NOVA ESCOLA On-line SITESCELULARSHOPPINGBUSCAR: AbrilWeb DIVERSÃOEDUCAÇÃOESTILONOTÍCIASSAÚDETECNOLOGIAVIAGEM Quarta-feira, 25 de abril de 2007Mensagem da FVC Direto da redação Projetos da FVC edição do mês edições anteriores blogs nova escola opinião você, professor seu aluno sala de aula dúvidas freqüentes 0801. Índice da edição 182 - mai/2005 Sala de aula A escola que é de todas as crianças A inclusão cresce a cada ano e, com ela, o desafio de garantir uma educação de qualidade para todos. Na escola inclusiva, os alunos aprendem a conviver com a diferença e se tornam cidadãos solidários. Para que isso se torne realidade em cada sala de aula, sua participação, professor, é essencial Meire Cavalcante Grupo solidário: Junior está na 1ª série da Escola Viva, em Cotia (SP). A paralisia cerebral e a cadeira de rodas não impedem que ele esteja com amigos, em uma turma regular Vamos jogar o rola-bola, turma? A pergunta da professora provocou um sorriso que iluminou o rosto do pequeno Alexandre Moreira Reis Junior, de 8 anos, aluno da 1ª série da Escola Viva, em Cotia (SP). As crianças apressadas logo formaram um círculo. Mesmo com tanta euforia, elas tomaram cuidado para deixar no círculo de amigos um espaço para Junior. Ele tem paralisia cerebral e não pode andar. Por isso, depende de ajuda para tudo. Círculo formado, a brincadeira não começa enquanto Junior não é acomodado — e ninguém tem pressa. Feito isso, a professora Rianete Bezerra da Silva inicia a brincadeira. Enquanto um rola a bola para o outro, Junior participa de verdade. Quando ele não consegue se movimentar, o amigo ao lado ajuda. Se ele não vê a bola por perto, todos avisam. E Junior é todo sorriso. "Quando planejo as aulas e brincadeiras, sempre penso em estratégias para que o Junior participe", afirma Rianete. Infelizmente, esse quadro não é comum na maioria das escolas brasileiras. Por falta de informação ou omissão de pais, de educadores e do poder público, milhares de crianças ainda vivem escondidas em casa ou isoladas em instituições especializadas — situação que priva as crianças com ou sem deficiência de conviver com a diversidade. O motivo principal de elas estarem na escola é que lá vão encontrar um espaço genuinamente democrático, onde partilham o conhecimento e a experiência com o diferente, tenha ele a estatura, a cor, os cabelos, o corpo e o pensamento que tiver. Por isso, quem vive a inclusão sabe que está participando de algo revolucionário — como o que está acontecendo com Junior. Ele pertence a um grupo, é considerado, tem seus direitos fundamentais respeitados e — mesmo sem saber — colabora para formar adultos tolerantes, solidários e responsáveis pelos outros. Incluir significa oferecer educação de qualidade para todos O número de estudantes com algum tipo de necessidade especial cresce a cada ano na rede regular de ensino. Em 1998, havia apenas 43,9 mil matriculados nas redes pública e privada. Em 2003, eram 144,1 mil e, no ano passado, chegaram a 184,7 mil — um crescimento anual recorde de 28,1%. Os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não deixam dúvidas de que o movimento de inclusão no Brasil é irreversível. O crescimento não acontece por acaso. A Constituição Brasileira de 1988 garante o acesso ao Ensino Fundamental regular a todas as crianças e adolescentes, sem exceção. E deixa claro que a criança com necessidade educacional especial deve receber atendimento especializado complementar, de preferência dentro da escola. A inclusão ganhou reforços com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, e com a Convenção da Guatemala, de 2001. Esta última proíbe qualquer tipo de diferenciação, exclusão ou restrição baseadas na deficiência das pessoas. Sendo assim, mantê-las fora do ensino regular é considerado exclusão — e crime. O debate constante, a divulgação de experiências bem-sucedidas e a conscientização crescente sobre o que dizem as leis têm se refletido positivamente nas estatísticas educacionais. O número de matrículas dessas crianças em escolas e classes especiais caiu: passou de 87%, em 1998, para 65,6%, em 2004. Apesar do avanço, a maioria continua sem ter seus direitos garantidos. "Nem os pais dessas crianças podem mantê-las em casa ou apenas em escola especial", afirma Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, procuradora da República. "Entendida a lei, a discussão deve ser sobre a qualidade da educação para todos, e não só para crianças com deficiência. A inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino", afirma Cláudia Dutra Pereira, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação. O primeiro passo para que isso aconteça é olhar a educação de um outro jeito. A escola precisa atender qualquer aluno que não se encaixa no modelo ideal Os especialistas em inclusão afirmam que a escola, organizada como está, produz a exclusão. Os conteúdos curriculares são tantos que tornam alunos, professores e pais reféns de um programa que pouco abre espaço para o talento das crianças. Assim, quem não acompanha o conteúdo está fadado à exclusão e ao fracasso. "Isso ocorre não só com crianças com deficiência. A escola trabalha com um padrão de aluno e quem não se encaixa nele fica de fora", afirma a educadora Maria Teresa Eglér Mantoan, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade da Universidade Estadual de Campinas. A inclusão não atende apenas as crianças com deficiência mas também as excluídas ou discriminadas. Quantas vezes na sua sala, ao organizar trabalhos em grupo, a menina gordinha ou o garoto negro foram isolados pelos colegas? E na aula de Educação Física, quantos foram ignorados por não serem jogadores exímios? A discriminação não ocorre apenas entre os estudantes. Muitas vezes as avaliações servem mais para ver quem se encaixa nos padrões de aluno ideal do que para medir o progresso de cada um, dentro de suas possibilidades. "Esse padrão só gera sofrimento, pois a criança tenta atender às expectativas de uma escola que não valoriza seu potencial", afirma a educadora Rosângela Machado, coordenadora de Educação Especial do município de Florianópolis. Os alunos superdotados também são muitas vezes negligenciados, pois, geralmente, vão bem nas avaliações e não dão trabalho com o conteúdo. E, na escola que não valoriza a diversidade, o conteúdo é determinante. Municípios conscientes já oferecem atendimento educacional especializado para essas crianças nas mais diversas áreas, no contraturno. O importante é dar meios para os estudantes fazerem parte do mundo Junto com a turma: Taila é alfabetizada em braile no contraturno, mas aprende os conteúdos em sala, com os colegas Muitas pessoas ainda entendem a Educação Especial como uma modalidade que substitui a escolarização, voltada exclusivamente para crianças com necessidades especiais. Isso significa que uma criança com síndrome de Down, por exemplo, passaria a infância e a adolescência em uma escola especializada, convivendo apenas com colegas que têm deficiência e recebendo conteúdos escolares adaptados e terapias. Aos poucos, essa confusão está se esclarecendo. Hoje, a Educação Especial é entendida como a modalidade de ensino que tem como objetivo quebrar as barreiras que impedem a criança de exercer a sua cidadania. O atendimento educacional especializado é apenas um complemento da escolarização, e não substituto. Essa concepção vem sendo aplicada com sucesso na rede de Florianópolis. Em 2001, o município começou a adaptar escolas, capacitar professores e comprar equipamentos para atender a todas as crianças. A rede criou as chamadas salas multimeios, instaladas em escolas-pólo que servem outras escolas e creches das redondezas. Lá, são atendidas crianças cegas, com baixa visão, surdas, com dificuldades motoras e surdas e cegas. Os professores dessas salas são capacitados para ensinar libras (língua brasileira de sinais), braile, língua portuguesa para surdos (chamada de L2) e o uso de instrumentos como o soroban (ábaco japonês). Os alunos com dificuldade de comunicação aprendem formas alternativas de expressão por meio de recursos muitas vezes simples — como uma chapa de metal com letras imantadas — ou mais elaborados — como computadores adaptados ou uma lupa que projeta na TV o texto ampliado. Taila de Oliveira Aguiar, de 13 anos, utiliza esse atendimento. Ela está na 4ª série da Escola Básica Luiz Cândido da Luz e assiste às aulas como todas as outras crianças. Hoje ela quase não enxerga e, apesar de já ser alfabetizada, precisa reaprender a ler e escrever em braile. Para ler, ela treina a sensibilização das pontas dos dedos e, para escrever, aprende a usar o reglete. Essas técnicas são dadas nas salas multimeios pela especialista Geisa Letícia Kempfer Böck, que trabalha em parceria com a professora regente de Taila, Nádia Oliveira de Souza Vieira. "Antes das aulas, passo para a Geisa os materiais que usarei. Ela transcreve tudo em braile e elabora materiais que ajudam a compreensão do conteúdo pelo toque", afirma Nádia. "O trabalho na sala multimeios dá a alunos como Taila instrumentos para participar da vida na sala de aula e fora da escola", explica Geisa. "Quando eu enxergava, era bem mais fácil. Mas gosto da escola porque a professora Geisa me ensina o braile e aprendo as lições com a Nádia. Meus amigos também me ajudam muito", conta a garota. Na escola inclusiva, crianças e jovens aprendem a ser solidários Inclusão sem limites: Nayara tem um comprometimento mental severo, mas participa de todas as atividades Você deve pensar que essa organização escolar só funciona para crianças com deficiência física, sensorial e mental leve. Mas é possível incluir as que têm comprometimento mental severo? Quem faz a inclusão no dia-a-dia diz que sim. Um exemplo é Nayara Albuquerque Gomes da Silva, de 12 anos, aluna da 5ª série da Escola Viva. Desde que chegou à escola, em 1998, a família mantém uma acompanhante para ajudar em sua higiene e na alimentação. No início foi difícil. Ela tirava a roupa, tinha medo de estranhos e era agressiva. Com o tempo e a dedicação dos professores, ela começou a desenvolver meios alternativos para reconhecer as pessoas — a voz, o perfume ou algum acessório, como uma pulseira. É impressionante o carinho que Nayara tem pelos educadores e pelos colegas. Ela fala pouco, mas expressa o que sente pelo abraço. Do que ela mais gosta? Cantar. "Nayara participa de todas as atividades e é muito querida", afirma a professora Simone Fernandes Saraiva, que deu aulas para Nayara do pré à 4ª série. Transformação radical: João (à esquerda) não sabia conviver com outras crianças e hoje curte rap com seu melhor amigo, Renato Muitas vezes, há casos aparentemente graves, mas que têm uma verdadeira reviravolta com a inclusão. Foi o que aconteceu com João Gabriel Uemura, de 14 anos, aluno da 7ª série da Escola Viva, onde estuda desde 2002. Ele tem síndrome de Down e até os 10 anos permaneceu em uma instituição especializada. Ao entrar em contato com outras crianças, teve dificuldade de se socializar, não entrava na sala, era agressivo e xingava. "A criança aprende por imitação. O referencial dele era de crianças com deficiências mais graves, que não andavam ou falavam", explica a diretora Rossana. Aos poucos, ele foi compreendendo como a escola funcionava. Hoje seu melhor amigo chama-se Renato, colega de turma. Com ele aprendeu a curtir rap, e dança como ninguém! Quando se fala em benefícios que a inclusão traz, o primeiro pensamento que surge é o de que as pessoas com deficiência têm mais chances de se desenvolver, como ocorreu com João. Mas todos ganham ao exercitar a tolerância e o respeito. Professores que vivem diariamente a experiência afirmam: quem aprende somos nós. "Só quem tem contato com essas crianças percebe que lidar com elas não é difícil. É um privilégio", afirma a professora Simone, da Escola Viva. As crianças também percebem o quanto é necessário observar e respeitar as necessidades dos amigos. "A Taila não consegue ver e o único jeito de ela prestar atenção na aula é ouvindo. Por isso a gente faz silêncio", conta Jéssica Silva, de 10 anos. Esse senso de responsabilidade pelo bem-estar do outro é um exercício constante nas escolas inclusivas. Por isso, é comum, na hora do recreio, a rampa que dá acesso ao pátio estar cheia de crianças: em vez de usar as escadas, elas fazem questão de acompanhar os amigos com deficiência. Para integrar as turmas, a professora Geisa, responsável pela sala multimeios, ensaia o coral da escola em libras. Detalhe: todos os alunos do coral são ouvintes. "Ensinamos libras às crianças para que o aluno surdo possa se comunicar com elas e participar da rotina da escola como os demais. Eles adoram aprender uma segunda língua", explica Geisa. As parcerias são fundamentais para garantir um bom atendimento "Desculpe, não estamos preparados para receber seu filho." Essa é a resposta que muitos pais ouvem ao tentar matricular um filho com deficiência na escola regular. Realmente, muitas escolas privadas não podem manter os custos do atendimento educacional especializado e as públicas não recebem recursos e capacitação. Mas recusar a matrícula é crime. Em seu livro Direitos das Pessoas com Deficiência (Editora WVA), Eugênia Fávero lista medidas a serem tomadas pela escola: eliminar as barreiras arquitetônicas (adaptando banheiros e instalando rampas, por exemplo); estabelecer práticas pedagógicas que valorizem a diversidade e que não avaliem para excluir ou categorizar as crianças; e fazer parcerias. Na Escola Viva, particular, não existe atendimento educacional especializado, mas todas as crianças com deficiência freqüentam instituições especializadas que trabalham em parceria com a escola. Dessa forma, a coordenação e os professores aprenderam que seria importante para Nayara saber sobre a organização e os horários da turma. Desde então, todo professor que entra na sala entrega a ela um objeto relacionado à matéria, como uma régua ou uma caneta. A conversa entre os especialistas das instituições e a escola é constante. "O fisioterapeuta, o psicólogo ou o médico colaboram com seus conhecimentos, mas quem cuida do conteúdo pedagógico é o professor", afirma Rossana Ramos. Na rede municipal de Florianópolis, o atendimento educacional especializado a crianças com deficiência mental não é feito na sala multimeios, e sim por parcerias com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais e a Vida em Movimento, instituições especializadas que recebem apoio financeiro da prefeitura. Quando a estrutura não oferece o básico, as parcerias são fundamentais, pois as crianças não podem esperar a escola se preparar. Por isso, na rede pública, feitas as adaptações físicas adequadas e estabelecidas as parcerias, o passo seguinte é cobrar do poder público verba e apoio pedagógico. "Há pelo menos 15 anos que se fala em inclusão. Até quando vamos alegar que não estamos preparados?", diz Rosângela Machado, de Florianópolis. Muitas pessoas já pararam de fazer essa pergunta e passaram à ação. Entender a inclusão não significa apenas cumprir a lei. Significa levar à escola crianças que vivem isoladas de um mundo que só tem a ganhar com sua presença. E mais: fazer com que muitos alunos - que sempre estiveram nas salas regulares - vivam na diversidade. Um dos papéis da escola é praticar a responsabilidade pelo outro e estimular as crianças a fazer o mesmo. Ter receio, professor, é normal, mas na prática fica mais fácil Receber uma criança com necessidades especiais pela primeira vez pode dar um frio na barriga. Com essa grande responsabilidade pela frente, é natural sentir angústia. Para a psicóloga Adriana Marcondes Machado, do Serviço de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, isso ocorre porque nós não fomos formados para conviver com as diferenças. "Precisamos evitar que nossas crianças passem por isso, tornando-as mais tolerantes." Para formar uma escola inclusiva de verdade, a psicóloga sugere ao professor: Dividir as dúvidas com a coordenação e com os colegas quando receber uma criança com necessidades especiais. Não reduzir o aluno à sua deficiência. Apesar de ter características peculiares, ele tem personalidade e carrega uma história e muitas experiências que o tornam único. Conversar constantemente com outros especialistas que tratam da criança, pois eles podem ajudar a pensar em estratégias para lidar com o aluno. Não se esquecer, porém, de que quem sabe como ensinar a criança é o professor. Trabalhar a diversidade — uma característica de todos, e não só da criança com deficiência — ao planejar as atividades. Estimular comportamentos solidários entre os alunos. Eles podem, por exemplo, dar idéias de como o colega que usa cadeira de rodas pode ficar bem acomodado na sala. Quer saber mais? Escola Básica Luiz Cândido da Luz, Rodovia SC 403, Km 3, 88045-108, Florianópolis, SC, tel. (48) 269-6636 Escola Viva, Av. Inocêncio Pires de Oliveira, 862, 06725-105, Cotia, SP, tel. (11) 4611-0515 Rosângela Machado, rosangela.machado@pmf.sc.gov.br Rossana Ramos, escolaviva@ig.com.br Bibliografia Na Minha Escola Todo Mundo é Igual, Rossana Ramos, 20 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3864-0404, 13,80 reais Pensando e Fazendo Educação de Qualidade, Maria Teresa Eglér Mantoan (org.), 128 págs., Ed. Moderna, tel. (11) 6090-1300, 28 reais Internet Na página da Secretaria de Educação Especial portal.mec.gov.br/seesp você conhece as estatísticas, as leis e as políticas públicas nacionais voltadas à inclusão. No site www.dicionariolibras.com.br você e sua turma aprendem o vocabulário em libras. Os sinais são apresentados em vídeo.Gostou desta reportagem? Então assine a revista NOVA ESCOLA topo Índice da edição 182 Ter receio, professor, é normal, mas na prática fica mais fácil Receber uma criança com necessidades especiais pela primeira vez pode dar um frio na barriga. Com essa grande responsabilidade pela frente, é natural sentir angústia. Para a psicóloga Adriana Marcondes Machado, do Serviço de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, isso ocorre porque nós não fomos formados para conviver com as diferenças. "Precisamos evitar que nossas crianças passem por isso, tornando-as mais tolerantes." Para formar uma escola inclusiva de verdade, a psicóloga sugere ao professor: Dividir as dúvidas com a coordenação e com os colegas quando receber uma criança com necessidades especiais. Não reduzir o aluno à sua deficiência. Apesar de ter características peculiares, ele tem personalidade e carrega uma história e muitas experiências que o tornam único. Conversar constantemente com outros especialistas que tratam da criança, pois eles podem ajudar a pensar em estratégias para lidar com o aluno. Não se esquecer, porém, de que quem sabe como ensinar a criança é o professor. Trabalhar a diversidade — uma característica de todos, e não só da criança com deficiência — ao planejar as atividades. Estimular comportamentos solidários entre os alunos. Eles podem, por exemplo, dar idéias de como o colega que usa cadeira de rodas pode ficar bem acomodado na sala.Adicionar aos Favoritos Assine Anuncie Site Revista Expediente Fale Conosco © FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA - Todos os direitos reservados 0802. Índice de reportagens - 16 de setembro de 2005 Sala de aula Inclusão do aluno com deficiência mental: missão de toda a escola Por acontecer em níveis muito variados, a deficiência mental pede um trabalho de inclusão individualizado. Porém, socializar, adaptar o currículo e apostar na autonomia do aluno é tarefa que precisa ser abraçada por todos na escola Tatiana Achcar A chegada de Vitor Ricardo da Silva à 1ª série da Escola Municipal Araci Amaral, no início deste ano, em Senador Canedo (GO), não foi nada tranqüila. Nascido com deficiência mental congênita e surdez, o aluno de 6 anos apresentava dificuldade motora e de comunicação, o que o deixava impaciente e agressivo quando não conseguia se expressar. Era difícil segurar o garoto dentro da sala de aula. Começava ali o trabalho conjunto entre a professora de apoio Elaine Ferreira de Souza Lima e os professores regulares da 1ª série. Nos contra-turnos, Elaine passou a levar Vitor para outros espaços da escola onde podia usar recursos lúdicos para estimular a coordenação motora e auditiva do aluno - brinquedos emborrachados e de madeira, corda para pular, bola para jogar. Vitor passou a observar as atividades e, dia após dia, a repeti-las. Com isso, aprendeu uma série de coisas. O processo, alerta Elaine, é lento, mas os resultados são visíveis. "Hoje ele respeita as regras da sala de aula, fica sentado, se atém ao rosto da professora e faz leitura facial, come e vai ao banheiro sozinho", conta Elaine. O trabalho de Elaine não é solitário. O município goiano implantou a inclusão há 3 anos e tem se empenhado em aperfeiçoar a adaptação curricular. Circula no conselho municipal de educação um projeto de adaptação curricular que pretende definir o que o aluno especial tem de aprender ao deixar a série em que está. Autonomia Na educação especial, os métodos de ensino, o processo de aprendizagem e os objetivos são diferentes. De acordo com Helenir Santana Moreira, diretora do Centro de Educação Especial Síndrome de Down de Campinas, o aluno com necessidade especial está sempre adquirindo conhecimento, mesmo que não seja o formal. "A socialização que ele aprende na escola lhe traz algo essencial, a autonomia. Se o professor percebe que o verdadeiro papel da escola é o de despertar diversos conhecimentos, a ansiedade com o aluno especial diminui", diz Helenir. Quando o professor de recurso Lucas Rodrigues de Moraes faz o planejamento semanal para receber alunos com necessidades especiais, na Escola Municipal Antonio Evaristo de Moraes, também da rede pública de Senador Canedo (GO), ele aposta em uma adaptação curricular que prioriza a convivência em sociedade e a autonomia do aluno. "Acredito que a avaliação se guia no que o aluno aprendeu e não no que ele deixou de aprender", conta. A peculiaridade da chamada necessidade especial de natureza intelectual é que ela não é mensurável, como nos casos da deficiência visual e auditiva. "Não existe padrão, cada um responde a um estímulo", diz Helenir. Por isso, para a criança com necessidade especial acessar e construir conhecimento, o professor deve conhecer a história do aluno, reconhecer o que ele sabe, como aprende, estudar a deficiência, envolver a família e estabelecer vínculos, considerando que ele ainda não aprendeu, mas pode fazê-lo. Apoio A tarefa de incluir um portador de deficiência mental não pode ser solitária. A inclusão é missão de toda a escola, que deve assumir a situação e verificar que condições possui ou não, o que pode e não pode fazer. "Inclusão não é entregar o aluno especial para a professora que tem mais jeitinho", afirma Roseli Rocha Baumel, professora do curso de pós-graduação em educação especial da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. "Imediatamente após a matrícula, toda equipe deve se reunir para pensar na socialização do aluno, na adaptação curricular, na participação da família, nas parcerias com postos de saúde e com escolas especiais. É preciso criar um projeto pedagógico orientado para a inclusão", diz. A figura do professor de recurso, como mostra a experiência do município goiano, é muito importante. Ele chega com o conhecimento sobre a deficiência e orienta o professor regular. Em compasso com essas orientações, você e ele podem criar práticas pedagógicas baseadas no potencial do aluno que visam desafios e avanços no conhecimento e na autonomia. Também é papel do professor de recurso acompanhar o aluno aos centros especializados que prestam serviço de psicoterapia, fonoaudiologia e fisioterapia. "Ele é o facilitador da inclusão, ajuda o aluno a interagir com o meio, com o professor e vice-versa", conta Elaine. O professor Lucas, por exemplo, tem claro que a assimilação do conceito é mais difícil para o aluno que tem comprometimento mental. Por isso, ele sempre procura transformar esse processo em atividades práticas concretas e lúdicas. Os jogos, por exemplo, são constantes no trabalho com a Língua Portuguesa. Já no trabalho sobre educação no trânsito deste ano, Lucas sugeriu ao professor regular que levasse toda a turma da 4ª série para a porta da escola. Lá, os alunos observaram a faixa de pedestres, as faixas de sinalização, a conduta dos motoristas e a opinião dos vizinhos sobre o tráfego local. Com as coisas erradas que viram, as crianças escreveram uma carta protesto que será encaminhada ao poder público e à companhia de ônibus. A informação ganhou a rua e envolveu a comunidade. "Dessa forma, os alunos com necessidades especiais tornam-se mais participantes, passaram a se ver e a ser vistos como parte ativa na sala de aula", diz o professor. Aprendizagem cooperativa Quando a turma trabalha em conjunto, está pondo em prática um dos princípios da inclusão - valer-se da receptividade dos demais alunos para acolher o colega que tem necessidades especiais. Ana Paula Rodrigues do Nascimento, coordenadora do Núcleo de Educação para Diversidade de Senador Canedo percebe que isso dá apoio ao professor. Contar com o improviso é outro princípio, de acordo com Roseli Baumel, que constata: "A inclusão tem trazido tensão para o professor pois é um processo que avança e recua". Por isso é necessário envolver toda a escola, contar com serviços de apoio, partilhar experiências com escolas especiais, emprestando o conhecimento que têm sobre como trabalhar, que materiais utilizar. "A inclusão não é preparar o aluno e sim adaptar a sala de aula, a turma e a escola para receber esse aluno especial", completa Helenir Moreira. Quer saber mais? Secretaria Municipal de Educação de Senador Canedo Tel. (62) 3275-3000 EM Araci Amaral Tel. (62) 3512-1737 EM Antônio Evaristo de Moraes Tel. (62) 3275-3072 Centro de Educação Especial Síndrome de Down Tel. (19) 3252-9889volta topo Índice de reportagens {rodape do conteúdo} Adicionar aos Favoritos Assine Anuncie Site Revista Expediente Fale Conosco © FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA - Todos os direitos reservados 0803. Índice de reportagens - 02 de dezembro de 2005 Sala de aula Biblioteca escolar acessível: passo importante para incluir o aluno com deficiência visual A recente política de inclusão ainda não chegou como deveria às bibliotecas escolares, que engatinham no atendimento às necessidades de alunos cegos ou com baixa visão Débora Didonê Toda terça e quinta-feira, a estudante Franciane do Nascimento Luz, de 16 anos, percorre 20 minutos de ônibus de sua escola até uma biblioteca, em Interlagos, onde faz pesquisas e pega pelo menos dois livros emprestados por mês. Não que faltem livros onde ela estuda. Existem. Mas ela não pode lê-los. "Só há livros impressos com tinta", explica. Franciane, cega desde os 13 anos, precisa de recursos especiais para ler, como livros em braile (escrita que permite a leitura pelo tato). Há um ano e meio, desde que descobriu o Espaço Braile da biblioteca do Centro Universitário Senac (campus Santo Amaro), em São Paulo, ela tem acesso a um acervo de mais de 100 títulos e de equipamentos que possibilitam a leitura de qualquer obra, além de acesso a internet e cursos de informática. Bom mesmo seria se ela tivesse essa estrutura toda na sua própria escola. "Eu teria acesso a mais informações e poderia participar das leituras em sala de aula", conta. Infelizmente, Franciane não está sozinha nessa situação. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), as escolas públicas - onde estudam cerca de 88% dos estudantes do ensino básico do país - matriculam hoje 19 mil alunos com deficiência visual. Oito mil são totalmente cegos. E, mesmo com a atual política de inclusão, determinada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), pela Constituição Federal e pela Convenção da Guatemala, as bibliotecas escolares ainda deixam a desejar. "Muitas estão jogadas às traças, sem profissionais capacitados para atender os alunos e, muito menos, para receber pessoas com deficiência visual", afirma José Rafael Miranda, assessor técnico da Corde (Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência). Para agravar o cenário, o brasileiro não tem sequer o hábito de freqüentar bibliotecas. "Por isso é essencial fazer um trabalho de sensibilização com os professores", alerta Elizabet Maria Ramos de Carvalho, gerente regional da Ifla (International Federation of Library Association and Institutions) para América Latina e Caribe. O espaço ideal De acordo com Miranda, a informação, a capacitação de profissionais e a iniciativa dos órgãos públicos da área de educação são ingredientes básicos para a implementação de uma biblioteca escolar que atenda à diversidade. "Toda criança tem o direito entrar na escola independentemente de suas condições e toda escola precisa se preparar para recebê-la. Isso significa proporcionar acessibilidade física e recursos financeiros, materiais e humanos que atendam às suas necessidades", explica. Por isso, além de conter livros em braile, audiolivros (gravados em cds e fitas-cassete), softwares específicos de pesquisa, máquinas de escrever e impressoras braile e ampliadores de texto para crianças com baixa visão, uma biblioteca escolar acessível para pessoas com deficiência visual também deve ter pisos táteis, sinalizadores nas portas e vãos livres para facilitar sua mobilidade. Para enriquecer o acervo com publicações em braile e livros falados, escolas públicas e privadas podem contar com doações da Fundação Dorina Nowill para Cegos, responsável pela produção de cerca de 1,5 mil títulos didáticos e obras literárias que vão de clássicos a best-sellers. Das 1044 entidades beneficiadas pela fundação, 513 são escolas que contabilizam mais de 6,5 mil alunos em todo o país. E 91% dos pedidos correspondem a livros em braile. "Não existe um limite de obras para se fazer um pedido, mas nem sempre todas estão disponíveis. Infelizmente, a demanda é maior que a produção", explica Tereza França de Oliveira, bibliotecária do setor de doações da fundação. Em convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) desde 2003, a entidade já transcreveu cerca de 200 títulos didáticos e paradidáticos que foram distribuídos para escolas públicas. Entidades como os Centros de Apoio para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAPs), espalhadas pelo país, e o Instituto Benjamin Constant, também auxiliam as escolas na distribuição de material didático e na formação de professores. Tecnologia Livros em braile e falados são ótimos, mas a demanda por informação é crescente e pode escoar por outros meios também. Uma boa estrutura tecnológica em uma biblioteca escolar é um caminho promissor para o acesso irrestrito de crianças com deficiência visual ao conhecimento. "Nem sempre as obras em braile ou áudio atendem ao gosto delas. Os softwares de leitura, por exemplo, cumprem um papel importante", explica Júlio Pires, gestor de tecnologia da Laramara (Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual). O mais desenvolvido deles chama-se Jaws, dá acesso a qualquer tipo de programa no computador e custa cerca de 4 mil reais. "Ele transforma o aluno com deficiência visual em um aluno convencional diante do computador", compara Pires. Já o DOSVOX, que é gratuito, e o Virtual Vision, embora tenham menos recursos, são ideais para a criança começar a se familiarizar com a máquina. Além de ampliar a tela para crianças com baixa visão e de oferecer comando de voz para as cegas, os softwares de leitura democratizam a leitura. "Com o Open Book, por exemplo, pode-se digitalizar o livro e passá-lo para o áudio ou imprimi-lo em braile", explica Pires. Outros aparatos, como o CCTV, ampliam materiais impressos em monitores para facilitar a pesquisa de crianças com baixa visão. Atendimento especializado Finalmente, para que uma criança deficiente visual se sinta de fato incluída na biblioteca de sua escola, o responsável pelo espaço deve estar preparado para atender às suas necessidades especiais. Acompanhe algumas dicas da psicóloga e pedagoga Juana Maria Rey, que atua no espaço braile da Biblioteca Monteiro Lobato, em Guarulhos. NOVA ESCOLA: Como uma criança com deficiência visual deve ser recebida na biblioteca da escola? Juana Maria Rey: Na primeira visita, ela deve ser guiada pelo espaço físico da biblioteca para conhecer o tamanho da área e a localização dos móveis e objetos. Também é importante estimular sua convivência com os colegas videntes durante as leituras. NE: Se a biblioteca ainda não oferece recursos necessários para crianças com deficiência visual, como ajudá-las a fazer pesquisas? Juana: O responsável pelo espaço deve fazer a pesquisa e perguntar à criança como ela gostaria de receber o material. Ela pode querer ouvir a leitura de um texto para copiá-lo na máquina braile ou pode pedir uma gravação em fita cassete. O ideal seria ter um professor especializado para dar essas orientações. NE: Como se faz para estimular crianças com deficiência visual a freqüentar bibliotecas? Juana: A escola inclusiva é um projeto coletivo. Professores, bibliotecários (se houver) e diretores devem prever soluções que facilitem a vida das crianças com deficiência. Eles podem organizar um grupo voluntário de alunos ledores, que lêem e gravam textos, e também, desenvolver um projeto de aprendizado do método braile, por exemplo. Quer saber mais? Para receber livros em braile e falados da Fundação Dorina Nowill, basta a escola se cadastrar por e-mail (info@fundacaodorina.org.br), telefone ou fax e fazer o pedido. A lista de publicações está disponível no site. Fone: 0800-770-1047, Fax (011) 5087-0977 Biblioteca Escolar Brasileira em Debate - da Memória Profissional a um Fórum Virtual, Neusa Dias de Macedo (organizadora), Editora Senac São Paulo, 446 páginas, 50 reais, tel. (11) 3284-4322, e-mail: editora@sp.senac.br volta topo Índice de reportagens {rodape do conteúdo} Adicionar aos Favoritos Assine Anuncie Site Revista Expediente Fale Conosco © FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA - Todos os direitos reservados 0804. Edição Nº139 Janeiro/ Fevereiro de 2001 A história de Sérgio, que não move braços nem pernas, mas já lê e escreve, mostra que a educação pode transpor as mais inacreditáveis barreiras Lídia Maria de Melo Roberto Konda Sérgio, um caso modelo de como superar deficiências uando Sérgio José da Fonseca Filho nasceu, em 1980, em Santos (SP), os médicos não deram esperanças a seus pais. Ele jamais poderia desempenhar ações simples como ficar em pé, acenar, coçar qualquer parte do corpo, segurar algum objeto. Escrever, então, seria impossível. Sérgio nasceu com pernas, pés, braços e mãos malformados – joelhos, cotovelos, punhos e tornozelos sem movimento algum. A deficiência, de origem desconhecida e cientificamente denominada artrogripose múltipla congênita, dificultaria seriamente o seu desenvolvimento neuropsicomotor. Em 18 de abril deste ano, Sérgio completou 11 anos. As atividades que desenvolve contrariam boa parte das expectativas médicas, psicológicas, fisioterápicas e pedagógicas. Corno se previa, ele não anda. Mas se locomove sozinho. Quando não usa a cadeira de rodas – geralmente empurrada pela mãe –, senta-se no chão e impulsiona o corpo com as nádegas. Também sabe nadar, está alfabetizado, freqüenta uma escola comum (onde participa até das aulas de Educação Física) e, o mais surpreendente, escreve. Como lhe é impossível segurar lápis ou caneta com a mão, usa a boca para escrever. Um caso com evolução tão admirável que foi apresentado no IV Simpósio Santista de Reabilitação, em outubro de 1989, em sua cidade – Santos (SP) –, e no Congresso Brasileiro de Alfabetização, realizado no Centro de Estudos Alvares Penteado, em São Pauto (SP), em setembro de 1990. As conquistas de Sérgio resultaram primeiramente da imensa vontade que ele sempre demonstrou em aprender, contam os pais, Maristela e Sérgio José da Fonseca. O fundamental, porém, foi o acompanhamento especializado que recebeu na Casa da Esperança, um centro de reabilitação físi- ca e mental situado no bairro da Ponta da Praia, em Santos, que atende gratuitamente crianças economicamente carentes. Intuição leva ao sucesso Além de passar por sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia, Sérgio vem recebendo atenção individual da pedagoga Deise Verkruisen, que, após pesquisar e experimentar em vão métodos específicos para o caso, seguiu sua intuição e fez adaptações para obter um resultado positivo na coordenação motora e na alfabetização do menino. Sempre, segundo ela, respeitando as características de Sérgio e confiando em sua capacidade intelectual. "Se todos os professores tivessem esse empenho de individualizar o tratamento, teríamos outros resultados tão bons quanto este", comenta a médica fisiatra e diretora clínica da Casa da Esperança, Selma Regina Melo Ferreira Veloso. Os pais têm também um reconhecimento todo especial pelo trabalho da professora Eloísa Helena Rossi Weyler, do Núcleo Psicopedagógico Decroly, escola particular destinada a crianças com deficiência mental e paralisia cerebral, na qual Sérgio cursou a 1ª e a 2ª séries, em 89 e 90. Embora a limitação de Sérgio seja exclusivamente física, a mãe não conseguiu matriculá-lo, na época, em estabelecimentos comuns. Maristela diz que os diretores dessas escolas "suspeitavam" que o menino tivesse comprometimento mental e apresentasse dificuldade de aprendizagem. No Decroly, onde Eloísa Helena o acompanhou de perto, Sérgio teve aulas de Português, Matemática, Estudos Sociais, Ciências, Educação Artística e recebeu informações inéditas para ele. Por conviver quase sempre no ambiente familiar, aos 9 anos ele desconhecia, por exemplo, as diferenças entre o órgão sexual masculino e o feminino. Submetido aos testes Kaufman e Weschier de inteligência para crianças, Sérgio não apresentou deficiência mental alguma. Então, a psicóloga Márcia Mathias aconselhou que ele estudasse em escola comum. No ano passado, a professora Eloísa Helena Weyler convenceu-o a aceitar a transferência do Decroly. Mas só depois de muito custo: "Antes, ele chorava quando se falava em mudança", lembra Eloísa. Matriculado na EEPG Dona Luíza Macuco, Sérgio está freqüentando uma classe do Ciclo Básico e convive seis horas por dia, de segunda a sexta-feira, com outros 35 alunos, na faixa de 8 anos de idade. Ele não foi direto para a 3ª série. A direção da escola achou necessária uma adaptação, pois no Decroly as turmas eram compostas de apenas cinco crianças. Raciocínio privilegiado "No início fiquei com receio, por que nunca havia tido experiência semelhante em 21 anos de Magistério", revela a professora Maria de Lourdes Sgorlon Chiara, que, na ausência de Sérgio, preparou seus futuros colegas para recebê-lo. "Eles se comportaram normalmente com o novo companheiro. Fiquei surpresa", diz a professora, que ressalta ainda o bom relacionamento de Sérgio com a classe. E ele mesmo confirma: "Gosto de todos". Como sempre termina a lição primeiro, Sérgio faz questão de esperar pelos colegas, para saírem juntos, em fila. "O raciocínio dele também é impressionante. Ele tem condição de acompanhar uma 4ª série", ressalta Maria de Lourdes, acrescentando que o menino desempenha todas as atividades sozinho e só aceita ajuda em último caso. Nas aulas de Educação Física, Sérgio executa quase todos os exercícios, com as devidas adaptações. "Ele só fica fora do futebol", ressalva a professora. Sérgio criou o hábito de, durante o período de aula, só ir ao banheiro na hora do recreio, quando a mãe retorna à escola para auxiliá-lo. Para a fisiatra (especialista em reabilitação física e mental) Selma Veloso, o ideal seria todas as escolas receberem deficientes. "A integração deve começar cedo. Se as 35 crianças de uma sala de aula conviverem com um deficiente, mais tarde serão 35 adultos que saberão compreender e respeitar os deficientes na vida cotidiana", observa a fisiatra. A médica destaca a necessidade do trabalho multidisciplinar paralelo para a reabilitação. Já Eloísa Helena, Maria de Lourdes e Deise reforçam a idéia de que o incentivo e a participação dos pais é fator importante para o progresso do filho deficiente. "A atitude da mãe de Sérgio é maravilhosa. Como mãe e professora, eu me sinto miudinha diante da coragem dela", admite Maria de Lourdes. Tratamento diferenciado Sérgio iniciou o tratamento na Casa da Esperança aos 4 anos de idade. Aos 7, começou a ser atendido individualmente, três vezes por semana, durante meia hora, pela pedagoga Deise Verkruisen, que tinha como função desenvolver suas noções de limite e orientação no espaço. Com as demais crianças, portadoras de síndrome de Down, paralisia cerebral, hidrocefalia, microcefalia, macrocefalia (todos problemas determinantes de deficiência mental e física), o trabalho é primeiramente executado com grupos de seis, sob a orientação de recreacionistas – professores com formação de Magistério. Após essa etapa é que Deise faz o acompanhamento individual, usando material da linha pedagógica Montessori. O objetivo é prepará-las para freqüentar uma escola especial ou comum, dependendo do caso. Com Sérgio, não houve atividade em grupo, porque ele tinha problemas de comportamento (agressividade e rebeldia) e era preciso encontrar material e método próprios para ele, que já manifestava o desejo de escrever. Conforme sua mãe, quando ele brincava com crianças da família, em casa, tentava escrever numa lousa, com um dos pés e com a mão, mas não conseguia. Como as articulações que Sérgio mais dominava eram as do pescoço e dos maxilares, ele mesmo propôs: "Com a boca, mãe". Maristela transmitiu a vontade do filho à pedagoga. "Sérgio foi um grande desafio", relembra Deise, que pediu orientação a seus ex-professores do curso de Pedagogia do Excepcional, na atual Universidade Lusíada (Unilus). "Nenhum possuía conhecimento de caso semelhante", afirma Deise, que então decidiu seguir sua intuição, unindo teoria e prática adquiridas em sete anos de trabalho. Ela começou por exercitar a coordenação motora de Sérgio, que já conhecia numerais e letras. Primeiro, prendia uma folha de papel sulfite com fita crepe na mesa e passava para o garoto exercícios de colagem. Ele segurava bolas de papel crepom com os lábios, passava cola e as colocava sobre a folha nos lugares indicados. Depois, com um lápis cortado – para ter no máximo 10 centímetros –, Sérgio cobria, ainda em sulfite, letras de imprensa. O espaço entre as linhas era de 4,5 centímetros. Após dois meses, baixou para 3,5 centímetros. Um ano mais tarde, ele chegou ao caderno, cujas folhas virava também com os lábios e a língua, sem molhá-las com saliva ou amassá-las, Na etapa seguinte, foi inserido o caderno pedagógico de linhas verdes. Em 89, quando já cursa- va a 1ª série no Núcleo Psicopedagágico Decroly, Sérgio passou a usar caderno convencional e a escrever em letra cursiva. Suas principais dificuldades eram os números 2, 3 e 8, por causa das formas arredondadas. Para iniciar a alfabetização, a pedagoga utilizou o método fonético e o alfabeto móvel da linha Montessori. Em Matemática, usou material dourado, também montessoriano. Datilografia, um novo avanço Durante as sessões, realizadas até hoje, Sérgio senta-se numa cadeira própria para salas de pré-escola e apóia o peito na lateral da mesa, também de pré-escola. Os braços permanecem esticados, rentes ao tronco. A perna esquerda pára no ar, enquanto a outra descansa sobre as pernas da pedagoga, sob a mesa. "Nosso relacionamento depende dessas adaptações", explica Deise. Sérgio prende o lápis ou a caneta com os dentes e consegue conversar enquanto escreve ou pinta. Na escola, ele aprendeu a usar o lápis-borracha, mas também sabe usar a borracha comum. "Ele é perfeccionista e tem sede de saber", conta a pedagoga, que o ensinou a utilizar carimbos, pintar ilustrações e consultar dicionário. Atualmente, o garoto treina datilografia com uma caneta hidrográfíca média, para pressionar as tecias. "Sérgio pediu para escrever à máquina e eu pensei que ele não fosse conseguir", afirma Deise Verkruisen, admitindo que as limitações do aluno, muitas vezes, são impostas pelos próprios professores e pais. Ela acredita que, no futuro, Sérgio possa trabalhar com computadores. A satisfação em ser útil Sobre o comportamento do menino, a pedagoga diz que ele se sente muito mais seguro e autoconfiante em relação ao início do aprendizado, e não tem mais atitudes agressivas ou rebeldes. Sérgio não chega a comentar sua deficiência, mas, de vez em quando, garante que um dia ainda vai andar. Segundo a mãe, no início do ano, o menino ficou sozinho em casa e foi capaz de puxar uma bolsa pela alça, de cima de uma mesa, abrir o zíper, apanhar uma chave e passá-la por baixo da porta, para o pai abri-la, já que a outra cópia estava com a mãe. Tudo feito com a boca. "Quando eu cheguei, ele me contou, com a maior alegria, que havia ajudado o pai a entrar em casa. Ele se sentiu útil", contou Maristela. Os pais não escondem sua satisfação com as conquistas do filho e chamam a atenção de profissionais que trabalham com deficientes, para que não menosprezem o potencial de cada criança. Maristela e Sérgio José também consideram imprescindível que a família evite a segregração: "É preciso ter uma convivência normal com as demais pessoas. Não se pode ter vergonha", alerta o pai. E a mãe completa o pensamento: "Tenho muito orgulho do meu filho". MAIS DE 30 ANOS DE ASSISTÊNCIA GRATUITA Inaugurada em 24 de julho de 1957, a Associação Casa da Esperança presta assistência gratuita a 250 crianças. Sua manutenção é garantida por convênios com a Legião Brasileira de Assistência (LBA), a Secretaria de Trabalho e Promoção Social do Estado de São Paulo, o Inamps, contribuições de sócios e recursos gerados por sua oficina ortopédica, que fabrica, por encomenda, palmilhas, bolas, aparelhos e próteses. O trabalho de reabilitação física e mental, que abrange desde recém-nascidos a crianças de até 12 anos, é desenvolvido por uma equipe composta por fisioterapeuta, psicólogo, neurologista, fistatra, fonoaudiólogo, recreacionista, pedagogo, assistente social, terapeuta ocupacional e dentista. A partir dos 12 anos, se a criança não tiver deficiência física ou mental acentuada, poderá fazer cursos de marcenaria ou encadernação, ministrados na oficina da instituição. __________________________________________ *Reportagem publicada na edição nº51 - setembro de 1991 0805. Índice da edição 188 - dez/2005 Sala de aula 20 dicas para dominar as modernas práticas pedagógicas10. Inclusão: a escola leva o aluno com deficiência a avançar Receber uma criança com deficiência não deve ser motivo de angústia. Cada vez mais a inclusão escolar tem sido discutida no meio educacional, e os professores hoje conseguem encontrar, em parceria com os pais, a coordenação da escola e os especialistas nas deficiências, caminhos seguros para trabalhar. "A escola serve para ampliar os conhecimentos dos estudantes. Por isso, o primeiro passo é procurar saber o que o aluno com deficiência já sabe e quais são as possibilidades que ele tem de aumentar esses conhecimentos", ressalta Maria Teresa Eglér Mantoan, da Universidade Estadual de Campinas. Procure descobrir como tem sido a experiência da criança, pesquisando seu histórico escolar e trocando informações com os pais e os professores das séries anteriores. Se ela estiver recebendo atendimento educacional especializado no contraturno em alguma instituição, é importante conversar com os especialistas ao longo de todo o ano para acompanhar seu desenvolvimento. Isso pode ajudar muito a planejar as aulas, definir estratégias e escolher os melhores materiais o que é bom não só para o aluno com deficiência mas para a turma toda. Se sua escola já oferece esse atendimento, a parceria com o professor especialista se dará de maneira ainda mais efetiva, pois o contato é diário. No caso de haver uma criança cega, esse profissional pode, por exemplo, ajudar você a elaborar materiais concretos para ensinar um conteúdo de Matemática (como figuras geométricas feitas em relevo, com tinta plástica ou sementes coladas no papel). "O professor deve receber essa criança como ele recebe todas as outras. Ela é, acima de tudo, um aprendiz", afirma Maria Teresa. 11. Matemática: interação entre os conteúdos é essencial O melhor caminho para garantir o aprendizado da turma é relacionar os conteúdos matemáticos e mostrar como eles se complementam. Isso é o que dá significado ao estudo. Geralmente, os tópicos aparecem de forma fragmentada, como se não tivessem nenhuma ligação entre si. Na prática, é como ensinar multiplicação com o objetivo de fazer o aluno calcular mais rapidamente e de cabeça, sem fazer nenhuma relação com situações em que a operação é necessária. "O professor deve organizar os temas de forma que possam ser vistos como uma rede de significados", aponta Maria Sueli Cardoso, selecionadora do Prêmio Victor Civita. Por exemplo: em vez de pedir à turma apenas para calcular quanto é 2 x 4, é possível pedir para desenhar em um papel quadriculado duas colunas com quatro linhas. Assim todos perceberão que 2 x 4 é igual a 8 quadradinhos. Esse resultado significa também a área de um retângulo (com 2 unidades de altura e 4 de comprimento). Nesse tipo de atividade, estão relacionados multiplicação, figura geométrica e perímetro. "É sempre interessante que o aluno compreenda que um mesmo assunto pode ser estudado sob vários aspectos", diz Sueli. 12. Língua Portuguesa (1ªa 4ª): mais importância para a oralidade Atividades de leitura e escrita aparecem muito nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Mas e a oralidade, onde fica? Para Eliane Mingues, selecionadora do Prêmio Victor Civita, é importante criar situações em que as crianças utilizem as três práticas. Elas podem elaborar uma coletânea de contos ou poemas; um livro de receitas; ou o encarte de um CD com as canções preferidas da turma. Para fazer a coletânea de poemas, por exemplo, a garotada tem que ler, selecionar, recitar e escrever as poesias. Essas situações ensinam a leitura e a escrita e também a oralidade, o que será útil para a vida dentro e fora da escola. "Alunos que não vivem situações de fala formal em sala de aula podem demorar mais para construir esse conhecimento", afirma. Surge, assim, a dificuldade em se expressar, elaborar apresentações e criar argumentos sobre o que pensam. O mesmo vale para a dificuldade em anotar, pesquisar e resumir. "Quando as crianças já estão alfabetizadas, pode-se focar em atividades que dão mais autonomia em relação à leitura e à escrita, como a entrevista", sugere Eliane. A atividade proporciona uma situação comunicativa em que os alunos precisam escrever um texto de gênero específico para leitores reais e que será publicado no mural ou boletim da escola. 13. Língua Portuguesa (5ªa 8ª): gramática como uma ferramenta É importante não separar o estudo das regras da língua da leitura e produção escrita. "A reflexão sobre os mecanismos da língua produz um aprendizado mais consistente quando é feita misturada ao ler e escrever", afirma o selecionador do Prêmio Victor Civita Ricardo Barreto. Para envolver a garotada no ensino da gramática, um bom caminho é associá-la a situações concretas. Transformar um texto formal em coloquial, comparando as palavras e as estruturas que foram alteradas, é um bom exercício. Escrever uma reclamação a uma autoridade e, em seguida, contar o fato a um amigo, também por carta, é outra opção. "A idéia é levar o aluno a perceber as possibilidades da língua sem ter de decorar regras", diz Barreto. Ele destaca mais uma estratégia: fazer os estudantes pesquisarem as diferenças entre textos de diversos gêneros, como o de divulgação científica, a crônica e a notícia. Durante a leitura, eles acabarão comparando os elementos gramaticais utilizados em cada um. "Por fim, o professor pode solicitar ao aluno que escreva sobre o que aprendeu. Essa prática também estimula a reflexão sobre a língua." 14. Língua Estrangeira: as palavras precisam de contexto Ninguém esquece sua língua materna quando aprende uma língua estrangeira. O que acontece é bem o contrário: quanto mais o aluno utiliza o conhecimento que adquiriu em sua vivência e sobre o próprio idioma, melhor entende uma segunda língua. Por exemplo: certa vez uma empresa lançou uma campanha publicitária com o slogan Put a tiger in your tank. "Para entender a mensagem, não basta saber o significado de cada palavra. É preciso conhecer uma série de elementos prévios", afirma a selecionadora do Prêmio Victor Civita Celina Bruniera. "Ajuda, por exemplo, conhecer as características do texto publicitário e saber que o tigre representa força e agilidade e que é o símbolo de uma distribuidora de combustível." Outro exemplo: lendo a palavra engaged isolada, o aluno terá mais dificuldade de entender seu sentido do que se vê-la na fechadura da porta de um banheiro público. "Se disserem a ele que, ao girar a fechadura, a palavra desaparece e, em seu lugar, surge vacant, será mais fácil concluir que vacant significa vago e engaged ocupado." Celina ressalta, no entanto, que, ao tentar tornar o ensino interessante, muitos professores se esquecem dos gêneros textuais e abusam de atividades lúdicas sem contextualização. Disso surgem palavras cruzadas e joguinhos que só ajudam a decorar palavras. 15. História: de olho no presente para transformar o futuro Estudar história local com a turma é uma prática muito comum e pode ser uma experiência importante e enriquecedora desde que o resultado não se torne uma mera coletânea de curiosidades, hábitos e causos sobre o lugar e seus moradores. Por isso, ao pensar nos conteúdos que serão abordados durante o ano, é preciso levar em conta as respostas para algumas perguntas que você deve fazer a si mesmo: posso com isso contribuir para transformar minha região? Em que esse assunto ajudará meu aluno em sua vida diária e no seu processo de formação como cidadão? Como fazer com que ele tenha uma aprendizagem significativa? "Em cada contexto social, político e geográfico as respostas são diferentes. Portanto, só o professor tem reais condições de respondê-las e de formular as melhores propostas didáticas", diz o selecionador do Prêmio Victor Civita Daniel Helene. "O importante é levar os alunos a enxergar a realidade com um olhar crítico." No norte do Maranhão, por exemplo, algumas empresas usam mão-de-obra infantil. Por que não estudar a história local para compreender essa problemática? Em alguns municípios de Rondônia, na fronteira com a Bolívia, muitos estudantes discriminam os colegas vindos do país vizinho. Estudar a formação dessas cidades é um caminho para combater o preconceito. Ações como essas, baseadas em problemas que exigem solução imediata, tornam o ensino de História dinâmico. continuaGostou desta reportagem? Então assine a revista NOVA ESCOLA topo Índice da edição 188 Adicionar aos Favoritos Assine Anuncie Site Revista Expediente Fale Conosco © FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA - Todos os direitos reservados 0806. Índice da edição 189 - fev/2006 Projeto nota 10 Explorando o mundo com a ponta dos dedos Por meio de um intenso trabalho de conscientização entre professores, funcionários e alunos, foi possível incluir as crianças com deficiência visual na sala de aula e na vida Meire Cavalcante Sensibilização: Ana fez quem enxerga perceber como os cegos vivem bem desenvolvendo outros sentidos Ao chegar à Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Marechal Rondon, em Vilhena (RO), a professora da sala de apoio especializado Ana Pereira de Souza Bardou Bento encontrou quatro crianças com deficiência visual: duas cegas e duas com baixa visão. Uma delas, em especial, era bastante agressiva. "Alessandra sempre deixava a boneca dela presa, de castigo no escuro", conta. A menina se negava a aprender braile porque queria escrever a lápis, como os colegas. Vendo que a auto-estima da aluna era baixa e que ela tinha vergonha da deficiência, Ana decidiu fazer um trabalho de sensibilização de toda a escola. Assim, alunos, pais, funcionários e educadores participariam e seriam responsáveis pelo processo de inclusão da menina e dos outros alunos com deficiência. Resultado: um projeto que transformou a vida dessas crianças e o cotidiano da escola. Passo-a-passo e metodologia 1. Mostrar aos alunos do que eles são capazes De nada adiantaria ensinar as crianças se elas não acreditavam nas próprias capacidades. A professora então leu com eles textos diversos, como Laços de Família, de Clarice Lispector, e O Menino do Dedo Verde, de Maurice Druon. No caso de Alessandra, Ana percebeu que, antes de ensinar o braile a ela, podia explorar as brincadeiras para estimular a sensibilidade tátil da menina. Assim, levou os alunos para passear em lojas e em um supermercado. Apesar de já ter comido abacaxi, Alessandra se espantou ao tocar a fruta, achando que era um bicho. Pela primeira vez, ela pôde perceber o tamanho dos sapatos de acordo com a numeração. Com essa estratégia, Ana estimulou a menina a reconhecer objetos e texturas, preparando o terreno para ensinar a leitura e a escrita em braile. A outra aluna cega, Laura, estava mais segura e se entusiasmou com a idéia de que poderia ser útil ao ajudar a colega. Ana conversou muito com os familiares das crianças com deficiência. A superproteção, muitas vezes, impedia o desenvolvimento dos alunos. A conscientização dos pais deu aos filhos a oportunidade de conhecer e demonstrar as suas capacidades. 2. Sensibilização com toda a escola Com as crianças mais seguras, era hora de trabalhar com a comunidade escolar. Ana organizou leituras, apresentou vídeos e debateu sobre preconceito com professores e funcionários. Depois, realizou dinâmicas em que os colegas tinham de se virar para realizar tarefas simples sem poder abrir os olhos. Assim, refletiriam sobre o modo como percebiam os outros e a si mesmos sem a visão. Em seguida, a professora trabalhou com as crianças. Ela explorou a curiosidade dos alunos, já que muitos achavam impossível ler com os dedos. Ao mostrar como se lia e escrevia em braile, ela aproveitou para deixar a cargo das turmas o cuidado e a conservação dos equipamentos usados pelos alunos cegos, que são bastante caros. Repetiu com as crianças a dinâmica feita com os adultos: colocou óculos para vedar a luz e pediu que identificassem objetos, enchessem copos com água, andassem pela escola e amarrassem o tênis. O objetivo não era mostrar como é difícil a vida das pessoas cegas. Ao contrário, era provar como elas são capazes de levar uma vida normal, desenvolvendo outros sentidos. Alessandra e Laura começaram até a dar palestras em outras escolas e nos cursos de formação que Ana ministrava. Ela gravava as apresentações, as meninas ouviam e analisavam criticamente o próprio desempenho. Hoje, elas falam sobre cegueira com tranqüilidade, e não com vergonha. 3. Parcerias com os professores As crianças já se sentiam confiantes para participar das aulas e estar entre os colegas. Alessandra, então, foi alfabetizada em braile em três meses. Algumas vezes, os professores passavam o conteúdo das aulas para que Ana ajudasse a elaborar materiais alternativos. Ela deu orientações aos professores para que descrevessem, em voz alta, tudo o que estava sendo feito em sala. Para os alunos com baixa visão, os professores deveriam, por exemplo, escrever com letras grandes na lousa e no caderno. Ana também adaptou a mesa de um dos meninos com baixa visão. Deixando-a mais alta, ele não precisaria encurvar a coluna para ler e escrever. Com o tempo, os professores começaram a buscar soluções de forma mais autônoma e envolver os alunos para que ajudassem os que tinham deficiência. Esse comportamento solidário também se tornou freqüente na sala de leitura, em que os colegas lêem para os cegos. As professoras responsáveis pela sala montaram teatrinhos e organizaram a contação de histórias com bastante entonação para que todos acompanhassem. Nas aulas de Educação Física, as bolas foram colocadas em sacolas de plástico barulhentas para facilitar a localização. Com o tempo, crianças e professores passaram a caminhar sozinhos. EDUCAÇÃO ESPECIAL Tema do trabalho Inclusão de alunos com deficiência visual 2ª a 5ª série Objetivos e conteúdos A meta era dar condições aos alunos com deficiência visual de acompanhar as aulas regulares e de se socializar dentro e fora da escola. Ana trabalhou com os regentes das salas, utilizando materiais alternativos; alfabetizou em braile; ensinou os alunos a usar o soroban (ábaco japonês) e a reglete; e treinou com eles mobilidade usando a bengala. Avaliação Atenta ao desempenho das crianças nas salas regulares, Ana pôde avaliar se as estratégias, conteúdos e instrumentos de apoio estavam auxiliando as crianças na aprendizagem e na socialização. Com isso, pôde, ao longo do processo, reelaborar as aulas de apoio especializado de acordo com as necessidades de cada um. Quer saber mais? Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Marechal Rondon, Av. Leopoldo Peres, 2550, 78995-000, Vilhena, RO, tel. (69) 3321-4210 Ana Pereira de Souza Bardou Bento, anabardou@hotmail.com Exclusivo on-line Veja mais fotos e um vídeo sobre o projeto de AnaGostou desta reportagem? Então assine a revista NOVA ESCOLA topo Índice da edição 189 EDUCAÇÃO ESPECIAL Tema do trabalho Inclusão de alunos com deficiência visual 2ª a 5ª série Objetivos e conteúdos A meta era dar condições aos alunos com deficiência visual de acompanhar as aulas regulares e de se socializar dentro e fora da escola. Ana trabalhou com os regentes das salas, utilizando materiais alternativos; alfabetizou em braile; ensinou os alunos a usar o soroban (ábaco japonês) e a reglete; e treinou com eles mobilidade usando a bengala. Avaliação Atenta ao desempenho das crianças nas salas regulares, Ana pôde avaliar se as estratégias, conteúdos e instrumentos de apoio estavam auxiliando as crianças na aprendizagem e na socialização. Com isso, pôde, ao longo do processo, reelaborar as aulas de apoio especializado de acordo com as necessidades de cada um.Adicionar aos Favoritos Assine Anuncie Site Revista Expediente Fale Conosco © FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA - Todos os direitos reservados 0807. Índice da edição 182 - mai/2005 Fala, mestre! MARIA TERESA EGLÉR MANTOAN ''Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças'' Para a educadora, na escola inclusiva professores e alunos aprendem uma lição que a vida dificilmente ensina: respeitar as diferenças. Esse é o primeiro passo para construir uma sociedade mais justa Meire Cavalcante Uma das maiores defensoras da educação inclusiva no Brasil, Maria Teresa Mantoan é crítica convicta das chamadas escolas especiais. Ironicamente, ela iniciou sua carreira como professora de educação especial e, como muitos, não achava possível educar alunos com deficiência em uma turma regular. A educadora mudou de idéia em 1989, durante uma viagem a Portugal. Lá, viu pela primeira vez uma experiência em inclusão bem-sucedida. "Passei o dia com um grupo de crianças que tinha um enorme carinho por um colega sem braços nem pernas", conta. No fim da aula, a professora da turma perguntou se Maria Teresa preferia que os alunos cantassem ou dançassem para agradecer a visita. Ela escolheu a segunda opção. "Na hora percebi a mancada. Como aquele menino dançaria?" Para sua surpresa, um dos garotos pegou o colega no colo e os outros ajudaram a amarrá-lo ao seu corpo. "E ele, então, dançou para mim." Na volta ao Brasil, Maria Teresa — que desde 1988 é professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas — deixou de se concentrar nas deficiências para ser uma estudiosa das diferenças. Com seus alunos, fundou o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade. Para ela, uma sociedade justa e que dê oportunidade para todos, sem qualquer tipo de discriminação, começa na escola. O que é inclusão? É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro. Que benefícios a inclusão traz a alunos e professores? A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. Você não pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação. O que faz uma escola ser inclusiva? Em primeiro lugar, um bom projeto pedagógico, que começa pela reflexão. Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que ter rampas e banheiros adaptados. A equipe da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina, de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem. Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências anteriores da turma. As práticas pedagógicas também precisam ser revistas. Como as atividades são selecionadas e planejadas para que todos aprendam? Atualmente, muitas escolas diversificam o programa, mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados. Os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não. Como está a inclusão no Brasil hoje? Estamos caminhando devagar. O maior problema é que as redes de ensino e as escolas não cumprem a lei. A nossa Constituição garante desde 1988 o acesso de todos ao Ensino Fundamental, sendo que alunos com necessidades especiais devem receber atendimento especializado — preferencialmente na escola —, que não substitui o ensino regular. Há outra questão, um movimento de resistência que tenta impedir a inclusão de caminhar: a força corporativa de instituições especializadas, principalmente em deficiência mental. Muita gente continua acreditando que o melhor é excluir, manter as crianças em escolas especiais, que dão ensino adaptado. Mas já avançamos. Hoje todo mundo sabe que elas têm o direito de ir para a escola regular. Estamos num processo de conscientização. A escola precisa se adaptar para a inclusão? Além de fazer adaptações físicas, a escola precisa oferecer atendimento educacional especializado paralelamente às aulas regulares, de preferência no mesmo local. Assim, uma criança cega, por exemplo, assiste às aulas com os colegas que enxergam e, no contraturno, treina mobilidade, locomoção, uso da linguagem braile e de instrumentos como o soroban, para fazer contas. Tudo isso ajuda na sua integração dentro e fora da escola. Como garantir atendimento especializado se a escola não oferece condições? A escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba tem como opção fazer parcerias com entidades de educação especial, disponíveis na maioria das redes. Enquanto isso, a direção tem que continuar exigindo dos dirigentes o apoio previsto em lei. Na particular, o serviço especializado também pode vir por meio de parcerias — e deve ser oferecido sem ônus para os pais. Estudantes com deficiência mental severa podem estudar em uma classe regular? Sem dúvida. A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação, e os mais excluídos sempre são os que têm deficiências graves. No Canadá, vi um garoto que ia de maca para a escola e, apesar do raciocínio comprometido, era respeitado pelos colegas, integrado à turma e participativo. Há casos, no entanto, em que a criança não consegue interagir porque está em surto e precisa ser tratada. Para que o professor saiba o momento adequado de encaminhá-la a um tratamento, é importante manter vínculos com os atendimentos clínico e especializado. A avaliação de alunos com deficiência mental deve ser diferenciada? Não. Uma boa avaliação é aquela planejada para todos, em que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma. Ele deve dizer o que aprendeu, o que acha interessante estudar e como o conhecimento adquirido modifica a sua vida. Avaliar estudantes emancipados é, por exemplo, pedir para que eles próprios inventem uma prova. Assim, mostram o quanto assimilaram um conteúdo. Aplicar testes com consulta também é muito mais produtivo do que cobrar decoreba. A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto, mas se ela cresceu. Esse mérito vem do esforço pessoal para vencer as suas limitações, e não da comparação com os demais. Um professor sem capacitação pode ensinar alunos com deficiência? Sim. O papel do professor é ser regente de classe, e não especialista em deficiência. Essa responsabilidade é da equipe de atendimento especializado. Não pode haver confusão. Uma criança surda, por exemplo, aprende com o especialista libras (língua brasileira de sinais) e leitura labial. Para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos, conhecida como L2, a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso. A função do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. Se na turma há uma criança surda e o professor regente vai dar uma aula sobre o Egito, o especialista mostra à criança com antecedência fotos, gravuras e vídeos sobre o assunto. O professor de L2 dá o significado de novos vocábulos, como pirâmide e faraó. Na hora da aula, o material de apoio visual, textos e leitura labial facilitam a compreensão do conteúdo. Como ensinar cegos e surdos sem dominar o braile e a língua de sinais? É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba libras, porque ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para a aula. No caso de ter um cego na turma, o professor não precisa dominar o braile, porque quem escreve é o aluno. Ele pode até aprender, se achar que precisa para corrigir textos, mas há a opção de pedir ajuda ao especialista. Só não acho necessário ensinar libras e braile na formação inicial do docente. O professor pode se recusar a lecionar para turmas inclusivas? Não, mesmo que a escola não ofereça estrutura. As redes de ensino não estão dando às escolas e aos professores o que é necessário para um bom trabalho. Muitos evitam reclamar por medo de perder o emprego ou de sofrer perseguição. Mas eles têm que recorrer à ajuda que está disponível, o sindicato, por exemplo, onde legalmente expõem como estão sendo prejudicados profissionalmente. Os pais e os líderes comunitários também podem promover um diálogo com as redes, fazendo pressão para o cumprimento da lei. Há fiscalização para garantir que as escolas sejam inclusivas? O Ministério Público fiscaliza, geralmente com base em denúncias, para garantir o cumprimento da lei. O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, atualmente não tem como preocupação punir, mas levar as escolas a entender o seu papel e a lei e a agir para colocar tudo isso em prática. Exclusivo on-line Assista, em vídeo, a trechos da entrevista e saiba qual é opinião da educadora Maria Teresa Eglér Mantoan sobre a informática na inclusão. 56K | 100K | 200K "Estar junto é se aglomerar com pessoas que não conhecemos. Inclusão é estar com, é interagir com o outro" Quer saber mais? Bibliografia Direitos das pessoas com deficiência: garantia de igualdade na diversidade, Eugênia Augusta Fávero, 342 págs., Ed. WVA, tel. (21) 2493-7610, 40 reais Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer?, Maria Teresa Eglér Mantoan, 96 págs., Ed. Moderna, tel. 0800-172002, 11 reais Exclusivo on-line Assista, em vídeo, a trechos da entrevista e saiba qual é opinião da educadora Maria Teresa Eglér Mantoan sobre a informática na inclusão. 56K 100K 200KGostou desta reportagem? Então assine a revista NOVA ESCOLA topo Índice da edição 182 Exclusivo on-line Assista, em vídeo, a trechos da entrevista e saiba qual é opinião da educadora Maria Teresa Eglér Mantoan sobre a informática na inclusão. 56K | 100K | 200K "Estar junto é se aglomerar com pessoas que não conhecemos. Inclusão é estar com, é interagir com o outro" Adicionar aos Favoritos Assine Anuncie Site Revista Expediente Fale Conosco © FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA - Todos os direitos reservados 0808 Planos de aula > Educação Física Título Nesta aula nenhum aluno fica de fora! Autor Carlos Eduardo Ferrari Assessor de Educação Física e Esportes Pueri Domus Escolas Associadas esportes@pdea.com.br Série 1ª a 4ª séries Tempo necessário Quatro aulas Introdução O princípio da inclusão é o eixo fundamental que deve nortear toda a ação pedagógica da Educação Física escolar, sendo uma de suas funções introduzir e integrar o aluno no que hoje denominamos "cultura corporal de movimento". Assim, seja na sistematização de conteúdos ou no processo de ensino e aprendizagem, o professor deve criar condições que se contrapõem à visão histórica dessa área de valorização do desempenho técnico e físico dos alunos. Objetivos Espera-se, com as atividades aqui propostas, que o aluno seja capaz de produzir, reproduzir e transformar atividades de forma a poder participar delas, usufruindo dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas, em benefício da qualidade de vida. Recursos didáticos Espaço aberto, onde as crianças possam se deslocar livremente Uma corda de sisal e um espaguete de isopor Giz Organização da sala Concentre os alunos em um círculo para passar a informações iniciais Lembre-se de que passaremos de uma atividade com características de exclusão para uma atividade de inclusão. No final da aula, retome com os alunos os avanços e as mudanças ocorridas na atividade. Desenvolvimento da atividade/ procedimentos Brincadeira : Quebra-Canela Adaptação da tradicional brincadeira de pular corda. Primeira aula Aqui está evidenciado um padrão de atividade que preza a valorização do desempenho das habilidades e coordenações Coloque todos os alunos em coluna no fundo da quadra. Se não houver marcação de círculo no centro da quadra, desenhe um. Pegue a corda de sisal e dirija-se ao centro do círculo. Um aluno de cada coluna por vez dirige-se ao círculo. Gire a corda rente ao solo. Peça que os alunos saltem a corda, ultrapassando-a, evitando que a corda bata em sua perna. Aquele que for apanhado primeiro pela corda perde, cedendo um ponto para a outra equipe. Segunda aula Depois de verificar as dificuldades, proponha mudanças a fim de possibilitar condições para que todos participem Dessa vez, todos os alunos devem ficar lado a lado no círculo. Coloque-se no centro, com um espaguete de espuma ou algo similar nas mãos. Inicialmente brinque com os alunos. Diga que eles devem abaixar quando o espaguete passar sobre suas cabeças. Logo em seguida, ponha o espaguete no chão e o gire rente ao solo em uma velocidade suficiente para que consiga controlar os saltos que as crianças terão de executar quando o objeto se aproximar. Em vez de evidenciar os que têm maiores dificuldades, sugira que aqueles que forem pegos pelo espaguete devem dar um passo para fora do círculo e voltar assim que outro seja apanhado. Dessa forma, o aluno permanece fora da brincadeira durante pouco tempo. Como ele retornará em breve, seu interesse será mantido por um bom período. Terceira aula Peça para as crianças compararem as formas apresentadas de brincar Quebra-canela Repita o procedimento da segunda aula. Substitua o espaguete pela corda de sisal, aumentando a intensidade da atividade. Mantenha os alunos no círculo e a corda girando sob seu controle. Inserido na atividade, você terá condições de controlá-la, propondo diferentes situações e auxiliando os alunos a vencer dificuldades. Conteúdo programático Conceitual Entender e participar das atividades sem excluir Elaborar novas brincadeiras para incluir demais colegas Compreender os fatores de risco presentes nas atividades Procedimental Coordenação motora de braços e pernas Domínio do esquema corporal Noção de espaço e tempo Capacidade física Atitudinal Participar com empolgacão das atividades Ter solidariedade com os colegas com dificuldades Apresentar disposição para superar dificuldades Aceitar as regras do grupo Avaliação A avaliação deve focar o procedimento da atividade, percebendo a evolução do aluno frente às suas dificuldades. Observe em que conteúdos e como o aluno evoluiu e onde precisa de maior auxílio. Se for preciso, retome seu planejamento até que o aluno com dificuldade adquira condições para não somente participar das atividades mas também reproduzi-las, compará-las e transformá-las. Toque do professor O princípio da inclusão não significa apenas manter todos os alunos fazendo. Lembre-se de que incluir é incluir no saber fazer e não simplesmente no fazer. Quando incluímos o aluno no processo de ensino e aprendizagem estamos possibilitando a ele o direito de experimentar algo novo. No exemplo da brincadeira Quebra Canela, as mudanças aconteceram no conceitual da atividade, ou seja, no entendimento do fazer, porém o procedimental que é pular corda continuou acontecendo. Bibliografia Brasil.Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC,1998. volta ao topo {rodape do conteúdo} Adicionar aos Favoritos Assine Anuncie Site Revista Expediente Fale Conosco © FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA - Todos os direitos reservados 0809. Edição Nº139 Janeiro/ Fevereiro de 2001 Sem complexos e preconceitos, alunos cegos recebem numa escola gaúcha toda a formação básica, integrados a classes de não-deficientes Sérgio Alencastro Isaura não gostava de escrever, hoje faz poemas jovem Isaura Gisele Rodrigues, 17 anos, é muito bonita e tem olhos castanhos tão atraentes que dificilmente deixa de chamar a atenção dos rapazes quando atravessa, com desenvoltura, os corredores da escola onde cursa a segunda série do 2º Grau. Como a maioria das adolescentes de sua idade, é alegre, gosta de se arrumar e de escrever poesias carregadas de romantismo. Em aula, destaca-se não apenas pela eficiência no aprendizado como também pela liderança que exerce sobre os colegas, embora jamais os tenha visto. Isaura nasceu cega. Mas a deficiência visual não a impe- de ser uma estudante normal, que se alfabetizou e concluiu o 1º Grau numa escola pública comum, entre crianças sem qualquer problema de visão. Ela foi a pioneira de uma experiência integradora que vem sendo feita pela Escola Estadual de 1º Grau Gonçalves Dias, localizada na Zona Norte de Porto Alegre (RS), onde deficientes visuais são educados em turmas normais. A primeira barreira vencida é a do preconceito: "Eu sou cega, mas não uso óculos escuros", diz Isaura. E completa com uma justificativa comovente: "Eles encobrem meus olhos e parte do meu rosto. Eu não posso ver os outros, mas eles podem me ver". O belo rosto de Isaura tinha apenas 6 anos de vida, em 1979, quando foi apresentado pelo diretor do Centro Luís Braille, João Lucas Nunes Neto, à professora alfabetizadora Edy Moreira. Edy encarou o desafio. Hoje, ela é a diretora da Escola Gonçalves Dias, que já formou uma dezena de deficientes e tem outros 12 cegos estudando entre seus 1 200 alunos. "Aqui, uma casca de banana no chão ou qualquer objeto fora do lugar, rolando pelos corredores, pode causar problemas. Temos deficientes visuais que conhecem as dependências e andam sozinhos por toda escola", conta a diretora. A limpeza e a ordem não são as únicas coisas que diferenciam esta escola das demais da rede pública. O estabelecimento possui uma sala especial para atendimento aos deficientes, uma biblioteca e uma professora especializada em deficientes visuais, trabalhando permanentemente no auxílio aos professores de classe. Menos do que uma sala de aula comum, o pequeno compartimento reservado aos deficientes visuais da escola já recebeu o apelido de "sala dos milagres" de alguns professores impressionados com o processo educativo dos cegos. É neste local que trabalha, a maior parte do tempo, a professora Nice Maria Falkenbach Nunes, preparando o material para os deficientes ou recebendo suas visitas para o atendimento individual necessário, especialmente durante a alfabetização. Instrumentos A salinha contém uma grande variedade de materiais, quase todos eles cedidos pelo Centro Luís Braille. Sobre uma das mesas estão dois equipamentos indispensáveis: o sorobam (espécie de ábaco para os deficientes fazerem contas) e uma máquina de escrever especial para a linguagem em Braille. Em outra mesinha ficam regletes e punções (ver quadro) utilizados na escrita dos cegos. Há também bonecos de madeira articulados, com ímãs, que servem para o desenvolvimento motor das crianças, assim como vários quebra-cabeças e jogos de montar utilizados para desenvolver a motricidade fina. Na biblioteca especial os deficientes encontram fitas cassetes gravadas com o conteúdo dos livros de algumas disciplinas; livros, mapas e exercícios já elaborados na escrita Braille, além de uma enorme gama de material de manuseio, como lixas, barbantes, tecidos, areia, granito, argila ou pedaços de isopor. Todos eles destinam-se ao aprimoramento do tato, sentido indispensável da escrita nos deficientes visuais. O processo de alfabetização é realizado quase todo na Sala do Deficiente Visual, embora algumas crianças já cheguem à escola com a primeira etapa concluída no Jardim da Infância do Centro Luís Braille. Para desenvolver o tato e a coordenação motora de dedos e mãos, a criança é estimulada a fazer modelagem em argila, trabalhos com texturas, tecidos, papéis e barbantes. Aprende a distinguir, por exemplo, um grão de areia de um grão de granito. Quando as mãos já estão bem firmes, a criança começa a usar a reglete e o punção. E aprende a identificar e a produzir os códigos em alto relevo, que representam letras, sinais de pontuação, numerais etc. (ver quadro). Só aí começa o aprendizado de sílabas, palavras e frases, como em qualquer processo de alfabetização e já então com a participação ativa da professora de classe. Sem preconceito O processo de aprendizagem após a alfabetização também é trabalhoso. Cada professor encaminha à especialista Nice Maria Falkenbach Nunes o conteúdo que deseja passar ao aluno deficiente, ela transforma o texto em Braille e os remete de volta. Depois que o aluno trabalha o tema em classe, Nice recebe as questões respondidas para decodificar. "O mais difícil é a alfabetização, mas vale a pena constatar o progresso dessas crianças" – revela a entusiasmada diretora Edy Moreira. Isaura, eleita recentemente Miss Simpatia no seu atual colégio, é o exemplo permanente: "Ela não gostava de escrever redações. Chegava a brigar por isso. Hoje, faz poesias tão bonitas que no dia da sua formatura todos choraram ao vê-la declamar", lembra Edy. São poesias como esta, intitulada Um Grito de Amor na Escuridão, que Isaura faz: "Com o teu sorriso, o teu amor, o teu abraço, a tua vida, Com o teu carinho e o teu jeito especial de ser, me iluminas com uma luz que nem a mais brilhante estrela possui, porque me mostras e me ensinas o lado belo da vida. Não preciso ver-te, pois sinto a tua alma, capto coisas que não podem ser vistas, apenas sentidas. Não vejo a tua beleza exterior, que é efêmera, mas sinto a tua beleza interior, que é eterna..." É costume da escola colocar apenas um deficiente em cada série, para facilitar a tarefa do professor. Atualmente, devido à procura crescente, há três deficientes numa mesma aula, mas os resultados não são bons. Além de eles se superprotegerem, a professora da classe perde muito tempo no atendimento individual, causando a dispersão do resto da turma. Eventualmente, a escola recebe a visita de especialistas do Centro Luís Braille, para dar reforço aos alunos mais fracos. A maior vantagem da experiência é a desmistificação do preconceito. Os deficientes são tratados com o maior respeito e carinho pelos colegas, que se habituam a conviver com eles, como atesta o depoimento de Rodrigo Schefer Kreuzburg, de 13 anos, que cursa a 5ª série: "O que eu mais gosto da escola são os amigos. Só na minha classe eu tenho 30". Para destacar esta amizade, ele lembra que ficou nervoso no dia em que as crianças foram passear num carro de polícia e a sirene começou a tocar. "Pensei que estava sendo preso. Mas meus colegas me acalmaram." Dedicação Sérgio Alencastro Claudete, satisfeita com o desenvolvimento dos filhos Rodrigo e Ricardo O irmão de Rodrigo, Ricardo, também não enxerga. Ele tem 9 anos e chega diariamente pela mão da mãe, Claudete Schefer Kreuzburg, que demonstra grande satisfação pelo progresso das crianças: "Ricardo é muito ativo, diz que quer ser padre. Rodrigo é mais calmo, gosta de música, até já está tocando piano. Se não fosse o trabalho da escola, ia ser bem mais difícil educar estes meninos". "Se não tiveres preconceitos com os outros, eles não terão contigo", ensina Isaura, a aluna modelo. Ela descobriu isso quando cruzou pela primeira vez, sem ver, as palmeiras plantadas à frente da escola, homenageando o poeta brasileiro Gonçalves Dias. Dentro conheceu a árvore da solidariedade, representada pelo inédito trabalho conjunto de professores, especialistas e dos próprios alunos, sob a orientação da diretora Edy Moreira, que ostenta, atrás de sua mesa de trabalho, uma frase de Dom Hélder Câmara (ex-cardeal-arcebispo de Recife e Olinda) capaz de sintetizar a filosofia da escola: "Quando se sonha sozinho, é apenas um sonho. Mas quando sonhamos juntos, é o começo da realidade". O trabalho da diretora é que transformou o sonho em prática. Dinâmica, ela não apenas acompanha e estimula os deficientes, como procura dar um atendimento individual aos demais alunos da escola, em grande número procedentes de famílias de baixa renda. Ela chega mesmo a andar com a carteira recheada de figurinhas e encontra tempo até para jogar "bafo" (desvirar figurinhas com a batida da palma da mão) com as crianças durante o recreio. Por causa desta hiperatividade, ganhou de suas colegas e das próprias crianças o apelido de Pimentinha. Mas é aos deficientes que ela dedica um carinho especial, porque conhece suas carências, como a revelada recentemente por Rodrigo, diante de uma questão de Português. Ele devia completar a frase "Eu nasci...". Ficou pensando durante algum tempo e concluiu convicto: "Eu nasci cego, mas não queria ser cego". Edy se comove, mas sabe que essa desilusão pode ser compensada com estímulo e trabalho. Ela lembra bem as brigas que teve com a ex-aluna Isaura, que se irritava porque queria aprender sozinha, mas acabou aprovada com nota 9,5 no teste de alfabetização. Hoje, agradecida e confiante, a menina aconselha aos novatos: "Ser cego não é tão terrível, terrível é não ter ideais". Braille, criador da escrita também era cego O Braille é um sistema de escrita e leitura baseado no tato e consiste basicamente na combinação de seis pontos em relevo. Louis Braille, seu criador, nasceu na França, em 1809, e foi aluno e professor da primeira Escola para Cegos em Paris, fundada por Valentin Haüy. Usando os códigos de pontos e traços de Charles Barbier e que foi usado pelos militares, Braille criou seu sistema em 1824, mas só dois anos após sua morte seu código foi adotado pela escola onde lecionava. Em 1860, o sistema Braille foi introduzido nos Estados Unidos, o que trouxe a necessidade de criar a letra "W". No Brasil, o sistema Braille adaptado à língua portuguesa começou a ser usado em 1854, na primeira escola para cegos, o Instituto Benjamim Constant, no Rio de Janeiro. Os instrumentos usados para a escrita são a reglete – uma régua dupla de metal, com reentrâncias dispostas em quatro linhas numa parte e depressões correspondentes na outra; prancha - madeira medindo 31x19 cm com dispositivo para prender o papel sulfite e a reglete; e o punção - instrumento formado por uma pequena haste de metal com a ponta arredondada e punho anatômico para encaixar na mão. A pressão com o punção através da reglete se faz da direita para a esquerda, mas como o papel é lido pelo avesso e da esquerda para a direita, apalpando-se os relevos feitos pelo punção de acordo com o código de cada letra, acaba-se fazendo a leitura no sentido usual. Um simples sistema de pontos em relevo A combinação dos seis pontos em relevo, colocados três a três, verticalmente, num pequeno espaço, permite 63 combinações que possibilitam ao cego escrever as letras do alfabeto, as vogais acentuadas, os sinais de pontuação, os numerais, os símbolos matemáticos e químicos, as notas musicais etc. __________________________________________ *Reportagem publicada na edição nº44 - novembro de 1990 0810. Índice da edição 186 - out/2005 Prêmio Victor Civita 2005 Seu ideal é ensinar a ler o mundo Apaixonada pela cidade em que vive e pela região do cerrado, Maria do Rosário — ou Rusa, como todos a chamam — é conhecida como a professora que traz o mundo para a sala de aula. Sua disciplina é Língua Portuguesa, mas para ensinar a matéria ela usa temas que geram polêmica. "Sempre trabalho com assuntos atuais. Acredito que não há motivação maior para os jovens do que saber discutir o que está na mídia e ter uma opinião", afirma. Mãe de três filhas — duas já universitárias — Rusa, 43 anos, é graduada em letras e em artes e especialista em literatura infantil e em educação para deficientes visuais. Seu contato com a inclusão aconteceu antes mesmo de ser professora da rede municipal de Montes Claros. Durante mais de 20 anos, ela deu aulas de piano no conservatório onde se formou. Lá, enfrentou um desafio ao receber um aluno cego. Foi ao Rio de Janeiro se capacitar e aprendeu braile. Hoje, além de orgulhar-se do talentoso músico que ajudou a formar, ela coordena um dos núcleos do Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual, onde testa novos equipamentos para inclusão em sala de aula. Duas noites por semana, trabalha com formação de professores no normal superior. LÍNGUA PORTUGUESA — 8ª SÉRIE Maria do Rosário Porto Montes Claros (MG) Escola Municipal Geraldo Pereira de Souza Um tema atual e polêmico — a transposição do rio São Francisco — foi usado pela professora para ensinar a turma a ler e a produzir textos informativos e dissertativos, poemas, letras de música, charges e cartuns. voltar Gostou desta reportagem? Então assine a revista NOVA ESCOLA topo Índice da edição 186 LÍNGUA PORTUGUESA — 8ª SÉRIE Maria do Rosário Porto Montes Claros (MG) Escola Municipal Geraldo Pereira de Souza Um tema atual e polêmico — a transposição do rio São Francisco — foi usado pela professora para ensinar a turma a ler e a produzir textos informativos e dissertativos, poemas, letras de música, charges e cartuns.Adicionar aos Favoritos Assine Anuncie Site Revista Expediente Fale Conosco © FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA - Todos os direitos reservados 0811. Índice de reportagens - 12 de agosto de 2005 Você, professor Por dentro dos sinais Reconhecida como meio legal de comunicação e expressão, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é cada vez mais necessária na sala de aula Tatiana Achcar Desde que ESCOLA publicou as reportagens O sinal da inclusão, no site, e Inclusão - a escola que é de todas as crianças, na revista, a redação recebe e-mails de professores de vários locais do Brasil interessados em aprender a Língua Brasileira de Sinais. Nada mais justo. A inclusão está assegurada pela Constituição Federal de 1988 e ganhou força com a Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência, celebrada na Guatemala em 2001, documento que define que o acesso da pessoa deficiente ao Ensino Fundamental em classes regulares é um direito intransponível. Como reflexo, vê-se o aumento de atendimento inclusivo no Brasil. De acordo com o Censo Escolar de 2003, passou dos 24,7% em 2002 para 34,4% em 2004. Veja os números. Nesta reportagem, trazemos para você uma lista de cursos de Libras oferecidos em nove estados brasileiros pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) e um pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), no Rio de Janeiro, órgão do Ministério da Educação. Localizadas nas capitais, as Feneis levam o curso de Libras para as cidades do interior mediante solicitação da secretaria municipal de Educação ou de grupos com número mínimo de pessoas (veja abaixo). De acordo com Marlene Gotti, assistente técnica da Secretaria de Educação Especial do MEC, o ministério adotou o material didático produzido pela Feneis para ser usado no programa Interiorizando Libras, que já formou cerca de 20 mil professores em Língua Brasileira de Sinais em 12 Estados brasileiros e vai passar por Tocantins, Roraima, Acre, Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte, Pará, Sergipe, Alagoas, Mato Grosso e Espírito Santo no segundo semestre de 2005. "Adotamos o material porque ele contextualiza a Libras, trabalha a gramática relacionando-a com a cultura dos surdos, tem dicionário e está focado na conversação, essencial para o trabalho do professor em sala de aula", explica Marlene. Segundo Marlene Gotti, todo professor, seja regente ou de sala de recursos, que atenda aluno surdo tem o direito de fazer um curso de Libras. "Nem sempre isso acontece imediatamente, depende do orçamento das secretarias para organizar o curso", explica Marlene. Os cursos da Feneis no Brasil São Paulo Curso Básico - 3 módulos (12 meses) 5ª feiras, das 13h às 17h Mensalidade: R$ 60, já com matrícula e material r. Padre Machado, 293, Vila Mariana, São Paulo tel. (11) 5575-5882 http://www.feneis.org.br/feneis_sp/index.shtml e-mail: cursofeneis.sp@feneis.org.br ou ceelfeneis.sp@feneis.org.br Rio de Janeiro Não há programação para o segundo semestre, mas as turmas podem ser formadas mediante solicitação, com mínimo de 20 pessoas. Aulas do curso básico, às segundas e quartas-feiras, das 9h às 10h30 e aos sábados, das 14h às 17h. Duração: 10 meses Mensalidade: R$ 50 Matrícula: R$ 25 Material: R$ 30 (livro e DVD) r. Major Ávila, 379, Tijuca, Rio de Janeiro tel. (21) 2567-4880 / 4800 http://www.feneis.org.br/feneis_rj/index.shtml e-mail: celesrj@feneis.org.br Belo Horizonte Aulas do módulo 1 do curso básico: de 20/8 à 10/12, das 08h30 às 12h Preço: R$ 200 (60 horas) Material: R$ 50 r. Albita, 144, Cruzeiro, Belo Horizonte tel. (31) 3225-0088 http://www.feneis.org.br/feneis_bh/index.shtml e-mail: feneis@feneis.com Teófilo Otoni (MG) r. Dr. João Antônio, 115 tel. (33) 3521-0233 http://www.feneis.org.br/feneis_tot/index.shtml email: feneistot@bol.com.br Curitiba O curso básico, com duração de 8 meses, inicia-se dia 12 de agosto. Aulas às sextas-feiras, das 14h às 16h. Há vagas. Mensalidade: R$ 50 Matrícula: R$ 20 r. João Antonio Xavier, 979, Água Verde tel. (41) 3334-6577 http://www.feneis.org.br/feneis_pr/index.shtml e-mail feneipr@bol.com.br Porto Alegre Seis pessoas bastam para formar uma turma na filial gaúcha. Preço: módulo 1 (60 horas) - R$ 230,00, com material; módulo 2, R$ 200,00; módulo 3, R$ 200 r. Dona Laura, 1020, Mont Serrat, Porto Alegre tel. (51) 3321-4244 http://www.feneis.org.br/feneis_rs/index.shtml e-mail: feneisrs@terra Distrito Federal Forme sua turma e inscreva-se no curso básico do Distrito Federal. Preço do módulo 1: R$ 200; material, R$ 40,00 SCS Qd. 01, Edifício Márcia, Bloco L, sala 712, Brasília http://www.feneis.org.br/feneis_df/index.shtml email: feneis-df@ig.com Manaus As aulas do nível básico começam dia 13, aos sábados, das 9h às 12h. Duração: 11 meses. Há vagas. Mensalidade: R$ 40 Apostila: R$ 8 Local do curso: Colégio Augusto Carneiro - r. Joaquim Nabuco, 2274, Praça 14, Manaus Feneis Manaus - av. Epaminondas, 513, Centro Tel. (92) 3622-7152 http://www.feneis.org.br/feneis_am/index.shtml Fortaleza Av. Bezerra de Menezes, 549, São Geraldo Tel. (85) 3283-9126 http://www.feneis.org.br/feneis_ce/index.shtml e-mail: feneisce@bol.com Recife Av. Guararapes, 178, sala 320, Santo Antônio, Recife Tel. (81) 3224-0502 http://www.feneis.org.br/feneis_pe/index.shtml e-mail: feneispesurdos@ig.com.br ou feneispesurdos@hotmail.com As vagas para o curso básico de Libras do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) estão esgotadas. Inscrições a partir de janeiro de 2006. Mensalidade módulo 1: R$ 25 (4 meses de duração) Matrícula: R$ 20 R. das Laranjeiras, 232, Laranjeiras Tel. (21) 2285-7692 / 2285 http://www.ines.org.br/Index.asp e-mail: webmaster@ines.org.br No site do Ines você encontra um dicionário de libras, com a descrição do movimento das mãos e vídeo demonstrativo e também pode ler o livro Educação Especial - Deficiência Auditiva, editado pelo MEC. volta topo Índice de reportagens {rodape do conteúdo} Adicionar aos Favoritos Assine Anuncie Site Revista Expediente Fale Conosco © FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA - Todos os direitos reservados