INICIO DA APOSTILA Nº01 04 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA - ESCREVA SEM MEDO VOCÊ SABE ESCREVER? Aprender a escrever é crescer dentro de si próprio (Rubem Berta) Se lhe perguntassem: você sabe escrever histórias? Talvez você respondesse: Não sei ou não tenho jeito; mas gostaria de aprender ou ainda: Não quero nem saber P 3. Em geral, as pessoas acreditam que não sabem escrever, ou fazê-lo é algo muito "chato". Agora perguntamos: Por que isso acontecesse? Seria por causa da natureza das pessoas ou porque muitos pensam que os indivíduos já nascem sabendo? Nem uma coisa, nem outra. Trata-se apenas de uma falta de motivação. Certamente a maioria crê que para ser um escritor, já se deve nascer com a vocação ou então ser muito inteligente. Esperamos, que você não se enquadre entre estas pessoas. Mas, se assim for, em primeiro lugar é preciso tirar da cabeça coisas como "não sei", "não sou inteligente", "é o meu jeito" (ou será a preguiça?). Todos nós temos criatividade. Penso como seria bom colocar em prática as idéias sensacionais que circulam por nossa mente: escrever redações, roteiro de filmes e novelas, letras de música... E até fotonovelas. Mas como inventa-las?Ah! Aqui está o essencial. Você precisa antes de tudo, AGIR COM NATURALIDADE . Depois, procurar ao máximo "abrir-se: escrever e ver aquilo que outras pessoas escrevem. Escrever sempre, sem se preocupar com a beleza do texto (pelo menos no início). Não queira ser um escritor genial de imediato. Primeiro limite-se a contar pequenas histórias, depois então quem sabe... É um trabalho que exige ensaio, esforço e confiança". Com este curso pretendemos principalmente fornecer a motivação e os conhecimentos que você precisa. O restante dependerá exclusivamente da sua força de vontade, do seu esforço e, sobretudo da confiança que você tem em si próprio. APRENDA A PENSAR Aprender a escrever é principalmente aprender a pensar P4; é aprender a encontrar idéias (num sentido amplo nossas idéias vêm da experiência da vida) e ligá-las. Para isso não basta dispor somente das palavras bonitas que se encontram nos dicionários (por si só elas não criam idéias): nem bastar boas noções gramaticais. É preciso encontrar o que dizer e ter um mínimo de conhecimento gramatical para expor as idéias com coerência, clareza e objetividade. Mas, admitamos que alguém - que não tenha o hábito de escrever, se sente diante de uma mesa e comece a tentar. Certamente ele se encontrará diante de um "branco total". Espera ansioso para que as idéias surjam, mas nada acontece. O assunto sobre o qual pretende escrever é vago só depende de experiência. Como desperta nesse caso a idéia da mente? Se você se encontrar nesta situação, leia atenciosamente. O que virá a seguir poderá ser um caminho para sair desta dificuldade.P6 SÍNTESE I.Aprender a escrever, isto é o mesmo que aprender a pensar. II-As idéias provêm da experiência da vida. III-Um escritor precisa de conhecimentos gramaticais para escrever claramente.P 7 RACIOCÍNIO Caso nos fosse apresentado um tema vago: "A Amizade", por exemplo - como poderíamos desenvolver uma redação de aproximadamente quarenta linhas, se as idéias nos fogem, se a nossa imaginação não começa a movimentar-se? Como preencher tal quantidade de linhas, sem termos no cérebro algo que nos pareça razoável? Resposta: NÃO COMECAR A TAREFA DE IMEDIATO. Ao invés de escrever qualquer coisa, é preciso pensar, refletir. Deve-se antes de tudo planejar o assunto, dividi-lo em diversas partes. Partindo desse princípio, daremos a você um exemplo do planejamento de um tema abstrato, a fim de que sirva como modelo para o desenvolvimento de temas semelhantes. PLANO - PADRÃO DE UM TEMA ABASTRATO - Falar sobre a amizade ou sobre qualquer outra coisa abstrata e impalpável é muito difícil. Antes de traçarmos o plano, porém, vejamos o que é um TEMA ABSTRATO. Chamamos tema abstrato a aquele que se refere aos sentimentos (amor, alegria, amizade, tristeza, etc). Feita a definição, passemos aos itens do plano que são definição, distinção, considerações gerais, conclusão.P 8/9 Identifiquemos agora estes itens no texto abaixo: A Amizade 1)DEFINIÇÃO: O que é a amizade? "A amizade é um sentimento que consiste em estimar a outrem, desejar a sua presença, querer-lhe todo bem possível". 2.Distinção: Quais os tipo de amizade? Nela distinguem-se várias espécies que de uma maneira geral englobam-se em duas categorias, a saber: a amizade verdadeira e a amizade aparente. Nesta segunda classificação estão os interesseiros, os que dizem nossos amigos, pensando em obter vantagens e favores, e que ao verem a impossibilidade disto voltam-nos as costas. Nos dias mais difíceis de nossa vida os amigos aparentes não estarão por perto, mas os que realmente nos consideram achar-se-ão ao nosso lado prontos para tudo ". 3.CONSIDERAÇÕES GERAIS: Tempo, LUGAR E NARRAÇÕES QUE têm relações com o tema(fatos conhecidos, anedotas, etc). "Se todos tivessem a preocupação de semear as amizades por toda parte, evitando preconceitos que, às vezes, surgem contra certas pessoas em que mais tarde, só se reconhecem boas qualidades, a vida seria mais agradável do que é. Certo está o provérbio que diz" Mais vale um amigo na praça que dinheiro na caixa."Na verdade, um amigo possui grande valor e nada de material no mundo pode ser a ele comparado". Muitos fatos interferem numa amizade, dentre eles o tempo tem uma atuação destacada, pois é graças a ele que se reafirmam a verdadeira amizade. Outro fato destacável é que mesmo distantes, os amigos, ainda assim se interessam pela sorte recíproca." 4-CONCLUSÃO: Parte que se apóia no que foi dito anteriormente. Pode ser um apanhado geral das idéias ou uma conclusão a respeitos delas. "Em última análise, devemos saber manter a verdadeira amizade, pois ela se constitui num dos raros valores que nos distingue como humanos, neste mundo mecânico em que vivemos" (*) O plano-padrão apresentado não tem propriamente o objetivo de fixar a ordem de dados para uma redação e sim o de ajudar no desenvolvimento das idéias para outros temas. Nosso cérebro não pode fazer o trabalho sozinho, por isso devemos separar todas as partes da composição e procurar material para preenche-las, uma vez que são poucos os indivíduos que tem a capacidade de escrever de improviso. Como vimos, o plano-padrão de um tema abstrato depende muito de uma seqüência lógica e objetiva. Procure fazer os exercícios que se seguem e verá que mesmo não tendo entendido perfeitamente os aspectos acima expostos, você conseguirá montar um plano-padrão, basta que se proponha a fazê-lo. (*) GARCIA, Othom Moacyr, Comunicação em Prosa Moderna, Rio, Fundação Getúlio Vargas, 1975. SÍNTESE Antes de começar a escrever sobre tema: I-Pense no assunto II.Divida o assunto em partes ou itens III-Leia a divisão feita e, se preciso, altere as partes IV-Desenvolva as partes. OBS: DIGITADO EM 31 de outubro de 2005 EXERCÍCIOS: É claro que você pode também elaborar um plano-padrão para algum tema que queira escrever, basta que ela tenha lógica. Mesmo que não lhe surja de pronto o esquema de um plano, comece a fazer uma lista das idéias que lhe ocorrem. Em seguida, procure arrumar essas idéias numa ordem adequada de modo a dar um início, um desenvolvimento e um fim para o tema. Terá então, conseguido um delineamento de seu plano. Feito isso, pode começar a escrever. Se preferir, comece com pequenas composições. Mas não se assuste, você ainda não precisa fazer nada porque antes daremos um exemplo para que sirva de orientação na criação de um plano-padrão próprio. EXEMPLOS DE PLANO-PADRÃO COM ELEMENTOS DESCRITIVOS: TEMA: O POR DO SOL ELEMENTOS: O SOL, O HORIZONTE, O CÉU VERMELHO. DESENVOLVIMENTO: O sol descia, como um globo de fogo, rumo à linha do horizonte, abrasando o céu ao derredor e fulgurando, brilhante, num clarão incandescente que se alongava em faixas, semelhantes a labaredas imóveis. Notou como os elementos ficaram unidos no desenvolvimento? Sua tarefa será agora, garantir a mesma união para o tema - "Noite de Luar", de acordo com os elementos sugeridos: 1)Aspecto do céu: a lua, as estrelas. 2)Aspecto das ruas: as casas, a igreja e outros pormenores sobre os quais deseja falar. Para facilitar a sua tarefa, tente lembrar-se de alguma experiência que teve: num passeio, quando saiu com o seu namorado (a). Se em nenhuma oportunidade você se deteve para observar uma noite de luar, procure imaginar. Será assim tão difícil imaginar uma noite de luar? Vamos, mãos à obra! Você conseguiu! Parabéns. Foi aprovado no teste e está apto a continuar a tarefa. Mas se encontrou problema não fique preocupado. Volte atrás, releia o capítulo e o exemplo, tente novamente, e depois continue a acompanhar-nos. Mas lembre-se: Ninguém acerta sem antes ter errado.P 15/16 As experiências da vida nos dão idéias que devem ser amplamente utilizadas quando escrevemos. Seu próximo passo será escrever sobre a atitude de um aluno distraído. Siga os elementos fornecidos abaixo, aumente-os, dê-lhes a forma de uma redação. Não se preocupe em escrever corretamente, guie-se apenas pela sua imaginação. TEMA: O Aluno Distraído. PLANO -PADRÃO: a) Introdução - o aluno chega na classe e já demonstra sua distração: esqueceu os exercícios em casa. b) Desenvolvimento - Durante a aula, ele não presta atenção às explicações, divertindo-se com qualquer coisa e pensando no fim de semana que se aproxima. c) Conclusão - O aluno não faz nenhum progresso. Você pode utilizar-se até de algum conhecido seu para modelo de sua redação. Dê um nome ao aluno, à professora, a alguns colegas: cite suas brincadeiras na aula: seus pensamentos etc. P 17. Para fixar seu aprendizado faça o plano-padrão e desenvolva sua redação utilizando os temas abaixo: 1)Uma praça 2) Fim de Semana 3) A Juventude. Esperamos que se saia bem nesta tarefa e nas seguintes. Boa sorte! P 18 FIM DA APOSTILA Nº 01 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA - ESCREVA SEM MEDO ********************************************* INICIO DA APOSTILA Nº05 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA Estes capítulos têm por objetivo de fornecer a você elementos para a construção de uma obra - especificamente de um romance conto ou novela que são os gêneros mais comuns de manifestação literária. Fazendo uma apresentação geral! Podemos dizer que a estrutura de uma obra (romance, conto ou novela) inclui: 1)PERSONAGENS 2)ENREDO 3)HISTÓRIA 4)AMBIENTE 5)TEMA 6)TEMPO 7)PONTO DE VISTA Para desenvolver estes aspectos é preciso que você se utilize a própria experiência, tentando fazer com que as situações surjam ao leitor da forma mais natural, possível: Isto não significa que a imaginação representa um papel secundário, ao contrário ela é de fundamental importância na construção de uma obra. Além da experiência da imaginação, você deve fundamentar-se em dados fornecidos por fontes seguras: precisará ir a bibliotecas, visitar lugares que estejam relacionados ao assunto da obra que pretende escrever, etc. a fim de buscar elementos para o desenvolvimento de certos aspectos, tais como reconstrução de uma época, criação de um personagem, descrição do lugar (ou lugares em que a ação se desenvolve) A isso chamamos PESQUISA. I-PERSONAGEM Definição-É o indivíduo com características próprias e inconfundíveis, envolvido em um conflito. É facilmente confundido com tipo. Esse possui características essenciais de todos os indivíduos da mesma espécie ou do mesmo nível sócio-econômico. EXEMPLO DE TIPO: O Conselheiro Acácio Era alto, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargando, até à calva, vasta e polida, um pouco amolgada no alto: tingia os cabelos que de uma orelha a outra lhe faziam colar por traz da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva: mas não tingia o bigode: tinha o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito pálido nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muitos despegadas do crânio.P4 O PRIMO BASÍLIO - EÇA DE QUERÓS EXEMPLO DE PERSONAGEM - JULIANA Houve um ruído domingueiro de saias engomadas, Juliana entrou, arranjando nervosamente o colar e o broche. Devia ter quarenta anos; era muitíssimo magra. As feições, miúdas, espremidas, tinham a amarelidão de tons baços das doenças de coração. Os olhos grandes, encovados, rolavam numa inquietação, numa curiosidade, raiada de sangue, entre pálpebras sempre debruadas de vermelho. Usava uma cuia de retrós imitando tranças, que lhe fazia a cabeça enorme. Tinha um tique nas asas do nariz. E o vestido chato sobre o peito curto da roda, tufado pela goma das saias - mostrava um pé pequeno, bonito, muito apertado em botinas de duraque com ponteiras de verniz. O PRIMO BASÍLIO - EÇA DE QUEIRÓS Numa obra de ficção (romance, peça teatral, filme, novela de televisão, fotonovela) é o personagem que polariza nossa atenção. Nele projetamos nossos desejos e frustrações. Os demais elementos presentes na construção da obra tornam-se coisas "animadas" graças ao personagem. QUANTO A IMPORTÂNCIA O PERSONAGEM PODE SER: a)PRINCIPAIS: 1-Protagonista: desempenha ou ocupa o primeiro lugar num acontecimento. 2-Antagonista: age em sentido oposto ao protagonista.P5 b)SECUNDÁRIOS São personagens que não têm um papel decisivo no desenrolar dos acontecimentos. Quanto à caracterização o escritor deve considerar, os seguintes pontos. -A descrição física do personagem que pode ser feita de uma só vez (Quando entra em cena) ou aos poucos. _A análise psicológica: os pensamentos da personagem o seu caráter. Esta análise pode ser superficial ou penetrante. Quando se trata de personagens principais, a análise deve ser penetrante e demorada. Entretanto, se o escritor tem por objetivo, fazer com que o leitor aprofunde seu espírito de análise, ele certamente dará às personagens, mesmo que principais, uma camuflagem, ou seja, mostrará os caracteres psicológicos do personagem através de ações ou atitudes para que o leitor proceda a uma análise por conta própria. AS PERSONAGENS AINDA PODEM SER: Reais ou imaginárias Normais ou patológicas (anormais ou doentes) Conforme o desejo do escritor elas podem ainda despertar no leitor sentimentos diversos, tais como: simpatia, admiração, antipatia, aversão ou até indiferença. P 6 FIM DA APOSTILA Nº 05 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA INICIO DA APOSTILA Nº06 04 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA-UTILIZANDO A CRIATIVIDADE TRECHOS DA APOSTILA Nº 06 FONTE DAS IDÉIAS A fonte de nossas idéias provém das nossas experiências e da leitura. "É vivendo que se aprende" diz a sabedoria popular. Viver é adquirir experiência e, portanto, adquirir experiência significa aprender. Quando observamos, estamos adquirindo experiência.As experiências da vida apresentam-se desordenadas: aprendemos coisas boas, más; úteis, inúteis; agradáveis, desagradáveis; indiscriminadamente. Assim, as impressões obtidas através da experiência, geram por sua vez idéias que se associam, se entrecruzam e se desdobram em outras. Por isso é fundamental para o escritor selecionar e ordenar idéias. A NECESSIDADE DE SE TER UM ESPÍRITO OBSERVADOR O escritor, assim como qualquer outro artista, precisa observar de perto as manifestações dos interesses humanos, seja no plano particular, seja no plano comunitário. Expliquemos citando um exemplo. Um homem possui uma loja na esquina de uma rua: é comerciante. O fato em si é comum; não obstante, poderemos extrair dele o interesse humano se acercando-nos do comerciante, passarmos a sondar a sua alma, a sua consciência, os motivos por que vende, o seu modo especial de vender, o que pensa, o que diz, etc. Haverá muitas maneiras de aproveitar o particular para encontrar aquele interesse humano de caráter geral que facilmente será aprendido pelos leitores. B.PESQUISA Ocorre, entretanto, que as pessoas, muitas vezes, se acham limitadas nas oportunidades de vivência pessoal. Nesse caso, precisamos lançar mão das observações de fatos que ocorrem ao nosso redor: ações, sentimentos, pensamentos ou sofrimentos alheio. Para tanto, precisamos conviver, conversar, ler. Imaginemos que um escritor queira escrever um livro sobre as condições de vida nas favelas de São Paulo. Se esse escritor não tiver experiência pessoal alguma e ele estiver realmente disposto a escrever uma obra mais profunda, será preciso que testemunhe "in loco" estas condições: com lápis e papel na mão deverá colher fatos observados e obter informações do favelado, indagando. Entretanto para "indagar" deve-se planejar antes um questionário. Além da pesquisa no próprio local de interesse do autor, há outras fontes, a saber: o testemunho de entendidos, pesquisadores que tiveram contato com os mesmos fatos. C.A LEITURA A leitura de bons livros amplia os horizontes. É uma frase bonita, sem dúvida.Mas, ler para quê? 1)Para entrarmos em contato com as experiências de outros escritores; 2)Para adquirirmos consciência crítica das coisas e aprendermos a discernir com mais clareza os fatos. 3)Para escrever é preciso ler, porque não há possibilidade de criação baseada somente nas experiências e idéias próprias. Além disso, a leitura ao mesmo tempo em que nos ensina a língua também nos fornece a idéia. Portanto essa é uma atividade essencial para aquele que se dedica ou pretende dedicar-se a escrever. 4)Uma vez recolhido o material de pesquisa, é preciso classificá-lo. A partir daí, o escritor pode começar a compor sua obra.P 5 SÍNTESE I.AS IDÉIAS PROVÊM: a)das experiências b)da leitura II -Viver é adquirir experiência III-Um escritor precisa cultivar o espírito de observação IV-A pesquisa organizada é uma forma de criar idéias. UTILIZE A CRIATIVIDADE Criar significa produzir do nada ou transformar determinadas coisas de acordo com as intervenções do nosso raciocínio e até de nossas intuições. Cada um de nós tem potencial criativo que por vezes é desconhecido. Isso ocorre devido às próprias condições que a vida impõe. Muitas vezes ela não nos dá opção de escolher o que se quer. Nesse caso, a criatividade é atrofiada, enterrada em nosso interior, uma vez que não nos dispomos a manifesta-la quando se trata de algo que não gostamos. Por ex. um rapaz é obrigado pelo pai a estudar engenharia, mas gostaria de ser pintor. Se ceder às ordens paternas, o rapaz estará dando um passo para o não-desenvolvimento total de sua criatividade. Ele se verá obrigado a fazer algo que não desejaria, sendo com isso desviado do seu caminho. Entretanto, isto não se constitui num caso irremediável, porque sendo a pintura uma arte, o rapaz poderia desenvolver sua índole artística em algum ramo da engenharia, como por exemplo, na engenharia civil. Portanto, para que uma pessoa desenvolva sua criatividade não é só necessário que tenha condições naturais e consciência na ocasião da escolha da área de estudo ou trabalho, mas também que encontre um lugar para desenvolver sua criatividade mesmo em algo que não seja do seu agrado. Isto despertará sem dúvida um interesse até então desconhecido para ele. A criatividade não estabelece tempo nem limites, isto é, não há uma hora nem quantidade determinada de coisas para se criar. Quando levado a efeito na arte literária, a criatividade conduzirá a um estilo próprio. P 8 SÍNTESE I-Criar é produzir algo novo ou transformar coisas já existentes. II-A criação não exige limite de tempo ou espaço. III-Podemos aplicar a criatividade em tudo, basta desejarmos P 9. VOCABULÁRIO Uma estatística realizada por um instituto em Nova Jersey nos Estados Unidos, submeteu a um teste de vocabulário em cem alunos de um curso para formar dirigentes de empresas. Cinco anos mais tarde, foi verificado que os dez por cento que haviam revelado maior conhecimento no vocabuláio ocupava cargos de direção, ao passo que os outros não atingiram posições satisfatórias. Esta estatística não prova que para se "vencer na vida" basta ter um bom vocabulário, mas mostra que quando uma pessoa dispõe de palavras suficientes e adequadas pode refletir e julgar com mais exatidão do que outra pessoa que tenha vocabulário insuficiente para efetuar comunicação oral ou escrita é conscientemente exprimir seu pensamento de modo mais claro e preciso. VOCABULÁRIO E AS IDÉIAS Pensamento e expressão (vocabulário) são coisas dependentes. Em outras palavras: quando temos a idéia clara de alguma coisa podemos expressá-lo precisamente; por outro lado, quanto maior for o vocabulário disponível, tanto mais claro será o processo da reflexão. Aplicando o que falamos, poderíamos estabelecer um exemplo simples: 1º)Bernardo conhece um pouco dá língua inglesa: para ele será mais fácil transmitir suas idéias em comparação a alguém que não fala. 2º) Peter conhece bem o vocabulário da língua inglesa: ele poderá pensar mais claramente em inglês do que Bernardo (Devemos lembrar que nós fazemos sempre uso da língua-mãe para exprimir qualquer pensamento). B-O VOCABULÁRIO E O NÍVEL MENTAL Quando encontramos uma pessoa que fala bem, e se exprime com palavras às vezes difíceis à nossa compreensão, logo pensamos que se trata de alguém muito inteligente, possuidor de um nível mental elevado. Nós estamos então aderindo à seguinte afirmação: "o vocabulário é reflexo do nível mental". Mas, se pensarmos bem não é exatamente assim. Analise da seguinte forma: VOCABULÁRIO RICO É MANIFESTAÇÃO E NÃO FATOR DE INTELIGÊNCIA Portanto não se pode dizer que uma pessoa é inteligente só porque conhecer palavras e sim que a inteligência permite ENRIQUEÇA O SEU VOCABULÁRIO Muitos são os modos que podemos utilizar para enriquecer o nosso léxico (vocabulário), entretanto o meio mais eficaz é utilizar-se da conversa, da leitura e da redação como forma mais positiva de conseguir aumentar o vocabulário ativo (utilizado). É aconselhável que na leitura de livro, se sublinhem a palavra desconhecida (você pode adotar este procedimento no próprio corpo deste livreto). Além de sublinhá-las, deve-se consultar imediatamente o dicionário e anotar o significado encontrado próximo à palavra desconhecida. Para haver um domínio do sentido dessas palavras novas, é necessário que elas sejam empregadas na fala e na escrita. Só assim elas passarão à linguagem habitual. A redação, como dissemos é um meio muito eficiente para o enriquecimento do vocabulário. Ela se manifesta sob as mais variadas formas: a paráfrase, os resumos, as traduções, e as interpretações escritas etc.P 16. Especial atenção devemos dar à paráfrase que se constitui num ótimo exercício para quem quer aumentar o vocabulário. É também um bom recurso para quem se inicia na arte de escrever. Paráfrase é reproduzir um determinado texto usando outras palavras sem, no entanto modificar as idéias originais. Para ilustrar, buscando no livro Comunicação em Prosa Moderna de Othon Garcia, um modelo de Paráfrase. POESIA ORIGINAL Se a cólera que espuma, a dor que mora. N'alma e destrói cada ilusão que nasce; Tudo o que punge, tudo o que devora. O coração, no rosto se estampasse. Se se pudesse o espírito que chora Ver atrás da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora. Nos causa, então piedade nos causasse. Quanta gente que ri talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosos PARÁFRASE - Se tudo quanto nos faz sofrer intimamente, se refletisse na expressão do rosto e se traduzisse em gestos ou atitudes; veríamos que muitas pessoas que hoje nos causam inveja nos despertariam compaixão, tanto é certo que para elas a única felicidade consiste apenas em parecer feliz. * Muitas pessoas acreditam que fazer palavras cruzadas resolve o problema da falta de vocabulário, o que não é verdade. As listas de palavras resultantes desse passatempo não são de todo inúteis, porém é que delas nos fica, não vale o tempo que gastamos, além de estarem a maioria delas fora da realidade do dia-a-dia, tornando quase que sem uso o vocabulário por elas fornecido. É preciso, entretanto deixar bem claro que não somos contra o divertimento em si que por sinal, é uma prática saudável para ativar a memória; apenas não concordamos que seja uma forma de enriquecimento do vocabulário. Com vistas a esse fato as palavras cruzadas inseridas no decorrer do curso, não serão utilizadas de uma maneira isolada e com significações descabidas e sim, aliada sempre a um determinado assunto.P 18 FIM DA APOSTILA Nº 06 04 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA-UTILIZANDO A CRIATIVIDADE * INICIO DA APOSTILA Nº10 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA A OBRA (PARTEI) ESTRUTURA DA OBRA 2-ENREDO É a história que o escritor pretende desenvolver. Divede-se em : Apresentação do enredo Complicação Clímax Solução ou desfecho PODE O ENREDO SER: 1) real 2) fictício 3) misto(invenção misturada à realidade) Pode ter: 1)Ação unitária (quando há somente uma intriga) 2)ação seriada (quando coexistem duas ou mais intrigas). Além disso, a intriga pode apresentar-se simples (com poucos episódios) ou complexa (com episódios abundantes). No artigo abaixo, publicado pelo jornal A FOLHA DA TARDE "identificará as partes citadas para que a explicação fique mais clara. Trata-se de uma notícia sobre um assalto. O enredo é real e apresenta-se com ação unitária. Nela identificaremos: A apresentação A Complicação O Clímax A Solução TÍTULO: "PRESO EM FLAGRANTE DEPOIS DE ASSALTAR SUPERMERCADO". APRESENTAÇÃO DO ENREDO "Três bandidos invadiram, à noite, o supermercado da Rua Turiaçu, 205, Perdizes e recolheram o dinheiro de diveras caixas registradoras, num total de mil cruzeiros". COMPLICAÇÃO Fugiram, mas foram surpreendidos logo depois pela Guarnição do Tático Móvel 206 e não obedeceram a ordem de parar. CLIMAX: Ao contrário, fizeram alguns disparos e no revide um deles foi atingido por um tiro de raspão na perna. DESFECHO: Levado ao 23º Distrito (Perdizes) ele se identificou como Amador de Lima e se recusou a fornecer a identidade dos comparsas. O delegado João Francisco Baltazar Martins altuou-os em flagrantes. 3-AMBIENTE É o cenário, paisagem ou situação em que a ação se desenvolve. Pode: a)ser um único lugar, ou mais de um. b)predominar o ambiente físico (a natureza, o campo, a cidade) ou o social( parcela de uma comunidade, fábrica, colégio, clube, família. EXEMPLO DE AMBIENTE FÍSICO Iam entrando no Lumiar, e por prudência desceram os estores. Ela afastou um, e espreitando, via fora passar rapidamente, ao lado de trem, as arvores empoeiradas: um muro de quinta de uma cor-de-rosa sujo: fachadas de casas mesquinhas: um ônibus desatrelado: mulheres sentadas ao portal, à sombra, catando os filhos, e um sujeito vestido de branco, de chapéu de palha, que estacou, arregalou os olhos para as cortinas fechadas de coupé. E ia desejando habitar ali numa quinta, longe da estrada; teria uma casinha fresca com trepadeiras em roda das janelas, parreira sobre pilares de pedra, pés de roseiras, ruazinhas amáveis sob árvores entrelaçadas, um tanque debaixo de uma tília, onde de manhã as criadas ensaboariam, bateriam a roupa, palrando. E ao escurecer, ela e ele, um pouco quebrados da felicidade da sesta, iriam pelos campos, ouvindo calados, sob o céu que se estrela, o coaxar triste das rãs. Nas descrições do ambiente pode predominar os elementos físicos (cor, dimensão, etc), ou ao contrário, pode sobressair-se os elementos de natureza emocional, intelectual ou psicológica (atmosfera do ambiente). Assim se dissermos que o ambiente estava descontraído, estaremos fazendo consideração de origem psicológica. 4-TEMA O tema pode ser, entretanto, de aventuras de fundo histórico: de suspense (policial, espionagem, crime): de horror: de conflito amoroso: de fundo político; de ficção científica. DIFERENÇA ENTRE TEMA E ASSUNTO As duas palavras costumam ser usadas como sinônimos, mas cada uma delas tem um sentido bem distinto. Assunto é a matéria sobre a qual se trata. Quando alguém aproveita determinado assunto e o desenvolve a sua maneira ele estará desenvolvendo um tema.P 6 FIM DA APOSTILA Nº10 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA A OBRA (PARTE I) * INÍCIO DA APOSTILA Nº11 25 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA - CULTURA, LITERATURA E LINGUAGEM TRECHOS DA APOSTILA Há dois tipos de dicionários: 1)os comuns - que por sua vez se dividem em : a ) de definições : dão o significado das palavras e muitas vezes até os sinônimos. b) de sinônimos: geralmente não definem. Limitam-se a dar os sinônimos mais comuns. c)de idéias analógicas: são relacionados pelo sentido dos termos. Interessam mais aos escritores pela grande variedade de sentidos. 2)os técnicos - baseiam-se apenas num determinado campo do conhecimento humano. Se você realmente se propõe a escrever, atente para este detalhe: UM ESCRITOR QUE SE PREZA TEM CONSTANTEMENTE À MÃO UM BOM DICIONÁIO. P 4. SÍNTESE I- Possuir um bom vocabulário, ajuda a refletir e julgar com mais exatidão. II- Pensamento e vocabulário são coisas dependentes. III- Nós nos utilizamos da língua-mãe para pensar. IV-A inteligência permite o conhecimento das palavras. V-Consultar o dicionário ajuda a enriquecer o vocabulário VI- A redação auxilia na formação de um vocabulário mais rico. Entre as formas de redação a Paráfrase destaca-se pela sua grande eficiência.P 5 DEFINIÇÃO DE LITERATURA A palavra "literatura" originou-se do latim littera, que significa letra. Esse sentido foi sendo ampliado com o passar dos tempos, abrangendo também o sentido de cultura. Assim, se pode dizer que um "literato" é uma pessoa com um nível cultural bastante elevado em todos os campos do conhecimento humano. Tanto um romance como um tratado de Química são considerados literatura. No caso do romance que é uma obra literária pura, a palavra "literatura" somente reflete um sentido cultural. Enquanto isso, no tratado de Química, a "literatura" apresenta-se tanto no sentido cultural como no específico, uma vez que a Química é uma ciência e, como todas as ciências, possui termos específicos para nomear as coisas e ao mesmo tempo definí-las. Por exemplo: num romance jamais se usaria a fórmula H2O para fazer referência à água. A literatura, portanto, pode ter como vimos acima dois conceitos: 1)LITERATURA ESPECÍFICA - Contida nas obras escritas em geral (livros de matemática, biologia, história, etc.) Necessita de dados científicos. (1) Cultura - engloba todos os conhecimentos e todas as tradições de um povo. Portanto, a língua também é cultura. 2)LITERATURA PROPRIAMENTE DITA - Contida nas obras literárias(romances, novelas, etc) SÍNTESE I)A palavra "literatura" tem dois sentidos: a) Sentido específico (obras em geral) b) Sentido cultural (obras literárias) II)A realidade social constitui fonte preciosa para o escritor III)A prática constante é importante fator para a formação de um escritor. P 17 IV-A obra literária além de instrumento de conhecimento é também alimento do espírito. ************************ LINGUAGEM Existem três tipos de linguagem: 1)A LINGUAGEM COTIDIANA - é aquela da qual nos utilizamos para manifestar impressões do dia a dia. Ela é comunicada de maneira natural, sem preocupações em seguir normas gramaticais, e fazendo às vezes uso da gíria. Exemplo: Numa fila de ônibus, um rapaz irritado diz para outro "olha aí, bicho! Não fura a fila senão quebro o pau". É claro que expressões como: Bicho, não fura, quebro o pau não seriam utilizadas por um escritor, a não ser que ele estivesse interessado em mostrar a linguagem chula de seu personagem, ou a sua maneira própria de se expressar. 2)LINGUAGEM INTELECTIVA - é usada para transmitir conhecimentos ou fazer críticas literárias. É um tipo mais técnico de linguagem. Exemplo: Embora os termos SINCRONIA E DIACRONIA só tenham penetrado na terminologia lingüística usual desde F. Saussure, pode-se definí-los independentemente das TESES SAUSSURIANAS - T. Todorov e Ducrot em DICIONÁRIOS ENCICLOPÉDICO DAS CIÊNCIAS DA LINGUAGEM. Veja que o texto extraído poderá ser compreendido só por estudantes de Lingüística (3) ou especialistas no assunto. 3)A LINGUAGEM LITERÁRIA - é apropriada para as obras literárias. Suas formas são aprimoradas e seus elementos mais selecionados de modo a fazer com que o leitor e o autor travem uma comunicação mútua. 3)LINGUÍSTICA É O ESTUDO CIENTÍFICO DA LINGUAGEM HUMANA. EXEMPLO: O castelo se soergue numa elevação rochosa e domina assim toda a planura do vale do México. Em torno dele, circundando a montanha que faz, o envolve o bosque de Chapultepeque...RODRIGO OTÁVIO. SÍNTESE I-Há três tipos de linguagem. II-A linguagem cotidiana é aquela utilizada no dia a dia III-A linguagem intelectiva é usada para transmitir conhecimentos. IV- A linguagem literária é aquela que está presente nas obras literárias.P 21 FIM DA APOSTILA Nº 11 25 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA - CULTURA, LITERATURA E LINGUAGEM **************************** INICIO DA APOSTILA Nº15 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA A OBRA (PARTE II) ESTRUTURA DA OBRA O VÔO IMAGINÁRIO 5-TEMPO a) O TEMPO - NARRATIVO Dizemos que a narrativa é lenta quando há nela pouca ação, muita análise psicológica, grande quantidade de descrições e reflexões do autor. Mas se estas são reduzidas ao mínimo ocorrerá à narrativa rápida. Este é o tempo-narrativo, ou seja, o tempo que o autor leva para fixar os fatos. b)TEMPO-DURAÇÃO O Tempo-duração indica a época em que os fatos se desenrolam e a duração em que os mesmos se verificam. e)ORDEM CRONOLÓGICA E DE FLASH-BACK A ordem de um acontecimento num relato é em geral, cronológica, ou seja, segue uma continuidade no tempo (começo-meio-fim): contudo, para despertar o interesse do leitor e dar mais ênfase a certos incidentes, o escritor pode começar a contar do ponto onde devia acabar a história, como se faz em muitos romances policiais - dizemos então que ocorre o flash-back (recuo no tempo). 6-PONTO DE VISTA OU (FOCO NARRATIVO) É a maneira pela qual o autor vê, conhece a ação e dela dá conhecimento ao leitor P 3. Antes de começar um relato, você deve perguntar-se: Quem conta a história? Seria um observador neutro ou um participante da história? Seria um personagem de primeiro plano (principal) ou segundo plano (secundária), um narrador onisciente e onipresente, ou seja, uma espécie de homem invisível que testemunha as ocorrências, capaz de nos dizer o que os personagens fazem, pensam e sentem em todos os lugares e todos os momentos. As respostas dependem somente de você, pois a escolha destas opções deve adaptar-se aos seus recursos técnicos e a sua imaginação criadora. Quando o escritor-narrador se põe na pele de qualquer personagem, a narrativa é feita na primeira pessoa (eu, nós). Sendo apenas testemunha, serve-se o autor da terceira pessoa (ele, ela, eles): No exemplo a seguir, a narração é feita em terceira pessoa. "Garcia, em pé, mirava e estalava as unhas, Fortunato, na cadeira de balanço, olhava o teto, Maria Luísa, perto da janela, concluía um trabalho de agulha. Havia já cinco minutos que nenhum deles dizia nada". (Machado de Assis - Várias Histórias) Leia a fábula e preencha com um X as afirmativas corretas. "No pasto de uma fazenda, estavam dois cavalos: um de passeio: outro de carroça. O primeiro falava com desprezo de trabalho de seu companheiro e elogiava os encantos de sua própria vida. Um belo dia o cavalo de passeio foi adquirido por um homem da cidade e partiu todo orgulhoso sem despedir-se do outro. Anos depois, o cavalo de carroça, sempre forte, levava à cidade um carregamento, e qual não lhe foi à surpresa ao reconhecer seu brilhante amigo de outrora a puxar um velho carro de praça. O acaso aproximou-os, puseram-se a conversar, lembraram do passado e falaram do presente".Sofri muitas desgraças, falou a antigo cavalo de passeio "- Uma vida brilhante acarreta decepção, replicou o outro: uma vida humilde é sempre mais segura" disse sabiamente o outro " AFIRMATIVAS: 1)Os personagens são reais () 2)O ambiente em que se passa a ação é físico () 3)Na fábula, predomina a análise psicológica () 4)O tempo na narrativa é cronológico () 5)A narrativa é feita em primeira pessoa () RESPOSTAS 2)(X) 4)(X) FIM DA APOSTILA Nº15 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA A OBRA (PARTE II) INÍCIO DA APOSTILA Nº16 25 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA - FALANDO DE CONTEÚDOS COMUNS FORMA E CONTEÚDO Estes dois componentes são extremamente importantes e devem ser observados com rigor por aqueles que estão se introduzindo na arte de escrever. A FORMA é a maneira pela qual o autor emprega a palavra. Dela depende o Conteúdo ou fundo da linguagem literária que se aplica à mensagem transmitida pelo autor. CONTEÚDO é, portanto a idéia expressa. SÍNTESE 1)FORMA -é a maneira que o autor emprega a palavra 2)CONTEÚDO - é a idéia que as palavras empregadas expressam. FORMA DE COMPOSIÇÃO Quanto à maneira de se expressar, existem duas modalidades distintas: PROSA E VERSO SÍNTESE 1)As formas de composição literária são prosa e verso. 2)A prosa e o verso têm o mesmo índice criativo ******************* EXEMPLO DE VERSO O anel que tu me deste,(1º verso) Era vidro e se quebrou;(2º verso) O amor que tu me tinhas,(3º verso) Era pouco e se acabou(4º verso) Como vemos, o verso é uma linguagem medida. Uma de suas finalidade é aumentar a musicalidade da linguagem. Para isso adota-se A RIMA, que é a igualdade ou semelhança dos sons.P 7 Poema é o conjunto de versos P 8 FIM DA APOSTILA Nº 16 25 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA - FALANDO DE CONTEÚDOS COMUNS ************************ INÍCIO DA APOSTILA Nº26 25 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA- EM VERSO E EM PROSA PARTE II TRECHOS DA APOSTILA D. POESIA OU POEMA? É muito comum, confundir poesia com poema. Mas, a diferença entre ambos é bem clara. Sabemos que POEMA É UM CONJUNTO DE VERSOS. E Poesia?Bem, Poesia, não é necessariamente um conjunto de versos porque pode aparecer na Prosa. A poesia possui um elemento altamente emotivo, ou seja, um sentimentalismo mais profundo que torna a mensagem, quer seja em prosa ou em verso, muito mais bela.P 3 EXEMPLO: "Vem! Formosa mulher - camélia pálida, adornada com os prantos de arrebol". PROSA Prosa é a linguagem livre aproximada com a conversação diária. É um modo de escrever contínuo que possui pouca musicalidade fazendo com que a rima se constitua num grande defeito: EXEMPLO: "Era uma vez um menino que fazia bolhas de sabão. Sentado sobre o feltro verde do jardim, entre levianos vôo de borboletas empoadas, ele fazia nascer do seu beijo a bola aérea na ponta do tubozinho tenro...( Guilherme de Almeida) SÍNTESE I -Poema é um conjunto de versos. II-A poesia possui um elemento altamente emotivo, um sentimentalismo profundo. III-O verso moderno não obedece aos esquemas tradicionais da métrica e da rima. IV-A prosa é um modo de escrever contínuo com linguagem livre FIM DA APOSTILA Nº26 25 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA- EM VERSO E EM PROSA PARTE II **************************** INÍCIO DA APOSTILA Nº20 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA-AS IDÉIAS CIRCULAM O autor pode manifesta suas idéias sob vários pontos de vista: PONTO DE VISTA FILOSÓFICO-O autor pode exprimir uma visão realista, fantasista fatalista, pessimista ou, otimista da vida e dos homens. ********************************** PONTO DE VISTA MORAL E RELIGIOSO Uma obra pode ter propósitos moralizadores (discutir problemas da igreja manifestar opiniões a favor desta ou daquela religião, analisar e comparar diversas religiões, etc.) PONTO DE VISTA POLÍTICO O autor pode exteriorizar suas tendências políticas, representando o testemunho sobre uma época e os problemas que afligem a humanidade. PONTO DE VISTA SOCIAL O autor discute preceitos que dizem respeito à vida social do ser humano. P 3 O VÔO IMAGINATIVO Quando criamos uma "outra pessoa" ou um "outro ambiente", devemos proceder como se fossemos o "outro" e agir sob a influência do ambiente. Quantos de nós não falamos às vezes: "Eu queria ser como fulano" É essa a atitude que devemos adotar: colocar-se no lugar dos personagens. Então nossa própria experiência de vida alimentará a criação artística. "Tão importante quanto à própria experiência é a imaginação ou invenção. É fato que ninguém pode imaginar partindo do nada, por isso é preciso antes" procurar coisas "e arrumá-las diferentemente. Um método fácil para realizar isto é primeiro copiar e depois inventar baseando-se em coisas concretas, no caso a cópia feita. Copiar é fácil, mas e inventar?". Antes de prosseguirmos achamos conveniente fixar que copiar modificando trechos de outros autores é válido sim, mas apenas como um treinamento para que nossa mente adquira uma certa desenvoltura de raciocínio. Isto não deve, entretanto, sugerir um método permanente para fazer obras próprias. Primeiro porque ocorrerá um "plágio", segundo porque estamos desvalorizando nossa capacidade de criação. REPETIMOS: Ao inventar podemos buscar na cópia de um texto conhecido ou desconhecido ajuda para movimentar as idéias em nossa mente, mas não nos devemos servir deste método para a construção de obras próprias a não ser que o objetivo do autor esteja voltado para isso propositadamente, como ocorre no caso desses dois poemas a seguir. Oh! Que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores. Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!(CASIMIRO DE ABREU) (1839-1860) Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da Rua Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhuns laranjais... (Oswald de Andrade) 1890-(1954) Está claro que o segundo texto está caracterizado pela paródia (imitação). É o poema - piada que predominou na primeira fase Modernista da Literatura Brasileira. FIM DA APOSTILA Nº20 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA-AS IDÉIAS CIRCULAM ********************************************** INICIO DA APOSTILA Nº25 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA-INVENTANDO... O AUTOR COMO INVENTAR BASEANDO-SE NUMA CÓPIA. A invenção - recurso que desencadeia a criação de enredos (histórias), consiste na exploração de dados fictícios aliados a algo que faça parte de nossa realidade presente. Se alterarmos o cenário ou os personagens de alguma composição, como faremos a seguir, estaremos logicamente mudando o enredo do texto e criando um novo. Assim: Texto original O sol dentro do mar, em misteriosa aurora, O profundo brenhal dos corais ilumina; Mesclando ao fundo da bacia esmeraldina, A fauna florescente e a luxuriante flora (Olegário Mariano) ALTERAÇÃO ABAIXO: O amor dentro de mim, em misterioso encanto, O profundo brenhal do ser ilumina; Mesclando ao fundo do coração inerte, A beleza fluorescente e a luxuriante alegria Este recurso é, contudo, um auxílio e não tem um método a ser utilizado permanentemente, pois além de ilegal por constituir-se numa usurpação da obra alheia, é também um meio que se utilizado abusivamente vem tirar o grande valor da criatividade que cada um de nós. Lembre-se sempre: temos inteligência, sensibilidade, sentimento e capacidade para criar nossas próprias obras.P 4 FIM DA APOSTILA Nº 25 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA-INVENTANDO INICIO DA APOSTILA Nº30 04 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA A PROFISSÃO FÁCIL OU DIFÍCIL Ser escritor não é uma profissão fácil: tampouco difícil. Como isto se explica? Não é fácil, porque para se alcançar um conhecimento profundo de tudo aquilo que vem formar um escritor, leva às vezes toda uma vida ou mais que isso. Escrever para o homem e sobre o homem implica estar permanentemente informado: Nunca deixar de ler, nunca deixe de aprender. Todos os dias um escritor novo em algum país do mundo, aparece e tem algo a nos ensinar. Isto de nunca acabar de aprender não torna, então a profissão de escritor uma coisa fácil. Ao mesmo tempo, não é difícil porque , como todos os artistas, utiliza sua capacidade inata, sua intuição, seus sentimentos e a experiências vividas como o principal motor da criação artística. Portanto ser escritor é difícil porque a profissão exige um estudo constante, mas também é fácil, pois cada um de nós tem um arsenal criativo imenso capaz de gerar a arte na sua forma mais natural. Depois disso, vem à eterna discussão a forma e o conteúdo. Os que defendem a forma dizem que o escritor é o indivíduo que escreve "bem". Isto é, sua escrita apresenta-se gramaticalmente perfeita. Por outro lado, os que defendem o conteúdo dizem que não entra no mérito do autor "como se escreve" e sim "o que se escreve". Que importa mais uma estória cheia de valores sociais ou morais, mas não muito "bem" escrita ou uma história impecavelmente escrita privada de conteúdo? O difícil é determinar quem tem razão. Na verdade, a dosagem correta da forma e o conteúdo é imprescindível, pois da forma depende o conteúdo. Sem dúvida, deve-se estudar e aprofundar ao máximo tudo o que ajuda no aprimoramento da arte de escrever e não temer se alguns conceitos não forem entendidos de imediato. O temor age negativamente sobre as pessoas e pode impedir que elas realizem algo a que estão realmente capacitadas. O QUE FAZ O ESCRITOR A escrita é uma forma de comunicação e o escritor é aquele que manipula esta comunicação com arte e técnica. Portanto, escrever um artigo para um jornal, para uma revista; escrever livros ou criticas de livros e, escrever simplesmente cartas são atos que não se distinguem como forma de expressão. O importante é conseguir comunicar, alcançar o outro lado do fio em que se acha o leitor. Nisto, o escritor deve concentrar-se, porque quem escreve, não escreve para si, e sim para dizer algo, exteriorizar os sentimentos estabelecendo uma ponte de contato com outras pessoas. O escritor deve mostrar o que ele sente frente à realidade que vê. Não importa se sua obra será lida daqui a um século, o certo é que algum dia sua mensagem alcançará o outro lado, ou seja, o leitor. Não importam igualmente todas as adversidades, pois se sentir bem consigo é uma paga que embora não alimenta o corpo dá força ao espírito. Em geral o escritor não tem compensações econômicas (com exceção de uma minoria privilegiada) por outro lado possui recompensa valiosa: a satisfação de procurar entre tantas coisas mecanizadas que a tecnologia moderna e as ciências exatas oferecem, uma brecha para atingir o que há de mais sublime no ser humano: a comunicação da sensibilidade e dos sentimentos frente a um mundo de asfalto e cimento aonde a natureza humana vai a cada dia que passa perdendo o seu lugar.P 6 FIM DA APOSTILA Nº30 11 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA-A PROFISSÃO ******************* INICIO DA APOSTILA Nº31 11NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA- DESCREVENDO E NARRANDO A DESCRIÇÃO A descrição pode ser definida como sendo, uma reprodução das formas, aspectos e cores que os objetos, fatos ou fenômenos do mundo físico ou moral oferecem à nossa observação. Consiste na enumeração dos caracteres mais próprios e dominantes dos seres animados ou inanimados: descrição de pessoas, de ruas, de automóveis, etc. A descrição não admite o desenvolvimento de acontecimentos, que é uma tarefa da narração. Ela é mais do que uma fotografia, porque inclui também a interpretação do escritor: objetivo da descrição é procurar fazer ver e sentir, com a mesma intensidade. Entretanto, devem ser evitados os detalhes exagerados, que só irão cansar o leitor. A descrição pode ser: 1)de coisas sem movimento (um quarto, uma fonte, uma montanha) 2)de um conjunto sem movimento (trata-se, em geral, da descrição de uma paisagem) 3)de retratos pessoais ou de pessoas em ação. 4)de animais parados ou em ação. 5)grupos de seres em ação 6)de ações 7)de sucessão de acontecimentos. EXEMPLO DE DESCRIÇÃO: A) DESCRIÇÃO DE COISAS SEM MOVIMENTO O texto que se segue, descreve-nos a cela simples, ordenada e pobre de um religioso. A simplicidade é dada pela singeleza do mobiliário e dos objetos: a ordem, pela disposição ou colocação dos móveis: a pobreza, pelo estado em que se encontram as paredes e tudo o que há na cela. Veja como a imagem visual destes pormenores nos é transmitida: "A porta abriu-se sem ruído. Ele entrou, e a porta fechou-se de novo, silenciosamente. O lugar, em que o venerando religioso acabava de penetrar, era uma triste cela, sombria e espaçosa, com uma janela gradeada e fechada, e apenas frouxamente esclarecida por uma clarabóia do teto. As paredes, nuas de alto a baixo, tinham uma cor sinistra de osso velho. Em uma delas havia um grande nicho com imagem da virgem da Conceição, quase de tamanho natural; a um dos cantos, uma negra estante, toscamente feita, pejada de grossos alfarrábios amarelecidos pelo tempo; no centro, uma mesa de madeira escura com um breviário em cima, ao lado de uma candeia de azeite, um pedaço de pão duro, e um cilício de couro; junto à mesa, um banco de pau". Aluísio de Azevedo Texto transcrito do livro FLOR DO LÁCIO de Cleófano Lopes de Oliveira. B.RETRATO DESCRITIVO P 4 O retrato descritivo é uma das modalidades da descrição em que se reproduzem as feições ou caráter de uma pessoa. É como se tirássemos uma fotografia "exterior" de alguém. Assim: "Caboclo do norte, homem de 44 a 46 anos de idade, de estatura mediana, cabeça bem conformada, testa larga, nariz grosso e reto, lábios grossos, cobertos de um bigode escasso, queixo rigorosamente escanhoado,... imperceptíveis, duas rugas sensíveis e fortes, descendo das abas das narinas ao canto dos lábios, que lhe animam e adoçam a fisionomia rude; olhos pardos, grandes, fundos e de extrema mobilidade, mal velados pelos cílios quase sempre baixos, eis em duas paletadas o aspecto de vice-presidente da República. Quase nunca aparece em público, e, quando o faz, veste sempre a sua farda de marechal do Exército, trazendo ao peito as medalhas de campanha ganhas no Paraguai. Em casa, de ordinário, as suas vestes habituais consistem na calça e no jaleco de brim, e camisa sem goma".ALCINDO GUANABARA *O texto transcrito do livro FLOR DO LÁCIO DE Cleófano Lopes de Oliveira. C. DESCRIÇÃO DE ANIMAIS Podemos considerar a descrição de animais quanto: -à aparência física -aos atributos morais P 5 -Separadamente ou ao mesmo tempo. "Estava um dia um bando de urubus se banqueteando no nojento festim; de repente um deles dá um guincho rouco e todos se afastam e dispõem em circulo, numa atitude de respeito. O ar vibra, silvando ao impulso de asas possantes, estremecem as folhas e um magnífico urubu-rei pousa majestosamente sobre um galho seco; dá um olhar imperioso sobre aquela turba vil e, lançando-se pesadamente ao chão, acode ao banquete, desdenhando todo aquele círculo de rivais invejosos e impotentes... Era um lindo animal, maior que um peru, escuro na parte superior do corpo e branco debaixo das asas do peito. A cabeça coberta somente de uma penugem ostentava sete cores; o bico robusto, os olhos largos e expressivos sem a ferocidade de seus congêneres, o pescoço aveludado e adornado dum colar de alvas penas, fazem do urubu - rei um animal soberbo e de nenhum modo merecedor do nome vulgar tão humilhante para ele". PADRE N. BADARIOTI *Texto transcrito do livro FLOR DO LÁCIO DE Cleófano Lopes de Oliveira D. DESCRIÇÃO DE AÇÕES Nesta modalidade, o escritor deve fazer com que as ações, os ruídos e o aspecto das coisas sejam REPRESENTADOS com exatidão. No texto que apresentaremos a seguir, estarão sublinhadas as palavras que indicam movimento, agitação. No vasto terreiro ardia a grande fogueira. O grupo de crianças que tirava batatas e canas assadas rompia em gritaria. Os balões subiam, os rojões assoviavam, zunindo no ar" ******** SÍNTESE I-Descrição é a enumeração dos caracteres mais próprios e dominantes dos seres animados ou inanimados. II-A ordem dos detalhes numa descrição deve ser rigorosamente observada. III-A descrição pode ser: a)de coisas(em movimento ou não) b)de paisagens c)de retratos pessoais d)de animais(parados ou não) e)de ações EXERCÍCIOS TEMA: O professor de Literatura Brasileira. CARACTERÍSTICAS DO PROFESSOR: 1)Alto 2) Cabelos grisalhos 3) Olhos verdes 4) usa óculos 5)veste-se bem. NARRAÇÃO É a forma oral ou escrita que expressa um acontecimento real ou imaginário, envolvendo por isso, ação e movimento. Ex: Narração de uma partida de futebol, narração de uma aula, narração de um acidente rodoviário. As qualidades que distinguem são: -Possuir um assunto original ou dar atração a um assunto comum -a clareza -a brevidade -a movimentação -a verossimilhança (ter aparência de realidade) O relato de um episódio seja ele real ou fictício precisa de personagens e acontecimentos. Assim numa narração devem aparecer um ou alguns desses elementos: 1)O QUÊ: o fato, a ocorrência. 2)QUEM: o protagonista (personagem principal) 3)QUEM: O antagonista(personagem que se contrapõe a principal.) 4)COMO: o modo pela qual o fato se desenvolve 5)QUANDO:o momento em que o fato ocorreu. 6)ONDE: o lugar da ocorrência 7)PORQUÊ: a causa que fez o fato ocorrer 8).POR ISSO: resultado ou conseqüência do fato. Nem sempre todos estes elementos estão presentes ou aparecem nessa mesma ordem, porém não poderão faltar: a exposição de um fato (nº1 - O que); o protagonista (nº2-quem) e o antagonista (nº3 quem). Citaremos um exemplo simples e prático para facilitar o entendimento do que dissemos acima: "Luís de Oliveira(quem-protagonista), marceneiro de trinta e cinco anos, residente na R. Padre João, 223-Penha, matou(o quê) ontem(quando), em frente a um bar( onde), com uma facada no peito(como) , o seu colega Arnaldo Bonfim(quem-antagonista) porque este não lhe quis pagar uma garrafa de cerveja que estava devendo(porquê)" É claro que se trata apenas de um exemplo simplificado contendo os pontos chaves de uma narrativa. Os itens citados poderão servir como base para uma novela ou um conto que se queira escrever, basta que eles sejam pormenorizados. As narrativas aparecem nas cartas, nos romances, nos discursos e mesmo nos poemas. Elas dão ao autor uma maior oportunidade de exteriorizar os sentimentos, o que nas descrições não é possível. Ao escrever uma narrativa, devemos controlar cuidadosamente à parte que diz respeito ao interesse do leitor. O leitor só se interessa quando: 1)A curiosidade lhe pretende a atenção 2)Ele consegue visualizar as coisas que lê 3)Ficamos emocionados P 17 "Quando eu era menino - lembra-me com nitidez -, havia, acima de meu leito, um quadrinho, emoldurado de negro, que uma criada alemã dependurara na parede. Representava uma velha torre arruinada, revestida de limo verde, cercada, e cingida por uma cadeia de altos montes, que a envolviam perenemente em lençóis de sombra. No céu perpassavam, como monstros nuvens sinistras. À noite, depois de rezar e antes de adormecer, eu sempre contemplava, fascinado, o estranho quadro, que daí a pouco me surgiria, ameaçador, dentro de meu pesadelo. - Um dia, indaguei da criada o que representavam aquelas tristes ruínas e ela exclamou com voz cavernosa, persignando-se: " A torre dos ratos!" (Adaptação de uma narração de VICTOR HUGO) Observe agora, se os pontos relativos ao interesse do leitor foram obedecidos. Vamos juntos analisar: A curiosidade que o autor desperta no leitor é aparente. Se não a identificou releia: -sinta como a simples curiosidade do menino é também transportada para o leitor. Afinal de contas, para que tanto suspense em torno de um "quadrinho"? Vimos então que o primeiro ponto foi cumprido. E o segundo? Note como ele localiza o objeto de interesse (quadrinho ao mesmo tempo em que o descreve). Descrever é algo mais que "fotografar" então, podemos dizer que visualizamos ou imaginamos o quadro: "..uma velha torre arruinada, revestida de limo verde, cercada de águas profundas e escuras que recobriam de vapores..."Tudo isso não é outra coisa senão uma amostra de como utilizar o segundo item. Mas, e o terceiro, seria também observado? Caberia então a seguinte pergunta: você ficou emocionado? Talvez não de pronto, porque além de se tratar de um texto incompleto retirado de simples referência do autor aos tempos de criança nos comove: Quem de nós não pára, em algum momento, em algum lugar para lembra-se desta fase da vida. Todos fazemos e sempre nos emocionamos nesse momento. Baseado nesse exemplo procure fazer o mesmo ao escrever. Nortei-se por esses três itens, pois o leitor é alguém muito importante que não se deve desprezar, pelo contrário: procurar o máximo estabelecer com ele uma comunicação mútua é tarefa obrigatória, embora muito difícil. A)NARRATIVA REAL E DE FICÇÃO 1) NARRATIVA REAL é o relato objetivo dos fatos. Ela visa a uma finalidade prática: informar, instruir. Todos os aspectos subjetivos desaparecem para dar lugar unicamente a visão real. Os fatos são o elemento principal da narrativa real. Se você tomar um livro de história do Brasil, notará que se trata de uma narrativa real, pois não há intromissão de acontecimentos externos no desenrolar dos fatos. 2)NARRATIVA DE FICÇÃO busca reproduzir acontecimentos. O artista pode então com sua intuição, criar uma nova realidade. Na narrativa de ficção, o escritor busca especialmente o entendimento e julgamento da vida, o interesse humano será, portanto sempre uma novidade. A)NARRATIVA E DESCRIÇÃO DE AÇÕES. Ambas, aparecem sempre juntas. Mas, como distinguir a narração da descrição de ações? A narrativa, ligando-se às ações, põe em relevo os aspectos temporais e dramáticos, enquanto que a descrição de ações reproduz estes aspectos de movimento, colocando o leitor sempre numa posição estática e contemplativa. A. CONSELHOS PRÁTICOS PARA A COMPOSIÇÃO DE UMA NARRATIVA LITERÁRIA * ANDRÉ. Texto transcrito do livro CURSO DE REDAÇÃO DE HILDEBRANDO ª DE * CONHECER BEM A HISTÓRIA QUE VAI SER CONTADA, ou seja, ter presentes os elementos de compreensão que formam o resumo ou a síntese da narrativa. * TER PRESENTE O CENTRO DE INTERESSE, que é a razão de ser de estarmos contando a história. Por que contamos aquela história? Qual a finalidade que buscamos atingir? É o centro de interesse que dá UNIDADE E MOVIMENTO a todos os elementos da narrativa. É claro que cada autor poderá ter uma razão diferente para contar a mesma história. É subjetivo. O que importa é que exista uma razão e uma finalidade, que exista um centro de interesse. Às vezes conta-se uma história para focalizar problemas nacionais, regionais, familiares, individuais; outras vezes, para sondar o íntimo da alma humana em ocasiões especiais; outra ainda para estudar tipos característicos ou curiosos nos hábitos, nos costume, na linguagem: etc. Em torno do centro de interesse é que se agrupam todos os demais elementos da narrativa, dele é que surgem as palavras e frases mais adequadas, os recursos de estilo mais apropriados e eficazes. * de interesse; a idéia adiantada ganhará, por isso mesmo, destaque e valor especial. É necessário começar bem. A PRIMEIRA FRASE É TAMBÉM O PRIMEIRO PASSO EM DIREÇÃO AO CENTRO DE INTERESSE. Quer narremos em ordem cronológica, quer antecipemos alguns acontecimentos, a razão da escolha da primeira idéia é uma só: preparar o leitor para encaminha-lo ao centro de interesses. Se a ordem é cronológica, esse encaminhamento é natural. Se, invertendo a cronologia dos fatos, anteciparmos algum deles, o fato antecipado deverá ser tomado do próprio centro. * SUGERIR, MAIS QUE EXPLICAR. A narrativa literária não é uma explanação ou comentário para efeito didático; sua finalidade é, como já vimos, despertar emoções, agitar o mundo psicológico do leitor. Ora, as explicações demasiadas racionalizam sem propósito as idéias, abafam a curiosidade, nada falam aos sentimentos; antes cansam e provocam o desinteresse. Em arte, não explicamos - sugerimos. SUGERIR é escolher alguns elementos e depô-los de tal maneira, que provoquem no leitor, por associação, novas idéias e sensações; sugerir é esclarecer apenas até certo ponto, instigando o leitor a prosseguir nessa criação dando uma interpretação pessoal dos fatos. Essa escolha é trabalho da intuição do autor, nela consistirá especialmente sua arte. * A CONCLUSÃO NÃO DEVE ESGOTAR O MUNDO DAS SUGESTÕES. Nunca terminemos a narrativa esclarecendo detalhadamente ao leitor todas as dúvidas ou indagações. É mais artístico que o final da história a satisfaça a curiosidade intelectual ou a ansiedade psicológica de quem lê, sem matar as sugestões ou o encantamento criado durante a narrativa. Por isso, um final mais ou menos indeterminado, vago é mais adequado que uma conclusão que parece interromper o curso dos fatos da vida das personagens.P22 FIM DA APOSTILA Nº 31 18 NOVEMBRO DE 2005 NOÇÕES DE ARTE LITERÁRIA- DESCREVENDO E NARRANDO INICIO DA APOSTILA Nº35 21NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA-OBRIGAÇÕES DO ESCRITOR OBRIGAÇÕES DO ESCRITOR DA NECESSIDADE DE ASSUMIR UMA POSIÇÃO O escritor deve representar a consciência nacional, a consciência dos problemas reais de um país para isso, ele precisa estar a par da realidade e com base nela criar uma visão das limitações e dos problemas a que as circunstâncias reais do país em que vive o sujeitam. Tomando consciências das limitações e problemas, o escritor deve posicionar-se diante deles e de si próprio, mas sem estacionar. Quando falamos em "posicionar-se", queremos dizer que o escritor deve possuir um objetivo em relação a si e também em relação à realidade brasileira. Isto significa que ele deve saber porque escreve. Achando esta resposta, ele estará tomando uma posição diante de si próprio. Mas, isso não é tudo. Posteriormente, ele terá que se perguntar: "como atingir os objetivos diante dessa realidade?" Esperamos que você encontre estas respostas após a leitura dos capítulos posteriores. """""""" DA ACEITAÇÃO DAS CRÍTICAS E DA COSNTANTE ATUALIZAÇÃO O escritor não deve falar sozinho: precisa ouvir muito, troca idéias, analisar as críticas que lhe são feitas porque se construtivas, elas vêm carregadas de uma sinceridade e, podem dar ao escritor uma visão que talvez antes ele não chegou a atingir. DA ESCOLHA DE UM PÚBLICO Alguns entendidos no assunto, afirmam que para ser "bem sucedido" (no sentido econômico da expressão) o autor precisa criar um mercado, Isto é, saber a quem vai dirigir sua obra, de modo a fazer com que todos os ingredientes presentes nela caiam no agrado da faixa de leitores a que se destina. Portanto, ao escritor cabe a seguinte opção: o público. É uma escolha pessoal e intransferível. É preciso ter em mente que não é o público que escolhe o autor e sim o contrário. Partindo disso, o escritor após escolher o público, deve escrever para ele com uma determinada intenção que, por exemplo, pode ser a de colocar uma absorção crítica da realidade brasileira, nunca esquecendo de utilizar a linguagem desse público. Há, entretanto, aqueles que negam a escolha de um público: não se escreve para ser admirado ou ser lido por esta ou aquela faixa de leitores e sim para escrever e para ter escrito. Para estes a criação de uma obra é um impulso indomável não uma atividade justificada por objetivos e razões. Seria então, o escritor alguém alienado de qualquer objetivo? Então para quem e para que se escreve? Acreditamos que em tudo o que o ser humano realiza existe um objetivo consciente ou inconsciente e o escritor não são diferentes dos outros nem escreve só por escrever. Criar uma obra não é tarefa fácil, principalmente, no que se refere ao aspecto de uma comunicação satisfatória, entre o escritor e leitor. O escritor só se realiza e comunica realmente a partir do momento que o leitor lê sua obra e dela participa. Portanto, o autor deve cuidar de aspectos que poderiam interessar ao leitor, visando assim uma boa aceitação do livro, mas, por outro lado não deve se descuidar da realidade nacional procurando sempre fazer com que sua obra contribua culturalmente. Contudo, estes aspectos são uns tanto problemáticos, pois o escritor vai se defrontar com sérios problemas como veremos a seguir. UM ESCRITOR DEVE ACEITAR AS CRÍTICAS E PROCURAR ATUALIZAR-SE CONSTANTEMENTE P 5 ASSUMIR UMA POSIÇÃO DIANTE DE SI E DA REALIDADE SÃO DEVERES DE UM ESCRITOR P 6 FIM DA APOSTILA Nº 35 21 NOVEMBRO DE 2005 O ESCRITOR E A OBRA-OBRIGAÇÕES DO ESCRITOR FINAL DA DIGITAÇÃO GERAL DIA 25 DE NOVEMBRO DE 2005 DIA DA IMPRESSÃO 06 DE DEZEMBRO DE 2005 SUGERIMOS A LEITURA DO LIVRO FANATISMO DE JOSÉ IDEAL -PUBLICADO EM 1993 Sinopse: Fanatismo conta história de Carlinhos um garoto de catorze anos, seu despertar sexual e sua paixão por futebol. SUGERIMOS TAMBÉM A LEITURA DO LIVRO AMOR À PRIMEIRA VISTA DE EDSON ALMEIDA. Sinopse: Este livro conta a história de Cris, uma jovem que perde o pai num acidente rodoviário e vai a um centro espírita na esperança de receber uma mensagem do pai desencarnado. Olá, pessoal: Anualmente recebo os cumprimentos de vocês nesta data 27 de fevereiro ,especial para mim ,e dou de presente alguma coisa. Ano passado dei um curso de inglês e este ano estou dando em anexo um Curso de Escritor. Grande porcentagem das pessoas que gostam de ler gostariam de publicar um livro e fazer sucesso.Difícil é encontrar um curso no mercado que dê estas dicas e garanta o sucesso editorial. Podemos constatar que para um escritor fazer sucesso é preciso primeiramente ele ter um texto de fácil leitura em segundo lugar saber escolher o público que pretende atingir e terceiro ter um bom relacionamento com a mídia. Pensamos que estes são fatores determinantes para o sucesso. Não acredite naqueles que dizem que para escrever é preciso apenas inspiração. Na verdade é necessário 95% transpiração e 5 % de inspiração. Escrevi o livro Fanatismo -José Ideal que conta a história dum garoto de catorze anos que gosta de futebol e fui consultor do livro Amor À Primeira Vista de Edson Almeida que conta a história de Cris uma jovem que perde o pai num acidente rodoviário e vai a um centro espírita na esperança de receber mensagem do pai desencarnado. Segue a opinião de uma leitora do Grupo Bons Amigos: Iracema Dantas < > escreveu: José Ideal, parabéns pelo seu FANATISMO. O tema abordado é atual. E a maneira como você o aborda é didática e de fácil compreensão. Obrigada por nos brindar com essa preciosidade. Iracema Dantas Aproveitem o curso! 1 1 APOSTILA DO ESCRITOR - ESCOLAS DE ARTES VISUAIS 1981 - JOSÉ BEZERRA - JOSÉ IDEAL - 27 FEVEREIRO DE 2013