O desafio da educação inclusiva
Revista Educarede
São Paulo - SP, 17/06/2002
Ao contrário do que dizia filósofo francês Jean Paul Sartre, "O inferno são os outros", a educação inclusiva caminha para uma melhor relação com o próximo, à medida
que aposta na convivência com o diferente desde os primeiros anos da vida escolar
Priscila Gonsales
Dados do Censo Educacional mostram que o número de matrículas de alunos com necessidades especiais vem crescendo a cada ano. Em contrapartida, a formação do professor
para receber esses estudantes não caminha no mesmo ritmo acelerado.
Nesta reportagem, o EducaRede traz o depoimento de quem vivenciou a experiência de ter um aluno deficiente em sala de aula sem nunca ter sido preparado para isso,
e os caminhos que teve de percorrer para enfrentar o desafio da inclusão.
A professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Leny Mrech, chama a atenção para o fato de a inclusão não envolver um processo apenas consciente,
no qual qualquer palestra ou informação poderia aparentemente ajudar.
Você vai ver também:
- Lista de instituiçõe que oferecem informações e cursos
- Experiências de formação de professores na rede pública
O paraíso são os outros
A professora de Educação Física Iza Anacleto já tinha tudo preparado para dar sua primeira aula de dança aos alunos do Ensino Médio em uma escola em São Paulo. Nada
melhor do que uma coreografia em roda para promover a integração do grupo de maneira lúdica. A disposição e o entusiasmo de Iza para sua estréia duraram até o momento
em que entrou na sala de aula. Seu mundo caiu, literalmente. Assim que pôs os olhos na classe, avistou Adriana (nome trocado), uma jovem com paralisia que andava
de muletas. "Essa menina estragou minha aula !", foi o que veio imediatamente à cabeça da professora que nunca tinha se deparado com uma situação dessas, nem em
disciplinas na faculdade.
"Sei que foi preconceito o que tive naquele momento, afinal, sempre trabalhei com corpo, movimento. Quando olhei para a garota, vi um corpo caído, disforme, incapaz",
revela a professora. Só que os pensamentos logo foram invadidos por um enorme sentimento de culpa, pois, sendo negra, Iza conhecia bem a sensação de ser vítima de
preconceito, ainda que indiretamente. Mesmo assim, durante várias aulas seguidas, nenhuma idéia lhe ocorreu para que pudesse fazer com que a aluna deficiente física
participasse de alguma forma das aulas de dança. Mas a presença constante de Adriana como observadora a incomodava, já que a estudante fazia questão de assistir
às performances de seus colegas.
Até que chegou o dia da avaliação. Toda a turma já tinha passado pelos testes, menos a Adriana. "Quando olhei para ela e a vi ali, sentada, cabisbaixa, falei num
impulso: você quer fazer a prova?", conta Iza. A resposta positiva surpreendeu a todos. Mas o espanto maior ainda estaria por vir. "Foi difícil conter a emoção,
quando segurei suas mãos para ajudá-la e ela mostrou que sabia a coreografia inteirinha."
A partir daquele dia, Iza não sossegou até encontrar informações sobre como poderia adaptar suas aulas. Conversou com colegas de profissão, visitou entidades assistenciais,
participou de cursos de formação. Hoje, não esconde a satisfação em dizer que é professora de Educação Física, especialista em dança adaptada a partir da técnica
Laban, que trabalha com princípios de movimento. "Agora minha dança é inclusiva", orgulha-se.
Inclusão é Lei
A situação vivenciada por Iza é bastante familiar para a maioria dos professores brasileiros desde que o Ministério da Educação (MEC) divulgou, no final de 2001,
uma resolução destinada a fazer com que as normas da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 1996, começassem a ser efetivamente cumpridas. Pela legislação,
portadores de qualquer tipo de deficiência têm o direito de estudar em escolas comuns, isto é, a chamada educação inclusiva.
Segundo o Censo 2000, 14,5% dos brasileiros têm alguma deficiência sensorial, mental ou física. São 24,5 milhões de pessoas que convivem diariamente, em maior ou
menor grau, com o preconceito, além de sofrer privações no exercício de sua cidadania. A política educacional brasileira vem ao encontro de um compromisso mundial
firmado na Espanha, em 1994, no qual cerca de 80 países assinaram a Declaração de Salamanca, que proclama a educação inclusiva como combate à discriminação.
Essa nova concepção parte do princípio que crianças normais convivendo com as deficientes desde cedo aprendem a respeitar e valorizar as diferenças. Os números do
Censo Escolar mostram que está havendo de fato uma movimentação nesse sentido. Cada vez mais, os alunos que necessitam de atendimento especial nas escolas estão
ingressando em classes do ensino regular. Dados do Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais), no período de 1998 a 2001, mostram que o número de matrículas
cresceu 54%, enquanto nas instituições exclusivamente especializadas para portadores de deficiência o aumento foi de 17%.
Só que esse crescimento não vem sendo acompanhado, na mesma proporção, de um preparo dos docentes. "Isso causa muita angústia e provoca mesmo uma sensação de desconforto",
diz a psicóloga e pesquisadora da Universidade de São Paulo, Célia Horta, autora de uma peça de teatro infantil sobre a temática do deficiente. Célia acredita que
não é possível simplesmente matricular os deficientes numa escola comum e forçar sua adaptação, afinal, qual o sentido de obrigá-los a freqüentar um ambiente inapto
fisicamente para recebê-los e com professores sem o menor preparo para lidar com suas necessidades.
Se o cotidiano com alunos ditos "normais", que envolve inúmeras questões como indisciplina, dificuldade de aprendizagem, entre outras necessidades educacionais,
já é um grande desafio, imagine conviver com estudantes que não andam, não ouvem, não enxergam, não falam ou não estão em sintonia com o pensamento e as atitudes
da maioria das pessoas.
"O grande problema que enfrentamos hoje é a transição de um modelo de ensino integrador para o inclusivo", disse Marlene de Oliveira Gotti, secretária adjunta de
Educação Especial do MEC, em sua palestra no "I Simpósio de Educação Inclusiva", ocorrido em São Paulo, no final de abril. "Quando falamos apenas em integração,
não estamos pensando em mudança no projeto pedagógico da escola", explicou. "Nessa visão, o deficiente deve se adaptar a uma estrutura existente. E essa realidade
ainda predomina em todo o país."
No mesmo Simpósio, a professora Maria Teresa Mantoan, coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Educação e Diversidade da Universidade de Campinas, afirmou que
a escola como é hoje, "retrógrada e obsoleta" não cabe no esquema da inclusão. "Uma escola que culpa o aluno pela deficiência é algo extremamente descabido, como
se um hospital pudesse culpar o doente por sua enfermidade." Teresa é uma das mais respeitadas estudiosas e incentivadoras da educação inclusiva no Brasil.
Formação do educador
Que a escola tem papel fundamental no processo de inserção do deficiente na sociedade já é consenso e também um direito assegurado por lei. A questão agora é meramente
prática, diz respeito ao dia-a-dia do professor em sala de aula. O que fazer, então, quando há um aluno deficiente na turma? Qual a melhor forma de atendê-lo?
Segundo o MEC, ao receber um aluno deficiente, a escola deve entrar em contato com a secretaria de Educação do município ou do estado para que o órgão avalie se
existe uma outra escola próxima que já tenha condições de atender deficientes em classes comuns. Se não for possível, deve-se enviar uma solicitação ao ministério
para providenciar um curso de formação. Em princípio, são enviadas fitas de vídeo e livros relacionados ao assunto. O MEC disponibiliza os Parâmetros Curriculares
sobre o tema e tem planos de ampliar os cursos de capacitação para que toda a rede pública esteja equipada a receber qualquer portador de necessidades especiais.
Enquanto isso não acontece, a dica é buscar apoio junto às entidades assistenciais e ONGs especializadas no assunto. Uma das mais requisitadas é a Associação para
a Promoção e Valorização dos Excepcionais (Avape), de São Paulo, que realiza, há um ano, curso de capacitação envolvendo dinâmicas de grupo e simulações, totalmente
voltado para a realidade do professor em sala de aula.
Segundo Cristina Bachiega, coordenadora de cursos da Avape, a idéia surgiu em função da experiência da instituição em atendimento clínico do deficiente. "Sabemos
que o portador apresenta uma série de dificuldades e habilidades e o educador precisa ter um pouco de sensibilidade para descobrir a melhor forma de atuar", justifica.
E dá um exemplo: "se um aluno não tem o braço direito, trabalhamos o que se pode fazer com o braço esquerdo, ou seja, descobrimos outras possibilidades". Segundo
Cristina, a parte da didática, tecnicamente, não se altera. "É comum as pessoas terem conhecimento, mas não sabem aplicá-la", diz.
Cristina enfatiza algumas características que o professor interessado na inclusão de deficientes precisa ter. "É importante ser um profissional com um certo grau
de submissão, isto é, disposto a dar mais do que receber. Deve também ser bom em relacionamento interpessoal e ter conflitos pessoais mais ou menos encaminhados",
descreve. Como explicação a tantos pré-requisitos, a educadora chama a atenção para o fato de o deficiente ter problemas que não cabe ao professor resolver. "É preciso
ter claro os limites sobre até que ponto se pode ajudar e em qual não se consegue interferir."
Em relação aos conflitos pessoais do profissional, Cristina explica que a preocupação é o sentimento de pena. "Se o professor está enfrentando determinado problema
em sua vida pessoal e atende um aluno deficiente físico que pega ônibus, metrô, chega cansado, mas tem enorme disposição em aprender, pode cair numa comparação descabida,
achando que o aluno que tem uma deficiência faz melhor que ele - e isso atrapalha o bom desenvolvimento do trabalho."
Relações sociais
O enfoque do curso da Avape vem ao encontro do trabalho da pesquisadora e professora da Faculdade de Educação da USP, Leny Mrech, que alia educação inclusiva à psicanálise.
"Isso faz enorme diferença na hora de lidar com os professores", enfatiza Leny. Segundo a pesquisadora, tradicionalmente a educação destaca apenas os aspectos conscientes
dos processos educativos e a educação inclusiva tem evidenciado a importância de não se ficar apenas na superfície. "Incluir não é apenas possibilitar o acesso do
aluno ao ensino regular. É após a entrada dele na escola que tudo realmente começa, quando ele pode ser aceito pelos demais tendo em vista a sua diferença. Ou não",
aponta.
A pesquisa de Leny tem como objetivo analisar a questão sob a perspectiva das relações sociais. Ela explica que muitos professores, alunos, pais e funcionários apresentam
preconceitos e estereótipos em relação ao aluno com necessidades educativas especiais e isso é um processo que não ocorre apenas no plano consciente, de forma que
qualquer palestra ou informação poderia aparentemente ajudar. "A inclusão implica em um contexto de discussão mais profundo: revela a dificuldade que nós temos de
lidar com o outro, de aceitá-lo em sua singularidade, em sua diferença", argumenta.
Benefícios da educação inclusiva
:: Estudantes com deficiência
- Desenvolvem a apreciação pela diversidade individual
- Adquirem experiência direta com a variação natural das capacidades humanas
- Demonstram crescente responsabilidade e aprimoram a aprendizagem
- Ficam mais bem preparados para a vida adulta em uma sociedade diversificada, por meio da educação em salas de aula diversificadas
:: Estudantes sem deficiência
- Têm acesso a uma gama mais ampla de modelos de papel social, atividades de aprendizagem e redes sociais
- Desenvolvem, em escala crescente, o conforto, a confiança e a compreensão da diversidade individual deles e de outras pessoas
- Demonstram crescente responsabilidade e aprimoram a aprendizagem
- Ficam mais bem preparados para a vida adulta em uma sociedade diversificada, por meio da educação em salas de aula diversificadas
- Beneficiam-se da aprendizagem sob condições instrucionais diversificadas
Fonte: Organização das Nações Unidas
Outra instituição que vem se destacando na realização de atividades de formação de professores é a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). A entidade
já capacitou 350 docentes em seu curso sobre inclusão e vai realizar a 4ª edição no próximo dia 18 de junho, esperando receber 600 participantes. Segundo a diretora
de Educação Especial, Ana Maria Godoy, os professores, mesmo sem incentivo das Secretarias de Educação, vêm de longe para fazer. Trata-se de um currículo básico,
com o objetivo de dar uma idéia geral, especialmente de paralisia cerebral. Divide-se em duas partes: a primeira, teórica, explica as patologias e as conseqüências
na aprendizagem; a segunda, prática, envolve observação do trabalho de professores da AACD. Para participar dessa última etapa, o professor precisa comprovar sua
atuação em sala de aula mediante carta do diretor da escola. "Acreditamos que sempre é possível aprender, seja qual for a dificuldade do aluno", afirma Ana. Para
ela, o grande problema da inclusão ainda é o despreparo dos educadores: "o desconhecimento gera o preconceito."
Para a professora Leny, não existe um processo de capacitação perfeito. Assim, por mais que se queira e se trabalhe, o professor não estaria nunca inteiramente pronto,
preparado para enfrentar o aluno com necessidades educativas especiais. Ele sentirá sempre que há algo que lhe escapa, que ele não consegue lidar, não consegue fazer.
Leny enfatiza que a educação inclusiva em ação é uma prática que constantemente se transforma, na qual o professor terá, continuamente, de recriar o seu trabalho,
recriar as relações. "Daí a importância de se construir uma escola inclusiva, onde não haja aqueles que detenham o saber e comandem os demais; onde cada um tenha
prazer de criar; onde se possa alcançar algo que hoje em dia falta: o respeito ao outro que é diferente de mim e que pode conviver ao meu lado".
Devido à demanda crescente de professores da rede pública, a Rede Saci, comunidade eletrônica de comunicação e divulgação de informações sobre deficiências, vai
estrear no final de junho uma nova seção dedicada à troca de experiência sobre educação inclusiva. "Vamos trazer depoimentos de educadores, disponibilizar uma base
de dados de serviço, dar exemplos de projetos desenvolvidos junto a Secretarias de Educação, entre outros itens", conta Marta Gil, coordenadora da Saci. Segundo
ela, quem não tiver acesso à Internet, poderá receber os textos e demais conteúdos pelo correio, basta solicitar.
Xô preconceito
Depois de 13 anos de atendimento clínico junto a crianças e jovens com necessidades especiais, a psicóloga Célia Horta decidiu sair do consultório para falar à sociedade
de forma lúdica e com muito humor sobre um ponto delicado que atrapalha a convivência com pessoas portadoras de deficiências: o preconceito. "As pessoas se afastam
como se fossem contrair a deficiência", constata Célia.
Assim nasceu a peça "Meu Deus, Isto Fala!", um teatro de bonecos, que está completando três anos de apresentações e cuja experiência de sensibilização foi tema de
sua tese de doutorado. "Com bonecos, é possível utilizar uma linguagem leve, além disso, provoca um distanciamento que aproxima", diz Célia, justificando a escolha
do "elenco".
O espetáculo é uma comédia musical com quatro personagens deficientes físicos e um velhinho. A história de desenrola a partir de um ensaio desses personagens para
uma peça sobre a vida de Graham Bell, inventor do telefone, cuja esposa e mãe eram surdas. A própria Célia é a personagem diretora da peça. E os problemas vão acontecendo:
o deficiente visual não decorou as falas, pois não lhe entregaram o texto em Braille; a deficiente auditiva luta para não ser chamada de surda-muda, afinal, é só
surda; o deficiente visual também é danado e faz piada com os demais.
Com muito humor e linguagem simples, Célia busca falar a vários níveis de entendimento, desde a necessidade de uma rampa de acesso até o preconceito. Depois de uma
temporada em cartaz no Sesc Vila Mariana (São Paulo), "Meu Deus, Isto Fala" vem sendo apresentando em escolas e instituições. Célia também participa, como palestrante,
de congressos educacionais sobre inclusão. A psicóloga reconhece que o atendimento educacional aos deficientes é uma situação que desperta muita angústia. "A deficiência
do outro aponta as nossas próprias deficiências e, se não trabalharmos com essa angústia, não adianta informação, pois na hora de aplicar haverá um bloqueio. O professor
precisa se preparar emocionalmente para isso", afirma.
Experiências de formação na rede pública
São Paulo cria centro de especialização
Aula para capacitação de professores e coordenadores pedagógicos no Cape, em São Paulo
No estado de São Paulo, a Secretaria Estadual de Educação inaugurou, em novembro de 2001, o Centro de Apoio Pedagógico Especializado (Cape) com o objetivo de implementar
o Programa de Inclusão Escolar de alunos com necessidades especiais nas escolas da rede. O órgão foi criado a partir da experiência do Centro de Apoio Pedagógico
ao Deficiente Visual, existente desde a década de 90, que tinha por meta atender os alunos da região e produzir livros didáticos em Braille. O serviço, que é expandido
a 23 estados brasileiros, funciona a partir de um pedido do professor, que escolhe o exemplar e solicita a transcrição para a linguagem de sinais.
Visando ampliar o atendimento para as demais áreas de deficiência, surgiu o Cape. Sediado no bairro paulistano do Brooklin, em um prédio arquitetonicamente adaptado
- com pistas para alunos com baixa visão, pisos especiais para usuários de bengalas, placas em Braille, rampas e elevadores; tudo muito colorido. São realizados
treinamentos e capacitações de professores para o atendimento ao aluno portador de necessidades educacionais especiais e a produção de material didático-pedagógico,
utilizando matéria-prima simples, para facilitar a reprodução nas escolas. A professora Janalice Rocha, com 40 anos de trabalho no estado, está no 8º curso de formação
no Cape. "O curso é bem estruturado, as aulas são muito produtivas," classifica.
Estudantes deficientes no estado de São Paulo
- Auditivos: 3.690
- Físicos: 206
- Mentais: 11.700
- Classe Hospitalar: 170
- Visuais: 1.152
- Atendidos nas escolas da rede estadual e instituições conveniadas: 33 mil
- Atendidos diretamente pela Secretaria: 16.930
Assim que a rede paulista recebe um aluno com necessidade educacional especial, ele passa por uma avaliação pedagógica, realizada por equipe multidisciplinar, em
que se avalia se ele pode freqüentar a classe regular de ensino, com os recursos necessários e o apoio de um professor capacitado, obedecendo os princípios da Lei
de Diretrizes e Bases (LDB) e da Constituição Federal. Caso a avaliação detecte que a criança não terá condições de acompanhar a turma, ela é encaminhada para uma
sala especial ou para uma das instituições parceiras da secretaria, responsáveis por este atendimento.
Salvador firma parceria com ONG
A Secretaria Municipal da Educação e Cultura (SMEC) de Salvador assinou, em abril deste ano, contrato de parceria com a Associação Baiana de Síndrome de Down (Serdown)
para desenvolvimento do projeto "SuperAção - Uma experiência de educação inclusiva". O objetivo da iniciativa é promover a inclusão de pessoas com Síndrome de Down
nas escolas da rede de ensino da Prefeitura.
O projeto surgiu da experiência bem-sucedida na Escola Amélia Rodrigues, onde a comunidade foi mobilizada, e os atores capacitados para as ações de inclusão, oportunizando
vivências sobre o processo educativo, com a garantia de acesso e permanência.
Para Lívia Borges, presidente da Ser Down, a inclusão das pessoas com necessidades educativas especiais nas escolas regulares envolve a discussão dos melhores métodos
a serem aplicados para que a escola seja efetivamente um espaço de todos.
A Serdown tem a proposta de trabalhar com a sensibilização de toda comunidade escolar, professores, alunos, pais e funcionarios iniciado pelo projeto "Quem é igual
a quem", uma peça de teatro que fala da chegada de um aluno com Síndrome de Down em uma escola, apresentada em 2001 em várias escolas da rede ."Este ano estaremos
dando continuidade à sensibilização com outras técnicas, alem de estar trabalhando com a capacitação dos professores, discutindo metodologia de ensino, avalição
escolar, entre outros temas", conta Lívia.
A entidade tem como lema "Conviver para não Discriminar", acreditando que a sociedade inclusiva só acontecerá no momento em que as pessoas possam vivenciar toda
a riqueza da diversidade humana. Em seu site, a Serdown disponibiliza, gratuitamente, duas cartilhas, uma delas dirigida aos pais de crianças e outra dirigida aos
profissionais de saúde.
Cachoeira do Sul forma professores em serviço
As escolas públicas - municipais e estaduais - de Cachoeira do Sul (RS) estabeleceram um convênio com a Associação dos Familiares e Amigos do Down (Afad) para assessorá-las
a promover a educação inclusiva na região. A Afad concentra seu trabalho na formação continuada de professores com os quais tem contato direto e sistemático por
meio de visitas às escolas, realização de cursos, mini cursos, oficinas, encontros, e criação de grupos de estudo em que são debatidos temas referentes às escolas
de qualidade que reconheçem a diferença como fator positivo.
O trabalho de capacitação de educadores desenvolvido pela instituição acontece há oito anos e tem como proposta integrar teoria e prática, em aulas na própria escola,
junto a todos os docentes e, algumas vezes, envolvendo famílias e comunidade.
Mara Lúcia Sartoretto, diretora da Afad, explica que a concepção do curso surgiu após a constatação da pouca eficiência dos chamados grandes eventos - Congressos,
Seminários e Fóruns - nos quais os professores, na maior parte das vezes, não passavam de meros espectadores e não saíam habilitados a desenvolver um trabalho prático
qualificado com todos os alunos, inclusive com os que tivessem necessidades específicas.
"Acreditamos que é na própria escola, ao lado de seus colegas que os professores podem refletir e estudar os conteúdos e práticas pedagógicas em relação às quais
sentem dificuldades e necessitam aprofundamento", pondera Mara. Segundo a educadora, debates, pesquisas, registros escritos e falados, observação e vivências são
processos pedagógicos indicados para trabalhar o tema da inclusão, além dos conteúdos curriculares. "Nossos encontros de formação não são pontuais, e sim realizados
ao longo do ano, partilhados com supervisores da Secretaria Municipal de Educação, especialistas ou de outras áreas, que possam esclarecer as dúvidas dos professores,
e pessoas da comunidade em que está inserida a escola", afirma. Para a entidade, as escolas que investem na formação continuada e em serviço de todo o seu corpo
docente demonstram abertura e facilidade em trabalhar bem com todas as crianças e melhor as habilitam a enfrentar os desafios da vida, de maneira livre, criativa
e solidária.
"Quando falamos em escola inclusiva nos referimos àquela que se modifica para adaptar-se às necessidades de todos os seus alunos deficientes ou não, utilizando uma
pedagogia centrada nos talentos e possibilidades humanas e não nas suas dificuldades ou impedimentos", conclui.
Dicas básicas para a escola
(Extraído de publicação do Ministério do Bem Estar Social, Coordenaria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - 1992)
Deficiência motora
- No acesso à sala de aula, assinale todo o percurso preparado para esse aluno e ensine às pessoas a respeitarem essas adaptações. Aconselhe o aluno a conhecer o
ambiente antes do início das aulas.
- É importante que a sala de aula seja no térreo ou que a escola possua rampas. Se isso não for possível, é necessário um corrimão de cada lado em todas as escadas.
- Nos banheiros, as portas devem ser largas o suficiente para as manobras das cadeiras de roda e possuir um símbolo de acesso para os portadores de deficiência.
Além disso, os puxadores da porta devem ser colocados em uma altura adequada.
- As mesas e cadeiras devem proporcionar uma posição confortável e o equilíbrio necessário para a segurança do aluno.
- Responder as perguntas de uma maneira honesta ou, se for o caso, dizer que não sabe. Recorrer aos gestos e à mímica se houver dificuldade de entendimento na comunicação
oral. Sempre estimular a pessoa a participar de atividades e valorizar tudo aquilo que ela fizer a contento.
Deficiência auditiva
- Colocar o aluno em uma posição que lhe permita seguir facilmente aquilo que se passa, como na 2ª fila.
- Explique o conteúdo da matéria com imagens e certifique-se de que está bem de frente para o aluno. Não grite, fale devagar e naturalmente.
- Aceite todas as linguagens gestuais e não estranhe a pobreza de vocabulário.
- Proporcione as mesmas atividades escolares e recreativas igualmente para todas as crianças.
Deficiência visual
- Caminhar em linha reta, até que ele consiga fazer o trajeto sozinho. Deixe-o seguir o seu ritmo e ofereça seu braço. Nas passagens estreitas onde cabe apenas uma
pessoa, siga adiante e diga a ele o que se passa.
- Dê uma volta completa na sala para que ele entenda a disposição dos móveis e do quadro. São informações úteis ao aluno os percursos de toda a escola, incluindo
as curvas, as inclinações, as subidas e as descidas, as correntes de ar. Se houver alguma mudança na sala de aula, ponha-o ciente de tudo.
- Avise-o onde começa e onde termina uma escada. Para mostrar-lhe uma cadeira, coloque duas mãos nas costas da mesma. O aluno deve ter uma posição confortável para
ficar.
- Se o aluno precisar ir ao banheiro, mostre-lhe onde fica o vaso sanitário, o papel, a pia. Leia alto aquilo que escrever no quadro negro para que o aluno consiga
acompanhar o raciocínio.
- Se puder usar ilustrações em alto relevo, três dimensões, use-as para que ele possa observar pelo tato.
- É importante não esquecer que a leitura em Braille é mais lenta do que a comum. Às vezes esses alunos carecem de lupa e ampliações e as letras devem ser feitas
mais espaçadas e maiores.
- "Ali", "aqui" não são expressões esclarecedoras para os portadores de deficiência visual. É necessário dizer com precisão os lugares como: "atrás de você" ou "à
sua frente".
- Sempre que se dirigir a ele, diga seu nome e quando for embora, despeça-se. Se entrar alguém estranho na turma, coloque-o a par.
- Descreva sempre o que pretende que ela faça. Na hora da refeição, diga-lhe o que vai comer.
- Organize jogos como cabra-cega para que as outras crianças consigam perceber as dificuldades enfrentadas pelo colega.
Deficiência mental
- Acredite que ele tem potencial para aprender e que a escola pode beneficiá-lo. Facilite sua integração e estimule-o a cooperar, mas dê mais tempo para cada atividade,
é necessário um ritmo adequado a ele.
- São importantes a música, os trabalhos manuais, a educação física, a expressão plástica e as atividades diárias. Promova amplos contatos da turma.
- O contato com a família é fundamental. Estimule sua independência e proporcione um sentimento de integridade e autonomia.
Epilepsia
- Mantenha a calma durante uma crise, observe o que se passa para depois relatar à família ou ao médico, retirar obstáculos que podem machucar o epilético, afrouxar
a gola ou o cinto para facilitar a respiração, colocar entre os dentes um lenço dobrado para que evite morder a língua, explicar a seus alunos que alguns hábitos
como forçar a abrir as mãos, puxar a língua, dar água, são perigosos e prejudiciais, chamar uma ambulância se a crise demorar mais de 15 minutos.
Hemofilia
- Exercer uma vigilância mais constante a seus alunos. Na maioria dos casos, o hemofílico não pode participar das aulas de educação física, mas podem praticar atividades
físicas desde que não haja riscos de contusões. A criança deve portar o Cartão do Hemofílico com as indicações necessárias para a família e para os médicos em caso
de acidente.
Portadora de paralisia cerebral conta sua história de vida
A filósofa e doutora em psicologia social, Suely Harumi Satow, de 49 anos, nasceu com paralisia cerebral. O percurso que teve de fazer para ter os diplomas universitários
foi bastante tortuoso, como para qualquer deficiente mental, enfrentando preconceito e, principalmente, o impasse da negação e aceitação de sua própria deficiência.
Anos mais tarde, quando foi dar sua primeira aula no curso sobre identidade dos portadores de deficiência, percebeu que ainda falta muito para se chegar a uma sociedade
inclusiva. "No fim do curso, uma aluna não se conteve e confessou que, antes das aulas, falar em deficiência era pior que falar em morte", conta.
Suely considera fundamental a formação de professores para a educação inclusiva. "Para saber lidar com deficientes, o educador precisa, sim, ter informações específicas
e saber respeitar as diferenças, acreditando no aluno e o aluno tem de ter acesso a técnicas especiais para poder acompanhar as aulas."
Em sua tese de mestrado, que se transformou no livro "Paralisado cerebral: construção da identidade na exclusão" e está na 2ª edição (Editora Cabral), Suely concluiu
que o medo e a vergonha bloqueiam as ações do deficiente, tornando-o estagnado. E o que o impulsiona a ser socialmente ativo, é a crença verdadeira de um familiar
ou outra pessoa importante para ele, que acredite nas suas capacidades.
Veja o depoimento de Suely http://www.geocities.com/hotsprings/7455/suely.html e de outros deficientes http://www.geocities.com/hotsprings/7455/depoimentos.html/
História: o exemplo norte-americano
(Extraído de texto de Leny Mrech, no site www.educacaoonline.pro.br)
Nos Estados Unidos, a história da educação especial se cruza com a história das discussões a respeito da saúde mental. O movimento antimanicomial atingiu primeiramente
as instituições que faziam o atendimento contínuo do deficiente - tais como as escolas residenciais e os asilos. Era comum os deficientes serem deixados nas residências
abandonados pela família. Constatou-se que esse tipo de atendimento não funcionava. Aos poucos, foram surgindo novos serviços médicos, assistenciais e educacionais.
Em 1967, o Congresso dos EUA criou a Joint Comission on Mental Health of Children, que fez recomendações de caráter geral concernentes a que toda criança tivesse
acesso aos serviços fundamentais de saúde, educação e segurança social. Foram previstos serviços especiais para as necessidades da criança em cada um desses campos.
Surgem pela primeira vez os serviços comunitários destinados às crianças e uma ênfase no papel da educação, tendo em vista um maior desenvolvimento dos processos
cognitivo, afetivo e social dos alunos. A comissão recomendou também a instituição de um serviço de proteção à infância, privilegiando as necessidades comuns a todas
as crianças.
Mas, somente em 1975, os EUA instituíram a primeira lei pública de defesa dos direitos dos portadores de deficiência nas instituições de ensino. Em 1986, crianças
deficientes leves e moderadas começavam a ser inseridas nas classes regulares, junto com alunos comuns. Em 1990, a lei American With Disabilities garante a todos
os norteamericanos deficientes não serem discriminados no emprego e serviços públicos. Em 1991, o ADEA, Ato de Educação para os Indivíduos com Deficiências, amplia
as propostas da Lei Pública de 1975: a criança norteamericana deficiente só sai da classe regular se a natureza da severidade do seu caso assim o exigir.
Em 1997, a legislação garantiu educação pública e gratuita. Determinou que os pais devem ser notificados quando seu filho vai ser avaliado na escola, têm o direito
de saber o resultado e podem questionar. Também cabe a eles consentir a respeito de todos os procedimentos usados pela escola além de poder obter uma avaliação independente
que questione os resultados apresentados.
A situação da educação inclusiva nos EUA pode ser considerada sinônimo de inclusão. Está prevista por lei e fornece um suporte praticamente integral aos sujeitos
e às suas famílias. Na sociedade americana e em muitos países do mundo há um amplo destaque às adaptações dos espaços físicos aos portadores de deficiência. Dos
shoppings às escadas e elevadores comuns, dos banheiros públicos à estruturação das ruas e serviços de transportes. Para aquele país, um ambiente restrito conduz
uma pessoa deficiente a uma vivência estigmatizadora ou excludente.
Linha do Tempo: difícil trajetória do deficiente
Antiguidade - Na Roma Antiga, crianças deformadas eram jogadas nos esgotos.
Idade Média - Abrigados nas igrejas ou tinham a função de bobos da corte. Havia até a crença de que deficientes mentais eram seres diabólicos que mereciam ser castigados.
Do Século XVI ao XIX - Isoladas em asilos, conventos e albergues. Surgem algumas instituições fechadas sem tratamento especializado nem programas educacionais.
Século XX - Considerados cidadãos com direitos e deveres na sociedade, mas sob uma perspectiva caritativa. Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
"Todo ser humano tem direito à educação."
Década de 60 - Familiares se organizam e surgem as primeiras críticas à segregação. Idéia de integração. No Brasil, a Educação Especial aparece pela primeira vez
na LDB 4024, de 1961.
Década de 70 - Avanço dos EUA em pesquisas e teorias de inclusão para atender aos mutilados da Guerra do Vietnã. Em 1975, o país promulga a Lei 94142, de 1975, que
estabelece a modificação dos currículos escolares.
1978 - No Brasil, uma emenda à Constituição trata do direito da pessoa deficiente: "É assegurada aos deficientes a melhoria de sua condição social e econômica, especialmente
mediante educação especial e gratuita".
Décadas de 80 e 90 - Congressos mundiais de educação defendem a inclusão. Em 1985, a Assembléia Geral da ONU recomenda o ensino de pessoas deficientes no sistema
regular.
1988 - A Constituição brasileira garante atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.
1989 - No Brasil, a Lei Federal 7853 prevê a oferta obrigatória e gratuita da Educação Especial em estabelecimentos públicos de ensino.
1990 - A Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, na Tailândia, prevê que as necessidades educacionais básicas sejam oferecidas para todos.
1990 - No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reitera o atendimento educacional para portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino.
1994 - Cerca de 80 países assinam a Declaração de Salamanca, que proclama as escolas regulares inclusivas como o meio mais eficaz de combate à discriminação.
1996 - No Brasil, a Nova Lei de Diretrizes e Bases, assegura aos portadores de deficiências o direito de estudar em escola regular.
Orientações que facilitam a comunicação
(Extraído do Centro de Documentação e Informação do Portador de Deficiência)
Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando encontram alguém que é "diferente". Às vezes, por medo de dizer alguma coisa "errada" a alguém deficiente acabam
evitando uma comunicação. Isso pode ser evitado se pessoas deficientes e não deficientes se virem e interagirem mais freqüentemente no trabalho e na sociedade.
A principal causa dessa situação é a falta de informação a respeito da deficiência, já que muitas pessoas não deficientes (e mesmo alguns deficientes) não estão
conscientes das implicações da deficiência. O importante é que todos sejam pacientes e mantenham abertas as comunicações.
Se você é deficiente e alguém age de maneira inadequada, é bom lembrar que todo mundo comete erros de vez em quando. Tente lidar com o ocorrido com humor e delicadeza.
Aceite o fato de que a deficiência existe. Não tomar conhecimento de uma deficiência é o mesmo que não tomar conhecimento do sexo ou da altura de alguém.
Se você não é deficiente, saiba que fazer perguntas pessoais a respeito da deficiência seria impertinente enquanto não houver um relacionamento mais próximo, o que
torna mais natural este tipo de pergunta. Trate a pessoa deficiente como uma pessoa saudável. Quando alguém tem uma limitação funcional, isso não quer dizer que
a pessoa seja doente. Algumas deficiências não trazem problema de saúde.
Em alguns casos, a pessoa deficiente pode reagir às situações de um modo não convencional, ou ainda, pode dar a impressão de que não está tomando conhecimento da
sua presença. Lembre-se de que ela pode não ouvir bem, ou ter outra deficiência que afete os movimentos ou dificulte o contato.
Fale sempre diretamente com a pessoa deficiente, não com terceiros, por exemplo, um acompanhante ou um intérprete. Oferça ajuda, se quiser, mas espere que seu oferecimento
seja aceito, antes de ajudar. Se a pessoa precisar de ajuda, vai aceitar sua oferta e explicar exatamente o que você deve fazer para ser útil a ela.
Veja algumas dicas:
Quando você encontrar um deficiente visual
Se parecer que o deficiente visual está precisando de ajuda, identifique-se e faça-o perceber que você está falando com ele.
Para guiar um deficiente visual, espere que ele segure no seu braço; o deficiente visual irá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando. Para
fazer o deficiente visual sentar-se, guie-o até a cadeira e coloque a mão dele no braço ou no encosto da cadeira, e deixe que a pessoa se sente sozinha.
Fique à vontade para usar palavras como "veja" e "olhe". Nem você nem o deficiente visual podem evitá-las, já que não existem outras para substitui-las.
Por mais tentador que seja acariciar um cão-guia, lembre-se de que esses cães têm a responsabilidade de guiar um dono que não enxerga. O cão nunca deve ser distraído
do seu dever de guia.
Quando for embora, avise sempre o deficiente visual.
Quando você encontrar uma pessoa em cadeira de rodas
Se a conversa continuar por mais tempo do que só alguns minutos e for possível, lembre-se de sentar, para que você e ela fiquem com os olhos num mesmo nível. Para
uma pessoa sentada, é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo.
Não se acanhe em usar palavras como "andar" e "correr". As pessoas que usam cadeira de rodas empregam essas mesmas palavras.
Não vá segurando automaticamente a cadeira de rodas. Ela é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Agarrar ou apoiar-se na cadeira de
rodas é como agarrar ou apoiar-se numa pessoa sentada numa cadeira comum. Isso muitas vezes é simpático, se vocês forem amigos, mas não deve ser feito se vocês não
se conhecem.
Esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for escolher uma casa, restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma
pessoa em cadeira de rodas.
Quando você encontrar uma pessoa surda
Fale de maneira clara, distintamente, mas não exagere. Use a sua velocidade, a não ser que lhe peçam para falar mais devagar. Use um tom normal de voz, a não ser
que lhe peçam para falar mais alto.
Fale diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Faça com que a sua boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossível
a leitura labial. Quando falar com uma pessoa surda, tente não ficar de frente para a luz (como por exemplo de uma janela); assim fica difícil ver o seu rosto, que
vai ficar como uma silhueta na luz.
Se você souber alguma linguagem de sinais, tente usá-la. Se a pessoa surda tiver dificuldade em entender, avisará. De modo geral, suas tentativas serão apreciadas
e estimuladas.
Fale com expressão. Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças de tom que indicam sarcasmo ou seriedade, muitas delas vão depender das suas expressões faciais,
dos seus gestos e movimentos do corpo para entender o que você está dizendo.
Se estiver tendo dificuldade em entender a fala de uma pessoa surda, não se acanhe em pedir que ela repita o que disse. Se ainda assim não conseguir, tente usar
bilhetes. Lembre-se de que seu objetivo é a comunicação: o método não importa, pode ser qualquer um.
Quando duas pessoas estão conversando em linguagem de sinais, é muito grosseiro andar entre elas. Você estaria atrapalhando e impedindo completamente a conversa.
Quando você encontrar uma pessoa muda
Algumas pessoas mudas preferem a comunicação escrita, algumas usam linguagem em código e outras preferem códigos próprios. Estes métodos podem ser lentos, requerem
paciência e concentração. Talvez você tenha que se encarregar de grande parte da conversa. Tente lembrar que a comunicação é importante. Você pode ir tentando com
perguntas cuja resposta seja sim/não. Se possível ajude a pessoa muda a encontrar a palavra certa, assim ela não precisará de tanto esforço para passar sua mensagem.
Mas não fique ansioso pois isso pode atrapalhar sua conversa.
Quando você encontar um Paralisado Cerebral
O paralisado cerebral tem necessidades específicas, por causa de suas diferenças individuais. Para lidar com este grupo de pessoas, temos as seguintes sugestões:
1) É muito importante respeitar o ritmo do PC, geralmente ele é mais vagaroso naquilo que faz, como andar, falar, pegar as coisas etc.
2) Tenha paciência ao ouvi-lo, pois a grande maioria tem dificuldade na fala. Há pessoas que confundem esta dificuldade e seu ritmo lento com a deficiência mental.
3) Não trate o PC como uma criança ou incapaz. Ele é capaz de raciocinar e agir como as demais pessoas.
4) Lembre-se que o PC não é um portador de uma doença grave contagiosa, porque a paralisia cerebral é fruto de uma lesão cerebral, portanto, não é doença e nem muito
menos transmissível.
5) Ajude o PC quando este lhe pedir e, pergunte o que deve ser feito e como. Muitas vezes, ele tem o seu modo de fazer as coisas e a "ajuda" o atrapalha e/ou inibe.
6) Faça o possível para não olhá-lo com pena ou repulsa ou como se estivesse vendo um extraterrestre .Ele é humano. As palavras chave para lidar com o PC são: paciência
e respeito.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA - Instituições
LISTA COMPLETA
AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente
Site dessa instituição que realiza atendimento clínico e educacional, além de oferecer cursos de capacitação para professores da rede pública sobre inclusão de alunos
deficientes em escolas regulares.
ABD - Associação Brasileira de Dislexia
Especializada em portadores de dislexia, a associação publica nesse site eventos, listas de dislexos famosos e perguntas e repostas mais comuns sobre o tema.
ADID - Associação para o Desenvolvimento do Down
Site da Associação para portadores de Síndrome de Down que tem como propósito a integração desses na sociedade.
AMA - Associação dos Amigos do Autista
Página da associação que há 18 anos atende autistas. Ensina, entre outras coisas, como conviver com uma pessoa que tenha esse tipo de deficiência.
APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
Divulgação de programas, eventos e campanhas da APAE no Brasil inteiro.
APCB - Associação de Paralisia Cerebral do Brasil
Site em construção dessa Associação especializada em atender portadores de paralisia cerebral.
Associação Carpe Diem
Fundada em 1996, a associação especializada em atender deficientes mentais abriga nesse site dicas de livros, links e serviços sobre o assunto.
Associação de Cegos Louis Braille
Tem por finalidade a plena integração social das pessoas cegas e de visão subnormal. Realiza atividades de caráter assistencial, educativo e profissionalizante.
Possui links para várias entidades nacionais e internacionais da área.
Associação Desportiva para Deficientes
Site da associação que incentiva o desenvolvimento das pessoas portadoras de deficiência por meio da prática de esportes.
Associação Rodrigo Mendes
Organização fundada pelo artista plástico Rodrigo Hubner Mendes, que começou a pintar com a boca aos 19 anos, logo após ter sofrido um acidente que o deixou tetraplégico.
Promove o desenvolvimento artístico de pessoas portadoras de deficiência.
AVAPE - Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais
Desenvolve cursos para toda a sociedade e os portadores de deficiência não pagam pelos cursos, nem pelo material didático.
Cedipod -Centro de Documentação e Informação do Portador de Deficiência
Essa entidade civil sem fins lucrativos foi criada em 1990 a partir da constatação da falta de uma instituição especializada na coleta, organização e divulgação
de informações. Possui uma relação de sites sobre o tema.
Cidade Escola Aprendiz
No site dessa ONG (Organização Não Governamental), há uma seção, denominada Eficientes, que traz informações para e sobre portadores de deficiência. Destaque para
o banco de empregos.
Clic Deficiência
O objetivo é centralizar informações dos recursos disponíveis na área de educação inclusiva. O espaço é aberto para os profissionais divulgarem o seu trabalho e
as pessoas interessadas localizarem o atendimento que procuram.
Deficiência visual
Tem por objetivo estimular e multiplicar a troca de informações sobre deficiência vsual na comunidade, facilitando o processo de inclusão.
DERDIC - Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação
Ligada à PUC, a DERDIC oferece cursos educacionais para crianças e jovens portadores de deficiência auditiva.
Federação Nacional das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais
Página da APAE de São Paulo, para portadores de deficiência mental. Além de links, a página divulga as formas de ajudar a associação e como alguém pode se tornar
um voluntário.
Fundação Dorina Nowill
Serviços, história, notícias, entre outras informações, estão no site dessa fundação que funciona desde 1946 para integrar cegos e pessoas com baixa visão na sociedade.
Gente Especial
Divulga informações e presta serviços, buscando quebrar barreiras e reintegrar o deficiente à comunidade.
Projeto Caleidoscópio
O Projeto Caleidoscópio investe na criação de uma ampla rede de relações e de informações entre professores, alunos, pais e todos aqueles interessados e dedicados
a uma educação inclusiva.
Rede Saci
Banco de dados, informações, notícias e central de comunicação entre portadores de deficiências. Destaque para o Repórter Saci, um colaborador deficiente físico
que investiga locais com condições de acessibilidade.