Há Flores na Pele - Rodrigo de Souza Leão Há Flores na Pele Rodrigo de Souza Leão Fonte Digital Arquivo do Autor Versão para eBook eBooksBrasil.com (c) 2000 Rodrigo de Souza Leão Í N D I C E O Autor Há Flores na Pele a imobilidade diante dos fogos sutilmente alimentado amar pra sofrer que é bom não tendo nada a dizer, disse bacana para navegar em silêncio penelope primeira masturbação chover rosa plástica couve e feijão torre eifel a parteira bazuca as águas de uma lagoa canastrão faquir lágrima o crescimento do leão noturnália canção só pra triângulo colheres Poema Um Poema Cigarro Poema Chaga poema mãe De mão em mão Poema Plana Astronauta Nau Portas loucura Argênteos A Diadema Do cais ao Caos Passarinhos Elo Perdido Insônia Realcoisacional Erro Argênteos Music Recreio Natal Pó Quando você se separou de mim Bifocal Nada Preferitudes Sobre Jesus II Povo Gerânios Nomear Bafo síntese da antítese O Autor Rodrigo de Sou­za Leão é ca­rio­ca, 34. É for­ma­do em jor­na­lis­mo. Trabalhou na SASSE - se­gu­ra­do­ra da Cai­xa. Trabalhou no ca­nal 9, an­ti­ga TV Cor­co­va­do. Foi re­pór­ter e edi­tor do pro­gra­ma In­for­me Imo­bi­liá­rio. É músico. Te­ve par­te da for­ma­ção fei­ta pe­lo te­nor Pau­lo Bar­ce­los. Tra­ba­lha di­vul­gan­do poe­sia na in­ter­net. Já en­tre­vis­tou 80 es­cri­to­res en­tre poe­tas e pro­sa­do­res. Seus sí­tios ci­ber­né­ti­cos são: http://www.pobox.com/~seomario http://members.tripod.com.br/seomario Re­si­de à Av. Hen­ri­que Dods­wor­th, 83 ap. 605 - 22061 030 - La­goa - Rio de Ja­nei­ro Ten­ta a pu­bli­ca­ção de seu pri­mei­ro vo­lu­me com en­tre­vis­tas dos poe­tas. Pa­ra­le­lo es­cre­ve os seus poe­mas. Há Flores na Pele "Amor é bicho instruído." Drummond a imobilidade diante dos fogos parado, o silêncio me confunde imóvel, teu laço de amizade toda a mobilidade parada ainda só pra te ouvir soltar cachorros e engolir toda a pólvora de luz cuspir o nosso amor em fogos sutilmente alimentado dito ao verso que lhe espero você se esmera esmeralda a vestir véu e grinalda dito ao verso que lhe quero você caiu em minha rede estendida entre as paredes por isso olhou convexa depois despoluí o olhar para fincar as flechas envenenadas do ato amar anote então em seu corpo que lhe quero, a flor em pele lamino, pênis, delicado, torto colher de colher mulheres amar pra sofrer que é bom ampute o silêncio de sua fala, regenere o desgosto do olhar pois quem fere, calando exala o desgosto de sempre matar escorra a macarronada textual al dente, caliente, o que diz pois se nada no ato sexual nada fala riscando este giz não é o professor de sexo está mais para um colibri que divide o desgosto anexo com as flores de um existir por isso se o que digo é sol e clareia sua posição polar faz do desgosto o seu escol e da sua vida a palavra amar não tendo nada a dizer, disse desgrenha tua mão de mil folhas caídas no chão o farfalho o orvalho natural das correntes de vento circular - tufão de solo de olhar tão cedo a manhã, o dia surge naturalmente tal bruma e esconde cada qual, cada uma das riquezas cilhadas do czar beijei-lhe a boca nove vezes furacão de luz flechou olhos se não estivesse aromatizado teria dito: eu lhe amei mas como de brisa, alimento rumino o silêncio dos dias estou há cem anos sem falar de pasárgada ou de maricá por isso: vivo em silêncio escrevo o que não sei dizer e principalmente quem no bem me quer me escolher trituro as manhãs como hoje centrifugando o que digo tornando-me menos amor e da natureza um bom amigo bacana atuar, atingir, flechar a cupidácea fêmea para que ao encontro a tênue exatidão do ser esteja no emaranhado de nossos corpos trocados... torpedos de papel e anzóis azuis: olho em nós tantos cuspidos perdigotos, cupidos e nós três na troca agora à trois. a menage a baco homenagem para navegar em silêncio cardumes de silêncio navegam linearmente entre as minas d'água lá iam nossos peixes quando um toque provocou a explosão você me falou morte perdida em detalhes feito explodir: gritou gritar, não dizer nada melhor se dar a outra de outra forma minada penelope trançando o futuro de tranças penelope faz destruindo o presente com suas mantas o tempo passa ruindo e de não ver e não ser austera e ímpia em sua dor a cada laço um desfazer no futuro de tudo o amor primeira masturbação esquinas de horizonte deflagravam os olhos biônicos da aurora - sedutora mendiga andrajada de estrelas e foi passando pelas ruas de aurora que contornei todo violão de sua forma toda a guitarra de sua voz então busquei o amor de olhos faroleiros e ao invés de me iluminar, se iluminaram e eu me perdi enquanto apagava o mar eu ia naufragando em sua saliva salgada foi quando respirei as vogais de sexo e ereto olhei pro teto que gozava em mim chover teu caminho natural à noite (errata circunstancial tarde) veneno fruídor de horizontes percorre o seu caminho amigo de flor que se desabita do doar de flor desabitada de cheiro deforma a nuvem que lhe escolhe e fede a cada segundo uma vez como o natural verdugo da terra rosa combinar na alquimia a exótica fragrância do ser que se vicia o amor, a sua ânsia e deixar pólen furtivo naquela flor amorosa pr'eu beija-flor altivo pingar-te, minha rosa plástica tirando vértebra batiza etérea impulsão de vida península pura escuta negros vértices temas criado problema amputa-te toda couve e feijão o leme e a poupa o mar e os sargaços o garfo e a faca a boca e a comida quem semeia quem acusa o vento quem baba quem come migalhas sargaços de comida sobre o prato de feijão torre eifel com um fio de céu teci o seu infinito de grito em grito descobri a rapsódia de telha em telha fiz a minha babel de grilo em grilo iluminei torre eifel a parteira em seu oculto olhar atrás dos óculos rayban estará o lúgubre de orelhas a fauna habitual de um olho e a natureza de um ser humano em seu oculto olhar há uma mulher que ama há um homem que desaba e um triste sonho de viver com alguém que não lhe ama em seu oculto olhar há um oculto arco-íris e um velho aeroilis de vovô e a remington de everaldo e muitos sonhos em que serei em seu oculto olhar há uma louca conjuntivite e uma barriga de filho vindo e uma bacia de água e muitos sonhos em que sou bazuca o presente me olha angulado engulo o silêncio, desembrulho me embrulhando para você que me deu este lindo presente então me entrego em sua porta assim como foi entregue o meu ó, seu presente é mais magro - bazuca de canhão e míssil as águas de uma lagoa levantar e abaixar servir e se revoltar estar no barco e puxar o mar pra perto pro nosso deserto ouvir o lago rangendo pedindo água nas anáguas das ondas as espumas das ondas as espumas azuis são detergentes da natureza: o pus levantar e abaixar catar e se revoltar canastrão mambembo por aí represento-me e a outros me camuflo(r) de devir mambembo em ti não te conheço bem só sei desse existir mambembando em mim sou a maior mentira será até o fim faquir ai desta dor que desata o nó da minha realidade se enlaçando se acata doer é a profundidade doer de camisa de força assinar o óbito atestado quebrar, da vida, louça guardar cacos amados lágrima de verter-te inglória de seguir minha mão em tua trajetória rumo a todo, o chão a encher-me a vista do sal, suprema dor ó lágrima de espólios arranque meus olhos o crescimento do leão leão caminha e altivo percorre o cômodo de um corpo com um embasamento de quem encarneceu seus dentes e hoje vê corujas nos seus olhos gôndolas de pesadelo noturnália caída a noite bêbeda de lua erguida a guincho e o sol de força fez o mar derramar e dividir o fogo solar do fogo lunar as costas quentes foram erguidas e noite vestida de penhoar de estrelas ficou assim vigília até que aurora veio roubar as estrelas esculpir sombras no dia canção só pra triângulo infinitude de cabeça de vento esse menino tem miolo mole e os abutres virão com tempo levar suas entranhas, o fole e quando o miolo de pão for dos pintos e não da manhã a tarde se levantará gavião não virá feito gata e sim satã desmiolará os miolos de uns zés desgrenhará o cabelo de outros levará a mão e os anéis esperará, a noite vem pra todos e vampiresca nossa manhã se evade enquanto os ossos da noite dançam no acordeom, caixa, bum­bo do le­via­tã à tarde, o cosmos dança suave; arde colheres na amplitude eu te guio mascando gomas de fio trilhando teu corpo de rio na diminitude eu apago o meu cigarro de afago falo ao infinito, indago queres tu a coerência? ou quem sabe existência da amplitude na essência nem tudo como queres nem todas as mulheres se dão ao touch das colheres poemad aperna eterna etenra aperna expele sperma Poema Um Disto de você Eqüidistante Distante de você Neste instante Perto do mirante Aurora de ser Parte da arfante Aventura de ser As águas batendo No mirante Instante por instante Maestro! Poema Cigarro Na ponta a brasa Dentro a fumaça Ao lado o maço Uma tragada No pescoço O laço da gravata Ou quem sabe O câncer mata Poema Chaga Minha alma chaga Se apagará Chama, no Nada Mostrará o fim Da azeitona Começo da empada poema mãe para Sylvia graças a mim a vida te deu pontapés n'alma dores na coluna teto subindo boca perdida na fala protegi a fauna soltei os cachorros quando flores dar? graças a mim engaiolado de ti serás garça ao fim De mão em mão Canetas compro E somem Não são mulheres De um só homem Poema Plana 1 Plana a folha Alma e rara Plana manhã Malva e pára Plana e pára Sobre a toalha Plana a folha Sobre a muralha 2 Plana e risca Caminhos e veias Plana sobre Minhas teias Plana tal navalha Mosca mortalha Astronauta a José Silvério Trevisan Estar preso Não é ficar Obeso Estar preso É não Se alimentar Ver filmes De ficção Em casa Sonhar Com a nasa Star livre Astronauta de si Nau pedras n'água círculos, odes às ondas perdas n'água náufragos presos no infinito Portas portas pra que servem Portas vivas? Mortas todas As portas Um mundo sem portas Sem divisão Sem impedir Os que ficam Os que vão Portas pra conter Pra reter Pra barrar Nunca amar Amo E quem deixou Me ama de portas abertas loucura clausura usura pura costura e dura não cura clausura escura impura ditadura da loucura Argênteos O Sol deposto - astro rei - Saiu de cena Pediu então Para o poeta Pratear o mar Surgiu a Lua Sem diadema fios de cabelos Aos sete ventos - pólen de prata - Na flor da noite A Diadema Algumas bobagens Digo-as para liberdade Para olhar seu infinito De mulher querosene Aquela que se apaga Nas anáguas d'água Flutuando no catecismo De orações ao escuro Onde seus cabelos Fogem dos meus arrepios Assim ouço o seu eu E escrevo um poema Para eu ficar preso em ti Como a sua diadema Do cais ao Caos evebody's partyng partindo o bolo se desancorando evebody's parting partindo do cais ao caos portasfechadas todos fechados em suas portas Passarinhos a Sergio de Castro Pinto todos estão livres o tempo todo sujeitos às pedras dos bodoques os medos algemas medulam no silêncio alçapões são abertos Elo Perdido O desistir. que venha assim como um devir Não tão abrupto quanto o macaco virou homem Insônia Perder o sono aqui no nono andar pelo corredor ir e voltar a ser pente ando cabelo deixando peles pelos tapetes Realcoisacional escrever poesia é como se perder perder-se em si para sobreviver não ouvir do silêncio coisas tão verdade que tão mais coisas se tornem realidade Erro Entre Mim e você Não há nada Entre Eu e você Quem sabe Um erro Ortográfico Argênteos O Sol deposto - astro rei - Saiu de cena Pediu então Para o poeta Pratear o mar Surgiu a Lua Sem diadema fios de cabelos Aos sete ventos - pólen de prata - Na flor da noite Music No terno do morto O negro e o branco Unidos Como num piano Só o som Das carpideiras Recreio Por quem os sinos dobram no silêncio da manhã Por que todos os badalos pra acordar quem morreu finados findados fiquem fincados ao seu silêncio assim os badalos chamam as nossas crianças para vida que queremos nelas vivas Natal a fauna de um olho tem uma floresta negra com pontos de luz clareando o andar de pássaros albinos também o vermelho vive a se esconder e a brotar do fundo de um olhar (é como ver garças riscando o infinito vermelho/branco nuvens e céu olho e olhar poeta e poema) também estão os micos dourados dourando as árvores são bolas de natal na lente bifocal Pó o unicórnio deu um beijo nela e varou-a penetrar e entrar não é beijar beijar é sugar e ser sugado aspiradores de pó se aspirando Quando você se separou de mim o silêncio é um espelho que só reflete o que quer quando o querer discorda podemos nós ver como somos grandes olhos boca negra e alguns pêlos pelo corpo delgadamente tosco pela acrobacia da ginástica dos dias e da existência Bifocal tudo assim dito pode simplificar mas difícil é ser simples ser ao mesmo tempo abajur e holofote Nada não vou falar de amor quero uma flor sem cheiro e sem conter o arco-íris em si assim não ficarei embriagado com os cometas e as luzes todas por aí irei de smoking e de sapato quando o certo seria botar um tênis branco e roupa de palhaço mas coberto de nuvens brancas eu partícipe do céu nunca mais lhe beijaria não vou falar de amor Preferitudes prefiro os dias pares às pessoas aos lugares o taxi que os circulares retornos me entorno tentando eterno ermo metalinguante Sobre Jesus II negou comer plumas negou ser serpente negou chamas ao sol negou prata à lua negou a si mesmo de negativas se fez a primeira a segunda a terceira e a quarta vez e os galos cantaram para jesus enquanto ele foi crucificado para história Povo pilares não é só um bairro onde agora carregam pilastras e penduram um homem de cabeça para cima pra ele olhar o sol que surfa sobre o seu corpo Gerânios poderá o homem que esbarrou na sua alma calma infla mada ler memorável memorando destinado a plantar flores em todos os crânios gerânios Nomear olha-me suavemente aquele esguelha da porta a porta é um rito uma passagem para algo o algo é o absurdo ou o ocaso, concluo o algo se imagina alguém periga estar ou ser Bafo eretamente fálico um chorão príncipe vez de seu hálito um partícipe naquele buquê de sexualidade um grande auê total eletricidade blecaute então de fálico a broxa ficou o chorão de fratura exposta síntese da antítese há flores na pele perseguindo as cegonhas há flores surgindo dos dedos talos de begônias tatuadas entre sardas há flores onde as florestas dos nossos corpos se completavam copulando unicórnios e tarântulas hoje existem apenas flores por onde as lápides seivam prantos e as lágrimas ravinam o meu silêncio pingando em hades (c) 2000 Rodrigo de Souza Leão Versão para eBook eBooksBrasil.com __________________ Agosto 2000