidência ou não, em outubro passado o deputado federal Osvaldo Reis, do PMDB de Tocantins, subiu à tribuna para denunciar fraude no Instituto de Gestão Previdenciária do Estado (Igeprev). Na ocasião, Reis entregou um dossiê do caso ao ministro da Previdência, Garibaldi Alves. Desde então, o episódio se tornou um cabo-de-guerra entre oposição e governo tocantinense. Além dessas investigações não oficiais, as polícias legislativas também têm sido usadas para fazer a escolta de parlamentares. O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) só anda em Brasília acompanhado por uma equipe de segurança da Câmara. No Rio de Janeiro, ele usa seguranças privados. Outro a usufruir do privilégio é o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que tem à disposição três policiais legislativos para acompanhá-lo fora de Brasília. Além das passagens aéreas, a “segurança público-privada” de Mozarildo custou, em 2013, R$ 48 mil só em diárias. Dezesseis servidores se revezam na missão de acompanhar os passos do senador, que alega ser alvo do governador de Roraima, o tucano José de Anchieta Júnior. O efetivo da polícia da Câmara é hoje de 220 servidores, um pouco menor do que o do Senado, com 260 agentes. Um projeto de resolução da Mesa Diretora pretende ampliar o número de agentes e criar a figura do “delegado”. O problema é que a medida prevê a existência de 20 delegados para apenas uma delegacia, a unidade da polícia legislativa do anexo I da Câmara. O projeto prevê, ainda, contratação de outros 80 policiais. A remuneração desses agentes legislativos está entre as maiores do País, variando de R$ 13 mil até R$ 20 mil. Fora das dependências do Congresso, as polícias legislativas não têm nenhum amparo legal para investigar ou repreender ninguém. Seu trabalho equivale ao serviço prestado por uma empresa privada de segurança – ou seja, são forças paralelas ao aparato de proteção do Estado. No início de 2014, está prevista para entrar na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação declaratória de constitucionalidade que vai limitar as atribuições administrativas da polícia e transformar em crime as ações informais de investigação e repressão realizadas por essas equipes de segurança do Congresso. Na ação, relatada pela ministra Cármen Lúcia, a PGR argumenta que investigações criminais sempre atingem direitos fundamentais dos cidadãos. Por isso, apenas órgãos públicos que estejam formalmente submetidos à fiscalização do Ministério Público podem conduzir inquéritos. “À Polícia Federal é reservada, com exclusividade, a função de polícia judiciária da União”, diz a PGR. Pelas atitudes de Renan e seus colegas, e considerando o início de um ano eleitoral que promete muitos embates, a regulamentação das atividades da Polícia Legislativa é não só urgente como imprescindível para a garantia do equilíbrio democrático.  5#2 GAVETA DEMOCRATA Depois de denúncia revelada por ISTOÉ, Ministério Público quer saber por que a Procuradoria-Geral da República não investigou financiamento irregular da campanha da governadora do Rio Grande do Norte Josie Jeronimo Linha suspeita - O senador José Agripino Maia aparece em grampos acertando financiamento ilegal de campanha O caixa 2 do DEM no Rio Grande do Norte foi parar no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que agora quer saber por que o ex-procurador-geral Roberto Gurgel não investigou o caso. Em sua última edição, ISTOÉ revelou um esquema envolvendo a governadora Rosalba Ciarlini. Como mostrou a reportagem, interceptações telefônicas flagraram o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), e o marido de Rosalba, Carlos Augusto Rosado, acertando detalhes de um financiamento de campanha ilegal. A partir do telefone do contador da legenda Galbi Saldanha, hoje secretário-adjunto da Casa Civil da governadora, funcionários aparecem fornecendo números de contas pessoais para receber transferências irregulares de recursos. As gravações já haviam sido enviadas à Procuradoria-Geral da República em 2009, mas desde então nada foi feito. O conselheiro do CNMP Luiz Moreira questiona os motivos que levaram ao arquivamento dos grampos. “Este é um exemplo da controvertida gestão de Roberto Gurgel”, diz Moreira. “Trata-se de uma falta de clareza de critérios, que faz com que se pense que ele atuava com parcialidade.” Não é a primeira vez que um parlamentar do DEM se beneficia da vista grossa de Gurgel. O ex-senador Demóstenes Torres, flagrado em escutas da operação Vegas da Polícia Federal, deixou de ser investigado pela Procuradoria Geral da República até a deflagração de outra ação da PF, a Operação Monte Carlo, que confirmou a ligação do parlamentar com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Engavetou? - Ministério Público quer saber a razão de Roberto Gurgel, ex-procurador-geral da República, não ter investigado o caixa 2 do Democratas A retomada das investigações do Ministério Público e da PF no Rio Grande do Norte também provoca efeitos no quadro político local, mais especificamente na prefeitura de Mossoró, segunda maior cidade do Estado. Afastada do cargo por denúncia de abuso de poder econômico, a prefeita Cláudia Regina, também do Democratas, teve a campanha financiada pelo empresário Edvaldo Fagundes. A PF identificou manobra de Fagundes para driblar o bloqueio judicial de seus bens – o empresário estava usando funcionários de suas companhias para movimentar valores expressivos, na maioria das vezes fazendo saques em dinheiro vivo. Afilhada política do senador Agripino, Cláudia tenta conseguir junto ao Tribunal Superior Eleitoral uma liminar para voltar ao cargo, mas o Tribunal Regional Eleitoral determinou que eleições suplementares sejam convocadas em fevereiro ou março para escolher o novo prefeito. 6# COMPORTAMENTO 1.1.14 ARQUIVO ALSTOM Chegam ao Brasil documentos da Suíça sobre o esquema de corrupção que originou o escândalo do Metrô paulista. São provas de que políticos do PSDB receberam propina da multinacional francesa em troca de contratos na área de energia Pedro Marcondes de Moura Lavanderia? - Propina para agentes públicos paulistas foi depositada em bancos suíços, como o Leumi Private Bank, para ocultar rastros no Brasil O PSDB paulista começará 2014 da mesma forma que terminou 2013: enrolado em um escândalo de corrupção. De acordo com promotores e procurados ouvidos por ISTOÉ, em fevereiro está prevista a chegada ao Brasil de uma leva de documentos até então em posse de autoridades suíças. Eles comprovam, segundo os investigadores, o pagamento de propina pela multinacional francesa Alstom para obtenção de contratos com estatais da área de energia. A papelada inclui registros bancários e movimentações financeiras feitas no país europeu por suspeitos de se beneficiarem do esquema, como Robson Marinho, chefe da Casa Civil durante o governo Covas, e Jorge Fagali Neto, ex-diretor dos Correios do governo Fernando Henrique Cardoso. Até agora, dez pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal. Entre elas está o tucano Andrea Matarazzo, secretário estadual de José Serra e Mário Covas. O Ministério Público paulista e o Ministério Público Federal esperam a nova leva de documentos há três anos. Em agosto, quando estavam em vias de ser enviados, Robson Marinho e Fagali Neto ingressaram na Justiça suíça para impedir que as informações sobre suas contas chegassem às mãos dos responsáveis por investigar o caso no Brasil. Recentemente, no entanto, o pedido foi negado. Agora só falta a autorização do juiz do Tribunal Penal de Bellinzona, na Suíça, para que os papéis desembarquem no País. Marinho foi alçado por Covas ao cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP). No exercício da função, teria julgado regulares contratos da Alstom em troca de suborno. Além de viajar com despesas pagas, Marinho recebeu, de acordo com promotores, US$ 1 milhão em propina em uma conta na Suíça, bloqueada pela Justiça. Seu patrimônio é extenso – inclui até uma ilha em Paraty, no Rio de Janeiro. Em uma leva de documentos já enviada, as suas iniciais (RM) aparecem em um memorando da Alstom que identifica os benefi-ciários da propina. Os indícios de seu envolvimento chamam a atenção. Em um trecho do documento em francês, RM aparece como “ex secretaire du governeur” ou ex-secretário do governador. Já outro diz que o dinheiro é destinado ao “le tribunal de comptes”, Tribunal de Contas. Acusado - O conselheiro do Tribunal de Contas Robson Marinho é investigado por receber propina para aprovar contratos O desembarque dos documentos deve complicar também a situação de Jorge Fagali Neto. Ex-secretário de Transportes e diretor dos Correios na gestão FHC, ele é acusado de usar o seu trânsito no tucanato para favorecer a Alstom. Para tanto, recebeu da empresa cerca de 7,5 milhões de euros, no banco Safdié, na Suíça. O dinheiro, que está bloqueado, veio de outra conta no país: a Marília, aberta sob o número 18.626 no Multi Commercial Bank, atual Leumi Private Bank. Como ISTOÉ mostrou, ela foi usada para abastecer o esquema. Pelo envolvimento com a máfia do setor elétrico, Fagali foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, entre outros crimes. As informações suíças devem dar mais subsídios às acusações. Irmão do ex-presidente do Metrô na gestão Serra, Fagali é alvo de suspeitas de ter operado também na área de transporte sobre trilhos com a Alstom e também com a multinacional Siemens. E-mails entregues por uma ex-secretária dele ao MP mostram sua proximidade com lobistas, servidores paulistas, políticos e empresas envolvidas no esquema disseminado nas sucessivas gestões do PSDB.  7# CULTURA 1.1.14 SEXO SEM CENSURA Nos anos 1970, carreiras foram obscurecidas em razão de cenas de sexo explícitas. Quatro décadas depois, a temática volta às telas. Por que agora é diferente? Ivan Claudio e Ana Weiss A lista de recomendações aos pais elaborada pelo site Internet Movie Database, o maior banco de dados digital sobre cinema, alinha 21 situações de “sexo pesado” na página do filme “Ninfomaníaca”, que estreia no dia 10. Dois exemplos: mulher e homem fazem sexo anal; mulher faz sexo oral em um homem na cabine de um trem e cospe o seu sêmen. Centrada nas confissões eróticas de uma jovem a um homem que lhe dá abrigo após encontrá-la inconsciente, a nova provocação do cineasta dinamarquês Lars Von Trier não se encaixa na categoria de filme pornográfico. Essa mesma ressalva se aplica a outros lançamentos recentes, como “Azul É a Cor Mais Quente”, com sua famosa cena de sete minutos de uma relação lésbica, e “Um Estranho no Lago”, repleto de sequências de intimidade entre homens numa praia de nudismo. O fenômeno atingiu também o cinema brasileiro em “Tatuagem”, sobre o amor entre um ator e um soldado do Exército na Recife dos anos 1970. Cabe aqui outra observação: o foco não é restrito ao universo homossexual. Além de “Ninfomaníaca”, “Spring Breakers”, exibido no Festival do Rio e ainda sem data de lançamento, traz ousadas passagens eróticas heterossexuais e o mesmo acontece com “Jovem e Bela”, sobre uma adolescente francesa que se prostitui por diversão. OUSADIA - Stacy Martin e Shia LaBeouf em "Ninfomaníaca": substituídos por atores pornôs nas cenas pesadas No passado, obras como essas eram perseguidas pela censura e acabavam estigmatizando a carreira de seus atores, como aconteceu com a francesa Maria Schneider após o escândalo de “O Último Tango em Paris” (1972). Hoje são premiadas. Pela primeira vez em sua história, o Festival de Cannes concedeu uma Palma de Ouro conjunta ao diretor e às duas atrizes de “Azul...”, Abdellatif Kechiche, Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux. Em sua edição de dezembro, a revista francesa “Cahiers du Cinéma”, que identifica tendências para o mercado, colocou a trinca de filmes “Um Estranho no Lago”, “Spring Breakers” e “Azul...” como os três melhores lançamentos de 2013. O que teria mudado dos anos 1970 para os dias de hoje? “Muito do que foi preconceito durante milênios hoje faz parte da sociedade e não pode mais ser repreendido, por uma questão até legal, caso do homossexualismo”, diz Márcia Bittar Nehemy, psicóloga-clínica especialista em sexualidade humana e autora do livro “Os Deuses e o Amor”. INTIMIDADE - A dupla de "Azul...": uso de próteses não torna o sexo menos real Para a analista, o grande impacto dos filmes talvez se deva ao constrangimento que o sexo ainda causa em certos setores da sociedade. Os próprios atores sentem isso na pele. A atriz Charlotte Gainsbourg, intérprete da ninfomaníaca, no filme chamada apenas de Joe, confessou que mesmo confiando no diretor sentiu-se desconfortável em certas cenas. “As situações masoquistas foram bem embaraçosas, tinham um lado humilhante”, disse ao jornal inglês “The Guardian”. Para evitar isso, os cineastas vêm adotando práticas que protegem os atores da exposição. Em “Um Estranho no Lago”, por exemplo, que teve dificuldades na seleção do elenco, optou-se por dublês. Atores pornôs foram contratados em “Ninfomaníaca”, como relata a atriz Stacy Martin, que vive Joe adolescente: “Você está atuando, aí corta e o set torna-se outro. Era como se dois filmes estivessem sendo feitos ao mesmo tempo.” Quando se mostra a genitália, recorre-se a próteses de silicone, artifício usado em “Azul...”. Se isso facilita – e não coloca mais em risco a imagem dos atores –, não muda o fato de que o sexo está sendo mostrado de forma gráfica e até explícita. Segundo a psicóloga Giovanna Lucchesi, especialista em sexualidade humana e terapeuta de casais, esses filmes vêm a reboque do que está acontecendo na realidade e não se restringem mais a questões de gênero. “O que se percebe no consultório e em pesquisas é que as pessoas deixaram de ver o sexo como segredo e hoje o enxergam como parte importante do cotidiano e da busca da qualidade de vida”, diz a psicóloga. Outro fator que corre paralelo a essas mudanças é a exposição das pessoas na internet. Para Andréa Soutto Mayor, autora de “O Amor É uma História”, “essas produções surgem no embalo de um fenômeno que está muito ligado à web, onde se pode experimentar todo tipo de fantasia”. E se propõem justamente a retratar e refletir esse momento. 8# A SEMANA 1.1.14 por Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz "VERÃO DE CHUVAS E TRAGÉDIAS" O dia 25 de dezembro não foi motivo de comemoração para a família de Maria Conceição Aparecida do Nascimento, 56 anos, a 18ª vítima das chuvas em Minas Gerais. Moradora de Juiz de Fora, Maria morreu no Natal em um deslizamento de terra causado pelas intensas precipitações que atingiram a região e deixaram casas e famílias devastadas. No Espírito Santo a situação foi ainda mais dramática. Até a sexta-feira 27, o Estado já contabilizava 23 mortes. Apenas em Vitória, registraram-se 126,9 mm de chuvas do dia 22 para o dia 23. A estimativa para o mês na capital era de 196,7 mm. Em Minas Gerais, foram 81 cidades atingidas, sendo que 34 delas decretaram situação de emergência. A presidenta Dilma visitou o Espírito Santo na terça-feira 24 e Minas Gerais na sexta-feira 27. As precipitações foram causadas pelo encontro de uma frente fria e de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul, área que carrega ventos e umidade. As chuvas devem cessar no Espírito Santo na primeira semana de janeiro. "PATROCINADORES E CARTOLAS PROMETEM DAR UMA MÃO PARA O HANDEBOL" O inédito título mundial conquistado na Sérvia pelo handebol feminino representou a maior façanha do esporte brasileiro em 2013 e confirma uma velha tese: com planejamento, os resultados aparecem. Contratado em 2009 para tornar o Brasil uma das três melhores seleções do mundo até 2016, o técnico dinamarquês Morten Soubak antecipou a meta em quatro anos. Mais: fez isso em um País que possui uma liga nacional formada por apenas oito times (na Dinamarca, um dos centros mundiais desse esporte, contam-se mais de 300 equipes). Com a conquista, o cenário tende a melhorar. No dia 8 de janeiro, uma reunião no Ministério dos Esportes, em Brasília, definirá os novos valores de patrocínio para a modalidade. O presidente da Confederação Brasileira de Handebol, Manoel Luiz Oliveira, quer dobrar os valores. “O handebol é o esporte olímpico que recebe menos recursos”, diz ele. “São apenas R$ 23 milhões por ano.” "THIAGO SILVA ESTÁ EM TODAS" Um dos mais conceituados jornais esportivos do mundo, o diário italiano “La Gazzetta Dello Sport” escalou a sua equipe dos sonhos. Nela há somente um brasileiro: o zagueiro Thiago Silva (joga no Paris Saint Germain). O argentino Lionel Messi e o brasileiro Neymar, ambos no Barcelona, ficaram de fora. O time não inclui nenhum jogador italiano. Na quinta-feira 26 veio mais notícia boa para Thiago Silva: é o único brasileiro na seleção do jornal francês “L’Equipe”. "R$ 55 MIL " é o valor da indenização fixado pela Justiça de São Paulo a uma jovem que foi vítima de ofensas na rede social Orkut – quem terá de pagá-la é a família do garoto menor de idade que postou as ofensas. No Brasil, 92% dos jovens que acessam a internet utilizam alguma rede social, segundo pesquisa Ibope/YouPix. "A CIA CONTRA AS FARC" O narcotráfico e as Farc andam de mãos dadas há pelo menos uma década – até o traficante brasileiro Fernandinho Beira-Mar trocou cocaína por armamento pesado. Uma década é o tempo também, segundo revelação do jornal “Washington Post”, pelo qual a CIA auxilia as tropas do governo da Colômbia na eliminação de bandoleiros que se dizem guerrilheiros. Pelo menos 24 deles foram mortos. Entre as principais novidades que vieram à luz está o fato de a Agência de Segurança Nacional ter participado da intervenção mesmo sem constar do orçamento destinado ao chamado “Plano Colômbia” – criado pelos EUA para combater o narcotráfico. "ELIZABETH II PERDOA HERÓI DE GUERRA HOMOSSEXUAL " A rainha da Inglaterra, Elizabeth II, decidiu dar o “perdão real” ao matemático Alan Turing. Ele foi crucial para que o governo britânico derrotasse o nazismo ao decifrar códigos submarinos secretos com sua máquina eletromecânica (considerada a parente mais distante dos computadores). Turing caiu em desgraça quando se descobriu sua homossexualidade e por tal motivo foi condenado à prisão em 1952 – não suportando a cadeia, suicidou-se dois anos depois. Segundo o físico Stephen ­Hawking, ele foi “um dos mais brilhantes matemáticos da era moderna”. Na Inglaterra o homossexualismo manteve-se criminalizado até 1967. No século XIX, também um dos mais geniais escritores da humanidade cumpriu pena por ser homossexual: Oscar Wilde. Na verdade nenhum deles precisa do perdão real para salvar na sua biografia. "NA TURQUIA TAMBÉM HÁ MÁFIA DE FISCAIS" Dos 20 ministérios que tem a Turquia, dez serão ocupados em breve por novos nomes. No dia de Natal o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou a troca da metade de seu gabinete reagindo ao escândalo de corrupção que atingiu o país depois que o diretor do banco estatal Halkbank e outras 24 pessoas foram presas por fraude em licitações de contratos urbanos. Quase 600 policiais e fiscais de obras (Opa, fiscais de obras?!) também já foram afastados. A população está nas ruas de Istambul exigindo a renúncia de todo o governo. "RIO DE JANEIRO AGREGA CONSULADOS EUROPEUS " O Rio de Janeiro sai na frente em todo o mundo na iniciativa de agregar consulados da União Europeia. Quem for à avenida Antonio Carlos, número 58, lá encontrará duas bandeiras à porta: a da França e a da Alemanha. Nesse local funcionam agora os consulados gerais de ambos os países. O edifício era o do antigo Teatro Maison de France, inaugurado em 1956 pelo ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Passa a se chamar Casa da Europa. "JORNALISTA TEM DE PASSAR POR "EXAME DE IDEOLOGIA" NA CHINA" O governo comunista da China está numa intensa campanha para que a mídia “informe corretamente a população”. Detalhe: o correto é tudo aquilo que fala bem, e apenas bem, do regime – “qualquer visão não positiva do socialismo está equivocada”. Para isso, decidiu-se na quinta-feira 26 apertar ainda mais a censura. E o Partido Comunista Chinês manteve o “exame de ideologia para obtenção da licença de trabalho para jornalistas”. "PUTIN TENTA (MAS NÃO CONSEGUE) FICAR BEM NA FOTO " A dois meses da realização dos Jogos de Inverno de Sochi, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tenta retocar sua imagem perante o mundo. Concedeu anistia a 1,5 mil presos e entre eles estão as integrantes da banda punk Pussy Riot, Nadezhda Tolokonnikova e Maria Novgorod, o ex-magnata do petróleo Mikhail Khodorkovsky (na cadeia há uma década) e a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, ativista do Greenpeace. No que depender dos que estavam encarcerados, o baixo prestígio de Putin continua irretocável. As moças do Pussy Riot puxaram o coro e pedem uma Rússia sem ele. "DO TUÍTE RACISTA AO AUMENTO DE DOAÇÕES" Com velocidade quase tão rápida quanto a das redes sociais, Justine Sacco, diretora de comunicações da InterActive Corp. – empresa que controla sites como o Vimeo e o Tinder –, teve a sua vida transformada ao postar uma infeliz frase para seus 200 seguidores no Twitter: “Estou indo para a África, espero não pegar Aids. Brincadeira. Eu sou branca.” Ao pisar terras africanas, Justine foi duramente criticada e demitida. Alguém inteligente e não adepto de brincadeiras preconceituosas teve uma grande ideia: criou a página www.justinesacco.com que direciona o internauta para o site Aid for Africa – organização sem fins lucrativos que viu o número de doações crescer de três por dia para três por hora. "R$ 360 MILHÕES " é o montante ­correspondente à compra de produtos da agricultura familiar para alimentação escolar em 2012. Ao menos 80% dos municípios ­brasileiros adquiriram a produção de pequenos agricultores para a merenda. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento Agrário. "A CADEIRINHA PERDEU PARA O XODÓ DA AVÓ DILMA" Grande é o xodó e a saudade da avó, pequeno era o trajeto num bairro de Porto Alegre, e por isso a presidenta Dilma Rousseff não colocou o netinho de 3 anos na cadeirinha veicular – foi no banco de trás do carro com a criança no colo, protegendo-a com um abraço. Mas assumiu a falha e se desculpou publicamente: “Estive na casa da minha filha e, de lá, levei meu neto à casa do avô, que fica no mesmo bairro. Meu neto foi abraçado comigo no banco de trás. Foi um erro. A legislação de trânsito é clara: criança tem de andar na cadeirinha. Peço desculpas pelo erro.” "O PRECURSOR DA "WORLD MUSIC"" Yusef Lateef foi um músico global. Aprendeu o ritmo típico de diversos países e os mais variados instrumentos. Nasceu nos EUA, converteu-se ao islamismo e foi com essa personalidade de quem ama a multiplicidade que ele viveu seus 93 anos – morreu na segunda-feira 23, em Massachusetts. “Cada cultura tem algum conhecimento. É por esse motivo que estudei com Saj Dev, um flautista indiano, e me aprofundei na música do compositor alemão Stockhausen e na dos pigmeus das florestas tropicais”, dizia Lateef. Também aprendeu a desenvolver sua arte com mestres como Miles Davis, Charles Mingus e Cannonball Adderley – não é sem razão que dominava o saxofone, a flauta, o oboé e o fagote. Entre suas composições mais famosas estão “Love Theme for Spartacus” e “Morning”. "POR VINGANÇA ELE INVENTOU O FUZIL AK-47" Como seria bom para a humanidade se no mundo real tivesse acontecido o que o genial Chico Buarque questionou em “Almanaque”: “Quem não fez a patente da espoleta explodir na gaveta do inventor?” Uma coisa é certa: guerras talvez tivessem sido evitadas. Assim, Mikhail Kalashnikov não teria se ferido na Segunda Guerra Mundial e, não ferido, não criaria por vingança, como certa vez admitiu, o famoso fuzil soviético AK-47 – utilizado amplamente em outros conflitos, numa estimativa de que 100 milhões de exemplares já tenham disparado balas em diversos pontos do planeta. Kalashnikov, que deu nome a uma das mais famosas marcas de armamento, morreu na Rússia na segunda-feira 23 aos 94 anos. Atualmente, o AK-47 é utilizado por exércitos de 80 países.